O Governo Contradiz o Presidente da República

Novos Emolumentos – Emigrantes Explorados

“O Estado não pode demitir-se de resolver problemas de emigrantes!” Estas palavras do Presidente da república Cavaco Silva ainda estavam mal publicadas na imprensa e logo a acompanhá-las a publicação das novas tachas a pagar por emigrantes. Assim, para desfazer malentendidos o Governo manda o recado indirecto ao Senhor Presidente: “aqui quem manda sou eu”! É de aproveitar, aproximam-se as férias!…

Os governos dificultam a vida ao povo da província obrigando-o a emigrar. Desresponsabilizam-se e, como não há mal que não venha por bem, servem-se das remessas e dos emolumentos. O Estado português já há muito se alheou e demitiu da responsabilidade perante este povo. Mais que querer “garantir estruturas” administrativas para os emigrantes e fomentar pelouros de ocupação à disposição dum Estado partidário que tem uma grande boca, precisando, por isso, de lugares administrativos para ocupar com os seus fieis, é urgente o fomento duma cultura aberta, crítica e tolerante que valorize a figura do emigrante para Portugal.

Enquanto o emigrante continuar a ser olhado com inveja pelos bons do sítio e constituir um modo de vida para exploradores da política, continuar-se-á a manter um discurso hipócrita e mentiroso. Aos emigrantes duplamente vítimas reserva-se-lhe o papel de mordomos nas festas.

Que haja uma racionalização de meios e serviços no sentido dum melhor serviço a Portugal e aos emigrantes considerando a emigração menos coutada. Em Portugal entram diariamente mais milhões de euros enviados pelos emigrantes do que pela União Europeia. Entretanto a imprensa portuguesa não valoriza os emigrantes. Pelo contrário, alguma imprensa que publica no estrangeiro está mais preocupava em propagandear os produtos portugueses, o que seria natural se não representasse tão mal os interesses dos emigrantes perdendo-se em questões paliativas!… O vírus da mentalidade comezinha impera. Todos sabem que o povo explorado não tem remissão. Deles importa o que metem menos à boca para outros poderem capitalizar.

Quanto aos portugueses que vivem no estrangeiro ocupando melhores lugares, a administração procura infiltrar-lhes o vírus da subserviência com convites ou quejandas. É assim que uma migração, sem voz por não se interessar em organizar e manifestar, continuará a ser uma migração coitadinha nas mãos de coitadinhos.

A nova tabela
A nova tabela de emolumentos consulares publicada no Diário da República, aumenta em 63% o custo dos passaportes passados pelos consulados. O passaporte electrónico passa a custar 70 euros além dos grandes agravamentos nas custas de serviços. O passaporte para menores de 12 anos custa 50 euros e para maiores de 65 anos 60 euros. Pedidos de vistos de escala e de trânsito passam de 10 para 60 euros.

Já não bastam as deslocações a trezentos e mais quilómetros para muitos emigrantes com a perda de trabalho como a dificultação de resolução dos actos por via postal em consequência dos agravamentos de envio (custas de envio dum passaporte 35 euros).

O povo espera sempre por líderes honestos e assim desbarata a vida na desonra do aguentar sempre. E alguns a andar. ainda dão a culpa aos emigrantes estes em vez de fazerem revolução terem posto a andar.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

Noite das Igrejas Abertas

Em Kassel, cidade com 200.000 habitantes, 55 igrejas e comunidades cristãs, à semelhança de outras cidades da Alemanha, participam na Noite das Igrejas Abertas a realizar no dia 29 de Junho das 18 às 24 horas. Esta é uma noite especial onde se pode viver novas formas de espiritualidade ou satisfazer a curiosidade aos mais diversos níveis, atendendo à variedade de programas à disposição. Entre outros: hospedagem, dança, música, gospel/pop e rock, teatro, imagens, exposições de quadros, instalações de luzes, colagens, improvisações, Open Air, instalações-video, projecções, novas formas litúrgicas, oração gestual, comida e bebida, temas de discussão, diálogo, encontro, etc.

Nesse dia toda a cidade, crente e não crente, se encontra em movimento na procura de novas experiências e descobertas. Nas cidades as pessoas vivem, por vezes, a paredes-meias com iniciativas e formas de vida alternativas sem as conhecerem. Esta celebração oferece também a oportunidade para se conhecerem os espaços e as comunidades e para se entrar em contacto uns comos outros.
Para efeito de organização e publicidade, na cidade de Kassel, há um grupo de trabalho permanente constituído por elementos das igrejas: católica, ortodoxa, evangélica e igrejas livres. Todos eles diferentes mas ligados na fé comum em Cristo formam o grupo coordenador. Os responsáveis pelos programas e organização são as respectivas igrejas.

Esta é uma maneira especial de estar presente no espaço público com bens culturais, monumentos de diversas épocas e com a vida das comunidades. A Igreja manifesta-se assim como espaço aberto do encontro, da festa, da arte, da meditação, etc.

Esta organização é apoiada por todas as instituições relevantes da cidade.

Esta forma de presença é muito oportuna, especialmente em grandes cidades onde o isolamento característico leva ao desconhecimento de muitas realidades e iniciativas existentes numa cidade viva.

Para uns trata-se de descobrir vida religiosa, para outros trata-se de a viver ou de lhe dar um novo rosto.

Também a sociedade laica se preocupa pelo facto do espírito religioso se esvair cada vez mais. Há muitas razões para se criticar certas disposições religiosas e as religiões têm muitos trabalhos de casa por fazer. Apesar de todas as insuficiências das religiões, pode-se estar seguro duma coisa: a extinção do espírito religioso pressupõe a extinção da cultura. Ideologias e formas de estado passarão mas o espírito religioso continuará. Este precisa de odres novos!

Responsáveis não podem continuar a comportar-se como a avestruz metendo a cabeça debaixo da areia, para não verem o perigo ou a adversidade. As hierarquias tornam-se cúmplices da crise ao fecharem-se na auto-suficiência como se a culpa do esvaziamento das igrejas tivesse explicações apenas externas. A crise não é apenas institucional mas também espiritual. Principalmente em regiões de frequência religiosa elevada, ainda se observa, aqui e acolá, um espírito rotineiro legalista autoritário que contribui mais para afastar do que para aproximar. O espírito religioso tudo compreende, une e não separa. Religião quer dizer religar. Moral e religião não podem continuar de sentinela a marcar passo enquanto o desenvolvimento tecnológico passa.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

Arte Moderna e Pós-Moderna ao Serviço da Ideologia

Saber Lógico contra Saber Figurativo

A Documenta 12 continua a tradição duma arte intelectual que nasce e morre na cabeça. Uma arte plástica para ser explicada. Como se a explicação não tivesse outras disciplinas próprias na literatura e na filosofia. Deste modo a arte atraiçoa os próprios artistas porque se autonomiza para ser explicada pelo olhar limitado do pensamento e dos que se ornamentam com ele instrumentalizando-a em benefício do discurso político.

Assim se violam as belas artes subjugando-as ao pensamento, ao discurso. Por trás disto está o interesse em reduzir a percepção da realidade ao pensamento. Este não é tão complicado revelando-se no melhor meio manipulador das massas. O interesse em extinguir a capacidade de percepção da linguagem por imagens não é inocente. A ditadura das ideias consegue assim recalcar outras formas de abordagem da realidade.

A arte plástica torna-se escrava dum órgão selectivo, restringidor. Já Pascal sabia que o coração conhece razões que a razão desconhece! As novas elites, especialmente a partir do século XIX, estão interessadas no pensamento conceptual. O universo porém é mais que um acto narrativo a querer-se explicitar, ele é também manifestação, criação não totalmente explicável pela razão. Quem mede a realidade com o texto, com a razão, talvez a resuma mas mata-a. O pensamento é como o autopsiador, trabalha com cadáveres, sem uma referência anterior. Fazem com a arte o que tentam fazer com a religião reduzindo-as a conceitos.

O pensamento racionalista e materialista procuram acabar com o saber figurativo que é específico da religião e da arte. O saber religioso e artístico (a experiência) é imediato enquanto que o saber conceptual é mediato. Políticos e iluministas para se apoderarem do poder e da cena discriminam o saber religioso e artístico proclamando o saber conceptual como a única forma do conhecimento arrumando assim com os rivais instituindo-se eles em mediadores hegemónicos da política e da vida, declarando outros modos do conhecimento como ilegítimos. Declaram o pensamento como um absoluto para assim poderem apoderar-se do poder e do povo que não possui o saber conceptual. Dá-se um reducionismo absoluto não reconhecedor da finitude e da limitação do conhecimento. Assim o povo duma só cajadada passa a ser considerado estúpido, não lhe sendo reconhecidas outras formas de abordagem da realidade. É a ditadura das ciências naturais contra as ciências humanas que relegam outros modos do de abordar a realidade para o mundo da fantasia. As virtudes sinais no caminho não se querem num mundo proletário. Este quer-se pronto a seguir, sem energia própria, sem vontade, quando muito eclético. O povo, e os académicos, cada vez perdem mais o acesso à imagem vivendo na e da subserviência ao discurso.

O saber da arte foi subjugado ao saber conceptual e posto ao serviço da ordinarice do factual nas mãos de fanáticos do saber conceptual. Assim constroem a democracia com alicerces sobre a areia em vez de a consolidarem. Continuam a querer um povo distraído a viver apenas na ágora ao som dos seus altifalantes, sem acesso à própria vida, sem imagens interiores nem transcendentes. Muitos continuam a correr atrás das cansados foguetes da modernidade ou da Pós-modernidade, esquecendo que esta época já está a passar. Repetem-se e acabaram por se desviarem do âmago da arte, da observação viva do mundo e da sua tradução para se entregarem a apresentações da arte ao serviço da política, da sociologia e da filosofia sem reconhecer a sua essência.

A qualidade da arte passa a ser ditada por homens do intelecto e do dinheiro que se organizam internacionalmente em cartéis e organizações de interesses. É o que constata o célebre artista Dieter Asmus ao afirmar que uma casta de teóricos “vigia internacionalmente sobre uma Modernidade já morta há muito tempo”. Também acha sintomático que uma arquitectura ainda alérgica ao ornamento do estilo Bauhaus de há 90 anos “continua a valer como o Nonplusultra do avantgardismo”.

Quem não estiver ao serviço do progresso e se atrever a um estilo próprio, diferente é apelidado de reaccionário. Os nossos “doutores da lei” são muito mais perigosos que os seus predecessores; eles não só nos querem apenas obedientes mas também limitados e triviais como o seu modo do conhecimento reduzido à ordem lógica e à retórica em serviço duma mediação política própria. Naturalmente que a reflexão deve ser um acompanhante atento e pressuposto na razão do coração e que os saberes abstracto, experimental e intuitivo se complementam.
.
Dieter Klaus critica a arte da pós-modernidade afirmando: “os artistas permaneceram durante um século inactivos observando como lhe foi tirada a competência de interpretação e decisão sobre as suas obras. Abri a boca!” De facto o saber do artista e do homo religiosos é imediato podendo ser auxiliado pelo saber conceptual já em segunda mão. Eduard Beaucamp afirma no FAZ: “Hoje parece faltar a força para despedir a Modernidade e descobrir de novo contra ela uma outra história da arte”.

Há iniciativas como a do “Gruppe Zebra” que já desde os anos sessenta critica a arte moderna. Muitos deles consideram a Documenta como senil pelo facto de continuar o credo da modernidade. Eduard Beaucamp refere que, apesar da vitalidade dos artistas, os especialistas têm medo do novo e da crítica maliciosa dos colegas, optando por manter a mentira da vida para não perderem os benefícios.

É preciso libertar a arte da prisão do discurso. Ela tornou-se arbitrária como se pode constatar também na Documenta 12. Chega-lhe a esperteza da interpretação à luz de interesses muito imediatos. É o problema fundamental dum sistema que se estabilizou especialmente num racionalismo materialista que só conhece o mundo das ideias adulterando assim o mundo da realidade. A arte é a única instância no hemisfério ocidental que cria sentido através dos sentidos e da forma, não apenas como ideias através do intelecto. Este problema da intelectualização observou-se também na religião. Na época das ideologias absolutas o exagero teórico, a retórica é que conta, não o conteúdo, muito menos a procura da verdade.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

Pornomenta ou Documenta?

A maior exposição de arte do mundo, „Documenta“ em Kassel (de Junho a Setembro), não só fomenta a devoção dos devotos visitantes como provoca e excita os ânimos de muitos outros com a apresentação de orgias de violência homossexuais, sodomia, e cenas de homens e animais a urinar durante o acto sexual… Este é porém apenas um capítulo da Documenta 12.

Trata-se de provocar choque cultural. A Documenta 12 quer ser política e então os artistas colocam o sexo num contexto político o que para outros não passa de pura sujidade. Talvez para o artista chileno arte seja provocar. Certo é que o sexo não deixa ninguém indiferente e portanto um meio cómodo para se fazer notar.

Há também “performances” acompanhantes da Documenta, entre elas, uma Domina com escravos. Muitas pessoas querem participar activamente nessas acções para assim se colocarem com os seus papéis e cenas no centro das atenções.

Assim a Documenta conquista público não só entre aqueles que procuram “o bem, o belo e o verdadeiro” mas também nos de outras esferas. O sexo é um bom condimento para atrair outros milhares de visitantes a Kassel. É o meio mais fácil para chamar a atenção.

Entre maluquices e génio consegue-se tornar a Documenta mais conhecida mundialmente. E isso é o que importa aos organizadores. Para mais, o que parece interessar hoje é encontrar estratégias para que se fale de si. Não importa já o que se diz, mas sim o discurso pelo discurso. O importante é que se fale de si, estar na boca de todos. O ideal do “penso logo existo” como queria Descartes, descarrilou; hoje o homem parece definir-se pelo “eu sou logo sou”.

A provocação foi sempre um meio que a arte usou e usa. Os artistas são pessoas que ultrapassam fronteiras que começam onde o cidadão normal acaba.

Eles querem pegar nas rédeas do povo e ao mesmo tempo colocar-nos um espelho de nós mesmos perante os olhos. Como o mundo já só se envergonha pelo que está para baixo da linha da cintura, esta zona torna-se interessante para quem quer estar à la page!

O medo e o sexo são os meios de que se apodera quem quer dominar!

Escandalizadores e escandalizados estão mais próximo uns dos outros do que superficialmente parece!…

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

Nua! Toda Nua! No Seio da Igreja!…

Performance duma Artista Alemã na Documenta

Sim! Mesmo sem nada impuro ou artificial a cobri-la! Uma mulher, na nave da igreja, tal como a mãe a dera ao mundo! Um escândalo ali, no regaço da Igreja mãe, a filha duma outra mãe, nascida na polónia gera uma ideia; uma ideia não, um vendaval de ideias que fazem lembrar dores de parto ou gorjeios de alegria. Enfim, um acontecer maternal na maternidade Igreja: um grito pelas origens ou por uma comunidade mais mãe?!

Como de costume, os que precisam de mais agasalho, o agasalho da cultura, criticam e os que precisam da natureza com os seus improvisos louvam. Na discussão pública duma imprensa impúdica cada um procura empacotar aquela obra de arte à sua maneira!

A Igreja evangélica de S. Martinho concorreu para a exposição mundial de Arte denominada Documenta, com um contributo sob o tema “O que nos traz (transporta), o que nos suporta (mantém)?” A artista Patrycia German no âmbito duma performance deixou-se levar nua por 4 homens em tronco nu, perante um público de 100 espectadores na Martinskirche em Kassel num programa paralelo à Documenta na representação “80 vs 4”. Com esta performance a artista diz querer tematizar a falta de defesa bem como o terror da beleza na nossa sociedade na qual as pessoas são reduzidas a uma medida ideal. Pelos vistos a artista não queria ofender nem provocar ninguém. Ela mesma sentiu-se levada pelo público sentindo-se ao mesmo tempo frágil e indefesa. Talvez os braços da comunidade sejam demasiado musculosos para não tornar inseguro um indivíduo cujo escudo é apenas a sua nudez!

Uma performance que na sua singeleza feminina deixa mais matéria de reflexão e comentários do que a maior parte dos sermões dominicais que embora doces e humanos parecem continuar masculinos.

Para uma sociedade civil e uma comunidade religiosa acostumadas a rituais de nudez rude e a actos de desvergonha, esta Performance não foi obscena se bem que estranha. Desculpante é o facto da artista não ter actuado dentro duma acção litúrgica e a paz das paredes das igrejas parece tudo aguentar.

A Igreja foi durante séculos o lugar de nascimento da arte. Alguns sentem expressam a necessidade e urgência de a arte em toda a sua vitalidade voltar à casa paterna, ou melhor, materna. Outros dormem e ainda outros impacientes procuram abrir as portas sacrais ao espírito do tempo, promovendo assim um espírito legítimo mas não oportuno porque contra o Espírito.

Talvez a acção de Patrycia German possa acordar muita gente nas cúrias para reencontrarem a arte no seu meio e fomentarem artistas imbuídos do espírito pentecostal que é liberdade. Isto pressupõe coragem e referência. Muitas instituições e personalidades da vida pública limitam-se a encostar-se ao nome passageiro de alguns artistas bem cotizados no comércio público, levados apenas pelo espírito da moda. Assim perdem a oportunidade de fomentar vocações artísticas no próprio meio, dançando ao toque do espírito do tempo servindo-o ingenuamente.

A direcção da Martinskirche mostrou coragem manifestando talvez desta maneira a necessidade da Igreja se abrir à arte e de se movimentar mais no centro da vida. Uma igreja como lugar aberto ao mundo e ao público.

Em discussão põe-se um problema de fronteiras e limites, de sentido e missão. Precisa-se de uma igreja aberta ao profano mas atenta à profanação. Ela não pode transformar-se no lugar da entropia e da indiferença. O problema é que a linha de fronteira entre profano e sagrado passa pela nave central da Igreja e acontece no centro do Homem. O ser do homem é ser sagrado em profanidade, uma unidade indissolúvel.

Para quem vê na Igreja um espaço de devoção a liturgia da artista vem questionar a outra liturgia, a dominical, que se realiza na igreja considerada própria, como lugar de meditação, espiritualidade e de diálogo com Deus. Se se procura na igreja consolação, apoio, sossego, encontro consigo mesmo e vivência de fé na comunidade, certamente que aquela forma de liturgia pode perturbar. Além disso, num tem em que um mundo secularista fanático só procura olhar para a sanita da Igreja, num tempo em que a Igreja apresenta algumas arranhaduras e demasiada rotina na sua hierarquia, é compreensível uma certa autodefesa por parte de muitos. De facto a comunidade paroquial, embora tenha necessidade dum rosto próprio, não se pode transformar numa sociedade ao som dos tambores da praça pública. A exitação e reacção exageradas comuns a acontecimentos como este só servem posições e estruturas instaladas que consideram as pessoas como meios ou como súbditos.

Importante é a tematização do problema da abertura da Igreja e o seu significado para a pessoa e para a sociedade num diálogo equilibrado e calmo entre sagrado e profano.

Relevante é que todos tenhamos menos medo de sermos nós mesmos e de sermos transportados nos braços duma comunidade, confiantes e sem receio. Então, nem o medo da nudez nem o da roupagem nos dominará.

Da discussão e da crítica surge mais luz. A esperança é o seu suporte e o amor, o seu ser. De resto a vida é um escândalo! Só não se admira quem já resignou, quem já vive no descanso dos mortos!

Talvez a artista tenha saudade duma comunidade com a vitalidade manifestada no gesto de Jesus perante os vendilhões do templo. Para isso ela precisa compreensão e ajuda de todos.

António da Cunha Duarte Justo

António da Cunha Duarte Justo