QUARESMA

Acabou o carnaval, uma parte bela da vida dedicada mais ao exterior, para se seguir uma outra parte, também bela, que é a vida interior. Com a quarta-feira de cinzas começa a quaresma (quarenta dias antes da Páscoa) em que cristãos e muitos não cristãos procuram dedicar espaço também para o jejum e abstinência. Quaresma é, para os cristãos, um tempo de purificação em que se participa na entrega e sofrimento da vida de Jesus, para preparar em si mesmo a realização da Páscoa. Trata-se de superar a rotina da vida para possibilitar a experiência da vida interior. Com o jejum adquire-se maior sensibilidade e maior presença de espírito nas relações humanas e espirituais.
Segundo a tradição, o jejum e abstinência implicam uma tríade: jejuar, rezar e dar esmolas. Tudo isso deve acontecer no silêncio e discrição para se não alimentar a ambição nem o narcisismo; isto tem como finalidade purificar a pessoa de maneira que se torne mais aberta e sensível para o próximo e para Deus, para o corpo e para a alma.
Há várias formas de jejum, entre elas, renúncia a tabaco, álcool, dispensa de doces, jejum do Telemóvel, do querer levar a sua avante, etc. Deste modo fortifica-se também a vontade e ajuda-se a suportar a frustração. As satisfações exteriores diminuem-se um pouco para beneficiar as interiores. Tem-se o benefício de se sentir um tempo, uma pausa do habitual aparentemente inútil e sem um objectivo concreto. Isto possibilita a vivência de experiências diferentes das habituais e dá oportunidade à criatividade e à intuição.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

A tradição portuguesa do fogo de S. Silvestre não justifica foguetes barulhentos

Fogo-de-artifício sem Barulho por Amor aos Animais

António Justo

Na passagem do ano, S. Silvestre, segundo as companhias de seguro alemãs, dão-se cerca de 12.000 incêndios por ano com um prejuízo de vinte e nove milhões de euros (isto na Alemanha).

Os alemães, na continuidade da tradição de antigas crenças germânicas, gastam, na festa da passagem do ano, cerca de 120 milhões de Euros em fogo-de-artifício.

Os fogos-de-artifício, segundo crenças animistas, com barulho e luzes, tinham a função de expulsar os “espíritos do mal”; hoje exprimem a alegria ansiosa do povo pelo novo ano. A garrafa de champanhe também testemunha isso em muitos lugares.

A festa também faz parte da nossa vida e tem um custo que não tem preço. Também é interessante verificar que, geralmente, nos bairros mais pobres das cidades, se observa mais brilho no ar.

O barulho do fogo na noite incomoda, não só bebés mas também, além de outros, pessoas com necessidade de repouso.

A mim dão-me pena, especialmente, os passarinhos, gatos e cães que, indefesos, não podem compreender o sentido de tanto barulho nem da festa.

Por isso seria de recomendar, a quem quiser manter a tradição, que o faça com fogo-de-artifício sem barulho, como recomenda a lenda portuguesa.

Naturalmente que a festa ainda seria mais completa, se, parte do dinheiro reservado para os foguetes, fosse aplicado em dar alegria a algum vizinho necessitado.

A Referência portuguesa da tradição do fogo-de-artifício na passagem do ano

O lançamento de fogos-de-artifício, na noite de S. Silvestre ou passagem-do-ano, tem uma nuance portuguesa que a liga a uma lenda sobre Nossa Senhora e S. Silvestre. Segundo relata a wikipedia, nessa noite, a Virgem estaria inconsolável e muito triste a olhar para o oceano atlântico quando se aproximou dela “São Silvestre e tentou consolá-la. A Virgem explicou-lhe que estava com saudades da antiga Atlântida e então o santo disse-lhe que deviam fazer algo de alegre que ficasse na memória dos homens. Então a Virgem chorou e as suas lágrimas transformaram-se em “pérolas” no oceano, uma das quais foi a ilha da Madeira, a “pérola do Atlântico”; ao mesmo tempo, apareceram no céu lindas luzes, segundo o testemunho dos antigos”.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

Estimadas leitoras, prezados leitores!
Saúde, paz e alegria e Votos de um Feliz 2015 ainda melhor que o 2014!

BOAS FESTAS!

Estimadas leitoras, prezados leitores!
Nesta época, em que mais se expressam sentimentos e temas centrados na humanidade, aproveito a oportunidade para vos desejar umas festas natalícias felizes e um Ano Novo próspero. Todos fluímos no todo; todos trazemos o todo em nós e o completamos, à nossa maneira.
De resto, somos mais que as ideias e crenças que expressamos. Onde se encontra uma pessoa lá se encontra um bocado do universo e certamente um vestígio do eterno para admirar.
Com amizade e reconhecimento
António Justo
MUITOS NÃO SABEM!

Muitos não sabem
Que o Menino sonha neles
Muitos não sabem
Que o Infante quer acordar neles
Muitos não sabem
Que são a alva de um sorriso
Muitos não sabem
Que o sol brilha neles
Muitos não sabem
Que o Jesus quer nascer deles
Muitos não sabem
Que Cristo vive porque mora neles
Muitos não sabem
Que o Natal são eles!

António da Cunha Duarte Justo
In http://canais.sol.pt/blogs/ajusto/default.aspx

NATAL NÃO É SÓ UMA “FESTA CRISTÃ “

NATAL É A FESTA DA FAMÍLIA HUMANA

António Justo
Tal como o catolicismo, num acto de aculturação e inculturação, assumiu muitos dos costumes, ritos e festas dos povos com quem esteve em contacto (p.ex.: as celebrações em torno do solstício de inverno), também o mundo secular de hoje assume festas cristãs, nas suas festas irreligiosas, como se observa no Natal onde o aspecto religioso quase não se nota. Se antes se dava uma cristianização de costumes pagãos hoje assiste-se à paganização de costumes cristãos. Assim a nossa atenção perde-se, por vezes, no cheiro da canela, no vinho quente, nos bolinhos, rabanadas, luzes e velas.

Como se vê, pessoas crentes e mesmo ateias aprendem umas das outras muitas vezes, seguindo a força da rotina. Nestas condições a religião corre o perigo de ser banida da vida ou relegada para um sector do cotidiano como o futebol ou o teatro, num pacote do tudo incluído na luta pela existência, pelo dinheiro e pela saúde.

Embora o Natal continue presente de várias formas, a religiosidade é um bem humano fundamental a perseverar e não perder.

No passado, a sociedade ocidental era determinada pela orientação religiosa, por vezes, moderada por alguns grupos irreligiosos. Este facto levava a pastoral eclesiástica a descurar estes grupos que, por outro lado, precisariam de cultivar o seu caracter religioso.
Entretanto os grupos seculares assumem mais relevância o que obrigará a Igreja a encontrar formatos e maneiras de diálogo (por exemplo com a arte e com iniciativas locais) que sejam comuns ao mudo secular e religioso. O padre terá de sair do seu gueto para que não se formem dois grupos (o religioso e o secular), ambos a caminhar paralela e solenemente um ao lado do outro. Será preciso criar sobreposições e pontos de encontro em acções comuns. Quem não reconhece que a realidade acontece no ponto de intersecção dos diferentes interesses, passa a vida a fugir dela ou a combatê-la.

A mensagem do Natal ensina que todo o ser humano veio ao mundo por vontade divina. Deus criou o mundo e viu que o que fez era bom. Quem reconhece no cristianismo um projecto de excelência para o mundo deverá deixar o Espírito Santo actuar nele e deste modo descobrir-se e renascer continuamente. Ele é aberto e não limita, ele chama todos à comunidade da noite da consoada como o pai que não discrimina os nomes dos filhos. O fogo natalício de cada pessoa será a luz que poderá iluminar outros a descobrir o Nazareno e a iluminar a noite do mundo.

Tradição: Um Elo de União

Há tanta gente a queixar-se do estresse natalício ou do consumismo em torno do Natal. Fazem lembrar a parábola do Evangelho das sete virgens prudentes e das sete virgens loucas!

O Natal é uma oportunidade para se romper com a normalidade da vida cotidiana; é o tempo das tréguas e da paz. Depois do tempo do jejum ou do estresse que por vezes nos divide, todos se reúnem em torno de uma mesma mesa, todos juntos não só uns com os outros mas também com as gerações passadas, unidos na tradição de comidas e bebidas e na encenação com velas, e no brilho emocional em tudo colocado na preparação da festa. A arte da rica culinária individualizada, destes dias, é também ela testemunha de carinho, dedicação e ligação às pessoas e à tradição; tudo isto nos demarca do dia-a-dia ou do consumo do supermercado. Esta magia do natal não se deixa reduzir a sentimentalismos nem a lembranças da infância, como quereriam os agentes da razão. Em Belém junta-se a luz das alturas, a luz da razão, à luz do coração.

Saint Exupéry em “O Principezinho” constata que “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos. ” Alguns, para não terem de chorar preferem ficar no mirante de uma racionalidade fria não se deixando cativar como dizia ainda Saint Exupéry “A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar…” De facto, o presépio ensina que “Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção…”.

Natal é família
As expressões familiares vão-se mudando mas a família permanece. Na família tudo se junta, passado e futuro, o divino e o humano.
A gruta de Belém dá à luz uma nova luz. Uma virgem torna-se mãe, também para nos dizer que na gruta de cada um de nós Deus pode nascer.
Também Deus não queria viver sozinho, por isso se veio encontrar-se connosco na gruta de Belém para festejarmos e cantarmos com os seres celestes e terrestres o hosana nas alturas. Na metáfora do presépio, na origem da cristandade, participam não só pai, mãe e filho, mas também os anjos, os seres celestes, os pastores, o burro, a vaca e os reis magos. No presépio tudo se encontra e reconcilia para se tornar irmão e poder reconhecer-se no irmão Jesus. Jesus também nasce fora da família apetecida, fora da família da propaganda do chocolate.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
www.antonio-justo.eu

MUITOS NÃO SABEM!

Muitos não sabem
Que o Deus-menino sonha (perneia) neles
Muitos não sabem
Que o Menino quer acordar neles
Muitos não sabem
Que são a alva de um sorriso
Muitos não sabem
Que o sol brilha neles
Muitos não sabem
Que o Jesus quer nascer deles.
Muitos não sabem
Que Cristo vive porque mora neles
Muitos não sabem
Que o Natal são eles
António da Cunha Duarte Justo
In http://canais.sol.pt/blogs/ajusto/default.aspx