Burkini contra Bikini

Tribunal alemão não desobriga Alunas muçulmanas de frequentar as Aulas de Natação

 

António Justo

Na Alemanha, há meninas muçulmanas que se recusam a participar nas aulas mistas de natação, por razões religiosas. O Tribunal Administrativo Federal deliberou, em última instância, que as meninas não podem fugir ao dever de frequentar as aulas de ginástica, porque, para corresponderem às exigências do Corão, podiam usar na natação um burkini (traje completo).

 

Uma jovem de 13 anos pretendia, com a queixa, a dispensa das aulas para muçulmanos por motivos de liberdade religiosa. Argumentou que não se queria expor aos olhares dos jovens nem usar o burkini e que o Corão proíbe ver jovens seminus. Para o tribunal a liberdade religiosa choca aqui com a missão educativa do Estado (Constituição), sendo de opinião que uma sociedade pluralista não pode considerar todas as preocupações religiosas.

 

A maioria da sociedade vê nesta atitude muçulmana o perigo dos alunos muçulmanos se segregarem dos colegas alemães e se habituarem a viver no incómodo de se afirmarem pela oposição.

 

Em todo o caso, aqui a vítima é a criança entre a interpretação do Corão e a interpretação do estado laico.

 

Entre muçulmanos tradicionalistas corre a voz de que à mulher que não tape o corpo, quando morrer, o fogo infernal queimará as partes do corpo, que durante a vida andavam publicamente descobertas. O medo impera onde a razão dorme.

 

António da Cunha Duarte Justo

www.antonio-justo.eu

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Publicado por

António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

8 comentários em “Burkini contra Bikini”

  1. Os seus textos, para além de um português correcto, ainda não reduzido à actual mediocridade, têm o mérito de me fazer reflectir sobre problemas importantes, frequentemente relegadas por muitos para o esquecimento ou, pior ainda, para o mundo da indiferença.
    Obrigado pelo seu envio regular.
    Penso mesmo que deveriam ter um tratamento similar …nos destaques da semana.
    Uma boa semana e até ao próximo texto seu.

  2. Respeito todas as crenças e credos mas não posso aceitar que alguém esteja a habitar na minha casa por minha livre vontade e depois seja esse convidado a impor regras contrárias às que eu estabeleço no meu lar.
    Sem dúvida que as crianças acabam por ser vítimas desta aberração mas a lei é demasiado mól para dizer a estes convidados que se não se sente bem, então que vá embora.
    É assim que faz o governo australiano. Da mesma maneira procede a Noruega e a Rússia.
    Se os EUA, Inglaterra, França e por aí fora assim procedessem, ter-se-ia evitado muitas mortes e desassossego.

    Obrigado amigo António Justo pelo seu tempo que dedica a avivar gente adormecida.
    Um abraço
    Raposo

  3. Estas cenas tristes repetem-se todos os dias com ideias vindas de mundos paralelos, com as quais, infelizmente, somos obrigados a conviver. Há ainda as mortes de raparigas por causa da “honra” e um bafio atrofiante no dia a dia das mulheres que pertencem a estes círculos, aspetos que, de maneira nenhuma, devemos aceitar ” como culturais” e ” liberdade” porque implicm massivamente com a dos outros. Frequentemente me interrogo, principalmente nos dias quentes, como é possível aquelas criaturas mexerem-se no meio de todos aqueles tecidos, ainda por cima escuros . Positivo é realmente que nem precisam de protetor solar e poupam dinheiro nos cabeleireiros. Nesta prosa pragmática lembrei-me ainda que, felizmente vivemos noutra realidade e que as nossas atitudes de tolerarmos, de maneira nenhuma correspondem ao comportamento desta gente do tempo das cavernas. Para terminar, devo dizer que é absolutamente de louvar a decisão do Tribunal.
    prRCB

  4. Assim somos levados a compreender a nossa Idade Média, embora não tão dura. A cultura islâmica surgiu 600 anos depois da nossa era e como tal anda 600 anos desfasada dela. Quando surgiu conseguiu subordinar tribos nómadas rebeldes e bárbaras não habituadas a uma ordem integradora. Naturalmente que eles têm direito a fazer o seu caminho próprio mas deveriam integrar na sua cultura os bens que ainda não conseguiram e que se encontram noutras culturas. Também nós deveríamos Reintegrar na nossa alguns valores que na deles são mais cuidados. A sua antropologia é diferente da nossa. Eles são provindos do deserto onde só sobrevive quem se mantém na manada e nós provimos mais dos vales frutíferos onde o indivíduo pode sobreviver com relativa independência do grupo. Eles defendem-se em guetos não só porque a sua religião a isso os obriga mas também porque a nossa cultura ocidental se encontra em decadência e já não reconhece a sua alma.

  5. Saudações a todos os participantes, em especial ao sr. Antônio Justo.
    Fiquei pensando: existirá “praias naturistas” em países mulçumanos?
    Se nestes países houvesse “Ticunas”, “Cainguangues”, “Macuxis”, “Terenas”, etc. (todos índios brasileiros), que em seus redutos, andam como a natureza os concebeu , teriam que usar “burkini”?
    Não há carnaval nestes países, certo?
    Etc.
    Pergunto: Que gosto a vida tem, quando é “tolhida” por preceitos religiosos?
    Abraços a todos,
    Vilson
    in Diálogos-Lusófonos

  6. Saudações minhas para todos.
    Senhor Vilson, também eu penso que tudo o que numa religião “tolher” a vida ou o ser humano não serve Deus nem serve o Homem! Deus só terá sentido na libertação e emancipação do ser humano e não na sua subjugação.
    Grande abraço

  7. Sim, sr. Antônio Justo.
    Concordo plenamente. A religação com Deus deve trazer mais alegria em viver, mais prazer e satisfação. Nunca o contrário.
    Vilson

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