Liberdade à la Marx ou à la Bin Laden – Uma Alternativa ?

Chega uma ética de liberdade diplomática e
a verdade do politicamente correcto?

Até parece que já vivemos num mundo virtual! Um jornal dinamarquês publica umas caricaturas e quatro meses depois o mundo resolve reclamar. Foi tanto tempo preciso para os islamistas prepararem a reacção no mundo árabe ou convinha isto na contextuara actual do Irão e dos Palestinianos?
Precisamente aqueles que nas suas sociedades publicam as piores caricaturas contra a EUA, a EU e os Judeus, abalofam-se como se não tivessem telhas de vidro. Não reconhecem o direito de outros estados. Não aceitam a separação de poderes e exigem dos governos uma desculpa como se estes tivessem mão no que sai nos jornais. Neste momento, uma cruzada contra a sociedade livre vem mesmo a matar!… Servem-se os interesses de extremistas dum lado e do outro. Na sua reacção, a sociedade ocidental mostra que já está cansada de tanta liberdade. Esta só interessa à margem, tendo sido predisposta para a libertinagem.
A violência já não escandaliza
Os extremistas seculares e vanguardistas querem uma liberdade à la Marx e os extremistas muçulmanos querem-na à la Bin Laden. Os islamistas ganham mais esta batalha à custa do Islão. Os europeus, pretensamente humanos, não reagem; ou melhor, reagem mal. Um país europeu em que a liberdade era um pregão forte foi difamado e ninguém o defendeu. Todos, atemorizados encolhem-se com declarações à volta da moralidade ou imoralidade de 12 caricaturas. O petróleo e o petro-dolar podem muito. A ofensiva islamista vem mesmo a calhar! Em tempos de terrorismo torna-se cada vez mais necessária uma liberdade controlada!… A violência não escandaliza. Estamos na época do moralismo e da ética de liberdade diplomática e da verdade do politicamente correcto. Os secularistas europeus cedem aos islamistas para mais ferozmente atacarem a sociedade judaico-cristã a quem devem o ser.
A eterna religião e o adorado sexo
Partidários conservadores encontram-se receosos e preocupados com a economia sem predisposição para notar o que se passa. Partidários da esquerda marxista, embora habitualmente façam o seu negócio com moralismos, reservam as suas forças para as gloriosas batalhas do aborto e de quejandos em torno dos órgãos reprodutores.
É estranho que uma esquerda sempre ciosa em combater e difamar o Catolicismo seja agora tão pacífica em relação a reacções islamistas. É costume usarem duas medidas!… Ou será que os seus factores, os extremos ( neste caso Deus e o Sexo) se tocam e prometem imortalidade e poder? Uns extremistas apoderaram-se de O Corão para o instrumentalizarem como sua palavra de Deus. Os outros apoderaram-se da fonte da vida: o sexo, para o seu proselitismo e sobrevivência na controvérsia política.
Numa altura em que se deveriam preocupar em promover a procriação para continuarmos uma sociedade vital capaz de pagar as reformas às próximas gerações, preocupam-se com o sexo como brinquedo querendo distribuir preservativos aos meninos da escola a partir dos 16 anos. Parece que já chegamos à África. Ou será que se trata apenas do aproveitamento de alguns fundos reservados à família, isto é, à família humana?! Enfim, todos têm algo a oferecer: uns oferecem religião e os outros oferecem sexo. Por vezes tem-se a impressão que política e religião são usadas para domínio dos próprios problemas em reacção às próprias falhas de carácter.
Felizmente que entre muçulmanos intelectuais se levantam vozes defensoras dum Islão moderno, contra os islamistas que querem que os muçulmanos readoptem as normas tribais pré-islâmicas em que dominava a lei da vingança e da retaliação. A violência é filha da falta de esperança. Os fanáticos têm Deus nas palavras mas não no coração. Como poderia um Deus ser menos misericordioso que eu e exigir dos seu súbditos que matem os seus filhos, o próximo, quando eu não o faria?
Os radicais dominam a praça pública
A maioria do povo Islão, aquele que não vai para as ruas cometer atrocidades e difamar a própria religião, é pacífica. O mundo islâmico fica em casa. Os radicais possuem a praça pública em toda a parte. Isto mostra que os islamistas têm uma rede bem organizada em todo o mundo sendo capazes de dar expressão à insuflação global. Com as mesquitas estão em condições de agir internacionalmente em todo o lugar. Esta força da base não suporta uma instituição hierárquica com uma cúpula capaz de responsabilidade global. Uma força dos sargentos em que os generais operam discretamente ao longo da sua história. Não há guerra, apenas guerrilha.
É natural que a burguesia dos países islâmicos se sente incomodada com presença militar ocidental nos seus países e com a organização do Ocidente contra o terrorismo islamista. Na base de toda a agressão está a frustração contra o estrangeiro e contra a dominância do Ocidente na política e na economia. Aqui haverá que fazer grandes acertos numa verdadeira política de normalização. É também urgente uma discussão de conteúdos com o Islão. As reacções do mundo ocidental só mostram que não conhecem o Islão. Muita gente fala e nem sequer o livro sagrado muçulmano, o Corão leu. Contenta-se com uma opinião para trazer por casa.
Os intelectuais muçulmanos têm no mundo uma grande responsabilidade para fazerem valer a razão desta maioria que representa a outra realidade do Islão. O fanatismo é fruto da ignorância, doutro modo não agiriam como agem nem difamariam os outros como incrédulos. Não há estado muçulmano nenhum em que as outras religiões sejam tratas com equidade..
No Islão, o suicídio e o assassínio deveriam ser declarados blasfémia. Como é que o assassínio pode conduzir ao paraíso? Os verdadeiros difamadores da religião são os homicidas e os terroristas que actuam com ciladas ou fazendo emboscadas.
Urgente é fazer frente contra a desumanidade, contra a barbaridade na religião em vez de se exigirem desculpas.
O Islão que, por natureza, é anti-secular ao não condenar oficialmente as acções dos islamistas demonstra que o mundo secular, muitas vezes, é mais razoável e mais capaz de gerir possíveis potenciais de agressões que surgem em nome da religião.
Uma cruzada dos direitos humanos seria a resposta da Europa adequada à cruzada islamista contra a liberdade, só que a sua ética o impede. Nestas campanhas os islamistas procuram atemorizar e calar a voz de intelectuais islâmicos críticos. Assim impedem a formação duma atitude crítica que bem seria capaz de contribuir para a modernização da sociedade islâmica e para o seu prestígio
Não se pode sacrificar tudo nem no altar da religião nem no altar da política.

António Justo
Alemanha

António da Cunha Duarte Justo
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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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