Regionalismo – A Alternativa
Necessidade de domar a Globalização e a União Europeia
António justo
A União Europeia e a Globalização vivem da centralização político-administrativa e apostam na força dos mais fortes contra os biótopos naturais e culturais mais fracos. Hoje, como na revolução industrial assiste-se à movimentação das massas proletárias. Se do século XIX até à segunda guerra mundial se movimentavam do campo para as cidades, hoje deslocam-se dos países subdesenvolvidos para os industrializados.
Fomento do Estado contra a Nação: A Nação virtual
A globalização provoca o engrandecimento das grandes nações, tal como a revolução industrial fomentou os grandes centros industriais citadinos. Tanto a industrialização como a globalização se afirmam à custa das regiões, do campo e da cultura. O grande capital instala-se nos locais de mão-de-obra barata, tornando-se mesmo ele num factor de insegurança devido à sua mobilidade de interesses. É interessante observar, numa nação como a Alemanha, a luta desesperada desta pela fusão dos bancos nacionais para assim poder manter influência financeira na concorrência internacional e poder continuar a afirmar-se como nação. De facto, as leis do Estado já não têm influência no capital. A política desorientada procura agarrar-se a ele. Porém, o caudal do capital é tão forte que tudo engole.
Que acontecerá então aos países sem relevância nos fluxos internacionais do capital e das ideologias? O interesse na desmontagem das nações serve-se da ideologia contra a terra e dos mercenários da ideologia que se aninham no Estado e, a preço de boas comendas, fortalecem o Estado à custa da nação, do povo. Para mais facilmente prescindirem do povo constroem a nomenclatura virtual servida por uma administração parasitária apenas atenta à vontade ideológica. A nação passa assim a ser um espaço virtual e o Estado um monstro, longe do coração do povo.
A globalização, com a sua troca ilimitada de mercadorias, estraga mais ainda o ambiente natural. As potências europeias são as mais beneficiadas com a globalização, vivendo da exportação, devido à sua tecnologia superior. Por outro lado as economias rudimentares dos países europeus menos desenvolvidos são destruídas pela China, onde, por seu lado, as potências industriais investem os lucros das suas exportações.
A EU tira à Nação a sua competência legislativa e a Globalização determina o executivo. Resta aos governos o papel de executores do anónimo e o artifício do moralismo nacional para darem a impressão ao povo de que a nação ainda existe no desconcerto/desconserto dos Estados e assim poderem motivar o povo distraído a votar de quatro em quatro anos e assim verem legitimado o desgoverno. As antigas “forças de trabalho” desviadas dos biótopos naturais das regiões, depauperadas e proletarizadas, vêem agora o fruto do seu trabalho ser inutilizado pela carestia de vida, carga de impostos e desvio dos rendimentos em benefício das oligarquias partidárias e administrativas, as únicas com alimentos assegurados e dum Estado insaciável.
O campo, a natureza despovoa-se para se criarem monstros citadinos onde um povo anónimo, sem um bocado de terra onde possa cair morto, disponibilize o corpo e a alma ao serviço duma economia desgastante e duma política mercenária. Vive-se numa sociedade ao Deus dará. A economia e a política, a continuarem assim, preparam já o seu colapso.
Uma vez destruídas as economias do interior e a classe média surgida da revolução industrial a EU e os Globalizadores apostam numa oligarquia administrativa engordada disposta a ceder a todos os caprichos duma chefia mercenária desconhecedora da terra e do povo mas interessada na ideologia e no capital. As pseudo-elites passeiam a sua mediocridade nas organizações celestes da órbita nacional e internacional. Promovem-se sociedades sem identidade e sem carisma próprio. A política quer uma sociedade nivelada por padrões impostos. Para se legitimar basta-lhe a ideologia e a intervenção nos canais da rádio, televisão e imprensa.
O Direito deixou de ser relacionado à nação e ao seu povo para servir e ser ditado por interesses anónimos “superiores”. Aos políticos resta-lhes assim o honroso papel de aplicar as leis ditadas pela EU, sem precaver os interesses nacionais mais legítimos. Para não terem complicações, banalizam a carreira de juízes imberbes para que estes, de ânimo leve, tomem decisões sem o mínimo de responsabilidade e de experiência da vida. O sistema de ensino é aferido à precariedade: para o cidadão proletário basta-lhe ter aquecido os bancos da escola e pensar que tem opinião própria legitimada pela democracia partidária. O futuro parece predestinado para os amigos do alheio e para algum mais atento.
Regionalismo como Embargo à Cleptocracia
Devido à desnacionalização em curso assiste-se à necessidade de defesa das religiões e ao aparecimento de grupos ideológicos e à violência organizada. O povo precisa de ver solo onde colocar os pés! A desmontagem das nações em favor de blocos, a continuar uma política que tem em vista apenas uma economia sem as pessoas, fomentará a alcaidização social.
A alternativa será a opção por uma política que tome a sério as pessoas e a terra: uma nova política orientada para as regiões e compensadora da desnacionalização em via. Vai sendo tempo de se formarem novas oligarquias naturais regionais, contrapostas às oligarquias ideológicas que como as moscas se centram no aparelho do estado. Se antigamente tínhamos os beneficiados e os bobos da corte, hoje temos os do Estado em torno dos ministérios.
As regiões têm de interferir no poder e defender-se. A globalização só será responsável se tiver em contrapartida a força das regiões. Para isso será necessário criar-se a democracia das regiões dado a democracia partidária cada vez se encontrar mais alheia à terra e ao povo. Só uma democracia cultural da base poderá limitar a força dos produtos de fora, favorecendo os regionais. Os produtos locais são menos poluidores do ambiente evitando o transporte e fomentando lugares de trabalho.
A economia do futuro terá de passar a respeitar na só a natureza mas também a moral oferecendo mais perspectivas locais e contando com a pessoa humana nos seus planos. De facto, a grande empresa apanha para si o que promete mais proveito, o resto fica. A Nação é impotente. Assim se mina a democracia: com o turbo-capitalismo com a sua economia abstracta irresponsável e com o socialismo parasita encostado ao Estado. A crise poderia tornar-se na hora do povo, na oportunidade da democracia. Contra isto está o facto dos “nossos melhores” serem mercenários e a apatia e desorientação popular! A política aliada à economia quer-nos ocasionais e inconsistentes, tão incoerentes como as suas opiniões! Daí o desespero, perante um aparelho cada vez mais incontrolável.
A insuficiência do presente vinga-se no passado. A nível local e regional terão de se criar iniciativas e estruturas com um modelo de desenvolvimento em que a pessoa humana se possa articular. O Estado terá de passa a ser mais acidental. Precisam-se regiões e pessoas dinâmicas e abertas a todos. A nação e a sociedade terão de passar a ser de todos para todos. Para isso é preciso regionalizar a nação e despartidarizá-la. Portugal teria de ser dividido em três regiões com o substrato cultural dos “Homens Bons” para se impedir o fomento das superstruturas da cleptocracia. Quando nos dispomos a restituir a dignidade ao povo?
Precisamos também duma política externa mais virada para as antigas províncias ultramarinas. As necessidades de uns e outros podiam encontrar respostas possibilitadoras de desenvolvimentos orgânicos e sociais sem saltos, ajudando a evitar que uns e outros se tornam vítimas da praga dos gafanhotos.
A democracia, a nação, não pode continuar a ser canalizada para o Estado, para o partido. A democracia autêntica surge do povo para o povo, das regiões para as regiões. Seria problemático se os “refugiados” das regiões se continuassem a refugiar nas trincheiras das capitais contra as regiões e contra o povo. A continuar assim a nação deixaria de ter cidadãos para passar a ser um Estado sem cidadãos mas com mercenários.
António da Cunha Duarte Justo
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