A História está de regresso

Na dificuldade acendem-se as velas da nação

A partir dos anos sessenta houve, na Europa, a tentativa de se fazer política sem memória. O recurso à lembrança selectiva tinha um carácter funcional sendo usada como chibata contra o passado ou como alienadora do agir em curso. Em Portugal nacionalizou-se o problema nos anos setenta com o consequente ataque de amnésia. Era os tempos do entusiasmo marxista na afirmação pelo futuro à custa dum passado sem presente.

O entusiasmo pelas liberdades de Abril e o fresco cheiro a cravos, seguido do projecto União Europeia explicam aparentemente o recalcamento da história. Não faltavam razões para isso. Os erros do passado, a beleza e a importância do novo, a nova classe que se queria impor e o novo regime a estabilizar não permitiam inseguranças que só poderiam perturbar. Ninguém estava interessado em perceber o fenómeno da descolonização no contexto internacional da guerra-fria entre a Rússia e o Ocidente bem como os interesses económicos em jogo. Portugal foi e sentiu-se então o umbigo do mundo na esperança de ter algo duradouro para exportar. Portugal torna-se então a Fátima da esquerda europeia.

A vontade era tanta que até se dizia:”a partir de agora Portugal não precisa de exportar os seus filhos e os emigrantes podem voltar…”. Entretanto a vontade foi-se…

Entrementes a lembrança está de volta. Salazar põe o dedo no ar. Não é só um descontentamento que o quer deixar falar. Recorda-se já o império perdido, a cedência incondicional ao comunismo internacional. Para muitos foi uma traição à nação, sem a salvaguarda dos direitos e interesses da presença portuguesa de 600 anos, com as lutas sangrentas da colonização interna no conluio com a ingerência internacional sem ter em conta imensas vítimas autóctones e retornados, que espera lhe seja feita menção de registo.

À euforia inicial do 25 de Abril segue-se agora o rescaldo, por vezes ingrato, duma desconfiança crescente num sistema que enriqueceu os partidos e continuou a tradição dos seus cidadãos resolverem os seus problemas no exílio do estrangeiro (só em 2006 emigraram 100.000 portugueses).

O povo vê-se sem possibilidade de introspecção e desanima. Por outro lado, esta nação continua hipotecada no estrangeiro, na emigração e bem vivendo da ideologia! O problema e que esta nação não se liberta por falta de auto-crítica.

Com Salazar a História quer voltar. A questão é: que história? As histórias da História passada não deixam grande margem para alternativas, com a agravante que a máquina reprodutora do povo também parecer enfadada. Achaques adquiridos por contágio… Os estrangeirados modernos apostam na imigração numa tentativa de lavar o rosto da emigração!… Os tais internacionalistas exploradores da emigração e da imigração.

A recordação é o fluido natural que dá estabilidade à nação. Quais os esteios da recordação?

Um novo nacionalismo seria perigoso porque nascido mais da cabeça do que do coração. Um patriotismo sadio como sentimento de pertença é óbvio.

O problema histórico de Portugal é não haver quem confesse arrependimento – só há acusadores. De costas para a fé só se recorda a dúvida. A união das duas, porém, foi a força impulsionadora da civilização ocidental. De facto, a Europa civilizou os seus povos levantando bem alto a herança comum do espírito cristão e grego, através da união da fé e da dúvida. É de desconfiar de quem só tem certezas.

Nas dificuldades os portugueses não andam longe da Europa atendendo à constatação de Nietsche ao afirmar que “os europeus só se tornam patriotas nas suas horas fracas”!

António Justo

António da Cunha Duarte Justo
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BOAS FESTAS!

BOAS FESTAS!

Prezadas e prezados visitantes
Estimadas e estimados comentadores

Desejo-vos uma Páscoa muito feliz para vós, vossos familiares e amigos.

Muito obrigado pelos vossos contributos e comentários. Da discussão é que surge a luz ! Tenho aprendido convosco embora muitas vezes não reaja por falta de tempo.

Quando as ideias provocam significa que em nós mesmos há um fraquinho por elas ou que ameaçam um sistema rotineiro em nós. Nesse sentido encontramo-nos no mesmo barco!

Naturalmente que num texto ou comentário é impossível determinar o pensamento de quem escreve atendendo aos tais “fraquinhos” de cada um e ao que se quer atingir com um texto, que não sendo poesia, pode ter a ver com tendências manifestas na nossa sociedade que hoje determinam uma determinada posição e amanhã uma outra. Um fraquinho meu é: se estou com esquerdas dou relevo à direita e se estou com direitas dou relevância à esquerda. Errare humanum est!

Um abraço cordial
António Justo

António da Cunha Duarte Justo

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Páscoa

Depois da dor a alegria

Também os discípulos de Jesus tiveram a sua semana Santa. Eles, que tinham apostado em Jesus que tinha vivido e anunciado uma nova compreensão da fé num Deus humano que perdoa e promete a graça, vêem-se de repente sozinhos.

Jesus, o portador da esperança, é miseravelmente ridicularizado e acoitado, morrendo como um assassino.

Os discípulos viram a sua fé transformada em lágrimas. Desesperados e cabisbaixos procuram aconchego nas suas casas. Apenas as mulheres, ao visitarem o túmulo já vazio, deparam com o ressuscitado.

Levou tempo a os discípulos acreditarem no que ouviam (50 dias até ao Pentecostes). Mas finalmente mesmo o mais céptico, Tomé, depois do encontro pessoal com o ressuscitado, compreendeu o acontecimento da ressurreição. Com ela Jesus superou a morte e realizou a salvação.

A vida depois da morte deixou de ser uma promessa vazia. Agora a vida passa a ter perspectivas. Surge assim a primeira comunidades cristã entre os judeus, que agora sabe que o poder estatal e a perseguição os não pode vencer mais. Assim surge a festa da Páscoa, a festa da alegria entre os seguidores de Cristo.

Em Jesus Cristo, Deus realizou de antemão o que acontecerá com todo o ser humano. A ressurreição é o começo da transformação do mundo na realização duma nova criação. Lá, no reino da graça, como Ele, um dia acordaremos ao encontrar a bondade de Deus que é amor e luz.

A graça penetra as leis do mundo físico e as leis da justiça, sem ligar a pressupostos ou a condições. Ela liberta tudo das aparentes amarras das circunstâncias, da culpa e do poder.

Na Páscoa o amor vence o medo e vence a morte.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

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A Cruzada Socialista em Portugal

Portugal adia a vida de período eleitoral em período eleitoral

Para o governo socialista já não chega a ocupação da administração. Ele quer assenhorear-se também dos campos da moral sexual na escola, na determinação dos textos a usar nos compêndios escolares e até interferir nas tradições e costumes populares.

Trabalham de maneira sistemática contra a tradição cristã. Talvez porque Sócrates provém duma família de prática religiosa não propensa à festa o processo se torne mais obstinado. Eles sabem que não precisam de dar satisfação a ninguém porque o povo só entende de futebol e os multiplicadores directos andam a dormir na forma. A inteligência encontra-se de maneira geral amarrada à soga do poder.

De lamentar o facto de terem acabado com a tradição das férias pascais de uma semana antes da Páscoa e outra depois da Páscoa.

Com a sua regulamentação dos 15 dias de férias antes da Páscoa talvez pretendam estragar a festa de Páscoa já que as crianças nesse dia já vêem o dia estragado só em pensar nas aulas do dia seguinte. Por outro lado não se preocupam com férias de verão tão extensas e com consequências nada vantajosas para uma economia racional do tempo.

Eles fizeram de Portugal uma coutada
É já tradição de fascistas e marxistas a ocupação do sector da formação e da educação nos estados onde alcançam o poder. Aproveitam da escola para fazer a sua “catequese” e até com a justificação da democracia dorminhoca. Portugal sempre foi usado por elites geralmente com mentalidade remediada, com espírito e mãos de toupeira mas com boca de leão.

Em Portugal podem fazê-lo porque sempre faltou o equilíbrio e o controlo duma camada intelectual isenta e duma classe económica independente. Todos se encostam ao poder seja ele de direita ou de esquerda. Haverá outro país no mundo com tantos professores universitários nos partidos e no governo? Assim temos um país a viver continuamente de mão estendida. O povo de mãos estendidas na rua e os medianos de mãos estendidas voltadas para o governo. Um país assim terá que viver sempre preocupado com onde arranjar mais impostos, onde ir buscar mais contribuições para viver da satisfação do dar.

Um outro problema é o facto do centro direita estar sempre demasiadamente preocupado também ele com o poder não estando atento ao que acontece nas escolas e na cultura. Uma pobreza franciscana no que toca aos próprios valores. Também muita gente do clero anda de olhos tapados apostando num socialismo de cara camuflada sem verem o que está verdadeiramente a acontecer.

Infelizmente o poder público, as ideias e o sistema com o qual se interpreta a realidade manca, pelo menos meio século, atrás da realidade que produzimos. não nos perguntarmos, como nação, donde provém o atraso e suas perigosas consequências. O futuro constrói-se na escola e a paz depende de visões da vida e dos modos de agir que se aprende. Um socialismo anticultura cada vez se espalha mais em Portugal não só estabilizando a sua pobreza económica, mas o que é mais grave ainda, dando cabo sistematicamente duma cultura impar.

Não se trata de ir conta a globalização ou contra a Europa, mas de se construir um mundo mais justo. Se o povo não acorda estamos entregues à bicharada.

Não se trata de evitar conflitos na percepção da realidade nacional. É melhor ter a coragem de os enfrentar e de discutir acesamente os problemas do que continuar a não tomar conhecimento deles.

Precisamos duma esquerda e duma direita dignas desse nome. Precisamos duma universidade que pense e aja. Precisamos duma escola que deixe de ser alienadora onde se perde o mais do tempo! É uma desonra continuar a viver na miséria do factual e no preconceito oportuno, adiando a própria vida e a vida da nação de campanha para campanha, de período de eleições para período de eleições, sempre e apenas na espera da rotação dos tachos.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

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Progressistas e Conservadores num Beco sem Saída

Vias contra o descrédito dos partidos e a desertificação do país

Os socialistas têm razão ao quererem imprimir um processo de mudança rápido à sociedade portuguesa. Perdem-na quando o tentam fazer de maneira radical contra a cultura e contra a pessoa na sua tentativa de construirem um colectivo ideal à custa do essencial da pessoa humana.

Vivemos numa época de transformações tão rápidas que o grande problema social se torna na possibilidade de poder acompanhar tal movimento. A política e a escola ainda não dão resposta a este facto. Também este se tornou num factor inconsciente do descontentamento social.

Tais como as nações, também os grupos sociais se encontram em diferentes estádios, andando a diferentes velocidades. Enquanto que alguns andam a pé outros começam a descobrir o carro não sonhando sequer no avião. A maioria ainda anda a cavalo!

O problema está nas condições, rapidez e na capacidade de enfrentar a mudança para a poder acompanhar. Há muita dificuldade na capacidade e na vontade de querer mudar sem o perigo de perder a própria identidade. À disparidade sócio-económica entre nações modernamente desenvolvidas e subdesenvolvidas e entre as classes sociais dentro das nações junta-se a falta de preparação para se poder acompanhar o ritmo de desenvolvimento científico e tecnológico em causa.

Na aldeia global o género humano descobre-se como parte da natureza. Sente inconscientemente a sua interdependência ecológica e social, a sua dependência das fontes energéticas e de muitas outras incógnitas. Reconhece-se num processo por um lado de continuidade de ligação à natureza e por outro de descontinuidade (Adão e Eva) o que acentua a sua discrepância. Como ser situado e aberto experimenta-se como consciência de ser de responsabilidade limitada. O horizonte da natureza é o ser humano. Consequentemente a responsabilidade humana deixou de ser apenas individual para se alargar ao universo. Tudo isto implica a necessidade de grande capacidade de fazer conexões e de valorizar uma avalanche de informações normalmente à volta do acidental. Confunde-se a visão polar do mundo com a realidade. Os conservadores querem um mundo mais valorizador da pessoa e os socialistas querem um mundo mais regulado pelo estado. Se uns desconfiam do Estado os outros desconfiam da pessoa.

A política tornou-se complexa sem ser transparente. Surge a insegurança e o medo com a consequente necessidade de respostas simples.

A racionalização do extremismo mais para a direita ou mais para a esquerda depende do acentuar da justiça (bem comum) mais a nível individual ou mais a nível social.

Aqui se cai na armadilha dialéctica. É o que acontece em Portugal no revezar-se dos partidos no governo desde o início da monarquia constitucional. A acentuação da pessoa ou da sociedade (colectivo) correspondem a diferentes ordens sociais e estas, por sua vez encontram-se representadas nos partidos que se revezam no governo da nação. Não há lugar para a reflexão nem a pátria dispõe de instituições que fomentem a acção ponderada. Passa-se a imitar o estrangeiro ou os partidos obram automaticamente numa cadeia de reacções ininterruptas. Daí a explicação para a intervenção de movimentos violentos nos momentos da história em que a justiça social chega a ser extremamente desprezada. Então é o tempo do movimento contra o status quo. Assim se vai andando de injustiça social em injustiça social, de revolução ou revolta em revolução ou revolta. O que acontece nas mudanças revolucionárias acontece muito atenuadamente, de maneira metafórica, nas mudanças de governo.

Seria óbvio um esforço dos dois partidos contrários por encontrar um compromisso justo e equilibrado entre as duas perspectivas de visão humana e social. Isto pressuporia a superação duma mentalidade meramente polar para uma integradora dos dois pólos, que de facto constituem parte essencial duma só realidade. Isto significaria trabalhar no sentido da paz social e individual na união de interesses estruturais e individuais. Teria de haver uma aposta no desenvolvimento individual e estrutural já não na concorrência mas na convergência. Um esforço neste sentido prepararia o caminho para uma maior aceitação de progressistas e conservadores por parte da população. Este reconheceria, em termos de igualdade a necessidade dos dois pólos deixando de se alienar em soluções de mera oposição.
Para isso seria importante mudar de atitude e acordar o povo para que se dê conta da necessidade das várias forças.

A tendência que se nota na sociedade para querer solucionar o mal social com personalidades fortes, um novo Salazar, diminuiria rapidamente. As forças políticas terão de abandonar a táctica do deixar correr e passar a agir mais perto do povo se não quiserem deixar a situação tornar-se extrema e ver a sua reputação cada vez mais reduzida, contribuindo para ofomento daqueles que questionam o bem emocrático…

O que está em jogo é a justiça social e a defesa da cultura num equilíbrio entre recordação e sonho, entre passado e futuro. A nossa sociedade ainda não tem prática suficiente da realização de valores sociais liberais para que os políticos se possam permitir o que se têm permitido. A continuação dum tal agir é irresponsável.

O sistema partidário comete um grande erro ao não fomentar associações e organizações capazes de formular e expressar diferenciadamente os diferentes interesses do povo. Geralmente as poucas instituições existentes são subsidiárias dos partidos políticos fornecendo-lhes os seus representantes em troca de votos dos seus representados e duma influência moderadora no seu meio. Isto leva a um ciclo vicioso em que os partidos se tornam cada vez mais corruptos e desleais à própria mundivisão que foi substituída por uma clientela que muitas vezes embora em postos altos não têm ideia do que representam. A democracia torna-se assim numa sociedade repressiva aberta ao contrário das ditaduras repressivas fechadas.

Uma democracia deveria estar capacitada para preparar o povo de maneira a este se encontrar na situação de poder controlar e equilibrar o movimento pendular entre o interesse individual e social. O povo seria então o garante do processo dinâmico social entre o que se atingiu e o a atingir.

Cada cidadão tem o direito de colocar a sua prioridade na defesa do valor individual ou social ou mesmo mudando conforme o desenvolvimento o solicitar. Uma tal sociedade consegue um estado viável de paz não se contentando com um pseudo-viver entre a paz dos cemitérios e a paz escatológica do paraíso. Naturalmente que se exigíssemos a tranquilidade ao mar este apodrecia, o mesmo se dá com o ser humano e com a sociedade.

Cada confissão partidária tem a obrigação de declarar inequivocamente as suas prioridades numa filosofia coesa e não esconder-se na confusão semântica das ideias e slogans de campanha. Os dois objectivos são essenciais num processo balança entre indivíduo e sociedade, entre capitalismo e socialismo, entre a defesa da pessoa e a da estrutura. Os dois pólos são positivos e negativos. Num e noutro tem de se deixar crescer o joio com o trigo. A estrutura é o pecado original da humanidade mas imprescindível à vida humana. Daí o pêndulo da moral não poder ser assenhoreado só por um pólo partidário. Espera-se da política a realização dos dois objectivos Homem e Sociedade numa inter-relação e serviço mútuo em que seja possível autonomia e identidade sem a abdicação no colectivismo. Nesse sentido é importante a descentralização e a autodeterminação. Uma política contra o interior e de fomento do seu despovoamento no sentido de fomentar o anonimato das grandes cidades, mais aberto a ideologias de ocasião, tem sido oportunista e injusta. É irresponsável a desertificação das regiões interiores em franco processo. O mesmo se tem dado a nivel da cultura.

A desrtificação da cultura, da nação e da pessoa humana tem sido fomentada especialmente por uma esquerda demasiadamente atenta ao poder e distraída de si mesma e do povo.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo
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