Cristãos em Perigo no Próximo Oriente
António Justo
O mundo muçulmano utiliza uma dupla estratégia de expansão: a nível interno, perseguição e discriminação de minorias que não pertençam ao Islão e a nível externo, através de emigração para guetos e procriação fecunda e correspondente estratégia de casamentos em torno da identidade religiosa, política esta, premiada também pelo maquiavelismo míope Ocidental, como se viu e vê nos conflitos dos Balcãs, etc.
Os ventos correm a favor da islamização. Dum lado os que apostam no Petróleo por interesses económicos, do outro, certas facções socialistas têm uma predilecção pelo sistema social muçulmano, sendo secundados pela indiferença branqueada sob o nome de tolerância. Dele se servem uma ideologia pragmatista e um fascismo de direita e de esquerda.
É um facto que no mundo, segundo dados da Organização para os Direitos Humanos, há, pelo menos 200 milhões de cristãos descriminados e perseguidos: no Iraque 600 mil, no Irão 250 mil, na Arábia Saudita um milhão, no Egipto 10-15 milhões, na China (60-80 milhões, no Paquistão um milhão, na Índia 60 milhões e na Turquia 100 mil.
A população cristã do Próximo Oriente diminui continuamente, queixa-se a Conferência dos bispos alemães. A Europa terá de abrir as portas também aos cristãos do Iraque.
No mundo islâmico, padres são assassinados, igrejas são incendiadas, o serviço litúrgico é proibido, a construção de igrejas também, sem que a imprensa internacional tome notícia do assunto, nem os muçulmanos que na Europa constroem uma mesquita atrás da outra se interessam, com o que acontece com os cristãos nos seus países. O argumento da reciprocidade não conta.
Na Europa a queixa muçulmana é contínua, parece só não se sentirem discriminados quando pertencerem à classe dominante. São mais jovens e usam a melhor estratégia para convencer, gente de ventre cheio preocupada apenas com digestivos para facilitar a sua má digestão material na falta de digestivos culturais espirituais. Muitos muçulmanos tornam-se membros de partidos da esquerda podendo assim melhor camuflar a sua luta pelo ideal islâmico. São raríssimos os que se empenham pela integração. O argumento da luta contra o imperialismo americano ajuda, também ele, a camuflar as intenções duma religião hegemónica.
“No Próximo Oriente a vida de cristãos corre perigo” constata Martin Lesenthin, porta-voz da Sociedade internacional para Direitos Humanos (IGFM). No Iraque são assassinados, raptados e expulsos. Nos últimos seis anos fugiram do Iraque 500.000 cristãos. Segundo a IGFM a proibição de orações a nível público, encerramento de Igrejas e ataques aos cristãos fazem parte da “ discriminação no dia a dia em muitos países islâmicos”. Na Arábia Saudita, que apoia a construção de mesquitas no mundo com imensas somas, e no Irão há a pena de morte para os convertidos e até é proibido aos cristãos rezar dentro da própria casa. No Egipto os cristãos coptas podem exercer a sua religião mas são tidos como cristãos de segunda classe sem acesso a posições de relevo, vendo-se confrontados com assaltos a igrejas e casas privadas, relata Martin Lesenthin. Já desde os anos 90, altas personalidades do mundo árabe seguem a estratégia de islamizar Estados seculares empregando para o efeito grandes somas de dinheiro. Conseguiram fazê-lo dentro de poucos anos, como mostra o caso da Nigéria, conseguindo até que lá fosse introduzida a lei islâmica da scharia, assistindo-se cada vez mais a um aumento de assassínios de cristãos. Muitos estados têm a sua polícia religiosa. Martin Lesenthin pergunta-se: “Para que é que se precisa duma polícia religiosa?” A Igreja não pode levantar a voz porque se o fizesse os cristãos ainda mais sofreriam. Enquanto os chefes dos países europeus não se interessarem, de facto, pela defesa dos direitos humanos, os estados, e em especial os estados islâmicos continuarão a perseguir os cristãos e outros que se atrevam a ser diferentes.
Por um lado os países islâmicos seguem uma estratégia de discriminação e de perseguição nos próprios países e instalam-se nos países “cristãos” em guetos cerrados, sempre ao ataque. Enquanto que os seus fiéis simples são pessoas de contacto agradável e afável, muitos dos seus académicos, ligados a mesquitas, acentuam a afirmação no ataque à cultura hospedeira e impedindo a abertura dos seus membros. O Islão não tolera ninguém ao seu lado, pelo menos, desde que se encontre na maioria. Isto é o que se pode constatar também na desenvolvida Turquia que, dentro dum século, vê a população cristã reduzida de 25% da população para um número insignificante e com tendência a diminuir, devido a perseguições e à descriminação contínua dum sistema que considera cristãos como suspeitos e inaptos para o serviço do Estado, identificando-os até com um número especial no Bilhete de Identidade. Na época nazi, na Alemanha, os judeus eram assinalados com uma estrela! A Turquia mantém o controlo das comunidades religiosas na Europa através do envio dos seus representantes (imam) para as mesquitas (para a Alemanha 600 num só ano) sem qualquer permissão em sentido inverso para pastores católicos ou protestantes. Apesar disso ainda há muito boa gente na Europa que defende a entrada da Turquia na Europa sem que ela arrede caminho da sua discriminação sistemática.
A antiga torre de Babilónia parece ser modelo para a União Europeia. O medo e o oportunismo são quem manda! Os Governos Europeus aguentam e aceitam a perseguição de Cristãos e promovem nos seus territórios os seus perseguidores. Ingenuamente, com as suas ideias de globalismo e de domínio económico, esquecem o factor cultural-religioso, o mais importante em questões de identificação de povos e de desenvolvimento civilizacional. A miopia dos nossos políticos reduz a questão ao problema religioso, optando por uma atitude masoquista em relação à própria cultura. Grandes povos não se constroem apenas com ideologias e com economias. Temos um bom exemplo recente na União Soviética. Os árabes, em questão de poder, são mais inteligentes e vêem mais longe. Parabéns para uns e boa noite para outros!…
Antonio da Cunha Duarte Justo