A Guerra do Peloponeso no séc. V a.C. é o Modelo das guerras geopolíticas seguintes
No baralho da sueca todos escondem as suas cartas e no fim ganha quem conseguiu ludibriar o parceiro e ter as melhores biscas. Faz lembrar a política onde cada um procura enganar o outro fazendo-se valer da “canalha” que tem.
No ano que transata enganaram-se enganando-nos com cartas de sonhos que não eram os nossos, mas sim os interesses dos que tinham o jogo na mão e seus necessitados acólitos. A nós povos, tiraram-nos a economia que internacionalmente poderia unir os povos para nos darem guerra que agora temos que pagar com contributos para a indústria militar, carestia de vida e restando uma sociedade a ser determinada cada vez mais pelas bordas dado o centro ter perdido o sentido de Estado e da vida deixando-se levar nas ondas do globalismo.
Na Ucrânia já antes de 2014 havia uma guerra clandestina entre os EUA e a Alemanha por causa dos gasodutos que traziam o gás da Rússia. O pipeline Nord Stream 2 que tinha custado dez mil milhões de euros à Alemanha sendo construído, apesar do bloqueio dos EUA, viu-se alvo de quatro explosões em 2022. Nessa luta de concorrência, a Alemanha perdeu e com ela a Europa; elas com a Ucrânia foram sacrificadas devido à concorrência geopolítica entre USA e Rússia e devido ao servilismo da União Europeia (1) . Em 2024 também a comercialização do gás do Catar, segundo especialistas internacionais, terá coroado a rebeldia na Síria (também ela cavalo troiano da Geopolítica). Até aqui, o gás do Catar, do interesse dos países da OTAN não podia passar para a Europa pela Síria por possíveis pipelines porque o gás do Irão e da Rússia concorriam com tal intento; estas circunstâncias levaram o Presidente Assad a ser necessitado a apoiar o Irão e com ele a Rússia. Agora que a Síria se encontra em leilão já o Ocidente se sente feliz colaborando até com aqueles que antes considerava terroristas. Tanto na Síria como na Ucrânia o povo sofre e é sacrificado não por interesses próprios, mas para satisfazer a economia e o comércio das potências geopolíticas. Como sempre e já na guerra do Peloponeso o motor da guerra é o negócio. Lutava-se então também pelo domínio das vias de transporte de mercadorias.
Espartanos (Liga do Peloponeso) e atenienses (Liga de Delos) lutaram durante 27 anos pelo domínio das vias do comércio. Os primeiros queriam fazer valer os seus interesses através dos seus exércitos e Atenas confiava na sua potência naval para defender os seus interesses comerciais (as vias de comércio). Também hoje há a Liga do liberalismo capitalista de um lado e do outro a liga de países de caracter mais socialista, ambas em luta pelos pontos estratégicos das vias de comércio.
Para os EUA-EU-Ucrânia é de esperar o mesmo fim que teve Esparta que entrou em colapso lento uma vez finda a guerra (sem que digerisse a sua humilhação guerreira!) e para a Rússia o forçar do agrupamento dos países BRICS e não alinhados. O resultado previsto será um mundo para já bipolar a nível de geopolítica e os países troianos dela (Ucrânia e Síria) serão parcelados em benefício da geopolítica e em benefício da Turquia e de Israel. O trágico para a Europa é que a União Europeia não pensa em termos estratégicos europeus, mas em termos de uma elite oligárquica servil sediada em Bruxelas.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
(1) O cavalo troiano (https://antonio-justo.eu/?p=7116 )