10 de Junho na Tradição do “Colonialismo”

A Ideologia Proletária Campeia em Portugal

Nação sacrificada

O 10 de Junho, um dia que poderia ser utilizado para o encontro das comunidades em foro aberto e criativo, é transformado em plataforma para auto-propaganda e defesa dos interesses do regime (1). O Dia das Comunidades é, como outras festas da nação, um dia alto para a ideologia. Vive-se em estado de campanha pela colonização interna de Portugal e dos portugueses.

O golpe de Estado ocorrido em 25/4/74 tem sido aproveitado por uma ideologia vigilante decidida a viver da partidarização da concepção política do Estado.

Estado e Povo são usados pela ideologia neo-marxista (e neo-liberal) no sentido de se criar uma consciência de povo proletária num regime partidário paternalista. Ontem sacrificaram a Nação, as províncias ultramarinas, com entusiasmo no altar do 25 de Abril à hegemonia da fé internacionalista então cultivada em alfobres à sombra dos muros do Bloco de Leste. Hoje sacrificam Portugal a campanhas ideológicas e a modas internacionais. Ocupam tudo não dando lugar a um espaço onde Portugal se possa encontrar a si mesmo.

A nação de imediato ajoelhada na alvorada de Abril mais uma vez teve medo da devoção da sua oração. A nova elite também receosa que o povo acordasse para a auto-responsabilidade, apressa-se em passar o poder das mãos dos militares para as mãos dos partidos, impedindo assim o processo de mentalização do povo então nas mãos dumas forças armadas demasiado idealistas.

A política oficial envergonha-se de 5 séculos de história renegando a cultura portuguesa e a sua especificidade democrática que assentava nas regiões e não nas ideologias. Veja-se a tradição visigótica e dos concelhos… Uma via alternativa de democracia com tradição portuguesa cheirava-lhes a provincianismo. Optam por um projecto de povo desenraizado! Atraiçoam assim o sentir da alma colectiva portuguesa, e tudo isto em nome do modernismo e do progresso. O Poder Nacional era, na visão dos internacionalistas estrangeirados uma afronta à sua fé internacionalista levando-os a pôr à disposição de sistemas formais estrangeiros a identidade portuguesa, a soberania portuguesa. No desconhecimento do universalismo do espírito português encostam-se ao imperialismo internacional concebido mais em termos de posse do que humanos.

A oportunidade da decadência
A bandeira da nação passa a ser desfraldada aos ventos do neo-marxismo. Estrangeirados incapazes de reconhecer a consciência nacional universal portuguesa, levantam-se como arautos duma nova ilusão. Sem bases filosóficas e culturais dedicam-se à lavagem do cérebro do povo. Ao mesmo tempo, correspondendo à necessidade de se legitimarem recorrem à difamação do regime caduco, à argumentação da guerra injusta e ao exemplo da modernidade das ideologias e dos costumes decadentes estrangeiros. Em vez duma burguesia incarnada no povo, como ainda presente na memória do povo do Norte de Portugal, querem uma nova classe dominante mas de novos-ricos desenraizados, de boys amamentados pelo aparelho do Estado, à moda da administração comunista soviética. Como exemplo do sistema de vida português apenas se interessaram pelo Alentejano que se prestava para justificar o regime proletário socialista. A alma portuguesa, o seu sentir, o seu universalismo é defraudado e negado. O húmus da decadência é frutífero possibilitando sem esforço a superficialidade do bom viver a irresponsáveis.

O espírito militar que antes estava reservado aos quartéis passa a banalizar-se na arena política. O campo de batalha é agora a nação, o inimigo o povo, considerado ignorante, a quem é preciso educar e converter para a ideologia proletária. Vive-se em estado de subversão. Os novos combatentes preferem cargos e mordomias usando a praça pública, as escolas e a comunicação social como bandeira atrás da qual segue um povo desejado plebeu proletário.

Descolonização – o cavalo de Tróia socialista: A hipoteca que a Nação não pode esquecer
As operações travadas nas províncias ultramarinas entre 1954 e 1974 são mal-interpretadas sem se considerar o contexto internacional da luta que desde 1917 se dava entre os dois blocos então existentes. A má visão do Ocidente e a cegueira ideológica marxista só estava interessada em referir os aspectos negativos da política anticomunista de Salazar. (Naturalmente que Salazar fez muitos erros mas não o de apostar no sistema comunista que depois cairia por fraqueza própria).

O processo da descolonização é humilhante para a nação e o regresso de portugueses considerados não gratos constituem a maior hipoteca que o novo regime deixa à nação; rouba-lhe o futuro e a dignidade. Por lentilhas da fé marxista actua-se a nível nacional como se estivesse num comício a altas horas da noite.

Argumentam que a guerra não era justa mas transpõem-na para a ideologia, apenas mudam de campo de batalha. Os vitoriosos de Abril em vez do hábito do bom senso vestem as couraças da ideologia para vencerem o povo e o amarrarem aos seus credos. Para isso optam pela destruição de valores que cheirem a terra e não a ideologia. A gravidade destes ocupantes é acrescentada porque não se serviram apenas do povo como fazem os golpistas das revoluções mas estiveram-se marimbando para os interesses de Portugal como nação atraiçoando-a. Mercenários ao serviço de interesses ilegítimos estrangeiros, tornaram-se num cavalo troiano dentro da nação. Contra uma ideologia constroem outra. Portugal não age apenas reage! A nova ideologia pseudo-terceiromundista entrega os povos a uma situação de maior dependência e injustiça. Denigrem a presença portuguesa no ultramar.

Esquecem que as acções militares dos descobrimentos se deram na rivalidade de influências árabe-turca e portuguesa e não contra os nativos. Não atacamos os indígenas mas os ocupantes turcos e árabes que se tinham assenhoreado de sociedades abertas da Índia onde Portugal também queria entrar. Naturalmente que todo o colonialismo é ilegítimo e injusto quer a nível de povos quer de pessoas. Aplica-se a Portugal indiferenciadamente o atributo de colonialista conotando-o com a ferocidade do colonialismo praticado por outras nações. Isto tem a ver com consciência, forma de organização territorial e de povo, definição territorial, vontade político-social e humana. Aqui seria oportuno considerar-se a história das migrações humanas, o colonialismo interno na concorrência dos grupos uns com os outros, a cor local, a filosofia/mentalidade e princípios de então.

As intervenções militares de Portugal em África eram, também elas, guerras de influência entre capitalismo e comunismo. As tribos eram instrumentalizadas pela ideologia por gente de fora que não viviam as preocupações do dia a dia como nativos. Como nestes territórios não havia a consciência de nação torna-se fácil aos marxistas arranjar mercenários que tentam através da luta pôr as populações ao serviço duma ideologia unificadora e pretensamente legitimadora. Apesar de tudo a grande massa das populações nativas não colabora com as iniciativas de assassinato de brancos; pelo contrário avisam-nos. Pressentiam que a troca de jugo os não favoreceria. Os golpes de estado estão sempre interessados apenas na troca de jugo e na mudança de mãos dos cabrestos. Nenhuma revolução está interessada numa Revolução digna do nome porque é sempre feita por alguns espertos contra outros espertos para os espertos; as elites só querem massa maleável e acomodável. Maturidade implicaria um estado de contínua revolução.

Se compararmos a ética hodierna no trato das nações/povos e pessoas não progredimos qualitativamente. A exploração é a mesma, os explorados são os mesmos, só os meios se tornaram mais refinados. Assim, se quisermos saber, a nível interno, o que é escravidão hoje, basta-nos considerar o sector da imigração/emigração, da assistência médica, do mercado de mulheres e da droga em Portugal (2). Portugal estava à frente do mundo até se tornar subserviente do espírito estrangeiro. Preparam o “fim da Pátria” em nome dum internacionalismo socialista de cunho soviético insurgindo-se contra todo o espírito crítico, interessados apenas em ideias peregrinas folclóricas.

O Espírito global português rende-se ao pensar particular nacionalista europeu
Para compreendermos aquilo que fez Portugal grande, o seu papel na Europa e a sua decadência temos de tentar perceber o espírito que o regeu até 1580. Este determinou um modo diferente de ser e de estar de Portugal na história, uma consciência própria interrompida no início da decadência. O processo de alienação então iniciado deve-se à abdicação do pensar próprio.
A maneira de estar em África de Portugal, país de costumes mitigados por um catolicismo aliado a um sistema subsidiário entre senhores e serviçais, é incomparável com o espírito capitalista e individualista de carácter protestante que se instalou a partir da Europa nórdica.

No século XIV e XV as nações europeias ainda demasiadamente empenhadas na luta pela sua identidade nacional deixam a Península Ibérica, deixam Portugal experimentar aquilo que será o próximo passo no seu desenvolvimento europeu: o do comércio e da cristianização. A Europa ainda não tinha descoberto a sua vocação europeia que Portugal já tinha assumido do papado devido à sua unidade geográfica, à sua necessidade de uma missão histórica e ao sentimento católico do povo aliados à vontade duma elite de espírito templário… Em Portugal a consciência histórica civilizacional atingiu precocemente o auge em relação às outras nações europeias que na altura ainda se encontravam demasiadamente preocupadas consigo mesmas. Em Portugal expressão e interesses económicos e de fé já não se reduziam aos limites físicos territoriais nacionalistas ou de rivalidade de vizinhos. A consciência de povo e a sua vontade política enquadram-se dentro duma concepção já global, tendente a alargar a sua acção para lá das fronteiras culturais e religiosas (3).

Daí que Portugal e Espanha resolvessem os conflitos e interesses nacionais no âmbito duma consciência supra-nacional que não contrarie a vocação universal e religiosa comum. Em nome da missão a realizar celebra-se o tratado de Tordesilhas dividindo tarefas e interesses a nível global e em termos de cristandade. A Europa (Inglaterra, França e Holanda) continua fechada nos seus nacionalismos dedicando-se ao corso, ao roubo daqueles que se dedicam à realização da consciência civilizacional cristã europeia. O facto do corso ser oficiosamente aprovado pelos estados interessados na presa mostra que a consciência duma Europa cultural com um destino superior ainda não tinha chegado às suas cortes.

Os interesses nacionalistas dos Filipes (1580) levaram-nos a desprezar o carácter civilizacional de espalhar a cristandade e a defender interesses de prepotência. Estes provocam um retrocesso na consciência e na definição de prioridades agora meramente nacionais.

A Europa não se deixa motivar por valores super-ordenados reduzindo a sua acção a interesses comerciais e económicos. Portugal passa a viver nas sombras da concorrência dos mais poderosos não mais se regenerando. A partir daqui Portugal perde a grandeza dos seus horizontes e da sua missão para se encerrar nos limites do rectângulo peninsular. A partir de agora Portugal deixa de agir para passar a sonhar ou a viver encostado aos outros. Durante a ocupação espanhola o mar abre-se já não para espalhar a civilização mas para explorar as matérias-primas. No mundo agora apenas mercantilista já não interessam as almas. Estas subjugam-se à economia como quer e propaga a teologia de Calvino e posteriormente o materialismo. Não é já a consciência de povo ou de civilização que é motivadora da acção mas o individualismo nórdico que desde então se impôs a todo o Ocidente. No individualismo Deus está com os ricos. Este individualismo a nível pessoal e nacional afirma-se reprimindo o carácter comunitário, o espírito romano, a visão global dos papas.

O nacionalismo inglês e a sua política monopolista comercial nacionalista leva Napoleão a decretar o Bloqueio continental aos navios ingleses e com as consequências colaterais conhecidas para Portugal… A ideia inicial cultural de Portugal deturpa-se na ideia colonialista e materialista do século XIX acarretando consequências fatais para as antigas “províncias” ultramarinas de Portugal e para Portugal.
A concorrência das nações europeias na procura de novas matérias-primas reduz o mundo descoberto a colónias de mero interesse económico (depois interesses estratégico). Agora já não se trata de cristianizar mas de civilizar os povos sob a ideia condutora mercantil. A Conferência de Berlim de 1885 reduz definitivamente a missão cristianizadora universal a uma missão económica colonialista recorrendo também à intervenção militar. (Portugal só se podia manter pela convicção e não pelo poder porque não tinha recursos para isso). O direito de posse passa a ser legitimado pela força militar, pela ocupação de facto. A matéria vence sobre o espírito.

O domínio português era regulado por uma mística católica de respeito pelo indivíduo e pela cultura. Portugal seguia a estratégia romana de expansão no respeito individual e cultural através duma inserção pela aculturação e não pela imposição. O resultado deste espírito então vigente podemos verificá-lo na coexistência pacífica de costumes e religiões ao longo de 600 anos no território de domínio português. O colonialismo moderno, a exemplo do fascismo muçulmano, é absorvente impondo por toda a parte o mesmo modo de pensar, agir e consumir. Nós íamos para ficar, não íamos para explorar e trazer os lucros como é prática do colonialismo hodierno.

Já a política de miscigenacao levada a efeito pelos vice-reis da Índia supõe uma outra mentalidade totalmente contrária à dos povos colonizadores só interessados no lucro. Portugal, nas suas possessões, como país modesto, não instrumentaliza o cristianismo como meio de domínio. O cristianismo era para os portugueses um modo de vida e esta é subjectiva não podendo reduzir a alteridade a mero objecto. Há boas razões para Portugal ter recebido do Papa o atributo de cristianíssima nação e o bispo de Lisboa a categoria de Patriarca….

Portugal, apesar de Estado soube manter-se povo porque mantinha o seu espírito católico próprio… Com a aplicação da ideologia francesa pura no século XIX e com o 25 de Abril, sob o manto da ideologia marxista cada vez se tem tornado menos povo para se tornar mais regime, mais proletário. Deixou se ser português para se tornar republicano, socialista. O neo-marxismo vive da programática de considerar o cristianismo como seu rival. O catolicismo português é porém uma mais valia, um capital onde investir e transformar. O neo-marxismo pretende instalar o globalismo proletário, querer a instrumentalização do indivíduo reduzido a objecto dum Estado absoluto enquanto que o cristianismo só reconhece um absoluto: o indivíduo. Se um aposta na fraqueza do indivíduo o outro aposta no seu carácter divino.

Com as guerras mundiais a Europa perde a hegemonia do poder internacional a ser ambicionado agora pela USA, Rússia e “nao alinhados”( o Terceiro Mundo). A Rússia consegue o domínio sobre o Terceiro Mundo tornando-se a ideologia comunista em veículo das esperanças a surgir. A descolonização processa-se a nível internacional. Portugal, que considerava os territórios ultramarinos como províncias em que vigoravam as mesmas leis que no continente, não se sentiu envolvida no processo de descolonização pela razão de se considerar uma unidade política.

Os interesses dos blocos internacionais passam a ser muito determinantes na sua estratégia imperialista de ocupação e de arranjar pontos estratégicos de influência. O comunismo torna-se muito activo em Portugal devido ao seu papel estratégico e à presa prometedora. Salazar, que conhecia a história da infiltração das ideologias francesas por altura das invasões francesas e a acção maçónica na guerra civil liberal e na implantação de república persegue o comunismo. Não vê lógica no imperialismo americano desalmado e é inimigo figadal do imperialismo comunista russo.
Os Americanos interessados apenas na economia e os russos na expansão ideológica e militar têm interesses diferentes nas nossas possessões de África.

A ideologia soviética (com a MPLA) serve-se da guerrilha matando indistintamente para provocar a rebeldia. O povo angolano mantém-se fiel a si mesma e a Portugal contra o plano soviético de ocupação através da guerrilha. Com a ideologia também dentro dos militares portugueses em popa torna-se mais fácil o plano estrangeiro.

Na revolução cultural ao serviço do marxismo provocam-se agora mais vítimas do que em 600 anos da pretensa “ocupação portuguesa”.Esta estadia pacífica de 600 anos justifica a vontade portuguesa de continuar a não ceder à ideologia marxista, ao imperialismo soviético. Os agentes de então estavam tão fascinados que viam na traição da nação uma mais valia. Não estava em jogo o bem das populacoes nativas mas a subordinação a nível de blocos. A mudança consistiria na passagem dum regime autoritário para um regime totalitário. O que se comprovou depois e que deu razão a Salazar.

A defesa da independência dos povos só surge num contexto supranacional de blocos imperialistas. A defesa da independência tem a ver não com uma atitude superior de moral mas com uma maior decisão de domínio e sua auto-justificação. Tanto a ideia de nação com a de império eram contrárias à realidade tribal que não tinha a consciência de nação ou de império. Os neo-marxistas cometeram o mesmo erro que os parceiros da conferência de Berlim ao dividirem a África com a régua: o desrespeito dos africanos e das suas tradições. Sob o domínio português é verdade que se impediu a colonização internas das tribos entre elas.

Estaríamos dispostos a dar a independência aos açorianos que teriam mais proveitos dos americanos, ou aos curdos, aos bascos, etc. Qual a congruência do socialismo marxista que em nome da liberdade e da libertação cometeram tantas barbaridades e hoje se agarram aos tachos do poder?

Dito duma maneira exagerada: nós colonizamos, os outros exploram! A exploração da ideia colonialista importa a um neo-marxismo envergonhado do seu actuar capitalista. Está interessada em enegrecer o passado para que a sua irracionalidade receba foros de modernidade, e progresso.

É pobre o testemunho dado por um socialismo português reinante desrespeitador dum ambiente católico em processo. Estes modernistas iluminados interpretam mal a história portuguesa aplicando-lhe os critérios e as medidas dum actuar extremo das outras nações europeias para poderem justificar campanhas ideológicas de pretenso modernismo ou internacionalismo superficial. Revelam-se em estrangeirados que não percebem a própria cultura subjugando-a a critérios de exploração internacionais fora de contexto. Esperemos que surja uma facção de socialismo portuguesa não nacionalista mas aferida ao espírito e à cultura portuguesa para não termos de continuar a ser alienados por estrangeirados internacionalistas que percebem muito de tacho e de conluio mas não de estruturas culturais. Se o grande Portugal seguia a máxima cristã de respeito pelo indivíduo e pela cultura recorrendo ao progresso através da aculturação, o espírito do Portugal modernista, republicano socialista é materialista não respeitando o indivíduo. Este perdeu o caminho seguindo a voz das sereias internacionais sem o humanismo que se tem mantido mais entre os pobres.

É abstruso querer impingir a ideia de racismo como uma ideia do sistema de Salazar, altura em que não havia cargos em que não houvesse pretos e em que nunca se assistia a perseguições da rua a africanos.

Errare humanum est. O problema torna-se apenas mais agudo quando uns desumanos querem legitimar a sua desumanidade à custa da desumanidade dos outros.

A agressão das forças exteriores em Angola, Guiné e Moçambique foram coroadas com a irresponsabilidade de pessoas míopes. O desenvolvimento da história segue de erro em erro, de poder em poder. Os mesmos problemas repetem-se e os governantes também. O que há a mudar é o homem e este por si mesmo.

A miopia histórica pôs na mão de interesses imperialistas as regiões de interesse e influência portuguesa, não para bem dos indígenas mas do poder ideológico e económico. O desenvolvimento natural deu lugar à arbitrariedade externa em nome dum socialismo e do progresso só a nível de ideologia. Acabou-se com uma sociedade multiracial para se dar lugar a uma mono-ideologia. Irresponsavelmente desbarataram o futuro português e a sua honra tomando a mesma altitude de Judas vendendo o povo pelos patacos da ideologia.

Deixaram de ser portugueses para se orientarem por padrões internacionais sacrificando o desenvolvimento humano e natural de Portugal a ideologias estranhas e alienantes.

António da Cunha Duarte Justo
“Nas Pegadas de Portugal”

(1) A classe dominante, numa tentativa de auto-legitimação tem-se procurado justificar moralmente, ao longo dos últimos trinta anos, instrumentalizando e propagando o tema do colonialismo português como dogma da ideologia vigente porque doutro modo neste sector Salazar poderia vir a ter razão. Daí servir-se de temas questionadores da ideia de nação e de tradição, como imperialismo, colonialismo, escravidão, exploração, multicultura, etc., numa tentativa premeditada de virar o bico ao prego. Pretende instaurar preconceitos não menos questionáveis do que os que quer combater. Deseja lavar roupa velha com água suja. Tenta-se a legitimação do novo regime deslegitimando o velho. A afirmação de interesses através da legitimação dum sistema alienador é normal numa sociedade em que se parta do princípio que o cidadão é objecto. Para isso recorrem ao estratagema de dividirem o indivíduo (individuum = indivisível) e fazer dele cidadão, sócio, camarada, partido, coisa. A coisa pública (Respublica) vive de coisas e da coisificação. Partem da desresponsabilização e desautorização do indivíduo para o tornarem sequaz, adaptado. Por isso se verifica uma constante comum ao longo dos séculos, nas celebrações nacionais: dum lado, os aproveitadores do regime justificando-o e do outro lado o povo a alienar ouvindo. Regimes de alienados alienando onde por isso tudo é legítimo. Aqui interessa falar do regime democrático de Abril porque é o que se aliena e nos aliena agora.
(2) Os nossos iluminados modernos sentem-se honrados por Portugal também pertencer ao clube dos que importam forças de trabalho tal como outrora os seus comparsas se alegravam com o comércio dos negreiros. Hoje estão mais modernizados os meios utilizados na opressão da pessoa humana. A opressão é a mesma o que muda é a consciência e os métodos. Por isso mesmo nos insurgimos contra umas opressões e consideramos outras legítimas. A nossa memória no desenvolvimento histórico de povos como fenícios, gregos e romanos é grata em relação a estes colonizadores ocupantes. Se não tivesse sido a colonização greco-romana talvez ainda hoje não passássemos de tribos pastorícias à sombra dos montes hermínios. Tudo muito ambivalente!
(3) A aberração da elite moderna portuguesa está em meter o espírito universal e intercultural português nas fronteiras restritas de ideologias redutoras.

António da Cunha Duarte Justo

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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