25 de Abril
2007-04-26
O grito e a ânsia do povo português continuam, hoje como ontem, vivos na canção de José Afonso – a melhor ordem do dia:
„Grândola, vila morena
Terra da Fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade…
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade…
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade.”
Este dia da liberdade e da democracia, iniciado pelos capitães de Abril, pretende ser símbolo da dignidade humana a restabelecer, o início dum processo sempre novo alheio à estagnação em ideias, em conceitos ou sistemas.
Esta dignidade humana amordaçada a nível social tinha levado muitos de nós a combater na clandestinidade, em sindicatos e outras instituições, por um dia de aurora como aquele dia do Zeca Afonso e do “movimento das Forças Armadas”. Aquele dia queria persistir em continuar madrugada e à tardinha o Sol não se queria pôr, nele os direitos humanos prometiam florir nos cravos vermelhos para um povo “Zeca”. Naquela alvorada é derrubado um regime autoritário que não tinha lugar para a expressão dos direitos humanos e sociais mais fundamentais.
Por alguns tempos nos sentimos povo no despertar da sua consciência para uma sociedade a caminho nas esperanças partilhadas. Ideologia com fé de premeio ajudam a suportar a ditadura da realidade!
O ardor do sol da esperança era tanto que os cravos começaram a murchar. O povo que se tinha levantado para se pôr em movimento depressa se viu confrontado com o estaticismo dos contra-movimentos ideológicos. Da luta contra o incrustamento dum sistema surgiu a desilusão da instalação dum outro mais flexível mas que peca de erros semelhantes. De facto, a sociedade e o ser humano são processos e não sistemas imóveis. O povo no seu instinto processual viu-se justamente envolvido na defesa dum processamento que não se queria sistema empedernido auto-suficiente e estático. Por isso do mesmo instinto e desejo de mudança do outrora permanece no povo o desejo da mudança do hoje.
Aquela aurora promissora foi porém em pouco tempo ensombrada pelas nuvens ideológicas estáticas que concebem o mundo em termos hirtos de imperialismos. Assim dum imperialismo de estilo americano se quer passar ao outro imperialismo de cunho russo. Os problemas colaterais da revolução tornam-se mais presentes. As vítimas do regime Salazar dão lugar às vítimas do regime soviético (abandono dos pretos colaboradores do sistema português à chacina do imperialismo russo com a incondicional fuga dos portugueses que há centenas de anos viviam e se tinham identificado com o “ultramar”- “os retornados”).
O 33° aniversário da revolução dos cravos constitui uma oportunidade para todos os portugueses participarem na democratização presencializando a revolução dos cravos já demasiadamente encrostada. Outrora houve gente valorosa – não salvadores! – que surgindo dum sistema autoritário soube renová-lo; do sistema de hoje mais aberto e livre, seria de esperar que surjam os transformadores do sistema de hoje. Não chega lutar contra os ópios de ontem, é preciso estar atentos aos de hoje.
Dos cravos é a cor
A vermelha também
Ao jogo das cores
O povo aí vem
Revolução é processo. A liberdade não é pacífica, não o pode ser!
Neste sentido, viva o 25 de Abril, ontem e hoje!
António Justo
Publicado em Comunidades:
http://web.archive.org/web/20080501041234/http://blog.comunidades.net/justo/index.php?op=arquivo&mmes=04&anon=2007
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Comentários:
“PERSEGUIÇÃO POLÍTICA AOS EX CABOS DA FAB” – – – 2007-04-26 Constituição de 1988 a Constituição Cidadã como dizia o Deputado Federal Doutor Ulisses Guimarães, consagra preceitos sobre a Anistia até hoje não cumpridos. Foi o povo brasileiro quem a fez, e a sua vontade que se expressa nesses mandamentos, os quais têm esbarrado nas resistências dos intolerantes, que não querem apagar as lembranças da “Ditadura Militar”, e nem encerrar esse nefasto ciclo da nossa tradicional história brasileira, fazendo perpetuar o sofrimento e a injustiça que não é mais tolerável nas estruturas sociais de um novo mundo civilizado, e efetivamente de um estado de direito democrático. Lembremo-nos das palavras do eminente jurista Sampaio Dória: “As Leis constituintes do Estado ao estabelecerem os direitos fundamentais do homem, também instituem garantias para os mesmos”. Os abusos de poder praticados contra esses direitos são inaceitáveis. É preciso opor expressamente barreiras intransponíveis, a todos aqueles que deliberadamente insistem em não cumprir tais mandamentos dos desanistiados. A Injustiça do Governo Federal cometida contra os – 495 (quatrocentos e noventa e cinco), ex-Cabos frágeis e doentes da Força Aérea Brasileira anistiados pela Lei-10.559/2002 durante o ano de 2002, no Governo anterior com suas Portarias publicadas no Diário Oficial da União, até a presente data não foram cumpridas pelo Ministério da Justiça e o Comando da Aeronáutica, e, pior, estão sendo canceladas relembrando uma vez mais a mediocridade e as agruras do período de exceção infelizmente ocorrido no país, isso é uma vergonha para um Governo democrático. É preciso que entendam que Anistia é medida de interesse público inspirada na necessidade da paz social. “A anistia é um ato político que não pode ser retirado por quem o dá e nem recusado por quem o recebe”, quem diria aquele humilde Líder e sindicalista que foi inimigo dos Comandantes Militares no período da Ditadura, hoje sendo um Presidente democrático, junto com os seus parceiros de Partido receberam seus benefícios de anistiados políticos, inexplicavelmente estar aceitando a pressão dos atuais Comandantes da Aeronáutica imposta aos idosos e doentes ex militares, não querendo anistiar aqueles que foram traiçoeiramente banidos daquela Instituição militar, e expulsos como subversivos pela Portaria 1.104/Gm3/1964, com a Lei do Serviço Militar em pleno vigor. E agora o nosso Presidente passou a ser amigo dos Comandantes Militares, contrariando também a Lei da Anistia Política 10.559/2002, e pisoteando os direitos que a Lei assegura a todos prejudicados pelo o Ato de Exceção no período de 1946 á 1982. Hidelberto Milanes – Ex Cabo da FAB.
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