Apesar das parteiras políticas interessadas no negócio do parir, o referendo abortou. Atendendo a que a abstenção atingiu os 56,39%, os resultados não são vinculativos. Ganhou a abstenção; não se quer a penalização da mulher nem a morte do ser humano. Com a abstenção dá-se uma chicotada de descrédito nos que governam. Os resultados do dia 12.02 são um atestado de incompetência para a nossa política. Houve menor número de votos do que mulheres com direito de voto. O povo é Zé mas não é burro. Não vai no jogo do gato e do rato… O referendo ao não ser vinculartivo, como tinha sido declarado previamente, só servia para o governo descarregar a má consciência no povo. Além disso constituia uma oportunidade para a esquerda poder fazer propaganda de si e das suas estrangeiradas ideologias. Para Portugal entrar para a União Europeia ninguém perguntou a opinião dos Portugueses, quando aderimos à moeda única também não. O zé povinho seria demasiado ignorante para poder compreender tão enrredados interesses. Até se tem a impressão que os que se apoderam dos destinos da nação têm medo dum povo informado.
No jogo do faz de conta da nossa classe política atira-se a bola ao povo porque neste assunto ela não tem nada a perder ou a ganhar e para mais sabendo-se já de antemão que o resultado não seria juridicamente vinculativo.
Do grupo minoritário votante 59,25% votaram pelo sim e 40,75% pelo não. Votos em branco foram 1,25% e votos nulos 0,68%. No referendo sobre a mesma matéria em 1998, venceu com 51,30% do não contra 48,70% do sim, tendo a abstenção sido de 58,09%.
Este referendo mais uma vez poe em evidência a fraqueza da classe política e um povo dividido. A preco do bom senso comum evitam-se clivagens e discussoe elucionadoras. A prevenção das causas que conduzem ao aborto, e o apoio às mulheres grávidas em situação de carência económica e psicológica não interessam à discussão. Se um aborto custa 450 euros em Portugal e se se fazem 20.000 abortos por ano, isto corresponderia a 9 milhoes de euros a ser suportados, na integra, pela Segurança Social. É urgente a criação de centros de aconselhamento a grávidas. Chegarão leis “politicamente correctas” mas em que seccoes da saúde é que o Zé terá de ir aumentar as bichas?
Estranho é que políticos pretendidamente bem pensantes se tenham referido aos resultados do referenjdo como uma “vitória da democracia portuguesa”. Vitória de quem sobre quem? Será que para a esquerda a democracia são eles? Ainda se encontram encerrados numa mentalidade mesquinha. E esta gente ainda se sente diferente ou melhor do que Salazar! No país dos cegos quem tem um olho é rei! A esse respeito já dizia o nosso grande escritor Guerra Junqueiro sobre o Povo Português: “Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga e besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice…”.
Independentemente de se ser pelo sim ou pelo não do aborto o que se torna vergonhoso e desonrador do povo é a atitude de gozo na motivação, elaboração, instauração e realização do inquérito. Portugal é, depois da Inglaterra, o país na Europa com menores grávidas. Isto não preocupa! Noutros países fazem-se políticas de apoio à procriação enquanto que a classe política portuguesa se preocupa em modernizara ideologia do Zé povinho mas poupando na educação e ensino. Enfim, estrangeirados atrasados querem-nos estrangeiros a nós…
Discriminacao referendária
A relação ambígua que a esquerda tem com a cultura ocidental mostarm-na também em relação aos emigrantes portugueses. O PS e o PC impediram os emigrantes de participarem no referendo contra a posicao do PSD E PP. Quanto aos emigrantes na EU ainda levantaram a possibilidade de participarem atendendo a que possuem as estruturas migrantes europeias na mão. A ambiguidade do Estado português para com os seus emigrantes leva-o a considerá-los expatriados pela legislação. Assim os partidos criaram o artigo 215 ponto 12 da Constituição com formulacoes aleatórias que possibilitam a arbitrariedade nas decisoes políticas de ocasião. Deste modo o artigo serviu para excluir os emigrantes do referendo. Os bens júrídicos fundamentais parecem assim ao servico da defesa da nomenclatura partidária. Em Portugal só se conseguem maiorias discriminadoras dos emigrantes. Portugal continua um país de estados (castas). Cidadania ainda não entrou nas cabeças de grandíssima parte dos nossos magistrados nem dos políticos que os legitimam.
farsa da vida!
de votos e crenças! dos que ontem e hoje mandam dos que ontem e hoje aplaudem
só a servidão permanece
a ilusão da opinião também!
o arrazoado não é o que se vê
mas o que se é… necessidade só de aparecer!
farsa de estado!
António da Cunha Duarte Justo