Povo fora de Jogo e Atletas perdidos nas Fintas
António Justo
Vazia de contudo com figuras de barões de rostos polidos. A horizontalidade socialista afirma-se contra a verticalidade conservadora. Faltam respostas convincentes aos problemas a resolver na próxima legislatura: endividamento do estado, desemprego, envelhecimento da sociedade, emigração, energia alternativa, escola e saúde, ocupações precárias com salários de judas, tudo problemas adiados.
Fora de jogo
O povo não aguenta conceitos para resolução da crise e os partidos, para evitarem uma maior erosão do eleitorado contentam-se com perfis de imagens. Não falam das obrigações e encargos futuros que pesarão dolorosamente sobre todos nem da maneira de resolver a crise.
Esta é a hora dos partidos pequenos que podem criticar e fazer ofertas de benefícios na certeza de não serem chamados à responsabilidade governamental para os poder cumprir. Os partidos grandes que façam promessa só poderão mentir ou fazê-las a favor da ideologia contra o país.
“Benfica” contra o “Porto”
Apesar de tudo há uma cera polarização, atendendo a que, na liga, o líder campeão tem metido golos na própria baliza, não ligando aos colegas de equipa nem à natureza do relvado que tem. Isto, num país do futebol, é grave mas não ameaçador. Os adeptos têm grandes reservas na capacidade de frustração quanto ao “Benfica” e ao “Porto”; relativamente aos outros clubes não passam de tambores da festa eleitoral que se aproveitarão dos erros do maioral. Quanto a técnicas e metas a atingir, os adeptos contentam-se com o olhar para os capitães de equipa num desejo imenso de levantar as mãos para os poder aplaudir. Os restantes, os espectadores televisivos, desconhecedores das regras do jogo, esses não lhes resta senão dar asas ao sentimento e lançar umas carvalhadas contra uma ou outra jogada dalgum jogador.
O “Benfica”, macho e galaroz, com o seu avançado Sócrates, tem até força para colocar jogadores fora de jogo como no caso da TVI. Tem muitas bandeiras e bandeirinhas além dos seus fiscais no gramado português, não lhe faltando também o cacarejar das galinhas mais interessadas nas suas penas do que no seu jogo. Alguns pretendentes a galo da equipa sofrem, sabendo que só poderão mostrar a sua voz quando o galaroz se encontrar distraído no poleiro ou no caso de perder muitas penas no despique.
O “Porto”, com a sua avançada Manuela, mais preocupada com a sorte do galinheiro, encontra-se um pouco apreensiva das caneladas e rasteiras que a equipa adversária lhe tem passado, apesar de algum árbitro distraído com o aplauso das claques das bancadas da esquerda. Aposta no rejuvenescer de energias depois do intervalo! Não parece convencida numa vitória, seja ela de quem for, e que trará grandes surpresas negativas para a liga, dado só então ser aberto o jogo e serem postas as cartas na mesa. Por outro lado, mesmo que a adversária do campeão da liga soubesse o estado mísero da mesma, não o poderia apresentar, porque, como antigamente, os anunciadores de más notícias são sacrificados. O povo não aguenta a verdade. Por isso, só quem promete ganha.
Na falta de jogo (programa) a opinião pública ocupa-se das escorregadelas dos jogadores em terreno, de escândalos inocentes provocados pela chuva e do que poderia estar por detrás do terreno escorregadio.
Com o andar do jogo, a situação não parece fácil para os que se encontram na tribuna. O craque das bancadas já não soa tão ritmado. Na falta de maiorias absolutas, sempre perigosas para a democracia, os partidos têm que manter sempre uma janela aberta para o vizinho da Direita e da Esquerda.
Se pensarmos nos interesses de Portugal e não no dos partidos a próxima legislatura precisaria duma coligação PSD – PS. Só assim, longe de interesses de clientelas poderia Portugal arregaçar as mangas e fazer algo pelo país e pelo povo.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
Caro amigo:
Belo texto, a convidar à reflexão eleitoral e não só.
Não é fácil votar, perante a situação grave do país.
Mas, todos devemos cumprir essa obrigação, votando em consciência.
Por mim não quero mais 4 anos do mesmo, mas respeito as opiniões dos outros.
Cordialmente, Jorge da Paz