Madeleine

Luto não quer teatro!

Tantas Madeleines, por este mundo fora, esquecidas e à margem da histeria televisiva! Depois de tantos murros nos sentimentos dum público ávido de sofrimento surge agora mais esta: os pais de Madeleine passam a ser arguidos. Após tanta desinformação mais uma especulação para alimentar a dor e o behaviorismo.

A tragédia da culpabilidade seria sem fim, se se verificasse como verdade a especulação de que a mãe matou a filha. Então envergonhariam o mundo inteiro. Aqueles que se identificaram com a tristeza dos pais sentir-se-iam ludibriados. Mais um murro no sentimento!
Além da culpa da negligência de pais, a suspeita de infanticídio.

A mãe defende-se num entrevista ao Sunday Mirror acusando os indagadores, afirmando: “eles querem que eu minta, eles querem-me lograr!” Uma especulação leviana afirma que a polícia lhe terá feito uma proposta de confessar o crime podendo ela, depois de dois anos, sair livre da prisão.

Na opinião da mãe (Kate McCann) da criança desaparecida, a polícia teme a atenção pública porque Portugal não tem leis contra violadores de crianças.

Isto parece trazer água no bico: Casa Pia saúda-nos!

O facto de em Portugal o caso de pedofilia da Casa Pia ter sido muito enredado e abafado e dos desprotegidos não serem os favorecidos da lei portuguesa não constitui argumento de defesa para a mãe. É mais um episódio a acrescentar a um filme que renderia milhões se fosse já feito! Intriga individual, familiar, institucional e internacional, amor, ódio, praia, estupefacientes, morte: os melhores ingredientes para massagens do sentimento!

Pobres das Madeleines deste mundo! Pobres dos pobres deste mundo!

O luto não quer exibição!

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

José Manuel Barroso no Contexto da Documenta

No âmbito da sua visita à documenta, o Presidente da União Europeia, em conversa com a HNA, jornal do Norte do Hesse, afirmou: “A exposição mundial mais importante da arte contemporânea é uma escola da globalização”. Ele vê com bons olhos o facto de “na Europa o interesse na arte aumentar”. Refere também que a Europa precisa duma atitude cultural fundamental, não se devendo limitar a tratar apenas de economia e de política. A arte torna-nos conscientes das questões com que a humanidade se defronta. Ela age contra a tendência para as simplificações. Barroso acha um paradoxo o facto de, na Europa, apesar de nunca ter havido tantas ofertas no sector da formação, muitas coisas ainda continuarem a ser apresentadas duma maneira populista e simplória nos Media.

Ele vê em Kassel uma cidade modelar para a Europa pelo facto de unir a consciência histórica com a inovação tecnológica.

Em direcção a Berlim, que se vê em palpos de aranha para dominar o islamismo pretendendo para isso uma lei que permita espiões, a nível de Internet, nos computadores particulares no sentido de encontrar pistas terro0ristas, Barroso deixou um recado. No que toca ao combate ao terrorismo “a liberdade pessoal e a necessidade de segurança têm de ser equilibradas. Não se deve sacrificar tudo à segurança. Nós queremos impedir a infiltração do Estado na esfera privada do cidadão”.

Quanto ao tratado de reforma da UE afirma: É melhor que países como a Inglaterra excluam algumas partes do novo contrato do que baixar o nível da regulamentação.”

António Justo
Kassel, 10.09.07

António da Cunha Duarte Justo

Crucifixos em todas as Escolas

Crucifixos em todas as Escolas
António Justo
O secretário-geral da CDU (de que Angela Merkel é a presidente) declarou à imprensa: ”Como partido que traz o nome cristão queremos que o testemunho pelo cristianismo permaneça no espaço público.” É o caso das escolas, tribunais e Serviços Públicos.

Os Verdes e o FDP declararam-se estritamente contra.

Actualmente, no Estado Federado da Baviera, continua a tradição do crucifixo nas escolas. Nestas, os pais podem, por maioria, impor que sejam retirados!

A presença islâmica faz-se sentir de tal maneira na república que, pouco a pouco, leva a cultura maioritária a declarar cor!

A religiosa islâmica mostra-se tão auto-suficiente que muitos (seculares e cristãos) têm receio que pouco a pouco a Europa se desequilibre.

Alguns já reagem atirando para lá do alvo!

Um factor de certos exacerbamentos está no facto de certos socialistas e grupos de esquerda já há muito tempo se terem aliado aos interesses islâmicos apoiando-os indiferenciadamente tomando em assuntos controversos sempre posição contra a cultura cristã, e apoiando deste modo a teocracia que no seu espírito pouco difere da comunista.

Este tem sido o equívoco dos laicistas e racionalistas que sem discernimento de espírito não se dão conta que são um biótopo do cristianismo, um escândalo intolerável numa teocracia como o Islao.

Muitos secularistas em vez fazerem uma crítica séria ao cristianismo atacam-no fanaticamente, sem terem a mínima ideia da filosofia que o acompanha e que lhes deu o ser.

Grupos secularistas militantes ajudam a estrumar o solo já de si fértil do fanatismo religioso.

António da Cunha Duarte Justo

António da Cunha Duarte Justo

Ajuda ao Suicídio

Autonomia e autodeterminação como estupefacientes

„A vida é minha, posso suicidar-me e ninguém tem nada com isso!”
Cada vez se fala mais da necessidade de ajuda ao suicídio, naturalmente com outros eufemismos. Um deles poderá vir a ser: ajuda à boa morte! Também a palavra liberdade já está gasta por ser proclamada como panaceia por todo o bicho, mesmo pelo mais explorado.

Numa sociedade que vive de subterfúgios e de slogans como liberdade, autonomia e autodeterminação torna-se cada vez mais difícil manter a cabeça fria à hora de tomar decisões mais conscientes e adultas. Neste contexto fala-se de autonomia e liberdade falsificada pela perspectiva unilateral individual e situacional. Declara-se um valor abstracto contra outros valores como o da responsabilidade e da assistência, o do cuidado pelos outros.

A autonomia que os defensores da eutanásia propagam é ilusória. A autodeterminação que na vida social e cívica é tão marginal e espezinhada torna-se para esta fase precária da vida o argumento! E numa sociedade de culpa anónima para simplificar o incómodo da despedida colocam-se automáticos de injecção mortífera em que o candidato à morte poderá num acto de grande autonomia e liberdade decidir. Para isso bastará o esforço dum músculo lúcido ainda com força capaz para pressionar o dispositivo!

Seria um grande retrocesso no desenvolvimento ético se a prática da ajuda ao suicídio fosse institucionalizada. O problema não está na possibilidade de uma pessoa se suicidar mas da instituição se arrogar o direito de regular a morte. Isto corresponderia a entregar à instituição e à política o direito de determinar quem deve viver. Como se a vida não fosse um interrelacionamento nem uma cadeia de dependência uns dos outros.

O exemplo já o tivemos com o nacional-socialismo sendo já bem conhecido o que acontecia com os que tinham “uma vida menos válida”. O Estado não se deve aproveitar dum momento da crise para interferir no que pertence ao foro individual. É irónico falar-se de autonomia para poder decidir em momentos extremos de doenças incuráveis, que interferem tanto na capacidade de decisão. Esta está totalmente sujeita a cadeias e pressões psicológicas, sociais, económicas, políticas e morais. Estas são de tal ordem determinantes que seria uma falácia falar de autonomia. Por vezes vai-se tendo a impressão que o Estado prece estar interessado em que as pessoas idosas se matem o mais depressa possível; parece que pensa em poupar dinheiros de reforma e de tratamento. Além disso certas ideologias também ganhariam com isso porque pessoas idosas geralmente dão mais votos aos conservadores. Numa sociedade proletária o princípio supremo da ética é o trabalho, a produção. O seu espírito é o euro! O proletário não tem alma, esta reduz-se ao seu trabalho! O extremo contrário do espírito cristão em que o ser humano é divino e por isso mesmo um absoluto em comunhão e inter-relação. Um ser único e completo que não pode ser dissecado em fases mais ou menos válidas.

O povo é água para ser conduzido por todas as levadas porque não tem exercício reflexivo. Não há consciência de si sem reflexão moral. Uma sociedade que marginaliza a filosofia infantiliza o povo porque através dela é que a humanidade toma consciência de si. A tentativa de construir o futuro negando a experiência da vida é matar o futuro. De facto um ser para a morte que desconhece o outro não tem horizonte!

Falar de autonomia neste contexto é sarcástico e irresponsável porque significa ao mesmo tempo desresponsabilização para com o doente. Atira-se assim para o paciente/parente/amigo a responsabilidade de continuar a sofrer e o descaramento de ainda nos provocar sentimentos desagradáveis com a sua situação. “Se sofre a culpa é dele”. Para tudo há um remédio, também para a morte! Obrigam assim o paciente incurável à solidão, ao desespero. Não se lhes reconhece a necessidade de relacionamento, de proximidade e carinho. A morte é um abuso a uma sociedade que só conhece as idades entre 20 e 40 anos. Querem a morte anónima lá nos corredores escuros dos hospitais para se poder depois vestir o fato limpo do funeral se é que a sociedade ainda terá disposição para isso. Por experiência conheço a aridez e o deserto frio de muitos momentos que acompanham moribundos. Ao deixá-los sós tornamos o mundo mais gelado ainda, atraiçoamo-nos a nós mesmos.

Um médico não mata! Médicos ajudam a vida, ajudam a viver! Precisam é de maior apoio também na medicina de paliativos para poderem ajudar os moribundos a morrer com dignidade!
Trata-se de ajudar a morrer e não apenas de medidas de prolongamento da vida.

Uma sociedade em que o valor do cifrão é sagrado, exerce cada vez maior pressão sobre moribundos e pessoas com doenças muito dispendiosas. Então os doentes, com o medo de sobrecarregar as Caixas de providência e para poupar a dor aos familiares, decidir-se-ão “autonomamente” pela injecção da morte.

Falta aqui o espírito religioso de se re-ligar. Quem destrói a relação destrói a ordem porque a relação é o único suporte da ordem. O resto é escravização objectivante numa sociedade desorientada que não sabe o que faz e se autodestrói.

Um Estado que destrói o espírito contamina o cidadão e reduz-lhe o horizonte.
Uma Nação sã vive da inter-subjectividade e interrelacionamento de cidadãos cada vez mais livres e adultos e não de ideologias meramente pragmáticas. Estas precisam de ser interpretadas e reflectidas.

A virtude e a moral tornam-se, por vezes, empecilhos do negócio…

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

Portugal – Povo nas Valetas das Estradas

Caminho de Fátima na Continuação dos Caminhos de Santiago

Um Estado sem respeito pelo povo continua a mandar para a valeta da estrada o seu povo. Um Estado que apenas se preocupa com estradas e auto-estradas para os instalados da vida e para os contribuintes despreza o povo caminhante.

Quem vem da Europa fica confuso ao observar grupos de caminheiros para Fátima em itinerários sem respeito nem consideração pelo peão. Humilhação pura para pessoas de consciência com um mínimo de exigências!

Os peregrinos, acordeirados, nas suas vestes reflectoras fazem lembrar almeidas da Câmara e das Juntas de Freguesia, enfim, um Estado de ovelhas! É uma dor de alma ver-se o povo a caminhar pela estrada nacional nº. 1, a ter de andar pelos IP e IC por falta de caminhos próprios. Uma imagem que se repete e ninguém parece notar. Esta imagem parece ser uma metáfora duma sociedade a quem não é dada a possibilidade de introspecção. Mesmo as coisas mais íntimas são acompanhadas de ruído poluidor.

A pé no asfalto, exposto ao perigo automóvel, comendo o pó das estradas, inspirando o Anidrido Carbónico dos tubos de escape, exposto ao calor das estradas, ao ritmo do ruído automóvel, portugal peregrina para Fátima. É o portugal povo de que se serve o tal Portugal, o Portugal dos instalados, aquele Portugal que só parece conhecer estradas e ruas para carros, ou itinerários sem povo.

A caminho, como se pode observar nas estradas do Norte de Portugal, um Portugal migrante de férias a cumprir promessas que o destino lhe obrigou a fazer. O destino do povo das bermas, do povo das valetas das estradas é fazer promessas para fugir à dor na ânsia pela sobrevivência, o destino dos outros, dos das “auto-estradas” é viver das promessas não cumpridas das campanhas eleitorais! A estrada da nação, na sua maior parte, não contempla peões nem ciclistas, menos ainda peregrinos, para estes reserva-lhe, quando muito as faixas luminosas.

A elaboração do caminho do Norte para Fátima é mais que óbvia. A sua ausência é uma acusação justa ao Estado, à Igreja, às Câmaras e Juntas de Freguesia e aos deputados que não estão atentos às necessidades reais do povo, vivendo uns à custa da sua devoção e outros à custa dos seus impostos e dos seus votos.

Senhor Presidente da República, senhores do Governo, senhores presidentes e senhores Bispos, juntem-se e planeiem em conjunto ruas, estradas e caminhos com árvores, com vida. Realizem o caminho de Fátima, conscientes da sua grande dimensão económica, social e espiritual no sentido de integrar, de maneira digna, o património nacional no internacional europeu, na tradição do itinerário dos caminhos de Santiago. Neles se reflectem o espírito e a cultura dos povos, o espírito universal que é o nosso.

Portugal tal como os peregrinos tem que levantar os olhos para o horizonte consciente de que não há caminho feito mas se faz caminho andando. Peregrinando servimos a higiene corporal e espiritual não ficando parado em nenhuma etapa da vida, ideologia ou crença. A vida é fundamentalmente caminhada, é aventura, arte e mistério. A missão nobre de toda a elite, se o é, é popular. Deus é povo!

Imagine-se que ao lado destes caminhos se juntavam não só paróquias e Freguesias mas também roteiros da arte e centros de veraneio ecológico com artistas e iniciativas ao vivo onde se revivesse o brio das aldeias tão necessitadas da dignidade roubada por uma política proletária que apenas conhece o fomento da cidade Zeca!…

Uma sociedade técnica não pode desprezar o percurso pedonal, a que se deveria ligar a bicicleta e também o cavalo. De trinta em trinta quilómetros seriam necessários albergues dignos e económicos. A Comissão Europeia certamente apoiaria com milhões um projecto que ligasse aspectos históricos, culturais e recreativos dum turismo não só espiritual como alternativo a toda a Europa. Valeria a pena iniciar um caminho iniciático na descoberta do comum das paisagens interiores e exteriores. Neste trajecto não faltariam certamente ligações aos templários. Tudo isto na continuação da descoberta do Santo Grahal.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo