: Sessões da Comissão Parlamentar de inquérito perante as Câmaras da TV
Fischer: um pecador sem arrependimento. Ideologia da geração de 68 questionada
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Joscker Fischer, do partido “Os Verdes” compareceu ontem perante a Comissão Parlamentar de inquérito, onde a Oposição conservadora e liberal o questionou sobre a sua prática, laxa no dizer de uns e ideológica no dizer de outros, relativamente à concessão de vistos dos consulados alemães no Leste que facilitou o acesso à criminalidade organizada e à mão-de-obra barata para a União Europeia (Portugal também foi vítima da sua política de concessão de visa).
Fischer assumiu rectoricamente toda a responsabilidade e admitiu ter cometido erros. Ele que solicitou a demissão duma ministra do Gabinete da coligação por uma questão menor, não aceita agora as regras do jogo político em questões mais graves quando se trata da sua própria pessoa; usa uma craveira para si e uma outra para os outros. Ele sabe que o seu colega de luta dos anos 60/70, o chanceler Schröder, não pode permitir-se a demissão do compoanheiro ideológico e de trabalho porque esta levaria à queda do governo e a eleições antecipadas. Por isso foje com o rabo à seringa a perguntas quando a oposição o questiona com perguntas sérias na Comissão afirmando “ façam um requerimento no parlamento solicitando a minha demissão, se se querem ver livres de mim”
Fischer, o homem das duplas estratégias, saiu mais arranhado ainda do debate, no dizer de muitos comentadores alemães. Permaneceu contraditório ao querer reduzir os ataques da oposição a mera difamação partidária responsabilizando-a pela redução dos ucranianos a criminosos e ao assumir a posição de pecador sem arrependimento aceitando ser o responsável desde que sem consequências. A inacção do seu ministério durante muitos anos no abuso da concessão de Visa (contra a advertência de diplomatas e de decisões leves de tribunais que não podiam decretar penas justas a criminosos, atendendo ao decreto-Fischer) sob a devisa “em caso de dúvida pro libertate” e a ideia de fomento da ideologia verde na promoção da multicultura nos estados europeus, ficou por explicar. Caiu em contradição ao querer afirmar o abandono duma política demasiado dominada pelo aspecto da segurança durante o governo Kohl e por outro lado reportar-se à continuidade da tradição dos problemas que já havia no antigo governo, desculpando-se com a continuidade da tradição. Nesse caso deveria dar cobro aos problemas anteriores e não fomentar outros.
A sua fé na liberdade de viajar como elemento civilizador dos povos não chega para um governante responsável. Fischer continua a ser o antigo lutador das ruas como deixou escapar na sua exposição ao falar de “ocupação de casa” e de “inscenação” em vez de “conferência em casa” e de “ iniciado”.
O mesmo Fischer era contra o apoio a Timor por razões de não instabilizar a hegemonia muçulmana na região.
A popularidade deste homem tem sido alimentada pelo espírito duma época (Zeitgeist) que quer castigar a civilização ocidental e reduzir a sua moral ao oportuno. Atendendo ao seu espírito maqiavélico, Fischer não assumirá as consequências da responsabilidade que diz assumir. Em jogo estaria não só a mudança de governo para os coservadores na RFA como o seu papel, na tribuna europeia, de, com outros correligionários, continuar a fomentar um discurso demagógico no sentido duma Europa sem alma e sem princípios éticos transcendentes. O ícone verde, apesar do bonus da simpatia popular não conseguiu convencer. Deixou problemas em aberto pelo que certamente terá de voltar a prestar declarações perante a Comissão Parlamentar de inquérito.
António da Cunha Duarte Justo
( Alemanha )