UM PAÍS DE BANANAS GOVERNADO POR SACANAS


Partidocracia contra Democracia

Anmtónio Justo

A nova lei do financiamento partidário, este mês promulgada, instiga os partidos e seus dirigentes à corrupção. No caso de um partido ser condenado a pagar ao Estado milhares ou milhões de euros por suborno ou incumprimento na angariação de fundos para o seu partido, a nova legislação permite que estes sejam declarados como despesas dos partidos que são subsidiadas pelo Estado.

A RR Renascença, com referência ao Expresso escreve: ‘No Decreto n.º 66/XI, a alínea c do artigo 12 passou a incluir “os encargos com o pagamento das coimas previstas nos números 1 e 2 do artigo 29” que se referem às coimas aplicadas aos partidos e até mesmo aos seus dirigentes’.

Caso semelhante de legalização do suborno e apadrinhamentos de projectos é o Decreto-Lei 72-A/2010, de 18 de Junho.

Como pode surgir tal ideia na cabeça de um cidadão normal? Porque promulga Cavaco Silva tal disparate?

O que para o cidadão é lei para o partido e seus dirigentes torna-se excepção. De facto o partido e seus dirigentes são premiados pela infracção e o povo não reage porque ou faz parte do povo ausente ou faz parte das elites que se servem dele.

O comportamento de governo, de partidos e de seus boys ensina: Em Portugal quem não é ladrão e oportunista é ingénuo ou culpado da sua pobreza. Os grandes ladrões serão sempre Grandes e os pequenos ladrões nunca passarão de pequenos adiante! O pequeno resto estabiliza aqueles. Vergonha é que uns e outros se sintam empertigados quando falam de governos africanos, sul-americanos ou quejandas!

Os partidos portugueses, nasceram dos defeitos da revolução / invasão francesa e da continuidade da prática feudal de classes. Reservam para si e para os seus, feudos especiais esclarecidos, os seus terrenos maninhos, onde a lei geral não pega nem o povo grela.

O Presidente da República, como elemento do sistema partidário apoia-o, deixando passar a lei e como cidadão, manifesta reservas, duvidando da sua transparência. Num país do faz de conta, eles têm a faca e o queijo na mão! Um país com cidadãos e instituições adultas não permitiria que se chegasse a tais excessos. Num país de cidadãos honrados, certamente que um partido ou grupo de cidadãos processaria a lei a nível de tribunal constitucional e os partidos seriam colocados nos bancos dos réus. Alguns paridos barafustam tacticamente contra os partidos que fazem passar tais leis; mas de facto não tomam medidas sérias contra a corrupção, porque também eles fazem parte do sistema. Por outro lado o Tribunal Constitucional português não se compreende como garante da Constituição e dos direitos do cidadão. A própria Constituição surgiu de grupos sem a consciência de povo e foi elaborada num período anti-nacional. O funcionamento normal das instituições portuguesas torna-se impossível pelo facto da mentalidade e de todos os sectores públicos se encontram conectados por supra-estruturas discretas que, com a invasão francesa se instalaram no organismo do Estado, em substituição das antigas.

O Rei D. Carlos que conhecia bem os males da Monarquia e da República descrevia assim a nossa realidade: ”Um país de bananas governado por sacanas”!

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com


Capitalismo de Estado contra Turbo-capitalismo


ECONOMIA CHINESA FERE O CORAÇÃO DO OCIDENTE

António Justo

O regime chinês reúne numa só mão o poder político e económico, tornando-se agora, com o seu capitalismo de estado, numa ameaça para o capitalismo ocidental não regulado. Este passe de rasteira ao capitalismo internacional leva, por seu lado, os estados livres a produzir leis proteccionistas das suas economias para impedirem a fuga do capital, produzido pelos operários, para nações concorrentes. A política de expansão chinesa, permite-se transgredir leis internacionais de mercado e mesmo o roubo de tecnologias.


À maneira capitalista, compra companhias, técnica, know-how (europeu e americano) e as riquezas do solo (África, Austrália e América Latina). Por outro lado, em nome da paz social na China, mantém a sua moeda (Yuan) subvalorizada, beneficiando assim a sua exportação. Pior ainda, o Estado subvenciona as firmas nacionais com créditos baratos e discrimina os investidores estrangeiros no acesso às matérias-primas e na concessão de empreitadas públicas. Por outro lado os mesmos países vêem-se obrigados a comprar produtos chineses por serem mais baratos. Deste modo vão iludindo a contínua baixa do poder de compra do povo ocidental.


A EU já pensa, como fez a USA, em tomar medidas proteccionistas também: discriminação contra discriminação.


Os chineses fazem o que os japoneses fizeram: com os seus estudantes, copiaram as tecnologias nas universidades ocidentais e depois puseram os seus produtos a preços concorrentes no ocidente. Ao contrário dos chineses consideravam os concorrentes como parceiros, respeitando as regras do jogo para os grandes.


Provocaram a Crise têxtil europeia como provocarão a crise automóvel


A revista alemã de finanças “Manegermagazin” de 12/10, já teme o futuro da economia ocidental, descreve a agressão chinesa no sector financeiro internacional. Refere a aquisição ou participação de empresas chinesas no estrangeiro (num valor que vai de um bilião – cem mil milhões- a 14,3 biliões de dólares por firma) das seguintes empresas: Rio Tinto na Argentina, Addax (Inglaterra),Bridas Corp (Argentina), Itaminas (Brasil), Plena Transmissoras (Btasil), Peregrino Ölfeld (Brasil), Penn West (Canadá), Syncrude (Canadá), Volvo (Suécia), Arrow Energy (Austrália), Bauxit Mine (Gana), Reps Brazil (Brasil), Ölfeld Texas (USA), Nigerien Telecom (Nigéria), Fortis-Sparte (USA). Destas firmas 11 são do ramo das matérias-primas, uma da energia, uma automóvel, uma Telecom e uma de Bancos. Todos estes sectores determinantes para o futuro.


Por estes andares, a Europa encontra-se a caminho de se tornar museu enquanto a China se tornará o centro da produção.

A economia dirigida do mercado causa dores de cabeça não só à grandes multinacionais como aos Estados do Ocidente. A China concorre hoje com produtos de terceira categoria com as pequenas e médias empresas ocidentais, amanhã concorrerá com os produtos de primeira classe das multinacionais europeias e americanas.


O monopolista estado aprendeu as regras do turbo-capitalismo seguindo uma estratégia desleal. Mas o que é mal dum lugar pode ser bem do outro.


Será que o capitalismo liberal, para reagir, terá de voltar aos nacionalismos de ontem ou preparáramo-nos para o conflito de civilizações? Este será o caso, segundo a ordem das coisas na História: primeiro deu-se o conflito entre tribos, depois entre nações e o último será entre regiões ou civilizações. O maior conflito que se avizinha, com graves consequências para a escalada dos preços e conflitos dar-se-á no sector das matérias-primas.


Uma economia nacionalista dirigista criará grandes problemas ao capitalismo liberalista internacional e ao globalismo. Avizinham-se tempos altos para as ideologias. À revolução política chinesa segue-se a expansão económica e ao bem-estar europeu o incómodo social.


Na história dos imperialismos aflora-se um novo imperialismo. O critério da sua avaliação orientar-se-á pela participação do povo na produção e no consumo. O certo é que o socialismo primeiro luta pela libertação e quando se encontra no poder luta pela ideologia que reprime a liberdade. Uma perspectiva a partir da precariedade não se preocupa com direitos humanos, com participação popular nem com a corrupção. Todas as nomenclaturas terão o indivíduo como concorrente e corrector.


Semelhante ao Islão, entra nos estados pela porta traseira, para depois, do alto do seu mirante, exigir e ditar condições. Servem-se da fraqueza de sistemas, Estados e firmas para se afirmarem, com as suas companhias estatais, nas partes fracas do Ocidente. Aprenderam depressa a estratégia ocidental, o que irá emperrar a realidade democrática ocidental. Não fosse a História um palco de colonialismos e imperialismos sucessivos e a sua plataforma o sempre povo.


Na sua estratégia de invadir os países do euro, os bancos nacionais chineses concedem créditos mais baratos aos estados em dificuldade, investindo, sobretudo, na construção de estradas, caminhos-de-ferro e aeroportos. Entram em Estados pobres com um mínimo de capital procurando tirar o maior lucro económico e ganhar o máximo de influência política como se viu no último apelo chinês ao boicote da celebração Nobel.


Já aplicou esta estratégia de apoio na Grécia e agora faz o mesmo em Portugal. Esta é uma novidade que poderá ser, numa primeira fase, interessante para economias fracas. Será, mais que isso, um contributo para disciplinar um liberalismo capitalista feroz. De resto ficará a velha praxe: Da luta dos grandes sempre restam algumas migalhas para os pequenos!


A Alemanha é o país da EU que está mais preparado para resistir à concorrência barata chinesa. Apesar disso, os grandes empresários alemães queixam-se e já vêem nuvens no horizonte.


António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com