TRAVÃO DOS PREÇOS DE GÁS E ELECTRICIDADE NA ALEMANHA

Tecto de limitação  da energia elétrica fixo em 13 cêntimos/kWh para a indústria

Na reunião do governo federal com os primeiros-ministros dos Estados federados a 2.11. foram tomadas medidas concretas, de limites dos preços da eletricidade de 40 cêntimos (kWh) para pessoas privadas e 13 cêntimos /kWh para a indústria.

Para o gás o tecto é 12 cêntimos por quilowatt-hora para particulares e 7 cêntimos/kWh para a indústria!

O governo federal também vai analisar se a medida prevista para começar a 1 de março poderá ter efeito retroativo já em 1 de fevereiro 2023.

Os estados federais queriam que o freio do preço da eletricidade começasse já em 1º de janeiro. O governo federal tomará as decisões definitivas a 18.11.2022.

Houve também acordo quanto à passagem (bilhete) mensal de 49 euros para autocarros e comboios. No próximo ano, os viajantes de comboio e autocarro poderão viajar por todo o país com o chamado “Bilhete alemão” por 49 euros por mês. Os custos são estimados em cerca de três bilhões de euros, que o governo federal e os estados federados querem compartilhar.  Outras mudanças ver nota (1)

Muitos representantes da sociedade e dos meios de comunicação social têm exigido dos políticos que, no que diz respeito à evolução dos preços do gás e da electricidade, seja necessário um alívio para os cidadãos e para as empresas e que sejam fornecidos números concretos ao público.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.ndr.de/nachrichten/info/Einigung-bei-Strom-und-Gaspreisbremse-49-Euro-Ticket-kommt,energie512.html Resumo: As decisões mais importantes dos governos federal e estados federados em resumo

Freio do preço do gás: limite para clientes particulares em doze centavos por quilowatt-hora para 80% do consumo anual previsto, para aquecimento urbano em 9,5 centavos por quilowatt-hora, início ainda incerto

Freio do preço da eletricidade: limite de 40 centavos por quilowatt-hora, início planejado para janeiro

Bilhete de 49 euros: o bilhete da Alemanha está chegando no próximo ano, os governos federal e estadual pagam 1,5 bilhão de euros cada, o início exato é incerto

Subsídio de habitação: O subsídio de arrendamento estatal aumentará em média 190 euros por mês a partir de 1 de janeiro de 2023, e o número de beneficiários mais do que triplicará para dois milhões de lares. Os governos federal e estadual dividem os custos.

Cuidando dos refugiados: O governo federal prometeu aos estados federais um adicional de 1,5 bilhão de euros cada um para este ano e no próximo. A partir de 2023, o governo federal pagará mais 1,25 bilhão de euros para refugiados que não vêm da Ucrânia.

Fundo para dificuldades: Um total de doze bilhões de euros está disponível para hospitais, lares de idosos, instituições sociais e algumas empresas que não podem se contentar com o alívio fornecido pelo teto de preços de gás e eletricidade. As instituições culturais também devem receber ajuda direcionada.

 

 

Social:
Pin Share

9 DE NOVEMBRO MARCA IMPORTANTES PONTOS DE VIRAGEM NA HISTÓRIA ALEMÃ

Numa altura em que no âmbito político-económico-ideológico se constroem muros, torna-se importante recordar o 9 de Novembro como dia especial alemão ou “Dia do Destino dos Alemães”!

O 9 de novembro mais recente deu-se em 1989, aquando da queda do muro de Berlim, depois da divisão da Alemanha (1961) em dois Estados (Capitalista-socialista) por 28 anos.

O 9 de Novembro de 1938 está para o antissemitismo na Alemanha:  foi o dia em que bandidos organizados incendiaram negócios e locais de culto judaicos a mando da liderança nacional-socialista; milhares de judeus foram maltratados, presos ou mortos em toda a Alemanha e na Áustria. Com a queda do Muro de Berlim revela-se que a Liberdade não se deixa amuralhar sempre (1)

A 9 de Novembro de 1918, o Imperador alemão abdicou do trono e Philipp Scheidemann proclama a república na Alemanha.

Na Alemanha houve ainda outros 9 de Novembro históricos; a jovem República não teve grande apoio popular e a 9 de novembro de 1923 Hitler tenta um golpe em Munique mas a polícia bávara impediu a tentativa de Hitler de tomar o poder pela força. O partido NSDAP foi então banido e Hitler condenado a cinco anos de prisão; dez anos depois, ele conseguiu tomar o poder.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) QUEDA DO MURO DE BERLIM: https://www.triplov.com/novaserie.revista/numero_49/antonio_justo/index.html

Social:
Pin Share

CATAR É CAMPO DIFCÍL PARA FUTEBOL JÁ SE ENCONTRANDO EM CANTO E A FIFA INICIA O “JOGO” COM GOLO NA PRÓPRIA BALIZA

A preparação para os jogos mundiais em Catar está-se mostrando difícil e provoca discussão controversa na opinião pública devido a falsas decisões da FIFA.

Durante o mandato do ex-chefe da FIFA Sepp Blatter, o torneio foi atribuído ao pequeno emirado Catar e agora ele próprio vem dizer, numa entrevista de jornal (cf. HNA), que a escolha foi um erro e, na entrevista culpa o então presidente francês Nicolas Sarkozy que teria então exercido pressão sobre Michel Platini, ex-presidente da Associação Europeia de Futebol (UEFA).

De facto, todos sabiam das discriminações e das graves violações dos direitos humanos em Catar e todos fizeram olhinhos aos problemas (devido ao dinheiro do Catar em jogo) e agora vêm para a praça pública gritar sabendo que os ouvintes aguentam tudo.

De facto, a FIFA é que desacredita e arruína a moral do futebol. Muitos dos adeptos de futebol já perderam a vontade de assistir aos jogos, já antes do jogo. Deve proceder-se a uma alteração dos critérios de atribuição. De resto, uma vez começados os jogos tudo passará!!!

No mundo das estrelas torna-se difícil avistar o céu estrelado devido às cataratas dos problemas terrenos!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

Social:
Pin Share

ENCONTRO DO CHANCELER SCHOLZ COM O PRESIDENTE XI EM PEQUIM

“Política de uma só China” e por que não Política de uma só Europa?

No programa de visita de 11 horas à China (4.11.2022), o chanceler alemão, acompanhado da sua delegação com mais de 60 pessoas (funcionários, empresários, jornalistas) esperava que o presidente chinês Xi Jinping o apoiasse na sua política relativa à Ucrânia e criticasse Putin!

Scholz declarou que a Alemanha segue a “política de uma só China”, isto é, de China e Taiwan unidas, pressupondo-se que alterações do status quo só podem ter lugar “pacificamente e de comum acordo” e advertiu a China contra uma intervenção militar. O presidente chinês não criticou a Rússia. Xi Jinping limitou-se a advertir: “A utilização de armas nucleares ou a ameaça delas deve ser rejeitada” e disse ainda que a comunidade internacional deveria trabalhar para assegurar que “as armas nucleares não possam ser utilizadas e as guerras nucleares não possam ser combatidas”(1).

O Chanceler esperava em vão o apoio da China para a política da Ucrânia, mas, ao contrário dele, a China pensa geo-estrategicamente.

Scholz foi sozinho sem o presidente francês Mácron.  A oposição (CDU) acusou Scholz de fazer uma política isolada (indo sozinho, sem o presidente francês Mácron que se tinha oferecido a viajar junto com ele à China). O chanceler, ao ser o primeiro político do Ocidente a visitar o presidente Xi Jinping agora reeleito, revela coragem e por outro, a dependência alemã da China. No primeiro semestre de 2022 a economia alemã investiu cerca de 10 mil milhões de euros na China; a China é depois dos EUA o maior destino da exportação alemã (com uma quota de 7,5%); cerca de 12%das importações alemãs vêm da China (analistas dizem que “80% dos computadores portáteis vêm da China e 70% dos telemóveis”);  os primeiros carros chineses já se encontram no mercado alemão.

A visita do chanceler deixa margem para se poder especular sobre a possibilidade, de no caso da Alemanha um dia se reconsiderar poder vir a fazer a ponte com a Rússia. Scholz conseguiu trazer já algo na bagagem: BioNTech passa a ter acesso ao mercado chinês podendo estrangeiros que vivam na China ser vacinados com ela. Scholz espera que em breve chegue a haver “uma disponibilidade geral da vacina BioNTech” também para os chineses.

Uma zona com poucas matérias primas está condicionada à dependência; dependência por dependência seria de optar pela que fica mais perto e é mais rica. Com o boicote da Rússia a Alemanha e a Europa mais dependente fica da China.

O grupo chinês Cosco conseguiu uma participação de 24,9% no terminal de contentores de Hamburgo em Tollerort, o que significa uma certa dependência da China. Porém, em questões de concorrência importante é quem se compromete primeiro! Se não fosse Hamburgo seria um outro porto europeu.

Resta uma pergunta: se a Alemanha segue a “política de uma só China” porque não prever também a longo prazo uma política de uma só Europa?

A Alemanha apesar da viragem da política alemã praticada pela atual coligação tem nela o potencial para uma visão do mundo a partir da Europa.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Mercur.de: https://www.merkur.de/politik/scholz-china-reise-xi-peking-baerbock-ukraine-russland-menschenrechte-kritik-news-ticker-zr-91892214.html

Social:
Pin Share

FALTA DE COMPROMISSO POLÍTICO PRODUZ MIGRANTES VÍTIMAS

O Papa Francisco, na sua homilia do dia de Todas as Almas, na Basílica de São Pedro, criticou a falta de compromisso com as pessoas. “Estamos a tornar-nos mestres da complexidade, que falam muito, mas fazem menos”. Muitos dizem sim a tudo, mas no final resulta daí um não, por exemplo, quando se trata de acolher migrantes.

De facto, o nosso sistema de liberalismo económico desregrado está empenhado sobretudo nos lucros que geram muitos superbilionários, servindo-se para isso também da exploração de outros povos. Multinacionais, com as suas tecnologias e produtos concorrentes, aniquilam, muitas vezes, as indústrias e comércios indígenas; em vez de criarem riqueza para proveito das populações locais, são, muitas vezes, causa de as pessoas emigrarem.

Temos bom exemplo disso também em Portugal. As fortes nações europeias para darem escoamento aos seus produtos industriais e tecnológicos abriram os mercados aos produtos da China. Na consequência Portugal viu-se enfrentado com a grande concorrência dos produtos vindos da China. Indústrias têxteis no Norte foram à falência e a indústria do calçado local de grande qualidade no comércio (por exemplo na minha zona, S. João da Madeira e Santa Maria da Feira) foi destruída em favor de duas grandes filiais alemãs que depois de arrecadarem os fundos desertaram. As referidas filiais empregaram temporariamente muitos operários, mas à custa das pequenas indústrias locais. A sorte de Portugal é que encontra uma certa solidariedade da União Europeia que em compensação e para impedir o possível desenvolver-se de uma revolução popular (e a desintegração dos países da zona euro), se adiantou com a política dos “fundos perdidos” e a dos juros baixíssimos para os empréstimos estatais; doutro modo os Estados da periferia cairiam na falência imediata. Os tempos que se aproximam com uma política de juros mais altos irão criar problemas aos países mais devedores!

Países africanos encontram-se expostos à concorrência feroz que impede os mercados nativos de se afirmarem por si mesmos. As pessoas são obrigadas a emigrar para fugirem à fome e à miséria provocada por um capitalismo liberalista desregrado que se serve da globalização para saciar a sua sede de mais.

Quem ganha com a exploração sistémica somos todos nós, os que temos um nível social elevado, mas os que mais ganham com isto são as grandes multinacionais localizadas nas grandes potências, e as elites dos diversos países que não se veem motivadas a mitigar o sistema no sentido de maior justiça social e de prática democrática na relação entre povos e na distribuição de meios de produção e bens entre eles. Apesar das remessas dos emigrantes para o desenvolvimento de Portugal, é uma tragédia o facto de o povo português investir tanto na formação de académicos e muitos destes se virem obrigados a terem de emigrar para poderem melhorar o seu nível de vida!  O cinismo da questão ainda se verifica no facto de muitos dos nossos emigrantes académicos irem muitas vezes ocupar-se de trabalhos que não exigem qualificação. Deste modo a nossa camada social média vai, muitas vezes, fazer com que a camada baixa de países importadores desses emigrantes se torne menos baixa!

Nós podemos e temos o dever de acolher imigrantes não só para equilibrarmos a nossa balança etária, mas também porque muito dos bens que temos se devem à exploração de que o sistema turbo-liberalista desregulado se serve noutros povos e em Portugal também!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

Social:
Pin Share