A INTOLERÂNCIA DO “DE QUE LADO ESTÁS?”

Entre intolerância política e intelectual

Ao observarmos a expressão pública verificamos nos diferentes meios de comunicação social e em diversas atitudes e comportamentos pessoais e grupais que nelas sobressai a falta de respeito e de aceitação em relação a diferenças, sejam elas de natureza cultural, religiosa, política, racial, sexual, género, etc… observa-se uma certa psicopatia  em meandros obscuros da sociedade que se refugiam, mesmo à luz do dia, na culpabilização do adversário. Se é verdade que também a vida real não escapa a uma certa “dialética” também é certo que a História nos ensina que terá de ser acompanhada pela dúvida metódica que se revela à posteriori como factor de desenvolvimento (A dúvida metódica mantém a tensão entre os opostos sem os eliminar e assim possibilita desenvolvimento).

observa-se uma certa psicopatia  em meandros obscuros da sociedade que se refugiam, mesmo à luz do dia, na culpabilização do adversário. Se é verdade que também a vida real não escapa a uma certa “dialética” também é certo que a História nos ensina que terá de ser acompanhada pela dúvida metódica que se revela à posteriori como factor de desenvolvimento (A dúvida metódica mantém a tensão entre os opostos sem os eliminar e assim possibilita desenvolvimento).

Generalizam-se problemas humanos próprios de um ou outro membro para os atribuir à instituição a que o indivíduo pertence. Por vezes assiste-se a um certo tribalismo no agrupamento de opiniões diferentes resultante da polarização: do lado bom os que pensam como eu e do outro os rejeitados por terem opiniões diferentes. Este pensar maniqueísta conduz à discriminação de pessoas ou grupos com base em características religiosas (teísta ou ateu), orientação política ou sexual, etc… Na consequência é assumido um sentimento perturbado expresso em desdém, raiva ou hostilidade contra outros grupos.

Dá-se a falta de diálogo ao recusar-se ouvir outros pontos de vista e quando abundam os preconceitos arraigados a estereótipos ou ideias fixas sobre crenças.  Tudo isto conduz a uma atmosfera de violência.

A falta de aceitação e respeito em relação a outras pessoas e grupos conduz a uma série de comportamentos e atitudes negativas. Uma sociedade altamente em crise cria nos seus membros a necessidade de se definirem vincadamente para terem a impressão de possuírem uma identidade firme (A sociedade compensa assim nos seus membros a própria identidade decadente). Neste momento histórico em que as potências se esforçam por criar uma nova ordem mundial baseada na guerra fria, também as instituições se encontram em crise mas também elas reagem no sentido do que constatava  Gil Vicente: as instituições são intocáveis, o problema está sempre nos seus membros… Ai dos não alinhados que não embarquem nos facilitismos e não aceitem deixar-se levar na onda!

A intolerância política manifesta-se individual, grupal ou colectivamente quando uma pessoa ou grupo expressa desprezo, ódio ou discriminação em relação a outra pessoa ou grupo baseando-se em opiniões políticas, ideológicas ou partidárias. A intolerância política pode manifestar-se em ataques verbais, difamação, agressão física, ameaças, boicotes. A sociedade actual demasiadamente politizada fomenta especialmente a discriminação política através de polarização, desinformação e medos que levam ao fanatismo. O fanatismo político prejudica o diálogo democrático e o processo político, gerando divisões e conflitos entre diferentes grupos, desestabilizando a sociedade que passa a ser pervertida ao serviço de grupos de interesses político-económicos. A convivência pacífica e democrática só pode ser garantida mediante uma atitude de respeito e tolerância mútua em relação às diferenças de mundivisão político-social. Uma matriz política em que os partidos do centro defendam os seus interesses difamando sistematicamente os extremos (tanto os Comunistas como o Chega) carece da atitude de diálogo pressuposto de toda a democracia; o mesmo se diga destes em relação aos partidos do poder!

Também a intolerância intelectual se encontra muito divulgada e expressa-se na falta de respeito e tolerância em relação às opiniões, ideias e conhecimentos de outras pessoas em áreas, como política, religião, ciência, arte, cultura, etc. Geralmente a intolerância intelectual deve-se à falta de saber, preconceitos, medo, desinformação, arrogância, etc. A intolerância intelectual usa como meios a ridicularização, a desqualificação, o ataque pessoal e a difamação e cria como seu lugar de refúgio “bolhas ideológicas “alérgicas a ideias ou opiniões diferentes. Ao impedir-se o diálogo e o debate saudável entre as pessoas fortalecem-se as forças do poder vigente em detrimento da possibilitação de melhor futuro.

Actualmente observa-se que a intolerância política se fortalece com a intolerância intelectual e deste modo limitam a liberdade de expressão, a diversidade de ideias e a criatividade. Quem não pensa como o politicamente correcto quer, ou como os intelectuais ao serviço do sistema, é colocado fora dos muros da cidade, tal como acontecia em sociedades antigas, nos casos de lepra!

. Além disso, ela pode prejudicar o processo de aprendizado e a busca pelo conhecimento, já que É fundamental que haja respeito mútuo e tolerância em relação às opiniões e ideias divergentes, de modo a poder garantir-se uma convivência pacífica e democrática.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

2 comentários em “A INTOLERÂNCIA DO “DE QUE LADO ESTÁS?””

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