IDEIA DE UMA NOVA UNIÃO MONETÁRIA EURO NA MESA DA AGENDA POLÍTICA

Agora vira-se o Feitiço contra o Feiticeiro!

“O que ameaça a Europa não é um demais mas sim um demasiado pouco” disse Francois Hollande! Procura com isto colocar-se na vanguarda da Europa para com a Alemanha colocar a Zona Euro na carruagem nobre da UE. Quer para isso uma Zona Euro com um governo, com um orçamento próprio e um parlamento que o legitime. Este governo ditaria as normas dos estados membros. Hollande e Merkel querem marchar à frente com um núcleo de estados a que se poderiam juntar países dispostos a integrar-se. A este grupo poderiam pertencer, também a Bélgica, Países Baixos, Itália e Luxemburgo, assim como Portugal e Espanha, segundo refere a imprensa alemã.

Já em 1994, Wolfgang Schäuble tinha elaborado uma proposta juntamente com Karl Lamer para a Comissão Parlamentar da Política Externa (HNA 22.07) em que propunham a criação de uma Europa de duas velocidades. Está prevista para o outono uma reunião em Bruxelas sobre o desenvolvimento da União Económica e Monetária. Até lá, a Grécia já terá, certamente, iniciado o recuo do Euro.

No Princípio a Grécia impedia outros Países de entrar no Club CEE e agora queixa-se

No contencioso entre o grupo Euro e a Grécia afirma-se a consciência de que o dinheiro é poder (se não o poder) e este determina (infelizmente) a realidade embora muitos vivessem melhor com um outro credo em que interesses encobertos não determinassem a realidade. Não é fácil a coordenação das leis fundamentais da economia com as da política numa Europa em que a intenção subjacente é fazer da “Europa um continente competitivo”.

Uma bagunça para a economia e para todos e em especial para a esquerda que via na Grécia o espírito de luta a activar contra os governos; uma bagunça porque a afirmação do status quo não oferece perspectivas de futuro nem para uns nem para outros!

Cada Estado, cada ideologia procura servir-se sem pensar nos custos do serviço. A Grécia já em 1985 sabia tirar proveito da sua situação usando do direito a veto para bloquear a entrada de Portugal e Espanha na CEE. Em 1985 o governo grego era contra o acordo que regularia a entrada de Portugal e Espanha para a CEE. A entrada só foi possível em 1986 depois de a Grécia ter recebido como contrapartida da retirada do seu veto “um auxílio adicional no quadro das verbas para os PIM: dois mil milhões de dólares “ da CEE (Diário de Lisboa/Fundação Mário Soares).

Portugal tem muito boa reputação em toda a Europa. Mas só um governo, uma oposição e uma opinião pública orientada pela solução de problemas na base de factos concretos e de dados económicos (e não de intrigas a entre pessoas de partidos rivais) poderá fazer o país progredir!
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

NOVOS MUROS NA EUROPA – EURO DURO E EURO MOLE

O Presidente Francês defende uma União Europeia a duas Velocidades

Por António Justo
Os políticos não têm uma vida fácil! Têm de combater em duas frontes de batalha: no campo dos interesses da população e no dos interesses daqueles que mais influenciam o andamento do Estado; por outro lado têm de elaborar um discurso apropriado para os cidadãos e eleitores e outro discurso adequado aos ouvidos do estrangeiro. Hollande tornou-se num bom exemplo destas dicotomias.

No discurso dirigido ao exterior Hollande punha-se ao lado da Grécia e revelava-se crítico em relação à Alemanha; agora num discurso dirigido para o interior e à Alemanha, o presidente francês parece acordar e diz “Os parlamentos estão demasiado afastados das decisões. E as pessoas estão a afastar-se depois de serem tão ignoradas.” As próximas eleições já em vista (2017) obrigando-o a adoptar o discurso no sentido dos interesses da França e da Alemanha declarando-se por uma Europa de duas velocidades. Holland e Schäuble querem ver salvaguardadas as suas próximas eleições. Naturalmente por isso, Hollande advoga agora uma união financeira e parlamentar dos 6 países (França, Alemanha, Bélgica, Itália, Luxemburgo e Holanda). Isto parece ser um aviso directo à Grécia para que organize novas eleições em que iniciem a saída do euro.

Hollande reaviva o discurso original da opinião pública Alemã que levou à formação do partido AfD contra o Euro e dos que defendiam a necessidade de uma União Europeia a duas velocidades.

A UE encontra-se exausta; uma parte da opinião alemã vê, como remédio contra os problemas da Grécia e da germanofobia, a introdução da Dracma para os gregos e do Marco para os alemães. A “saída da Grécia” e de outros países da Zona Euro, ou a criação de dois tipos de euro – um duro e outro mole – que os pássaros cantavam em todos os telhados já em 2008, repete-se precisamente agora num discurso apelativo por gurus de diferentes ampliadores de ideologias. Quem seguiu a discussão de 2009 e 20010 não encontra ideia nova nos artigos dos jornais nem nos peritos. Depois do baile grego, os grandes encontram-se exasperados; talvez isso os leve a tomar outros passos apressados, na esperança de que a união dos fortes ajuda a evitar guerras duras na Europa.

Hollande parece cínico ao dizer que na “ajuda” à Grécia (na realidade uma grande ajuda aos credores internacionais) “prevaleceu o espírito europeu”. No Journal du Dimanche escolhe precisamente o 90° aniversário de Jacques Delors para pôr na ordem do dia a ideia de “um governo da zona euro e adicionar um orçamento específico bem como um parlamento para assegurar o controlo democrático”… O eixo franco-alemão parece começar a tomar contornos. Hollande repara assim as ofensas que se tinha permitido contra a Alemanha nas últimas noitadas de Bruxelas!

O Dinheiro foi passar um Dia de Férias à Grécia

O dinheiro foi passar um dia de férias na Grécia. O demasiado sol descontentou-o e logo encurtou as férias regressando a casa, ao BCE e ao FMI. A Grécia recebeu 7, 16 mil milhões de Euros do Fundo de resgate da UE e com eles pagou dívidas de dois mil milhões de euros para o FMI e 4,2 mil milhões de euros para o BCE.

Os magnates da economia ao fecharem os bancos por 22 dias conseguiram ordenar os cidadãos e discipliná-los em bichas em frente dos caixas eletrónicas dos bancos.

Que a união europeia é necessária não duvido da necessidade da UE nem da complexidade das do mundo financeiro mas o facto da sua complicação não chega para justificar quer o desconhecimento de políticos quer a apatia do cidadão e muito menos ainda a desculpa do status quo. Os bancos não são o problema mas a expressão e símbolo dele. As diferentes perspectivas do problema, sejam elas socialistas, capitalistas ou doutras istas são as diferentes visões de uma realidade maior que englobaria todas elas. Naturalmente a toda a definição corresponde uma redução!

Não será possível uma União Europeia sem custos económicos para as economias fortes nem o abdicar de direitos soberanos para todos.
António da Cunha Duarte Justo
In Pegadas do Tempo: www.antonio-justo.eu

OS BANCOS SÃO OS EXÉRCITOS AVANÇADOS DAS POTÊNCIAS

União Europeia dividida em Europa do Norte e Europa do Sul

Por António Justo
Em termos de mentalidade e de economia a Europa encontra-se dividida em duas: a Europa do Norte e a Europa do Sul como podemos constatar a partir da luta cultural iniciada no século XVI pela reforma protestante e em parte na maneira como o império romano desabou. A norte predomina a mentalidade da cultura protestante (mais capitalista e técnica) e a sul a mentalidade católica (de caracter mais rural e natural); a primeira tem uma perspectiva mais individual (elitista) e a segunda uma perspectiva mais comunitária (popular).

Com a tragédia da segunda guerra mundial os países centrais e nórdicos começam por criar uma união económica integradora das economias. Com a queda do muro de Berlim resultante do colapso do comunismo pensou-se na organização de uma Europa económica e política sem fronteiras (1). Finda assim a época das guerras militares entre países europeus para surgir um outro tipo de guerra: a guerra económica com sanções e servidões entre as nações.

Antes as nações usavam a força dos exércitos para derrubarem principados e nações; actualmente, com uma estratégia adequada à democracia, as potências usam o seu poder financeiro internacional (Bancos) para derrubarem soberanias de economia mais fraca e para humilharem democracias. De facto, os bancos são os novos exércitos avançados das nações.

Por outro lado, os soldados mercenários da guerra foram substituídos pelos trabalhadores migrantes…

A estratégia pós-guerra da França de condicionar a União da Alemanha à criação da Moeda Única (Zona Euro) para, deste modo, a amarrar e criar uma zona de paz duradoura na Europa não parece frutificar. A Alemanha perdeu a guerra político-militar mas ganhou a guerra económico-política; e esta é a guerra do globalismo.

Como se vê da Grécia e de Bruxelas, da disputa entre o norte e o sul da Europa, as hostes avançadas e discretas da economia não arredam pé. Não há uma política económica para as nações. Em vez de uma Europa confiante vive-se numa sociedade europeia de medos. A europa do norte compreende-se como trabalhadora arrecadando para o seu celeiro e sofre do medo de ter de distribuir o que de todos arrecadou com suor e inteligência: A Europa do Sul teme pelo seu estilo de vida: uma existência do bom viver; “não só de pão vive o Homem”; por isso se reage veementemente não querendo ser reduzida a homo faber.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
antoniocunhajusto@gmail.com

(1) Toda a história da Europa tinha sido um enredo de divisões e de guerras militares sangrentas. Com o findar da segunda guerra mundial as potências europeias ansiavam por paz estável e por viver em união numa Europa de economia integrada. Em 1952 a Alemanha Ocidental, a França, a Itália juntaram-se ao Benelux (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo) e criaram a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), a primeira organização supranacional e acabaram por fundar em 1957 a CEE (comunidade económica europeia, a que se juntam em 1973 a Irlanda, o Reino Unido e a Dinamarca, em 1981 a Grécia e em 1986 Portugal e Espanha – http://europa.eu/index_pt.htm). Em 1993 a CEE é substituída em Maastricht pela UE. . e procura para isso organizar alianças económicas que colmatam na intenção da formação de uma união política, surgindo a UE.

A PROVOCAÇÃO ELEVA O EFEITO EMOCIONAL

Ângela Merkel em diálogo com uma pretendente a asilo

António Justo
Há grupos que apostam na missiva emocional como único critério de interpretação e explicação de factos complexos que exigem abordagens complementares para serem tratados com seriedade. Nestas andanças da opinião pública há muitos que recorrem da mal-interpretarão e da provocação, para elevarem o efeito emocional que, por vezes, chega mesmo a embotar a razão.

O governo alemão organizou uma série de Eventos sob o título “Viver bem na Alemanha”. Entre eles conta-se o “diálogo com o cidadão” de Ângela Merkel com 32 alunos em Rostock, onde uma jovem palestiniana chorou e a chanceler se dirigiu a ela e a afagou.

Este encontro de 15.07 foi o 99° evento de diálogo é o segundo com a participação directa da chanceler. Nele a jovem libanesa Reem, a quem, depois de 4 anos de estadia, ainda não foi reconhecido o estatuto de refugiada, falou sobre a sua vontade de querer viver a vida sem preocupação de futuro como vivem outros jovens e referiu-se à sua situação e de outros refugiados ou pretendentes a tal que vivem na insegurança.

A Chanceler disse que o governo prepara uma lei que facilita a situação para pessoas em situação como a dela e que um processo de asilo não deve levar tanto tempo a ser concluído. Referiu que há muitos milhares de pessoas no Líbano e milhares de milhares de pessoas em África que desejam vir para a Alemanha mas a “A Alemanha não pode acolher todos” os que querem vir do Líbano, da África, etc.

Passados momentos a jovem começou a chorar e a chanceler dirigiu-se a ela para a afagar e referiu-se ao projecto de lei em vista que simplificará a duração do processo.

Os jornais em toda a Europa aproveitaram-se do assunto para difamar e mal-interpretar o evento. Os títulos de muitas notícias fomentaram o preconceito contra a Doutora Merkel e contra políticos como se os políticos fossem sempre pessoas sem sentimentos.

A exploração da parte emocional dos temas não serve a objectividade e deforma a opinião porque não contempla a parte factual-racional tornando-se mal-intencionada ao saber que há um determinado público que só tem acesso a notícias emocionais.

A imprensa sensacionalista logo titulou “Merkel Rainha de coração frio” sugerindo que Merkel não deveria só afagar a jovem que chorava mas prometer-lhe a estadia.
Uma Chanceler, pelo facto de o ser, não pode arbitrariamente passar por cima das leis que regulam um estado de direito; se além de a consolar fizesse uma excepção para a família Reem logo o cidadão se levantaria e atacaria a Chanceler porque também ela tem de obedecer às leis.
Foi uma experiência difícil para a jovem e para a Chanceler. Experiências destas podem ajudar a humanizar a feitura das leis. No caso da pretendente a asilo, a quem não foi concedido ainda o direito de asilo e que se encontra na Alemanha com a família há quatro anos, pode vir em seu benefício um projecto de lei que prevê a permissão de estadia na Alemanha (não podendo ser deportados) para pessoas que vivam há mais de 4 anos na Alemanha e mostrem boas condições de integração (conhecimento da língua, etc. como revela a jovem Reem).

Junto o site onde se pode ver toda a conversa entre Ângela Merkel e a jovem: https://www.gut-leben-in-deutschland.de/SharedDocs/Blog/DE/07-Juli/2015-07-15-dialog-kanzlerin.html?nn=1328644
António da Cunha Duarte Justo
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PORTUGAL DEU O PONTAPÉ DE SAÍDA EM FAVOR DA GRÉCIA NA CIMEIRA DO EURO

PM Passos Coelho nos seus melhores Dias

Por António Justo
Numa altura em que o eixo da Europa (França e Alemanha) parecia atolar-se, Portugal foi bem-sucedido ao intervir na cimeira da zona euro com uma proposta que deu oportunidade para a saída do lamaçal em que a Grécia e as instituições da UE se encontram.

Segundo informações da imprensa e as declarações do PM Passos Coelho, Portugal teve um grande papel no desbloqueamento das relações entre a Grécia e os outros 18 países no que respeitava à criação de um fundo das privatizações gregas (50.000 milhões de Euros) como fundo de garantia para os credores. Passos Coelho adiantou que do valor dos 50 mil milhões de euros do Fundo das Privatizações a criar, “25 mil milhões fossem usados para recapitalização dos bancos” e os outros 25 mil milhões fossem empregues, “no abatimento da dívida pública” e no “ financiamento do crescimento”, o que corresponderia, destes 50% do Fundo, 12,5 mil milhões para “baixar o rácio da dívida sobre o PIB e os restantes 12,5 mil milhões para investimento”.

Quanto ao recurso ao fundo de ajuda de emergência (EFSM) para apoio da Grécia não será fácil, também porque nele participam os 28 Estados membros da UE não sendo possível consenso tão rápido dado a Inglaterra e países com nível de vida inferior à Grécia não estarem para já de acordo.

A cimeira política de Bruxelas, mostrou boa vontade mas o busílis da questão vem da economia e das condições exigidas à Grécia. A situação não promete porque o governo grego não tem confiança no Euro grupo nem os países europeus têm confiança na Grécia.

Bruxelas, depois de um parto longo e indesejado, deu à luz uma esperança curta que se manterá mais ou menos estável até passarem as eleições alemãs e francesas em 2017. Então seremos brindados com um novo baralhar de cartas, novamente a ser apresentado pelos interesses financeiros que então justificarão uma nova crise de que bem vivem.

Na realidade quem manda é a economia que se encontra sediada nas grandes potências. Qualquer base de discussão tem de partir da realidade e do compromisso por muito má ou injusta que seja ou pareça ser; nos países nórdicos mais que política discute-se economia, mais que opiniões analisam-se as medidas governamentais e os correspondentes custos e discutem-se factos, também eles não isentos de interesses próprios. Nos países do sul é-se menos exacto mas vive-se mais.

Com etiquetas negativas chega-se a açaimar a opinião

A notícia referida custou a passar na opinião pública portuguesa dado não servir o sistema da lamentação sobre Portugal. Anteriormente, numa certa vertente da opinião pública portuguesa, havia saraivadas de crítica ao governo pelo facto de exigir, da parte da Grécia, capacidade de compromisso.

O que os governos portugueses fazem ou deixam de fazer, sejam eles sociais-democratas ou socialistas, é sistematicamente comentado negativamente pela parte da oposição. Uma focalização unilateral, negativista parece revelar características de perturbação Bordaline. Muitas vezes, Portugal é reduzido ao que se fala dele – a um Portugal dos outros. Isto talvez se deixe explicar por uma tradição de extremo republicanismo de perspectiva partidária e sem pátria, todo ele feito de clubes e adeptos em que o que conta é a cor da camisola. A má consciência fomenta uma cultura da desconfiança e promove um espírito de adepto/admirador que vive da negação do outro e se contenta com a afirmação da própria opinião. Cada qual recolhe para si louros que muitas vezes não passam do maldizer do outro.

A demagogia política é paciente e tem como demarcação fronteiriça a opinião a favor e a opinião contra!
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu