O VÍRUS TOCA A TODOS

Sim, o Coronavírus toca a todos, toca com todos e toca em todos.
Ainda hoje é o dia em que reflito nas palavras de um político alemão que em 2019 disse referindo-se à pandemia de maneira incisiva: “provavelmente teremos todos de nos perdoar muito uns aos outros”.
Fala-se muito sobre o significado de regulamentos, sobre responsabilidade, justiça e injustiça, renúncia e solidariedade.
Formam-se frontes em famílias, amizades separaram-se; as opiniões endurecem de modo a haver violência, mental e física.
Facto é que na incapacidade de se possuir toda a informação não sabemos o que é certo ou errado, porque muito só pode ser julgado em retrospectiva.
Cada um tem de decidir com o melhor dos seus conhecimentos e consciência. Isso não é porém suficiente, atendendo aos próprios limites e fraquezas. Muitas vezes, quem mais se afirma e impõe são os mais frouxos de caracter.
Um caminho que nos serviria a todos, são as palavras de Jesus: “Sê misericordioso como o teu pai é misericordioso”( Lucas 6:36). O perdão é um momento nobre da misericórdia.
Ao referir-me aqui à misericórdia entendo-a como uma qualidade de carácter pela qual se entra em sintonia com a própria precaridade e com a precaridade dos outros (movido pelo sentimento de compaixão). Ao sentir a dor dos outros compreendo melhor a minha e sou levado a solidarizar-me com os pobres, os oprimidos, aqueles que são marginalizados.
É um entrar em ressonância com o todo sem se perder nele! A atitude de compaixão e misericórdia pode conduzir-me a perceber melhor os meus semelhantes e a ter um coração quente para eles.
António da Cunha Duarte Justo
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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

12 comentários em “O VÍRUS TOCA A TODOS”

  1. Gostei da tua expressão e com a qual me posso dentificar e me dá oportunidade de pensar! De facto, ao sabermos que somos o resultado da informação genética e da informação “palavra” teremos de nos considerar sempre como seres inacabados e como tal em contínua formação (in-formação). Como tal a informação é tudo e a nossa acção é um momento nela! Uma outra atitude que expressas é a de admiração e essa leva-nos a contemplar algo com interesse sempre de novo e a descobrir sempre coisas novas. Somos eternos aprendizes.

  2. Mesericordia é uma coisa dada isso reflete a superioridade de quem dá.. não sou superior.. não vou por aí…custa acreditar na sapiência divina… não acredito mesmo.

  3. Ui!.. mas então a nossa existência é pedir mesericordia.. não!.. não vou por aí. Eu quero ser livre.

  4. Ao referir-me aqui à misericórdia entendo-a como uma qualidade de carácter pela qual se entra em sintonia com a própria precaridade e com a precaridade dos outros (compaixão). Ao sentir a dor dos outros compreendo melhor a minha e sou levado a solidarizar-me com os pobres, os oprimidos, aqueles que são marginalizados. É um entrar em ressonância com o todo sem se perder nele! A atitude de compaixão e misericórdia pode conduzir-me a perceber melhor os meus semelhantes e a ter um coração quente para eles.

  5. Não.! a minha “mesericordia” não tem a ver comigo nem com os outros..
    ! é uma palavra traiçoeira..relés mesmo.. só ao alcance da santa sé.

  6. Obrigado, António pelos textos, preciosas pitadas de ouro fino, que nos ajudam a entrar a fundo na realidade.
    Tudo bem por aí?
    Um abraço.

  7. Grande dito o desse político alemão: “Provavelmente teremos todos de nos perdoar muito uns aos outros”!
    Outra frase grandiosa que copiei para o meu diário: O perdão é um monumento nobre da misericórdia.”
    Por fim ainda copiei:
    “Gratidão e agradecimento pelas coisas pequenas do dia-a-dia ajudam-nos a abençoar a vida.”

    No dia de festa de S. João Bosco um abraço amigo de parabéns!

  8. Citando José Tolentino Mendonça :
    “Quanto caminho precisamos de percorrer para compreendermos que tudo em nós tem de ser atravessado e resgatado pela chama única do amor!”
    Pequeno excerto do texto “Está tudo ligado” .
    Do livro
    “Rezar de Olhos
    Abertos”.

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