Portugal poupado na Acção de Apoio
António Justo
Encontramo-nos numa crise financeira inédita, numa odisseia política sem fim. A Alemanha, um país com grande responsabilidade na EU, não podia apressar-se na decisão de apoio à Grécia porque sabe que o vírus a eliminar se encontra no sistema bancário mundial e na EU.
No Parlamento alemão, a lei de apoio à Grécia foi aprovada com 390 votos de deputados a favor, 72 contra e 139 abstenções. A Chanceler Ângela Merkel lamentou o facto do SPD não ter apoiado a acção.
A Alemanha depois de hesitar em fazer de bombeiro votou a lei que autoriza o empréstimo de 22.400 milhões de Euros à Grécia nos próximos três anos. A primeira prestação de 8.400 milhões será já disponibilizada
Os Estados com maior crise na EU poderão suspender o pagamento do seu empréstimo à Grécia. A legislação votada no parlamento alemão prevê: “No caso dos credores terem custos de juros de refinanciamento superiores aos juros que os devedores pagam no âmbito do contrato de empréstimo, podem requerer a não participação no pagamento da próxima prestação”.
Portugal pode optar pelo não pagamento da próxima prestação, dado ter de pagar no mercado bancário internacional uma taxa de juro superior aos 5% que receberia do crédito à Grécia. Em contrapartida, Sócrates terá de renunciar a projectos que só iriam aumentar a crise portuguesa. Portugal tem de empenhar-se mais em investimentos produtivos.
O preço do euro desce no mercado internacional, os produtos importados de fora da zona Euro encarecem; a gasolina torna-se mais cara. Isto parece não preocupar o Estado porque em cada litro de gasolina recebe 86 cêntimos de imposto e quanto mais cara a gasolina mais o estado recebe.
A Alemanha tem sido criticada internacionalmente pela mora no apoio à Grécia. Em nome da humanidade acusam o vice-campeão mundial de exportações (a Alemanha) de agravar a situação não acudindo logo à catástrofe. Esta opinião parece ignorar que as chefias bancárias é que têm orientado a política e a população alemã exige, em contrapartida mais rapidez nas reformas de regulação do mercado financeiro. Neste sector a EU ainda se tem mostrado mais temerosa que os Estados Unidos da América. Falta ao Euro uma visão europeia.
A EU não pode acusar o “made in Germany” de proteccionismo se a EU não tem o controlo do sector financeiro e permite às direcções dos bancos o abuso, com antes da crise, e por outro lado subvenciona os produtos agrícolas europeus contra a concorrência exterior.
O ressentimento contra a Alemanha é uma moeda de mau pagador. Os políticos estão interessados no “continuar como até agora”. A Alemanha precisa mais tempo para a decisão não só por razões de grupos especuladores mas especialmente porque o cidadão alemão exige muita discussão pública, ao contrário do cidadão latino. Sócrates, Zapatero, Berlusconi não são tão controlados e não precisam de sofrer grandes consequências pelas decisões que tomam.
Não há bombeiros capacitados para apagar o fogo que começou na Grécia e se alastrará por toda a Europa e com ela às nações industriais que continuam a subsidiar os abutres das finanças internacionais. É um escândalo que estes ainda não paguem um imposto de transacção e ganhem com as crises que provocam. O povo grego protesta e com razão porque tem de pagar a factura enquanto que os especuladores e as grandes multinacionais se safam. Safam-se porque têm os governos como reféns e o povo à disposição. O turbo-capitalismo precisa de quem lhe faça frente.
António da Cunha Duarte Justo
Alemanha
Hallo,
ich bin nicht der Meinung, dass unser Problem der “Turbo-Kapitalismus” ist. Im Gegenteil… das
Problem ist der ausufernde Sozialismus und Merkantilismus:
Wenn beispielsweise eine Zentralbank den Zinssatz festlegt, dann hat dies nichts mit Marktwirtschaft zu tun sondern mit Planwirtschaft. Weiterhin wird Kapitalismus nur dann funktionieren, wenn er diejenigen bestrafen kann, die Fehler gemacht haben. Der Westen hat sich aber mit einem enormen Tempo in die Richtung entwickelt, den er selbst früher in den korrupten kommunistischen bzw. sozialistischen Ländern angeprangert hat: Vetternwirtschaft. Die westlichen Regierungen haben sich bisher lediglich dadurch ausgezeichnet, dass sie die Inkompetenten Trottel in den Banken, Versicherungen oder Investmentgesellschaften belohnt haben, in dem sie deren Schulden für die gemachten Fehler auf die Gemeinschaft abgewälzt haben. Und jetzt beschweren sie sich darüber, dass diese Hunde dieses Geld nehmen und auch noch auf den Zusammenbruch der Retter wetten?
Der Staat oder die Staatengemeinschaft ist nicht die Lösung sondern Teil des Problems. Meiner Meinung nach kannst Du eine völlige Fehlkonstruktion nicht dadurch retten, indem Du einzelne Details änderst. Wir brauchen mehr Freiheit und mehr Selbstverantwortung… deutlich weniger Regulierung, Gesetze und (Überwachungs-) Staat.
Wahrscheinlich wird die Mehrheit des Volkes die nachfolgende Lektion nur auf “hartem” Wege
lernen: “Ein Staat, der die Möglichkeit hat Dir alles geben kann was du brauchst, hat auch die Macht Dir alles zu nehmen, was Du hast!” (– Ist nicht von mir.)
Elias da Silva
Obrigado por tão bom comentário que argumentativamente vai ao fundo da questão. Também sou do parecer que depois da queda do socialismo, os capitalistas abandonaram a perspectiva social do capital e assumiram muitas das estratégias do socialismo. O problema é que os políticos e os seus sobrinhos do capital fazem parte da mesma confraria contribuindo para a degradação do capitalismo e a que eu daria o nome de turbocapitalismo. Na promiscuidade defraudam o capitalismo. Facto é que os dançarinos do poder se encontram no palcos dos bancos, das sociedades de investimento e dos seguros. Por isso, como tu bem dizes são parte do problema! O problema é que os sistemas são feitos de pessoas e estas deturpam as instituições corrompendo-as de tal modo que nenhuma se salva!
AINDA DIZEM QUE NÃO HÁ BRUXAS…
Eça de Queirós, em 1872:
«Nós estamos num estado comparável sómente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá… vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se, a par, a Grécia e Portugal.»