Política discriminadora das Regiões do Interior
António Justo
A partir do próximo ano lectivo (Setembro) 500 escolas da primária serão abatidas por este governo. Depois seguem-se as outras, disse a ministra da Educação e o Conselho de Ministros aprovou.
O objectivo é encerrar escolas primárias (básicas) com menos de 21 alunos, distribuídas por essas aldeias de Portugal. E isto é apregoado descaradamente sob o rótulo de qualidade. Isto corresponde a 3,5% ou seja, segundo a ministra 400 mil crianças, a quem se fecha a porta e obriga a percorrer grandes distâncias, para assistir às aulas. O que se não diz é que isto faz parte duma política interessada em desertificar o interior e obrigar as pessoas abandonar as aldeias para vir aumentar os arrabaldes degradados das cidades do litoral. O povo aquartelado em grandes centros torna-se mais dócil e aberto a ideologias partidárias. O desenraizamento fomenta o medo e este faz muito jeito no exercício do poder.
A ministra esconde-se por detrás das estatísticas. Para uma classe política para quem o que conta é o cifrão fácil, trata-se apenas de números e não de pessoas. À destruição das maternidades no interior seguem-se agora as escolas. Basta-lhes as cidades. O resto que fique para os espanhóis. Talvez, um dia volte a Igreja com escolas para se colocar ao lado do povo! …
É de lamentar que as autarquias, que, por vocação, estão mais perto do povo, aceitem, sem mais, tal resolução e o povo se lamente, à maneira árabe, mas sem sair sequer para a rua. Naturalmente que, para os interesses da classe, o que importa não é o povo nem as regiões mas as estatísticas e os grandes ventres dos boys dos ministérios e seus camaradas a alimentar. Como o número é que vale e este vive nas cidades, o povo da província, a nível de número, não conta nem risca; a nível de pessoa menos ainda; para os meninos de Lisboa e das suas instituições, humanismo só embaralha o seu progresso e, como renegaram a província e seus pais, preservar as ecologias naturais, isso só significaria regresso para eles. É realmente perigoso este ódio à província pelos provincianos da elite.
Quanto às instituições onde acolhem os seus boys, essas não as reduzem, nem lhes tocam: número de deputados, assessores, gestores públicos, institutos políticos, instituições públicas, conselheiros de embaixada. O que ganha um só conselheiro de embaixada, daria para manter três dessas escolas a serem extintas.…
A renúncia à construção da supérflua auto-estrada A 32 (com trajecto paralelo a outras duas ao lado) e seus consequentes custos de manutenção disporia um fundo de meneio para defesa do interior.
Uma racionalização administrativa das freguesias (4.200), distritos e outras mordomias seria mais produtiva e contribuiria para o fomento dum estado moderno e responsável com menos dívidas.
O que gastam, por má administração, daria para tornar luxuosas todas as escolas das aldeias e muitos possíveis projectos de fomento da província. Um Estado responsável por todo o país desenvolveria políticas de fomento e de defesa das zonas do interior, tal como faz, por exemplo, a Alemanha. As zonas desfavorecidas deveriam receber transferências das zonas mais desenvolvidas e não o contrário.
Uma falta de política de defesa das regiões do interior e a má administração do Estado conduzem à discriminação das populações do interior e ao êxodo para o estrangeiro e para o litoral. Desertificam culturalmente o interior e poluem espiritualmente as cidades. A isto chamam progresso e racionalização de recursos.
Em resumo: esta é mais uma medida contra a terra e contra a família, uma medida a favor das concentrações e da ideologia. Valha-nos Deus. Uma ministra a executar política machista! Onde já chegou a emancipação tipo macho da mulher! Destroem o interior para poderem gastar em Lisboa. Acabam com os vestígios escolares que Salazar deixou. Não querem saber ligado à terra, porque esta é feminina, querem-no ligado à ideologia macho que é desenraizada.
A idiotia política chega a admirar-se dos corruptos árabes sem notar a sua própria corrupção e a sua selvajaria na destruição do interior e da cultura em geral.
António da cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
Caro Justo:
Gostei muito deste teu artigo com sugestões muito claras e práticas: mais valia diminuir o número de autarquias e assessorias do que baixar o número de escolas com consequências como a da desertificação do interior já pouco povoado.
Descobriste algo de que eu ainda não me tinha apecebido: é uma estratégia poder político o desenraizamento! Também achei uma curiosidade o comentário de que o povo se lamentar e não agir em manifestações como os gregos, é um reminiscência da presença árabe de séculos. Nunca me tinha pasado tal pela ideia!
Como te lembraste disso?
As melhores saudações da
M M
Obrigado pelo comentário.
O Povo português herdou dos árabes parte do seu fatalismo que se manifesta em várias expressoes culturais e da mentalidade portuguiesa.
Uma delas é o sebastianismo que tem remeniscências do 12° Imame encoberto!
Um abraço justo