MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA UMA POLÍTICA DE SOLIDARIEDADE ENTRE REGIÕES POBRES E RICAS

 

Criação de uma Sobretaxa de Solidariedade e de um Contributo de Compensação regional

Por António Justo

A sociedade portuguesa precisa de uma pausa para poder repensar e planear a vida económica nacional. A classe política tem-se esgotado em intenções ideológicas e na administração do dia-a-dia, sem se preocupar com a construcção de um Estado responsável para um país real inteiro com perspectivas de futuro, capazes de garantir uma dignificante sustentabilidade nacional.

O país não pode continuar a deixar a elaboração e a formação do seu destino nas mãos de um corporativismo egocêntrico e jacobino, nem, prosseguir na política da marralhação dos interesses de clientela.

Doutro modo resta-lhe a sorte de dividido, continuar apagado, de calças na mão, a correr atrás dos acontecimentos, atrás da Europa. Ao contrário de outros países pequenos como a Suiça e países nórdicos, Portugal tem-se deixado levar na avalanche dos grandes, apesar de, a nível cultural, não lhes dever nada.

Urge a reelaboração de uma política nacional com a finalidade de, a longo prazo, se libertar o Estado português das leis da inércia que impedem o país de ter mão nele mesmo.

Para isso, a classe política teria de superar as próprias sombras. A criação de um Contributo de compensação regional e de um imposto de solidariedade destinado às regiões empobrecidas, bem como a isenção ou diminuição de impostos em zonas precárias e a descentralização de instituições, poderiam tornar-se numa oportunidade de resposta concreta às necessidades reais do país. Uma política de cooperação tecnológica, de investimento e de facilitação da imigração de pessoas dos países da lusofonia poderiam beneficiar uns e outros.

Só um plano económico multifacetado dos governos, para promoção do país inteiro e em especial do interior a nível de indústria, floresta, energia ecológica, fixação de empresas, etc., poderá demonstrar seriedade política no tratamento do Interior e num ordenamento regional sustentável e solidário. Isso pressupõe um programa do Estado acordado pelos partidos (investimento especial e bonificação das regiões interiores a nível de impostos durante pelo menos 30 anos). Para tal seria também necessária uma reforma administrativa.

A aplicação de um modelo de apoio regional baseado na prática alemã seria a melhor maneira de comprometer os governos e o Estado no desenvolvimento de todo o país. O Estado deveria criar um imposto de solidariedade de 5% a ser investido nas regiões mais carenciadas. Esse imposto suplemento deveria incidir, como na Alemanha, sobre os impostos dos contribuintes mais ricos (Na Alemanha as conversações, para a coligação no governo, falharam também porque o FDP queria acabar imediatamente com essa sobretaxa de solidariedade!).

As regiões mais fortes poderiam, também elas, contribuir com uma verba para um fundo de promoção das regiões, à imagem do contributo de compensação entre os estados alemães. 

O Estado, até ao presente, tem-se servido dos emigrantes como promotores de obras e construção regional, mas que se revela em investimento falido, dado não haver, noutros sectores, um programa de fomento das regiões acompanhante. Grande parte das remessas dos emigrantes (3 mil milhões de euros por ano) tornam-se dinheiro não produtivo, porque apenas servem para Lisboa ter crédito perante o estrangeiro na balança da importação-exportação! Assiste-se a uma injustiça estrutural crónica na administração do rendimento nacional e que se deve a uma política meramente administrativa do existente, sem sonhos nem planos a realizar a longo prazo, nem o cuidado de prever e se preocupar com a vida dos cidadãos daqui a 20-30 anos. Consequentemente assiste-se à “desertificação”, ao crescente depauperamento do Interior e à concentração de problemas nos arrabaldes das grandes cidades.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,

MÁRIO CENTENO ELEITO PARA CHEFE DO EUROGRUPO

Novo Impulso no Eurogrupo

António Justo

O algarvio, Doutor Mario Centeno, Ministro das Finanças de Portugal, foi eleito presidente do Eurogrupo. Nestas funções dirigirá as reuniões dos ministros das finanças dos 19 países do euro. É um dos cargos mais importantes da UE. Merkel tinha revelado à margem da cimeira UE-África, que Centeno era o candidato preferido da Alemanha.

Mário Centeno já tinha sido considerado como o “Ronaldo do Grupo Euro” pelo ex-ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble. Este é também o prémio que Portugal recebe pelo facto de, na crise da Grécia, se ter mantido ao lado dos países de linha dura, com a Alemanha e de Centeno continuar a manter Portugal fora da dependência dos dinheiros da Família-Euro. Deste modo, tem-se afirmado como país de confiança da EU. O apoio da Itália, Espanha e sobretudo da Alemanha garantiu o sucesso para Portugal. Centeno continuará ministro das finanças de Portugal.

Centeno dirige o grupo em tempos difíceis, como refere o jornalista Detlief Drewes pois Jean-Claude Juncker quer apresentar um documento abrangente sobre a expansão da união monetária sem que a proposta tenha sido submetida ao parecer dos ministros das finanças dos Estados membros.

“Juncker apressa-se agora – e, deste modo, assalta a soberania dos tesoureiros”. Segundo o HNA, Juncker quer transformar o fundo europeu de resgate (MEE) numa filial da Comissão Europeia e deste modo impedir o acesso aos ministros das finanças, especialmente aos 700 mil milhões de Euros que os estados membros depositaram para casos de crise.

O MEE quer criar o Fundo de moeda europeia, para se libertar dos roubos do FMI. Isto pressupõe o enfraquecimento dos Ministros das Finanças.

Centeno poderá, por sua vez, valorizar o seu posto no sentido de possibilitar a instalação de um ministro das finanças a nível europeu. Naturalmente isto corresponderia também à desvalorização dos ministros das finanças dos países membros.

Portugal produz muitas personalidades de relevo europeu e mundial: Barroso, Constâncio, Guterres e agora Centeno

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo,