1° DE MAIO É O DIA DO TRABALHO DO TRABALHADOR E DO HUMANO

O trabalho é um direito básico e não só dos trabalhadores

António Justo

O Trabalho é a atividade que possibilita ao ser humano expressar a sua personalidade e a sua honra. Se essa possibilidade lhe for roubada, fica reduzido a mero esboço e é-lhe usurpada a dignidade que lhe vem do trabalho voluntário!

Ao observar a fixação da nossa sociedade no produzir e não no criar compreendo que um dos trabalhos mais difíceis a promover será o de pensar.  A palavra também pode ser um trabalho, uma ferramenta com que se burila a sociedade!

A “quarentena” do Coronavírus além de nos possibilitar tempo para repensar, também pode tornar-se numa oportunidade para construirmos uma sociedade nova em que a solidariedade e a dignidade humana se tornem no seu elemento de sustentabilidade.

Hannah Arendt admoestava: «O que se nos depara é a perspetiva de uma sociedade de trabalhadores sem trabalho, isto é, sem a única atividade que lhes resta».

O trabalho é um direito fundamental e não só dos trabalhadores. A tragédia do desemprego terá consequências sociais mais maléficas do que as do vírus.

Será chegada a hora das organizações de trabalhadores alargarem o sentido da sua luta, não só em defesa dos trabalhadores, mas sobretudo na defesa do direito ao trabalho.

O facto de eu chamar a atenção para a Defesa do Trabalho não quer isto dizer que não seja óbvia a luta por salários mais justos dos trabalhadores. Aqui quero chamar a atenção para um outro problema que é simplesmente o do trabalho: o direito de todos a ter trabalho! Num tempo em que as máquinas e a Inteligência Artificial se encontram cada vez mais a substituir os trabalhadores é preciso juntar os esforços de todas as secções sindicais no sentido de defenderem mais o direito ao trabalho para todos e também de alargarem o leque dos seus temas; cada vez teremos menos trabalhadores e consequentemente de nos focar não só na defesa de interesses sectoriais ou de grupos de quem tem trabalho mas especialmente levar a política a preocupar-se pelo verdadeiro problema do futuro e que se resume no direito ao trabalho e na criação de lugares de trabalho e certamente para poder tal transferir parte dos impostos para os produtos das máquinas totalmente automatizadas!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo