MUÇULMANO CONSEGUE LUGAR PARA REZAR NA ESCOLA
António Justo
A directora do Liceu Doestberg de Berlim tinha proibido um aluno muçulmano de rezar no corredor da escola. Fundamentava a recusa com a neutralidade da escola. O aluno utilizava um tapete de oração usando a pausa para rezar.
O educando, que não queria abdicar do seu direito de rezar cinco vezes ao dia, incluindo o horário escolar, meteu a questão em tribunal. Este decidiu expressamente sobre este caso particular dando razão ao muçulmano.
Os juízes argumentaram que o aluno podia escolher uma esquina para rezar, não implicando isso a perturbação da paz escolar nem a neutralidade do Estado. Embora a decisão não tenha sido de carácter geral, outros crentes podem basear-se nesta decisão para fazer valer o seu direito.
Os juízes consideram a liberdade religiosa como um acto interior que implica a possibilidade da sua expressão pública também através da oração.
O Senado de Berlim já manifestou a intenção de apelar para o Tribunal Superior contra esta decisão.
A decisão do tribunal deixa lugar para muitos medos. A luta de tapetes de oração muçulmana por um lado e a luta contra cruzes na escola serão temas propícios a aquecer mesmo ânimos pacatos!… Quem tiver mais força reprimirá os outros. Afinal, também aqueles que se empenhavam contra o ensino da religião nas escolas, vêem-na agora surgir pelo lado que não esperavam.
O governo socialista em Portugal expulsou as cruzes das escolas. Será que se algum muçulmano manifestar a mesma coragem em Portugal como os muçulmanos mostram na Alemanha, o direito português lhe dará lugar para a oração? O medo duma escola devota será proporcional à náusea dos preservativos socialistas na escola portuguesa!!!…
Parece um caso bicudo de resolver para a sociedade secular. Se os muçulmanos conseguirem impor um lugar para a oração na escola, será que os outros crentes não terão o mesmo direito?
Mas quem era tão tolerante criando a pausa dos “fumadores”, ou a esquina dos fumadores, certamente também conseguirá a suficiente tolerância para possibilitar na escola um espaço discreto, um espaço do silêncio. Os muçulmanos marcam personalidade e a presença a que os cristãos já não estavam habituados. As exigências de uns acordam as dos outros!
Os muçulmanos, duma maneira geral, não fazem distinção entre o cidadão e o fiel, só conhecem o homo religiosus. A sociedade laica ocidental já começa a ter insónias ao imaginar nas suas escolas genuflexórios, tapetes de oração e outras práticas ligadas a necessidades que não as laicas.
Quem como o PM Sócrates instrumentalizou a escola para a distribuição de anticonceptivos gratuitos e para a indoutrinação sexual, certamente não terá dificuldade em colocar também genuflexórios e tapetes de oração. Uma outra componente da tolerância e uma saída airosa para muitos problemas que surgirão, inerentes a uma sociedade avançada com necessidades cada vez mais individualizadas, seria a promoção e financiamento do ensino privado gratuito.
Liberdade de religião e tolerância são valores significantes, o mesmo se dizendo da neutralidade da escola.
Uma solução pacífica passará talvez pela criação nas escolas duma sala do silêncio onde todos, independentemente de credos, poderão retirar-se por alguns momentos para reflectir. Reflexão uma mercadoria rara na nossa corporação! Se razão sem fé é deserto, fé sem razão é pântano!
António da Cunha Duarte Justo
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