Espanha entre Influência católica e maçónica
António Justo
A Grande Assembleia da Maçonaria da Grande Loja de Espanha (com a presença dos Grandes Mestres e Grandes Oficiais do Brasil, Estados Unidos, França e Índia) atribuiu, grandemente, ao rei de Espanha Felipe VI, a sua máxima distinção: a medalha da Ordem Maçónica do Fundador com o distintivo vermelho, ou seja, de Cavaleiro da Ordem Maçónica do Fundador. Fê-lo a pretexto de agradecer o 40º aniversário da legalização que relegalizava a Maçonaria na Espanha.
A Casa Real ainda não respondeu se o monarca aceita ou não a insígnia talvez para não acirrar os ânimos entre uma luta clandestina entre uma mentalidade católica espanhola e a mentalidade maçónica; dado, depois da revolução francesa, a maçonaria, pouco a pouco, ir assumindo o lugar da influência católica no poder.
Em certos meios da sociedade espanhola pensa-se que se trata de uma jogada astuta dos homens do avental. Muitos espanhóis consideram a proposta como uma “oferta envenenada”. Acham, por um lado, que o Rei não deveria aceitar mas, reconhecem, por outro, que se o rei não aceitar publicamente, aumentará o terror em Espanha e a figura do rei e da Monarquia serão desestabilizadas na opinião pública, devido ao poder da maçonaria nas infraestruturas da sociedade e do Estado. A fomentar este receio está o talvez preconceito popular: “quem se mete com a maçonaria ou com o socialismo apanha”.
Facto é que, no Ocidente o factor religioso nos meios do poder político estava sempre condicionado aos interesses mais fortes vigentes.
É estranho como uma ONG universal empenhada na globalização financeira, comercial e ideológica que, se distingue por apoiar republicanos e separatistas, venha fazer tal proposta numa hora em que a Espanha se debate com problemas de separatismo.
O que em geral se desconhece e que não foi tornado público é que Filipe VI é maçónico e faz parte do Royal Alpha Masonic Lodge, que depende da Grande Loja da Inglaterra (1).
Não é tão fácil rejeitar uma oferta de Maçonaria, porque a rejeição tem consequências muito graves do ponto de vista social, especialmente quando se trata de uma personagem relevante. O rei terá que posicionar-se publicamente e aceitar a condecoração devido ao poder da maçonaria que atua nos bastidores de muitos Estados e de agendas tendentes a marxizar a cultura ocidental.
Já o seu bisavô Alfonso XIII, teve de renunciar ao trono e ir para o exílio, em grande parte por não ter feito nem assinado o que a maçonaria queria (2)!
Na tradição britânica, desde o século XVIII todos os príncipes do País de Gales, sem excepção, foram membros da Maçonaria; há pessoas que atribuem, ao facto do príncipe Charles ter renunciado a tal filiação, a causa dos maus-tratos da imprensa que o tornou propriamente numa figura marginalizada.
Anglicanismo e Maçonaria têm andado juntos: também 14 presidentes (3) dos EUA foram maçons e todos os presidentes foram protestantes, com excepção de Kennedy.
Embora a Maçonaria atue geralmente discretamente em questões de política e de religião, torna-se sintomático da divisão da sociedade espanhola o facto da maçonaria também se ter intrometido na discussão da Catalunha, tendo quatro lojas espanholas declarado aceitar a Catalunha independente (4), o que implicaria para a região o aumento da influência francesa.
Em questões de poder é natural que haja um interesse em criar uma sociedade a viver da dúvida para melhor se poderem impor interesses de ONG seno sentido de se criar um império global.
As pessoas individualmente serão boas; os problemas acentuam-se a partir do momento em que escolhem fazer parte de uma instituição mais virada para a defesa dos próprios interesses do que para os da sociedade. A maçonaria tem muito de comum com o islão. Estes são peritos no exercício do poder e ninguém os pode contestar porque poder e ordenar parece ser o apelo intrínseco a toda a natureza. O busílis da sociedade parece vir do facto de o que socialmente consideramos bom ser contradito pela realidade que favorece o poder onde o bem e o belo passam a bens subsidiários.
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
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(1) Iniciação maçónica do rei Filipe VI: https://somatemps.me/2017/07/21/en-que-orden-masonica-ha-sido-iniciado-felipe-de-borbon-en-inglaterra/
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(2) “Neste mesmo salão fui obrigado a receber uma delegação da Maçonaria internacional. Cerca de doze cavalheiros. Eis o que me disseram: Temos a honra de lhe fazer certas proposições e de garantir com elas que Vossa Majestade preservará a Coroa e que a Espanha servirá fielmente a Monarquia, apesar das tremendas crises que a ameaçam, e reinará num clima de paz. E quando perguntei quais eram essas proposições, este senhor apresentou-me um rico pergaminho dizendo-me: Com a sua assinatura pedimos a Vossa Majestade que dê a sua adesão às seguintes proposições: 1º, a sua adesão à Maçonaria; 2º, decretar que a Espanha será um Estado secular; 3º, para a reforma da família, decretar o divórcio e 4º, instrução pública secular. Sem hesitar por um momento, respondi: Isto nunca! Não posso fazê-lo como crente… Ao partir, o mesmo cavalheiro disse-me: “Lamentamos, porque V. M. acaba de assinar sua abdicação como rei da Espanha e seu exílio” (https://www.religionenlibertad.com/noticias/2741/la-masoneria-amenazo-a-alfonso-xiii-tras-consagrar-a-espana-al.html ).
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(3) 14 presidentes dos EUA Maçónicos: https://freimaurer-wiki.de/index.php/USA:_Bis_2018_waren_14_Pr%C3%A4sidenten_Freimaurer
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(4) Imiscuição de lojas maçónicas: https://somatemps.me/2017/10/30/cuatro-logias-masonicas-aseguran-que-aceptaran-una-catalunya-independiente/
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(5) Maçons portugueses: https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Ma%C3%A7ons_de_Portugal