Muitos não sabem
Que o Deus-menino sonha (perneia) neles
Muitos não sabem
Que o Menino quer acordar neles
Muitos não sabem
Que são a alva de um sorriso
Muitos não sabem
Que o sol brilha neles
Muitos não sabem
Que o Jesus quer nascer deles.
Muitos não sabem
Que Cristo vive porque mora neles
Muitos não sabem
Que o Natal são eles
António da Cunha Duarte Justo
In http://canais.sol.pt/blogs/ajusto/default.aspx
Categoria: Religião
Pegida é uma manifestação popular contra a islamização da Europa
A Alemanha sai à Rua com Medo do Islamismo – uma Iniciativa que pode fazer Escola na UE
António Justo
Em muitas cidades alemãs reúnem-se, às segundas-feiras, milhares de manifestantes protestando contra a “islamização do Ocidente”. Sob o nome Pegida (Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente) são regularmente organizadas manifestações; entre outras, a de 15.12.2014, em Dresden contou com 15 mil manifestantes, cidade onde o movimento tem mais expressão.
Fenómeno novo é o facto de a organização e participantes advirem do centro da sociedade. Há um medo difuso que a “Alemanha se abula a si mesma” (Jardins infantis que deixaram de festejar o S. Martinho e lugares em que os tradicionais “mercados de Natal” mudam o nome para “Mercados de Inverno” supostamente para não ferir os sentimentos islâmicos). Desde que a Alemanha também começou a produzir islamistas (550 a combater pelo Estado Islâmico), a sociedade tornou-se mais inquieta, embora a polícia alemã tenha tido até agora conseguido impedir casos de terrorismo interno. É um facto que os extremistas islâmicos têm interesse em dividir as sociedades porque assim torna-se mais fácil para eles motivar e recrutar prole para as milícias terroristas do Estado Islâmico.
Segundo dados oficiais das estatísticas alemãs, em 2013 viviam na Alemanha 16,1 milhões de imigrantes (e descendentes) o que corresponde a 20,5% da população. Cerca de 4,3 milhões são muçulmanos, sendo de origem turca 2,5 milhões. 9,7 milhões de estrangeiros têm nacionalidade alemã ou dupla nacionalidade. Em 2013 imigraram 465.000 para a Alemanha. Além disso em 2013 entraram 110.000 solicitantes de asilo. Em 2014, até novembro, foram registados 155.427 solicitantes e destes foram reconhecidos como refugiados 26.842; muitos dos não reconhecidos continuam a viver na Alemanha.
Embora os alemães façam muito pelos refugiados, o povo começa a insurgir-se contra a islamização do país, também porque este é o grupo que mais exigências especiais apresenta e porque não é propriamente possível ter-se conhecimento sobre a sua vida nos guetos. Radicais salafistas apoiam o Estado Islâmico enviando extremistas alemães para a “guerra santa”.
Paralelamente às manifestações de Pegida são organizadas contramanifestações de outras organizações. Um conflito de potenciais imprevisíveis! Segundo um inquérito 49% dos alemães mostra compreensão pelas manifestações de Pegida.
A classe política está preocupada pelo facto de se poder organizar uma corrente desestabilizadora da política e dos partidos. Por enquanto, estes apelam a que não se deixem infiltrar por forças da extrema-direita. A política tem dormido e permitido a formação de verdadeiros guetos que, também devido à criminalidade entre solicitantes de asilo leva muitos a questionar-se se entre eles não há terroristas. Para complicar, também há alemães que vivem em certas regiões e se sentem como estrangeiros no próprio país. Por outro lado a Alemanha, devido ao trauma da guerra, tem muito medo e com razão, de movimentos populistas.
Razões para preocupação causam também os neonazis que se podem sentir estimulados com manifestações do género (numa casa prevista para refugiados deu-se um fogo com prejuízo de 700.000€ e que se presume ter sido fogo posto). Medos difusos e o medo dos guetos islâmicos parecem justificar a expressão popular de uma sociedade que até ao presente não se preocupou com uma política de imigração séria e em que as muitas mesquitas (na Alemanha há 326 mesquitas e cerca de 2.600 casas de culto, bem como inúmeras chamadas “mesquitas de quintal”) não têm uma panorâmica sobre os seus frequentadores. Os políticos terão de pensar mais sobre a política de imigração se querem servir melhor os imigrados e a população em geral.
A Alemanha tem um problema que a política e os meios de comunicação social reprimiram pois contentavam-se com a designação de racista para quem se manifestasse criticamente contra certas protuberâncias sociais. Com o surgir de Pegida, esta receita, tal como fazer tabu de temas não chegará. Agora que surge uma inflação de manifestações em muitas cidades, admoestando para o perigo da infiltração islâmica, a sociedade-bem envergonha-se sem saber como reagir.
Parte da sociedade maioritária sente-se ameaçada pelo desenvolvimento e pela acção de grupos extremistas muçulmanos. Tipicamente, os vários grupos sociais, em vez de encarar objectivamente o problema, no sentido de dialogar em vez de julgar, opõem-se uns como manifestantes e outros como contramanifestantes, uns contra os outros, com se cada grupo quisesse, à sua maneira, salvar a nação. Este encontro na rua de grupos contrários pode contribuir para a escalação de uma potencial de violência latente há muito reprimido, devido principalmente ao facto de a política ter dormido sem dar resposta para problemas pendentes. Seria irresponsável desqualificar as manifestações como resultado do medo perante culturas estranhas. Este é um processo que, a não ser encarado objectivamente atingirá toda a Europa e simplesmente pelo facto de antes ser um problema reduzido à classe desfavorecida e agora se tornar num problema da classe média, isto é, do centro da sociedade. O medo dos retornados da “guerra santa” excita o espírito de muitos que querem, em paz, conservar os bens e os direitos adquiridos.
Parte dos manifestantes querem ajudar os refugiados muçulmanos, outros têm medo deles devido à sua quantidade e coesão social e outros ainda da extrema-direita e da extrema-esquerda e de permeio Hooligans e fanáticos querem desacreditar as manifestações; entre eles também os há que se misturam entre os manifestantes com a única intenção de fazer barulho e desestabilizar o Estado. Expressões infelizes de representantes islâmicos onde se afirma que a Alemanha é contra o islão juntam mais fogo à chama da irracionalidade. De facto a Alemanha respeita o direito a manifestações e muitos manifestantes da Pegida são cidadãos conscientes e pessoas de boa vontade. De facto, muitos dos manifestantes em algumas cidades fazem parte do resto da sociedade, e o que move muitas pessoas é o medo do seu futuro dado este mostrar-se cada vez mais incerto para muitos e a Alemanha não ter uma política de imigração definida como acontece nos USA e no Canadá. Outros ainda não percebem a razão por que os pretendentes a asilo se dirijam sobretudo para a UE e não em direcção aos países ricos árabes.
Pegida é um fenómeno muito complexo para poder ser equacionado em sentenças políticas. Trata-se, na sua maioria, de ”cidadãos preocupados”; muitos sentem-se estrangeiros na própria terra, ou não vêem as suas preocupações tomadas a sério pela política. Todos os grupos sociais deveriam entrar em diálogo e não só para fazer reivindicações. O facto de em Dresden ter havido 15.000 manifestantes na última segunda-feira preocupa a chanceler alemã que não quer ver “arremetidas” ou propaganda contra estrangeiros que são bem-vindos à Alemanha. Por parte da opinião pública alemã, das igrejas, partidos e organizações há grande apreensão e receio sobre as consequências de um tal movimento que pode servir grupos extremistas.
Deste modo, os terroristas conseguem, com a sua estratégia, em nome do Islão destruir estados africanos e ao mesmo tempo começar a desestabilizar uma sociedade europeia tradicionalmente consensual.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu
Islamistas europeus em Luta pelo “Estado Islâmico” afligem a Europa
Portugal tem 12 Jihadistas, do Brasil não se conhecem Estatísticas
Solução: Apoiar os Muçulmanos democráticos reformistas
António Justo
No Iraque e na Síria encontram-se cerca de 30.000 jihadistas (guerra santa) estrangeiros de 83 países, que se aproveitam da experiência aí feita para uma melhor organização de redes de grupos terroristas internacionais. Estes, quando regressam aos países de origem, fomentam o terrorismo, em nome da resistência islâmica.
Segundo estatísticas da revista alemã Cícero-11.2014, há na Síria e no Iraque 1.000 combatentes da França, 600 da Inglaterra, 550 da Alemanha, 300 da Bélgica, 250 da Austrália, 120 da Holanda, 100 da Dinamarca, 70 dos USA, 50 da Noruega, 60 da Áustria, 30 da Irlanda, 30 da Suécia, etc..
Na Síria já morreu um jihadista português em combate pela instauração do Estado Islâmico (EI). Portugal tem 12 guerrilheiros na guerra santa (jihad), dos quais dois são mulheres (muitas mulheres jihadistas oferecem o sexo para os guerreiros de Alá, talvez no sentido de anteciparem o paraíso dos homens!). Há também jihadistas brasileiros mas não são abrangidos por estatísticas; O Brasil tem redes de recrutamento e propaganda em meios salafistas (fluxo rigorista do Alcorão) e outros grupos islamistas ou talvez jihadistas como: (http://islam-maranhao.blogspot.com). Na Europa abundam as redes de organização, como: Sharia4Belgium ou “Profetens Ummah (Noruega) e na península ibérica especialmente o grupo Sharia45Spain que, além do mais, quer minar as Constituições dos 2 países ibéricos. O recrutamento preferido dos jihadistas processa-se através das suas estruturas logísticas da internet. Este atinge sobretudo a camada jovem atraída e radicalizada sobretudo por grupos em torno dos salafistas, da Sharia e outros.
A Europa está inquieta com os novos mujahedin internacionais. Já se conta, na Europa, com atentados de decapitação e outros. Afeganistão formou uma geração de bombistas nas décadas passadas e agora sucede-se-lhe o Estado Islâmico.
Muitos jihadistas ficam desiludidos, quando notam que na Síria os próprios sunitas se combatem uns aos outros. Por isso no regresso de terroristas islâmicos às nações deveria haver mais diferenciação no seu trato, porque os há que em contacto com a realidade se desiludiram, outros ficaram traumatizados e outros ainda mais radicalizados.
Muçulmanos e não muçulmanos têm medo de Islão
Assiste-se a uma radicalização religiosa e política principalmente da juventude que se encontra desempregada e num vácuo entre a família paterna e uma família a fundar; são pessoas perdidas que não sabem onde pertencem e encontram na ideologia islâmica um sinal a brilhar no seu caminho escuro; a mais fácil forma de sobressair é converter-se ao islão e colocar-se ao seu serviço. O salafismo apresenta um projeto contra a sociedade ocidental, que se serve da música Rapper para, no sentido jihadista lutar contra a corrente e contra o ocidente, como fazem Jihadi John e Deso Dogg, que figuram como estrelas pop. Por isso, os salafistas encontram-se na Alemanha sob observação do Estado! Em nome de uma revolução hegemónica, justificam-se os meios bárbaros e a intenção de chamar a atenção para a causa islâmica. Nas mesquitas prega-se normalmente em turco ou árabe sem preocupação por esclarecer e continua a defender-se a separação em relação aos não islâmicos, apelidados de incrédulos ou infiéis. Nas mesquitas entram à vontade moderados e extremistas.
O islão extremista vive de teorias de conspiração do ocidente, dos judeus e até dos xiitas, contra o Islão (Sunita), e fundamenta-se no Corão e nas Hadith; os imãs nas suas mesquitas, no dizer de gente inside, não se declaram criticamente em relação aos versos do Corão que apelam à violência, não falam do direito a determinar o próprio modo de vida (calam os casamentos forçados), calam a violência da sharia, silenciam o aspecto problemático do uso do lenço e do chador, ocultam a discriminação da mulher, etc. Chega-lhes a jihad, o esforço interior e contra o exterior.
O Flerte cínico cultivado entre Figurantes da Tolerância religiosa
Em muitos dos nossos colóquios universitários sobre o Islão e nas rondas públicas de tolerância ad hoc, os conferencistas falam de permuta de ideias acentuando o lado pacífico do Islão. Ao omitir-se os aspectos críticos, e ao não convidar-se muçulmanos críticos, como referentes, impede-se uma discussão séria, de olhos nos olhos. Peca-se assim por omissão e fomenta-se a intolerância do Islão institucional contra um islao que se quer modernizar e contra muçulmanos críticos que ao criticar versos agressivos do Corão e dos hadith (Hádices) de Maomé, são hostilizados pela generalidade, e chegam mesmo a colocar a própria vida em perigo dentro das suas fileiras islâmicas. A estes, que poderiam contribuir para a evolução do islão tira-se-lhes o tapete. Deste modo, intelectuais não islâmicos tornam-se cúmplices de um islão conservador e segregador porque reservam o mícron aos conformes ou oportunos.
Mulheres e homens islâmicos corajosos, porque críticos de irracionalidades islâmicas, precisam de um palco que permita a modernização do Islão. Quem dá a palavra a estes é verdadeiramente amigo do islão; quem dá guarida e projecção aos conservadores islâmicos e aos falantes suaves islâmicos serve, muitas vezes, a hipocrisia. O islão precisa de reforma e quem precisa de palco público, para motivarem outros irmãos, são os reformistas. O resto é show de mútuas vaidades brilhantes mas um mau serviço ao Islão, porque quer o status quo, não apoia a formação de um islão tolerante. Afirmo isto também devido à longa experiência de convivência e até apoio a grupos islâmicos da cidade.
Nenhuma Constituição de um país civilizado legitima o terrorismo, nenhum país civilizado aceita o facismo; o Corão e as Hádices fazem-no e tudo aceita isso como um dado religioso aceite e indiscutível pelo facto de trazer a etiqueta de religião. Não podemos legitimar o islão como arma aceitando também a premissa islâmica que uma mentira em favor do Islão é uma virtude! É preciso modernizar o Profeta Maomé, não o deixando preso num patriarcalismo avoengo do Antigo Testamento. A ignorância e o oportunismo engravatado perante o Islão contribui para que este não passe da sua idade média nem do referido patriarcalismo próprio de zonas pobres e nómadas.
A jornalista turca de Berlim, Güner Yasemin Balci afirma em Cícero: “Muçulmanos e não muçulmanos têm medo do Islão. O Islão é uma arma carregada, devemos finalmente descarregá-la”.
As causas da violência e do não desenvolvimento no islão vêm-lhe da falta da ausência de pensamento autocrítico e da presunção dos que não querem reformar o Islão para manterem uma atitude de desprezo perante as outras religiões.
Urge ajudar as forças reformistas dos muçulmanos e não manter o Islão institucional em banho-maria como se faz em muitas agremiações, conferências e confrarias.
A honradez é o tesouro mais profundo que cada pessoa tem a guardar, mas na consciência de que a honra que nos é devida se encontra no próximo a respeitar.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu
O Papa falou à Consciência dos Deputados do Parlamento Europeu
A EU precisa de um Enquadramento que “faça prevalecer a Lei sobre a Tirania do Poder”
António Justo
A Europa encontra-se à disposição de um capitalismo feroz e de ideologias que não respeitam a dignidade humana nem as nações. Neste contexto, Francisco I veio falar à ágora da Europa onde não faltam os vendilhões.
Ontem (25.11.2014), o Papa falou em Bruxelas aos 751 deputados do parlamento europeu que representam mais de 500 milhões de cidadãos.
Referiu-se, indirectamente, ao perigo dos acordos (TTIP) que estão a ser preparados entre a EU e os USA; estes constituem um atropelo aos países membros que passarão a ser economicamente controlados por poderes económicos e burocráticos internacionais sem que o Estado possa intervir. Seria fatal uma dupla moral que traz na boca a solidariedade europeia mas cede às multinacionais privilégios e direitos que deveriam ser inalienáveis do povo. De facto, as democracias encontram-se ameaçadas pela “pressão de interesses multinacionais não universais, que as enfraquecem e transformam em sistemas uniformizadores de poder financeiro ao serviço de impérios desconhecidos. Este é um desafio que hoje vos coloca a história.”
A dignidade humana encontra-se ameaçada pela discriminação e por interesses económicos desmedidos. “Que dignidade é possível sem um quadro jurídico claro, que limite o domínio da força e faça prevalecer a lei sobre a tirania do poder?” Apelou à solidariedade e subsidiariedade.
Uma Europa que obriga os jovens a prepararem-se para o trabalho até aos 18 – 25 anos e deita ao abandono 6 milhões de jovens desempregados, perde o crédito, ao deixá-los à porta da sociedade e da vida, sem trabalho nem perspectiva. Daí, para o Papa, a urgência de se “promover as políticas de emprego” e a necessidade de “ devolver dignidade ao trabalho” pois «quanto mais aumenta o poder dos homens, tanto mais cresce a sua responsabilidade, pessoal e comunitária».
Francisco verifica que a Europa se tornou um continente cansado e envelhecido: : “De vários lados se colhe uma impressão geral de cansaço e envelhecimento, de uma Europa avó que já não é fecunda nem vivaz”. A EU tem vindo a ceder os seus ideais ao “tecnicismo burocrático das instituições”, tem criado estilos de vida caracterizados pela “opulência indiferente ao mundo circunstante”. “O ser humano corre o risco de ser reduzido a mera engrenagem dum mecanismo que o trata como se fosse um bem de consumo a ser utilizado, de modo que a vida – como vemos, infelizmente, com muita frequência –, quando deixa de ser funcional para esse mecanismo, é descartada sem muitas delongas, como no caso dos doentes terminais, dos idosos abandonados e sem cuidados, ou das crianças mortas antes de nascer.”
A Europa está velha porque alberga muitos Junckers, Sócrates e oligarcas sem alma europeia. Francisco I sofre com o desmoronamento duma Europa que, com uma política que endurece na elaboração de regras, não se preocupa seriamente com o futuro, perdendo os seus ideais em favor da burocracia e do mercado. Criticou o pensar consumista e egoísta que se espalha como um nevoeiro pela Europa.
Admoestou os países ricos, criticando o curso de poupança da Troica que castiga especialmente os países do sul, tendo o problema surgido do fomento da flexibilização de um mercado liberal que “não respeita a estabilidade nem a segurança das perspectivas de trabalho”.
Solicitou mais solidariedade com os refugiados. É um escândalo ver-se o Mediterrâneo transformado num cemitério para muitos que procuram refugio. O problema da migração tem de ser resolvido em conjunto questionando assim as Directrizes de Dublin.
“Uma das doenças que, hoje, vejo mais difusa na Europa é a solidão, típica de quem está privado de vínculos”. “Vemo-la particularmente nos idosos, muitas vezes abandonados à sua sorte”, bem como nos “jovens privados de pontos de referência e de oportunidades para o futuro; vemo-la nos numerosos pobres que povoam as nossas cidades; vemo-la no olhar perdido dos imigrantes que vieram para cá à procura de um futuro melhor”. Os deputados também devem: “cuidar da fragilidade dos povos e das pessoas” e estarem atentos à «cultura do descarte» e do «consumismo exacerbado».
Falou também do abandono a que a política deitou as “minorias religiosas, especialmente cristãs, em várias partes do mundo. Comunidades e pessoas estão a ser objecto de bárbaras violências: expulsas de suas casas e pátrias; vendidas como escravas; mortas, decapitadas, crucificadas e queimadas vivas, sob o silêncio vergonhoso e cúmplice de muitos.”
Apelou para a importância da defesa da ecologia e da natureza de que somos “Guardiões, mas não senhores. Por isso, devemos amá-la e respeitá-la; mas, «ao contrário, somos frequentemente levados pela soberba do domínio, da posse, da manipulação, da exploração”; a par duma ecologia ambiental, é preciso a ecologia humana, feita do respeito pela pessoa.
Resumiu o ideal europeu recorrendo à seguinte imagem: “Um dos mais famosos frescos de Rafael que se encontram no Vaticano representa a chamada Escola de Atenas. No centro, estão Platão e Aristóteles. O primeiro com o dedo apontando para o alto, para o mundo das ideias, poderíamos dizer para o céu; o segundo estende a mão para a frente, para o espectador, para a terra, a realidade concreta. Parece-me uma imagem que descreve bem a Europa e a sua história, feita de encontro permanente entre céu e terra, onde o céu indica a abertura ao transcendente, a Deus, que desde sempre caracterizou o homem europeu, e a terra representa a sua capacidade prática e concreta de enfrentar as situações e os problemas.”
Recordou que o que gera a violência não é a glorificação de Deus, mas o seu esquecimento». Deus preserva-nos do domínio das modas e dos poderes do momento.
Recordou também um autor anónimo do século II que escrevia: «os cristãos são no mundo o que a alma é para o corpo».
Chegou a hora de construirmos juntos a Europa que deve girar, não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana e dos valores inalienáveis. Concretizando: precisamos de uma nova geração de políticos e de executivos que não se tornem pastores dos lobos mas que defendam as ovelhas dos lobos!
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
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À procura do Pai no Universo
A Nave espacial Philae com a Sonda Rosetta “acometa” depois de dez Anos
António Justo
A 13.10.2014 a nave Philae acometou, depois de dez anos de viagem, em Tschuri. O cometa desloca-se a grande velocidade, a uma distância de 5000 milhões de km da Terra.
O objectivo do projecto espacial é analisar a composição do núcleo do cometa, a temperatura, e a natureza do seu solo, para, deste modo, se conseguir informações sobre a origem do sistema solar.
A nave de desembarque Philae (1), como o nome indica, revela o esforço por decifrar o texto do universo, numa tentativa de descobrir a origem do cosmo e da vida.
Como pode a técnica do homem (brinquedo dele), por meio dela, descobrir Deus no seu brinquedo que é o Universo?
O projecto é arrojado; é como tentar encontrar o Espírito divino, no provisório do tempo (no corpo morto de Cristo). A intenção é útil e o projecto também, porque, para lá das diferentes velocidades a que andam as inteligências humanas, o facto reúne-nos a todos no encruzamento do espaço e do tempo, naquele entremeio/intervalo, onde começa o nevoeiro interstelar feito de mistério. Aqui, para lá de constelações e opiniões, encontramo-nos todos no início da mesma viagem.
Na experiência do universo, tal como na da ressurreição, o tempo pára, a vida flui, só se ouvindo o ecoar do divino por todo o universo – um eco no coração do Homem a repetir-se na eterna pergunta: Pai, onde estás?
Na repetição desse eco outros ecos se ouvem no receio de uma resposta órfã vinda da técnica para filhos órfãos, na sombra da vida… Os cientistas permanecem presos em campos magnéticos, em distâncias e em conjecturas que partem de um pressuposto próprio. De facto um deus que se pudesse atingir não seria Deus. O que está por trás de tudo isto e tudo puxa e ordena, não lhes interessa. Cada um, cada criatura encontra o que pretende, parece também isto ser uma lei da natureza. O homem moderno corre o perigo de se dissipar no útil e factual perdendo a capacidade de sentir o pulsar de um poder superior na natureza.
Entre Deus e a sua obra corre o fluido do nada calado, a deixar espaço para perguntas a que o acaso ajuda mas não responde. Onde se encontra o eterno tecelão, que, da sua fantasia, fia a vida com os fios duma ordem misteriosa e perturbadora, de tal modo ordenada que se perde a meta e o sentido?
O desamparo do Homem, na procura do Pai (das origens), gira na órbita entre dúvida e convicção. A decifração da vida precisa não só da luz fria da razão mas também do calor da fé. Doutro modo a vida gelaria ou seria reduzida a um pesadelo num palco obscuro que em vão tentaria coar o brilho do Sol.
Neste mundo tudo gira na procura de uma meta! No emaranhado dos movimentos, a fé gera asas que o ateu não tem. A viagem da sonda Rosetta, materializa a fé da ciência na procura dos sinais da vida, tal como a viagem da fé, na procura do sentido do sentido, tenta dar sentido ao sonho que a vida é.
Todos, no mesmo espaço, viajamos em diferentes velocidades e órbitras mas num sentido comum de um céu estrelado com as energias das leis da física, da moral e da razão, tudo alinhado no seguimento das pegadas do mistério no universo. Todos nós, indivíduos e culturas, estamos na nave Philae.
Cada época, cada cultura, cada pessoa tem o seu centro de gravidade – o seu Sol – em torno do qual giram sentimentos e pensamentos que determinam uma acção própria no decorrer do mesmo empreendimento de desenvolvimento e descoberta.
Philae perdeu as forças, esvaziou as baterias depois de dois dias. Resta-lhe esperar pela luz do Sol que lhe carregará as baterias para seguir a viagem da esperança.
Procuramos nos testemunhos da órbitra do tempo o que se encontra fora dessa órbitra. A procura é para o homem o que é para a sonda a velocidade da nave.
Na vivenda do mundo
A nave Philae
Com coragem vai
Em busca do Segredo
Na Sala de Parto
À procura do Pai!
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu