“O Ouro Português” – Consciência da Nação

Uma Referência aos comentários, cf. Arquivo Setembro, tópico 7 (O Ouro Português).
O problema é que, ressalvada a má política do Estado Novo, enquanto que este pensava demasiadamente no futuro em termos de aforro, hoje a política só pensa no presente, recorrendo ao endividamento do país. Deste modo as gerações actuais vivem à custa das gerações futuras. A catástrofe financeira é previsível.
Hoje a Europa resolve os problemas do presente recorrendo à hipotecação do futuro, o que é prática geral obrigando todas as nações à mesma estratégia. Mais que o empenho por uma política inovadora administra-se a miséria.
Aqui está a diferença. Se ontem havia consciência de Estado hoje só há consciência de poder. A nação está cada vez mais partida. Sofre do mesmo vício que conduziu a democracia grega à decadência. Se nesse tempo eram os sábios que usavam e abusavam do seu discurso, longe do povo, hoje é a verborreia partidária sem raízes na nação.
Se uma dona de casa se permitisse administrar o lar tal como a política governa a Nação logo seria apelidada de insensata e deixaria de ter credibilidade nos bancos e nos vizinhos. Os nossos administradores porém continuam a ter crédito porque os que pagam a factura e que os poderiam desacreditar são as crianças de hoje e estas não têm voz. Naturalmente que o dinheiro é uma grandeza simbólica que se baseia na confiança mútua e naturalmente que um dia a política, a continuar assim, socorrer-se-á duma reforma monetária com uma desvalorização total que a desendividará à custa do empobrecimento dos cidadãos.
Por trás de tudo isto está uma prática demasiado democrática que atende à voz da mediania e não pode tomar medidas boas e necessárias em defesa do povo e da nação. Os partidos não têm coragem de atalhar o mal pela raiz porque logo seriam castigados nas eleições seguintes e seriam apelidados de despóticos.
Não podemos ter tudo: os benefícios dum governo autoritário e os benefícios da democracia. “O Óptimo é inimigo do bom”! O nosso povo sabe muito!…
Todos os sistemas têm os seus defeitos. O problema é que os superficiais encobrem os próprios defeitos falando dos defeitos dos outros! Um diálogo adulto suporia a análise das faltas dos outros em comparação com as próprias e não como é praxis.
António Justo

António da Cunha Duarte Justo

Saramago no Paraíso dos Ateus

A Luta é a mesma só as espadas é que são diferentes!

Para Saramago o mundo seria mais pacífico se fosse ateu! Talvez se refira à paz dos cemitérios, ou já se esqueceu das barbaridades executados no século passado em nome do socialismo ateu, do nacionalismo, do racismo, da ciência, dum certo iluminismo, que bateram todos os recordes da História.
José Saramago escreve bem mas não é suficiente. Não chega escrever bem, também é preciso pensar mais e mergulhar na sabedoria do mundo para a tornar visível. Não basta chegar-se às “honras dos altares” e depois viver-se dos devotos ou estar-se à disposição de interesses políticos de forma camuflada servindo morais tão dúbias como aqueles que critica na “cassete” contra a Igreja.
Do alto do seu palco Nobel pode aproveitar para atirar as suas farpas e servir mesmo de cavalo de tiro para muitos envergonhados ou sorrateiros que em nome da literatura procuram levar a brasa à sua sardinha! Esta tem sido a táctica de muitos iluminados enredados por essa Europa fora através de grupos discretos com assento nas capelas dos Governos e na “Roma Nobel”. Sempre nas cruzadas, ou melhor, nas turradas entre curro e a praça, em que o touro é a nação e o povo é bancada. Trata-se de difamar a cultura nacional ou europeia em nome da descultura. É ainda a hora da desaculturação para chegarem à desculturação, em nome do internacionalismo e da razão francesa iluminada. Querem só luz sem lâmpada, pretendem um humanismo sem Homem. Por outro lado fomentam um povo religioso mas sem Deus; a devoção é imprescindível é mesmo o óleo na engrenagem dum poder em que Deus estorva.
Sob o palio Nobel, Saramago proclama a guerra santa contra o mundo dos cruzados e contra um cristianismo que o incomoda, mas de que continua obsessivamente dependente. Este é para ele uma insónia de povo com odores de cristão a que reage distanciando-se, como filho ingrato, duma cultura que lhe deu o ser. Deforma o passado comprazendo-se em desenterrar os mortos como se o presente não tivesse males suficientes em que se pudesse deleitar. De cadeado atado ao comunismo, filho pródigo do cristianismo, berra a sua fúria ao céu dos seus seguidores numa tentativa desesperada de legitimar o seu marxismo ateísta.
Naturalmente que não quero estragar a imagem deste santo necessário nos devocionários comunistas ou socialistas marxistas. O que é ilegítimo é que ele transforme tudo em tapete para a sua ideologia. É mais fácil falar dum passado que não entende e deformá-lo do que encarar o presente de que vive. Ao falar-se mal dos distantes desviam-se os cães de caça da própria fazenda.
Ultimamente Saramago disse em Turim “ O mundo seria mais pacífico se nós fossemos todos ateus”. Este acto de fé dum pretenso ateu peca do pecado original crónico da hegemonia. É que o mundo é diverso e a diferença é o dado mais evidente na natureza, o que o senhor Saramago (não digo senhor José, para o diferenciar) não quer aceitar. O homem ateu e o homem religioso participam da bondade e da maldade comum. A esperança comunista numa sociedade ateia e sem religião, em que a única devoção permitida era a devoção política, foi-se pela água abaixo com a queda da União Soviética que tinha em poucos anos conseguido, na barbaridade, arrumar a Idade Média para um canto.
Talvez por isso Saramago continua “eu próprio sou ateísta, mas eu creio, que se houver Deus então tem de ser só um Deus e para todos o mesmo”. José Saramago, aqui deixou o rabo bem de fora! E aqui é que está a diferença entre comunismo e cristianismo, entre uma sociedade fechada e uma sociedade aberta. Enquanto que para o mundo cristão todo o ser humano é feito à imagem de Deus, o senhor Saramago quer um deus despótico à imagem dele (Saramago), um ídolo. Aqui se distanciam Saramago e o comunismo do povo, da pessoa humana e do cristianismo. Querem tudo igual à sua ideologia esquecendo que o rosto de todo o ser humano seja ele cristão ou ateu é imagem de Deus e na diferença se reconhece o divino. O que perturba muito boa gente é o facto da proibição bíblica de se fazer uma imagem de Deus e o facto de ela elevar a pessoa à condição de filha de Deus, de Jesus Cristo. Para o cristão, o outro, o cristão anónimo, cada pessoa é um absoluto e não apenas um mero indivíduo. Deus já era povo antes do comunismo mas não era ditador e aqui é que está o busílis da arte de governar. Se o povo Judaico vive e viverá, é pelo facto de não ter deixado de ser povo e este manteve-se em torno do seu Deus e da sua bíblia. O mesmo se poderá dizer do cristianismo e da cultura cristã. Naturalmente que tudo é processo dinâmico. A fórmula da unidade na diferença conseguiu-a a sabedoria cristã na doutrina da trindade. Esta porém corresponderá a uma espiritualidade em fermentação que remonta aos primeiros séculos da Igreja se segue na mística e em Teilhard de Chardin.
Saramago gostaria de um Deus Allah longínquo mais disciplinador e subjugador em que a liberdade individual é um vício e a pessoa está em função do grupo, um religião política; gostaria de nos ver todos muçulmanos mas graças a Deus que os cristãos cometeram o pecado das cruzadas a quem devemos o ser português.
Na apologia do seu mundo sem Deus acrescenta: “As religiões nunca contribuíram para que as pessoas se aproximassem umas das outras”. Mais um acto de fé ideológica sem Deus nem História. Se tivesse estado um pouco atento nas aulas de antropologia e de sociologia certamente que se tinha dado conta de que a imagem de Deus e da pessoa estão intrinsecamente ligadas ao processo de formação individual e cultural!… Há uma inter-relação condicionante. Isto independentemente da questão pontual ontológica de Deus. A ética do Sermão da Montanha, do amor ao próximo, da dignidade divina do ser humano, da justiça embora lhe passasse um pouco desapercebida deixou rastos atormentando-o na sua acção política. Naturalmente que nos dias de hoje o islamismo descredita as religiões tal como aconteceu com o comunismo.
O problema fundamental que está por detrás das insuficiências religiosas, científicas, políticas, ateístas, fascistas, comunistas é que, todos, em nome da raça, da nação, do povo, da ciência ou de Deus partem dum estado de consciência dialéctico baseado no espírito grego e dualista persa que apreendem a realidade sob a perspectiva de dois princípios antagónicos, dialéticos, quando a fórmula da realidade trinitária é polar e integradora não sendo exclusiva nem dicotómica. O indivíduo e o todo, Deus e a matéria não se opõem mas constituem um todo relacional em que 1 é igual a três salvaguardando-se a individualidade pessoal e a comunidade (Eu-Tu-Nós; Pai-Filho-Espírito Santo, Deus-Matéria-Vida). Nesta fórmula a luta continua mas não é exclusiva e nela há lugar também para gurus e principiantes, “bons” e “maus”. Não há mera exclusão ou negação, há complementação relacional na aceitação da diferença e da igualdade. Ser tudo em todos. Este é o melhor paradigma, o melhor programa!

António da Cunha Duarte Justo

António da Cunha Duarte Justo

Salazar no Museu

Um Portugal cada vez menos ninho de enjeitados e de Cucos…
Da Ideia que por aí corre sobre a fundação dum Museu a Salazar em Santa Comba Dão torna-se depreensível a necessidade duma discussão sobre um passado (Sec. XX) mal digerido.
O mais importante da ideia será discutir uma história por fazer.
Contra a iniciativa falam os interesses que se escondem por detrás do tempo. O tema Salazar, sujeito à demonização e ao enaltecimento, tem-se mantido no nevoeiro do tabu. Este ajuda a criar as distâncias e a encobrir os erros crassos e más intenções cometidas com a descolonização. Os refugiados da descolonização que o digam, bem como muitos antigos soldados que não vêem o tempo de serviço onerado na sua reforma! Uns fizeram o jeito e os outros pagam as favas. Uns apostaram na ideologia e os outros pagaram-na.
Esta matéria é tabu porque os “heróis” da descolonização ainda estão vivos e isso iria implicar com o seu nimbo e com os seus interesses organizados em “Companhias de responsabilidade limitada”. Além disso querem-se santos de cara lavada. Uma democracia sem santos faltar-lhe-ia a perspectiva da perenidade.
Os laboratórios científicos precisam de fundos do Estado, ou melhor, dos governos, e a imprensa precisa de dinheiro e de ambiente o que torna difícil uma discussão séria que não instrumentalizasse nem Salazar nem os revolucionários de Abril.
Tanto um regime como o outro têm aspectos positivos e negativos, independentemente da problemática das vítimas e dos aproveitadores de um e de outro regime. Só falando é que a gente se entende e aprende. Seria óbvia uma discussão aberta e descomplexada que deixasse de servir unicamente interesses limitados para passar a servir os interesses do povo, de Portugal. Talvez a geração mais nova tenha dentes para assumir tal empresa contribuindo para que Portugal se torne cada vez menos ninho de enjeitados e de cucos do poder…
Quem governa tem e deve ter o direito de errar e também de apostar no que não agrade à maioria. Errar é humano! Logo, se errar é humano, o verdadeiro Homem tem aqui a oportunidade de demonstrar que o é. Neste caso seriam homens divinos porque o povo não dá prémio a quem se confessa nem a quem reconhece que errou! Porque não começar já a construir um futuro novo? Ou será que a em democracia se vive melhor com homens softies e com viragos.
Em todo o caso não há que temer porque a justiça sempre teve os olhos vendados!…
Não é tarde para começar e investir mais individual e nacionalmente para que o povo cresça e apareça e passe a deixar de ser lamuriento e saudosista.
O empreendimento a começar não poderá reduzir-se a descartar os trunfos que cada regime usa no seu instinto de auto-afirmação, mas sobretudo, levar o povo a compreender melhor como se faz a História e motivar mais gente a fazer história para termos menos povo a sofrê-la. Tudo isto na consciência que a instituição sendo embora imperfeita é necessária, à sua maneira em cada época. .
Um Museu sobre Salazar! Para uns uma ideia peregrina, para outros um atentado, uma bênção ou ainda uma questão indiferente! É natural que Santa Comba Dão e os iniciadores da ideia do Museu sobre Salazar tiveram uma ideia luminosa que virá em benefício do concelho.
Aqui não se trata só de enterrar Salazar no museu ou de o valorizar. A questão mais importante será o detalhe, isto é a concepção base na efectivação do museu.
De resto, Santa Comba Dão já está a ganhar!…

António Justo!

António da Cunha Duarte Justo

PROIBIÇÃO DE FUMAR EM CASA E NO CARRO

Acabe-se com o tormento do fumo! Este é o slogan de médicos e de personalidades dos vários partidos na sociedade alemã. A esta exigência, com a intenção de se criar uma lei que proíba fumar em casa ou no carro, dão já expressão o perito para a Saúde do SPD, Karl Lauterbach, o deputado europeu da CDU Karl-Heinz Florenz e a delegada para as questões de droga do governo alemão, Sabina Bätzug ao quererem uma lei que acabe com a peste!
A intenção de políticos e médicos que exigem medidas que protejam as crianças indefesas é compreensível atendendo a que na Alemanha morrem 60 bebés por ano em consequência do fumo passivo.
A iniciativa certamente que irá desaparecer tal como a água na areia atendendo a que uma proibição de fumar em restaurantes e cafés tem apresentado os seus quês. Uma lei que proibisse fumar em casa e no carro corresponderia a um ataque à esfera privada e a Constituição alemã protege-a. O direito à liberdade pessoal e à inviolabilidade da habitação estão garantidas pela Constituição. Um outro problema que surgiria seria a viabilidade de aplicação duma tal lei que pretende controlar o comportamento das pessoas em casa. Seria uma lei incontrolável e que fomentaria a denunciação.
Não podemos resolver tudo com leis como é próprio dos estados totalitários marxistas. A democracia tem que usar de mais fantasia também na defesa dos mais fracos e não recorrer sempre ao machado da lei. No caso de se querer fazer recurso de legislação há ainda campos por explorar, como seja uma maior comparticipação dos fumadores para a Caixa de Previdência. O argumento de se querer proteger as pessoas que sofrem por causa de fumadores irresponsáveis não legitima fazer valer-se logo da limitação de direitos cívicos gerais além de criar precedentes inestimáveis.
As pessoas sabem que é prejudicial fumar e que é especialmente nocivo o fumo contido no ar de recintos fechados. Só que não estão conscientes do acto nem da sua gravidade. Muitas vezes é a inadvertência, o hábito, a estupidez, ou falta de consideração mas certamente menos a má vontade. Pais responsáveis não acendem cigarros na presença de crianças!… Para o fazerem porém têm de ir contra as cadeias do hábito que a própria sociedade nos outorga!

Antes de se recorrer a sanções repressivas seria urgente fomentar em toda a sociedade um espírito mais humano, mais responsável e altruísta. A palavra de ordem seria: consideração e respeito pelo outro!
Para isso não chegam leis nem campanhas pontuais; é preciso uma outra mentalidade quer da parte do legislador quer da parte dos legislados…

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

ISLAO E OCIDENTE – UM DIÁLOGO DESIGUAL E HIPÓCRITA

Quando o terrorismo levanta a voz, as democracias europeias tremem e os responsáveis desconversam. Então o acto ritual é comum e o mesmo numa liturgia uníssona: os governos declaram que o problema se reduz apenas a extremistas; os políticos das várias cores engraxam o povo e os terroristas passando as velhas contas do seu rosário já desgastado na repetição das palavras mágicas “diálogo” e “tolerância”; os profissionais do saber escusam-se dizendo que algures há um potencial movimento de muçulmanos moderados abertos ao modernismo; os jornais para abrandarem as possíveis fervuras e a sua incapacidade de raciocinar calam o problema ou dão-lhe a volta com a argumentação das cruzadas cristãs; o Zé-povinho mete o rabo entre as pernas, diz Ámen e reza a Santa Bárbara; e alguns que leram o Corão e as Instruções do Profeta (Hadites) murmuram baixinho a sacrílega fórmula: o mundo islâmico não é compatível com o mundo ocidental. Estes, destoando no meio de tanta harmonia, de tanta hipocrisia, na abnegação do saber e na cegueira do não querer ver, são tratados como os antigos mensageiros anunciadores de guerra.

Duas sociedades paralelas em diálogo paralelo!
De resto, tudo ouviu dizer, ninguém leu, ninguém se informou pois saber compromete! No caso chega a opinião; aquela verdade que alimenta o povo e é filha da ignorância ou da má intenção.
Também dos sinos das igrejas e dos minaretes das mesquitas ressoam só vozes de paz celestial. Também eles não estão e não vêem, só ouvem o barulho da turba que passa não se dando conta donde ela vem e para onde ela vai!
É uma conversa de autistas em que cada um dos contundentes se dirige aos seus adereçados. O Ocidente fala para o seu rebanho indiferente e os Islamistas para os seus soldados e para o seu povo de plantão! Duas sociedades paralelas em diálogo paralelo!
Isto não é a terceira guerra mundial, não é o Islão contra o Ocidente, é apenas uma espécie de guerrilha como nos tempos lusitanos entre os prosélitos de Viriato (com a sua estratégia de guerrilha) e as tropas dos generais de Roma. Hoje como outrora “tecnologias” desiguais. Tal como outrora as linhas de combate não estão demarcadas. As fronteiras são culturais, ideológicas / religiosas não se podendo localizar o inimigo. Se então o “petróleo” cativava Roma, hoje ele é limitado e o que prevalece e permanece é a cultura, na guerrilha de alfobres plantados… à imagem dos outros em terras jugoslavas!
Direitos individuais sacrificados aos direitos culturais
A acção e a reacção do mundo muçulmano ao mundo ocidental têm sido profícuas confirmando a sua convicção e entusiasmo no seu empreendimento mais prometedor em termos de futuro. Enquanto que o Ocidente se preocupa em encher os cofres dos bancos na expansão económica e na exploração das fontes de riqueza material, os muçulmanos dedicam-se à expansão da sua cultura, de forma agressiva na África e na Ásia e de forma imperceptível na Europa. Duas guerras, duas estratégias, uma perspectiva: ganhar. Os europeus ganham dinheiro, ganham o presente e ganham a má consciência; os muçulmanos por seu lado ganham respeito, ganham o povo, ganham o futuro!…
Os Estados não tendo ainda superado a consciência tribal vivem do negócio multicultural. Cada um na sua coutada, com o seu rebanho como presa não está interessado na defesa dos direitos humanos. A Europa mente quando diz que defende os direitos humanos porque os não transforma em moeda comerciável, porque os não inclui nas suas relações e contratos bilaterais, aquilo que faz a nível económico!
Assim, o mundo ocidental não se preocupa com a vida das pessoas e aceita tudo. Uma mulher da arábia pode testemunhar a opressão da mulher oprimida através do seu lenço de cabeça mas a mulher europeia não pode testemunhar a sua “liberdade” passeando em bikini no Irão, na Arábia. Delegações europeias vergam-se às exigências muçulmanas colocando o seu lenço na cabeça quando os visitam e até acham engraçado ver o mundo daquela perspectiva. Eles porém, quando vêm cá, chegam a boicotar o uso de álcool mesmo aos parceiros europeus em recepções bilaterais. Na Europa exigem a construção de mesquitas até com minarete e na sua terra proíbem as organizações cristãs. O Ocidente tem de ir ao encontro das exigências muçulmanas a ponto de ceder o próprio carácter mas eles não transigem em nada. Podem organizar as suas instituições e mesquitas em toda a Europa sem contrapartidas. Prisioneiros muçulmanos chegaram a exigir numa cadeia que conheço na Alemanha um cozinheiro muçulmano porque a comida preparada por cristãos era impura. Interessante é que a Turquia, que se apresenta como a moderníssima entre os povos muçulmanos, não permite a expressão pública religiosa a outras religiões que não sejam muçulmanas. Lá só é permitido um único padre católico para cuidar dos católicos da Turquia e do Irão. Cristãos que se atrevam a missionar na Turquia estão sujeitos a prisão até três anos. O toque de sinos é proibido em território turco. Há igrejas das quais foram feitos currais. Aos cristãos é-lhes proibido renovar ou construir igrejas. Ainda hoje, os cristãos na Turquia são identificáveis com o número 31 no Bilhete de Identidade. A Alemanha permite que anualmente os consulados turcos mandem para cá 300 Imames (chefes religiosos) por ano para garantirem a missionação autêntica. A Arábia – Saudita que não permite o exercício da religião cristã sequer privadamente em casa, financia em toda a Europa a construção de mesquitas com minaretes.
O Islão também expande na Europa devido a uma certa hostilidade de políticos europeus contra a cultura cristã
Embora muitos políticos europeus sejam religiosamente indiferentes deveriam empenhar-se na defesa da expansão do cristianismo nestes estados porque a recusa do cristianismo corresponde à recusa da cultura europeia, até porque na sua concepção só o homo religiosus conta. Sim à construção de mesquitas na Europa e não à construção de igrejas na Turquia – isso não pode ser! Assim se renuncia a um instrumento das convenções bilaterais que fomentaria a democracia nos países islâmicos. Seria fatal se o Islão se expandisse na Europa à custa duma certa hostilidade de políticos europeus contra o cristianismo. Aqui a questão não é religiosa é cultural! Quem não vê isso é cego. Em toda a discussão é propositadamente ignorado que o Islão é um sistema religioso que se identifica com o sistema político.
Se os políticos tomassem a sua cultura e a sua populacho a sério não só cederiam aos desejos muçulmanos mas teriam de exigir bilateralidade nas relações. Deste modo os grupos lobbies muçulmanos na Europa teriam de se empenhar e embarcar no diálogo e não apenas formular exigências.
A arte de se sentir melindrado
A reacção do mundo muçulmano às caricaturas sobre Maomé e à aula dada por Bento XVI em Ratisbona mostra sistema, competência e boa organização. A reacção do mundo ocidental às provocações islamistas e às exigências dos grupos muçulmanos na Europa mostraram incompetência, desrespeito pelo parceiro cuja filosofia desconhecem e falta de espinha dorsal! Por toda a parte só se observa cedência e má figura em toda a linha. Analfabetismo e indiferença quanto aos valores religiosos e seculares! Se o islamismo já pode muito, o medo e a ignorância ajudam-no.
Muitos preocupam-se com o sentimento muçulmano ofendido. O sentimento ferido até parece verdadeiro e autêntico pelo facto de ser sentimento. Por isso tem carta branca para tudo e exige logo uma contra-ofensiva de actos de desagravo da parte europeia. Uns e outros esquecem porém que para muitíssimos muçulmanos a existência do cristianismo já é uma ofensa, que a existência de Israel é uma injúria, e que os Estados Unidos da América constituem um insulto diabólico.
Se não houvesse tanta cobardia da parte dos europeus certamente que os irmãos muçulmanos nos respeitariam mais.
Resultado: Uma cedência só deve acontecer de forma recíproca para que se possam desenvolver processos de diálogo sério e se possibilitem mudanças nos estados islâmicos.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo