Dado todos os Políticos querem ganhar a Guerra sacrifica-se a Paz!
Os tanques alemães estão novamente no antigo território soviético ucraniano como há 80 anos na última grande guerra. A guerra parece legítima para muitos porque Putin violou a lei internacional. Porém tanques não trazem paz principalmente quando, de lado a lado, não há interesse em conversações. Os governantes querem ganhar, como sempre, à custa do povo.
O progressivo armamento dá a impressão que os políticos têm em mente uma guerra mundial entre a Rússia e a OTAN.
O conceito de Gorbachev da construção de uma Casa Comum na Europa após a reunificação das Alemanhas era muito voltado para o futuro em termos de garantir a paz na Europa. Os EUA, porém, não viram isso com bons olhos, porque estavam interessados em sua presença militar por meio das bases americanas e da organização militar OTAN nessa Casa Europeia. Por isso tudo deu em águas de bacalhau!
A Europa subjugou-se, ajudando a OTAN a expandir a hegemonia americana na Europa e a assumir o controle dos ex-territórios soviéticos e agora, em troco da Casa Europeia, temos uma guerra em benefício apenas dos americanos e que relega para as calendas gregas a construção de uma Europa pacífica. Pela política que se tem seguido depois da segunda guerra mundial e que agora ganha maior expressão, a Europa estará condenada a ser uma mera província dos EUA ou da Ásia devido à ausência de um projecto próprio como sugeria o visionário Gorbachev.
Torna-se incompreensível ver que a Europa está fazendo a mesma coisa hoje nesta guerra geoestratégica abdicando de si mesma e dos interesses europeus para apoiar uma guerra estratégica no sentido monopolar ultrapassado, em vez de tentar conquistar a paz para os povos e para o futuro da Europa. É sintomática a subjugação dos políticos europeus ao projecto americano quando na expressão política europeia e nos meios de comunicação social ninguém se atreve a falar de um projecto europeu próprio em termos geoestratégicos. Parece ser mais oportuno continuar a decadência europeia iniciada na primeira guerra mundial, dado o respeito aos Estados Unidos ser maior do que o medo da Rússia.
A loucura da ministra das Relações Exteriores alemãs não se envergonha de afirmar: “estamos travando uma guerra contra a Rússia”; apesar desta barbaridade ela é aplaudida pelos que apostam apenas nas forças militares. A Europa perdeu a voz!
Esta guerra embora estratégia não se pode reduzir a uma ocorrência nas mãos de Putin e de Biden.
António CD Justo
Pegadas do Tempo