Pegida é uma manifestação popular contra a islamização da Europa

A Alemanha sai à Rua com Medo do Islamismo – uma Iniciativa que pode fazer Escola na UE

António Justo
Em muitas cidades alemãs reúnem-se, às segundas-feiras, milhares de manifestantes protestando contra a “islamização do Ocidente”. Sob o nome Pegida (Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente) são regularmente organizadas manifestações; entre outras, a de 15.12.2014, em Dresden contou com 15 mil manifestantes, cidade onde o movimento tem mais expressão.

Fenómeno novo é o facto de a organização e participantes advirem do centro da sociedade. Há um medo difuso que a “Alemanha se abula a si mesma” (Jardins infantis que deixaram de festejar o S. Martinho e lugares em que os tradicionais “mercados de Natal” mudam o nome para “Mercados de Inverno” supostamente para não ferir os sentimentos islâmicos). Desde que a Alemanha também começou a produzir islamistas (550 a combater pelo Estado Islâmico), a sociedade tornou-se mais inquieta, embora a polícia alemã tenha tido até agora conseguido impedir casos de terrorismo interno. É um facto que os extremistas islâmicos têm interesse em dividir as sociedades porque assim torna-se mais fácil para eles motivar e recrutar prole para as milícias terroristas do Estado Islâmico.

Segundo dados oficiais das estatísticas alemãs, em 2013 viviam na Alemanha 16,1 milhões de imigrantes (e descendentes) o que corresponde a 20,5% da população. Cerca de 4,3 milhões são muçulmanos, sendo de origem turca 2,5 milhões. 9,7 milhões de estrangeiros têm nacionalidade alemã ou dupla nacionalidade. Em 2013 imigraram 465.000 para a Alemanha. Além disso em 2013 entraram 110.000 solicitantes de asilo. Em 2014, até novembro, foram registados 155.427 solicitantes e destes foram reconhecidos como refugiados 26.842; muitos dos não reconhecidos continuam a viver na Alemanha.

Embora os alemães façam muito pelos refugiados, o povo começa a insurgir-se contra a islamização do país, também porque este é o grupo que mais exigências especiais apresenta e porque não é propriamente possível ter-se conhecimento sobre a sua vida nos guetos. Radicais salafistas apoiam o Estado Islâmico enviando extremistas alemães para a “guerra santa”.

Paralelamente às manifestações de Pegida são organizadas contramanifestações de outras organizações. Um conflito de potenciais imprevisíveis! Segundo um inquérito 49% dos alemães mostra compreensão pelas manifestações de Pegida.

A classe política está preocupada pelo facto de se poder organizar uma corrente desestabilizadora da política e dos partidos. Por enquanto, estes apelam a que não se deixem infiltrar por forças da extrema-direita. A política tem dormido e permitido a formação de verdadeiros guetos que, também devido à criminalidade entre solicitantes de asilo leva muitos a questionar-se se entre eles não há terroristas. Para complicar, também há alemães que vivem em certas regiões e se sentem como estrangeiros no próprio país. Por outro lado a Alemanha, devido ao trauma da guerra, tem muito medo e com razão, de movimentos populistas.

Razões para preocupação causam também os neonazis que se podem sentir estimulados com manifestações do género (numa casa prevista para refugiados deu-se um fogo com prejuízo de 700.000€ e que se presume ter sido fogo posto). Medos difusos e o medo dos guetos islâmicos parecem justificar a expressão popular de uma sociedade que até ao presente não se preocupou com uma política de imigração séria e em que as muitas mesquitas (na Alemanha há 326 mesquitas e cerca de 2.600 casas de culto, bem como inúmeras chamadas “mesquitas de quintal”) não têm uma panorâmica sobre os seus frequentadores. Os políticos terão de pensar mais sobre a política de imigração se querem servir melhor os imigrados e a população em geral.

A Alemanha tem um problema que a política e os meios de comunicação social reprimiram pois contentavam-se com a designação de racista para quem se manifestasse criticamente contra certas protuberâncias sociais. Com o surgir de Pegida, esta receita, tal como fazer tabu de temas não chegará. Agora que surge uma inflação de manifestações em muitas cidades, admoestando para o perigo da infiltração islâmica, a sociedade-bem envergonha-se sem saber como reagir.

Parte da sociedade maioritária sente-se ameaçada pelo desenvolvimento e pela acção de grupos extremistas muçulmanos. Tipicamente, os vários grupos sociais, em vez de encarar objectivamente o problema, no sentido de dialogar em vez de julgar, opõem-se uns como manifestantes e outros como contramanifestantes, uns contra os outros, com se cada grupo quisesse, à sua maneira, salvar a nação. Este encontro na rua de grupos contrários pode contribuir para a escalação de uma potencial de violência latente há muito reprimido, devido principalmente ao facto de a política ter dormido sem dar resposta para problemas pendentes. Seria irresponsável desqualificar as manifestações como resultado do medo perante culturas estranhas. Este é um processo que, a não ser encarado objectivamente atingirá toda a Europa e simplesmente pelo facto de antes ser um problema reduzido à classe desfavorecida e agora se tornar num problema da classe média, isto é, do centro da sociedade. O medo dos retornados da “guerra santa” excita o espírito de muitos que querem, em paz, conservar os bens e os direitos adquiridos.

Parte dos manifestantes querem ajudar os refugiados muçulmanos, outros têm medo deles devido à sua quantidade e coesão social e outros ainda da extrema-direita e da extrema-esquerda e de permeio Hooligans e fanáticos querem desacreditar as manifestações; entre eles também os há que se misturam entre os manifestantes com a única intenção de fazer barulho e desestabilizar o Estado. Expressões infelizes de representantes islâmicos onde se afirma que a Alemanha é contra o islão juntam mais fogo à chama da irracionalidade. De facto a Alemanha respeita o direito a manifestações e muitos manifestantes da Pegida são cidadãos conscientes e pessoas de boa vontade. De facto, muitos dos manifestantes em algumas cidades fazem parte do resto da sociedade, e o que move muitas pessoas é o medo do seu futuro dado este mostrar-se cada vez mais incerto para muitos e a Alemanha não ter uma política de imigração definida como acontece nos USA e no Canadá. Outros ainda não percebem a razão por que os pretendentes a asilo se dirijam sobretudo para a UE e não em direcção aos países ricos árabes.

Pegida é um fenómeno muito complexo para poder ser equacionado em sentenças políticas. Trata-se, na sua maioria, de ”cidadãos preocupados”; muitos sentem-se estrangeiros na própria terra, ou não vêem as suas preocupações tomadas a sério pela política. Todos os grupos sociais deveriam entrar em diálogo e não só para fazer reivindicações. O facto de em Dresden ter havido 15.000 manifestantes na última segunda-feira preocupa a chanceler alemã que não quer ver “arremetidas” ou propaganda contra estrangeiros que são bem-vindos à Alemanha. Por parte da opinião pública alemã, das igrejas, partidos e organizações há grande apreensão e receio sobre as consequências de um tal movimento que pode servir grupos extremistas.

Deste modo, os terroristas conseguem, com a sua estratégia, em nome do Islão destruir estados africanos e ao mesmo tempo começar a desestabilizar uma sociedade europeia tradicionalmente consensual.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu

APT / TTIP – Uma Catástrofe para a Cultura social da Europa!?

Um golpe na eficiência dos Sindicatos e o Enjeitamento da Soberania – Único Trunfo que os Estados nacionais pequenos ainda têm
A Qualidade de Vida baixará embora se consigam Produtos mais baratos

António Justo
Consequências previsíveis em consequência do pretenso acordo APT / TTIP: As questões que aqui apresento fundamentam-se na filosofia do mercado livre e na análise de estudiosos do assunto, preocupados em defender o estandarte social adquirido, até há dez anos, na UE (União Europeia). Refiro os aspectos mais críticos atendendo à reserva da opinião pública sobre o assunto. Só informação crítica e variada pode levar à formação de uma ordem civil elevada e acautelada.

As multinacionais obrigarão as pequenas empresas a fusões que irão favorecer as grandes empresas e provocar maior desemprego porque as grandes empresas racionalizam o trabalho. Lembre-se que as grandes empresas dão emprego a cerca de 20% do operariado. Os empregos não se desenvolverão no sentido da produção mas sim no dos serviços. As multinacionais regularão os conflitos entre si, de maneira soberana e interna, contra a soberania e interesses de estados secundários e organizações sindicais.

Padrões ecológicos e sociais elevados serão nivelados. Teremos uma outra agricultura. A agricultura de muitas nações será aniquilada. Até a agricultura latifundiária alemã sofrerá grande concorrência dos EUA, embora se encontre bastante bem preparada, mas terá de renunciar a subvenções estatais. A UE, na sua política económica, orientava-se pela sustentabilidade do produto enquanto a América não se interessa com isso, limitando-se a tratar o produto, na fase final, com cloro. Os problemas das subvenções agrárias e outras, como o caso entre Boing e Airbus, serão colocados já não em prol da defesa dos empregados nacionais mas serão subordinados aos interesses das multinacionais que, em certos ramos, passam a emigrar para os países de menores níveis de vida.

Os deputados do Parlamento Europeu serão fortalecidos em consequência da transplantação das competências dos deputados dos estados nacionais para a UE. Competências político-democráticas serão centralizadas em Bruxelas. Só os deputados europeus poderão ter uma certa visão global em matérias cada vez mais complexas. Os parlamentos nacionais não terão nada a dizer, pois tudo será da competência da comissão europeia e da Comissão de Comércio onde quase só se encontram representantes da liberalização. Um mercado interno, onde tudo pode fluir, leva na enxurrada os artesãos, os operários, sindicatos, protecção legal, etc.; então observar-se-á que as pessoas empregadas na Comissão irão encontrar emprego nas multinacionais; será uma catástrofe para a cultura social da UE que já se encontra em declínio rápido. Só os grandes países, onde se centram as sedes das grandes multinacionais, terão margem de manobra política e económica para poderem desviar um pouco o caudal da corrente. Também por isso os países em desenvolvimento bloqueiam, com razão, a vontade dos países ricos investirem.

Um tiro no próprio pé: os EUA preparam um outro acordo com os Estados do Pacífico ficando a UE fora e em consequência disso as Filipinas e outros países do grupo ficam excluídos da possibilidade de negociar directamente com a UE; o contacto será então feito por intermédio das firmas americanas que lá se encontram.

A protecção dos investidores dá preferência à defesa do capital em desproveito do investimento. Será dificultado o fomento das firmas regionais. Os concursos públicos passam a ter de ser publicados a nível europeu quando ultrapassam os 50.000€

Razões a favor do acordo

Os peritos prevêem, como efeito do acordo, um lucro de 120 mil milhões de euros para a UE e 95 mil milhões para os EUA.

Se pensarmos em termos globais e de blocos culturais concorrentes, muitas das leis que regulam o comércio e a indústria hodierno (leis aduaneiras, leis de defesa ao consumidor e protecção de dados, regulação e estratégia sindical) provêm ainda de tempos de pensamento nacional, dos anos 80, precisando de uma adaptação à nova política e economia arquitectada em termos de blocos de interesses.

A UE fundamenta a necessidade do acordo no reforço da Agenda de Lisboa que pretende competição, desregulamentação e fomento do mercado interno.

Os contratos obedecem a uma estratégia de afirmação e de defesa dos grupos perante a China e a Rússia.

Dar-se-á uma uniformização na indústria farmacêutica no que respeita a duração das patentes, ao diferente processo de aprovação, à divulgação de dados de teste, etc.

Quanto à vida cultural esta permanece protegida devido ao Acordo de Lisboa.

O positivo da questão na EU é que o acordo tem de passar no Parlamento da EU e no Conselho Europeu.

O único trunfo da soberania que os estados da periferia têm será descartado

A padronização do negócio tem como consequência muito menos empregados. Deste modo o trabalho e o trabalhador são nivelados e colocados ao nível dos países pobres. Haverá maior quota de desemprego a financiar pelos contribuintes. A nivelação do proletariado internacional e sua legislação disciplina o proletariado em todas as nações passando as migrações a dar-se a nível de pessoal qualificado dos países periféricos para os países fulcrais conseguindo os grandes núcleos peritos baratos que ao mesmo tempo disciplinam os peritos das grandes centros com os seus ordenados concorrenciais. Ao que tem dar-se-lhe-á e ao que não tem ainda se lhe tirará o pouco que tem. Isto criará grandes focos de descontentamento e levará à reacção natural do crescimento de movimentos nacionalistas; surgirão organizações tipo guerrilha como é próprio do Médio Oriente, se não houver e junção da política e da economia com as sociedades locais. Por outro lado a penúria dos estados marginais servirá de impedimento a protestos de exigência de melhoria da situação nos estados economicamente mais avançados.

A concorrência que nos espera é semelhante à concorrência que os Estados do Sul receberam com os chineses e com o Euro. Dar-se-á um efeito grande de disciplinação; sem princípios jurídicos claros dado privatizar-se também a parte do poder interpretativo.

Com esta estratégia a taxa de câmbio do dólar dos EUA continua a ser co-financiada pelo estrangeiro.

As negociações do acordo estão a ser organizadas antidemocraticamente e sem transparência porque, a opinião pública não discute, não negociam os Estados, o assunto permanece na comissão europeia. Com isto vão lucrar empresas e investidores de elite. Restam aos países as armas militares a arma do poder de compra. O único poder que ainda temos é fazer pressão nos parlamentos

Organização de Forças contra a Economia chinesa e Outras emergentes

O turbo-capitalismo passa a agir ainda de forma mais globalizada e mais garantida contra a economia chinesa que copia as tecnologias e métodos do mercado ocidental e uma vez que é regularizada de maneira central se serve, com sucesso, de uma matriz socialista-capitalista para concorrer com o Ocidente. O capitalismo ocidental e o capitalismo estatal chinês sabem aproveitar-se dos recursos de países ricos em matérias-primas, porque os capitalistas destes países investirão nas economias mais fortes através da sua participação nas multinacionais. Este sistema é perigoso porque lhe basta fomentar o bem de uma classe política provinda de uma democracia instrumentalizada bastando-lhe para isso controlar o fisco e as organizações policiais e militares e um sistema judiciário comprometido em estados onde a soberania passa a ser sonho. A massa e até a burguesia passam a sofrer a concorrência de grandes oligarcas distantes dos panoramas nacionais, agora proletarizados, porque sistematicamente lhes foi destruída a levedura da inteligência nacional antes guardada na classe média. Assiste-se a uma emigração da inteligência e do capital para os centros do poder. Interessa a rentabilidade e não a produção séria assistindo-se a uma emigração de pessoas e do capital na procura do lucro baseado no consumismo. O capitalismo serve-se da tendência humana a querer mais e a dominar.

Os países pequenos, tal como as pequenas e médias empresas, ficam sujeitos aos interesses das grandes potências e aos órgãos plurinacionais. O capitalismo estruturado em grandes centros hegemónicos passa a operar como o islão na África – de espírito latifundiário e de monoculturas – impedindo o desenvolvimento de estruturas nacionais autónomas. O capital financeiro dos bancos centrais dos EUA e EU, torna-se cada vez mais drástico fornecendo as grandes multinacionais com dinheiro quase de graça e o Estado, que por sua vez, cria as condições para o trabalho barato. Assiste-se a um canibalismo financeiro cada vez mais sistemático devido à união da força política à força do capital que se afirma à custa dos mais pequenos e dos estados.

Aos gabinetes jurídicos parasitários do Estado e servidores das classes políticas juntam-se os órgãos da justiça semiprivada paralela que regula os conflitos entre as grandes empresas. Com a APT / TTIP institucionaliza-se na UE órgãos de justiça privada passando a competência de julgamento em matérias conflituais sobretudo para as mãos das empresas. Os Estados das pequenas Empesas estarão submetidos aos interesses das grandes empresas e correspondentes direitos que se sobrepõem interesses nacionais ou políticos. Daí a necessidade da UE não assinar tal clausula que privilegiaria as decisões de mediações em que os juízes privados das empresas se encontram em maioria e muitos deles sedeados nos EUA (tenha-se presente o caso da Argentina).

O Estado não deveria ser constituído sujeito devedor atendendo a que o fiador é o povo e ao facto corrente de os políticos se deixarem corromper pela classe financeira. Dar carta-branca ao Estado corresponde actualmente a servir a ganância internacional e o bolso dos políticos e parasitas do Estado. Tudo isto fala em benefício de uma democracia directa (ex. Suíça) e não apenas representativa.

Quando os impostos sobre as energias, os automóveis, comunicações se torna a maior fonte de receita do Estado e não a receita proveniente do rendimento nacional, há fundamento para se temer o empobrecimento e o autoritarismo do Estado. O empréstimo financeiro a um estado obriga-o indefinidamente ao capital estrangeiro. Fomentam-se burocratas à custa da racionalização do trabalho e do emprego à custa de um desemprego a manter e à custa do parco salário.

São precisas regras globais com padrões elevados, de protecção social, ambiental e dos consumidores e não daqueles que atentam contra eles. Precisam-se regras globais que fomentem o trabalho digno e honrado e que integrem os diferentes interesses de cada grupo e sociedade.
Portugal já teve um exemplo comparável em que capitais subvencionados pela EU, passados os 5 anos de condicionamento às subvenções, emigraram para países mais baratos, tendo destruído as pequenas empresas e deixado o operariado indefeso e à deriva, como se encontra hoje, emigrando do país o cerne de Portugal. Esta é, como sempre, uma análise possível entre outras. A perspectiva lógica e a sua soma determina o conjunto racional.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu

APT / TTIP – Um Poder económico e comercial correspondente ao Poder militar da NATO? Vantagens e Desvantagens

O Euro também desestabilizou o Sul da União Europeia e  o APT/TTIP vai discipliná-lo

António Justo

A União Europeia está a negociar o acordo de comércio livre APT / TTIP com os EUA e o acordo CETA com o Canadá. Estes acordos, vêm influenciar negativamente as leis europeias de protecção do ambiente e do consumidor. Certamente que terá efeitos semelhantes à introdução do Euro e à abertura ao mercado chinês.

APT (Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a EU e os USA) ou TTIP , é uma iniciativa para se estabelecer um poder comercial e económico correspondente à zona de poder da NATO a nível militar. Só que enquanto a acção da NATO é determinada pelos USA e rectificada pelos países membros (Parlamentos / Estados) o APT / TTIP quer subtrai-se ao poder e à jurisprudência dos parlamentos nacionais para ser determinada unicamente pelos poderes económicos e comerciais das multinacionais em colaboração com as cúpulas políticas da EU e dos EUA. A nova geração de acordos de comércio livre servirá os interesses das grandes corporações e correspondentes potências na concorrência com os novos centros político-económicos emergentes.

Ambos os acordos vão desautorizar os parlamentos e as legislações nacionais porque contêm cláusulas de proteção, das multinacionais investidoras, que, a serem aceites, permitirão às corporações processar os estados por perdas e danos em negócios, se houver decisões políticas (leis nacionais) que venham a danificar o valor dos investimentos ou suas expectativas de renda.

Daí a importância e necessidade de uma discussão pública intensiva na UE sobre este assunto, porque os acordos irão determinar o modo de vida das próximas gerações. Passarei a referir-me apenas ao APT / TTIP devido ao maior impacto das multinacionais dos EUA na UE.

O APT / TTIP pressuporia uma organização laboral sindical europeia

e não apenas nacional

As Multinacionais monopolistas preparam-se para subornar a democracia, esvaziar o Estado social, destruir as soberanias nacionais e defraudar o Ambiente.

As grandes multinacionais conseguem titularizar direitos que as ilibam de responsabilidades laborais na sua política empresarial perante a maioria dos países.

Portugal passa a não poder determinar a sua política laboral, dado fazer parte dos países do acordo. Atendendo à ocupação predileta da opinião pública portuguesa – a politiquice – Portugal terá de se deixar ir na enxurrada porque não lhe resta tempo para se ocupar e preparar para a realidade que move a UE e que determina o modo de estar de Portugal.

Para que a população europeia não se erga já e manifeste, as negociações do acordo dão-se propriamente em segredo, não a nível de Estados mas de lóbis políticas e económicas  das cúpulas da UE e dos USA.

É de admirar que os sindicatos se mantenham tão calmos atendendo ao que lhes espera! Os egoísmos nacionais aliados ao atraso das instituições do operariado levaram os sindicatos a perderem o comboio da História da UE, ao não se terem já organizado a nível supranacional na zona Euro. Com a UE está-se a destruir a soberania dos Estados nacionais em favor da soberania centrada em torno das diferentes lóbis da EU e com o Acordo APT está a tentar explorar-se os recursos da população mas não em benefício  da maioria. Onde se encontram os lóbis dos trabalhadores? Quem defende e como os seus interesses reais que a nova política exige? Dado a política encontrar-se sonâmbula em relação à economia, seria urgente um lóbi sindical a nível em Bruxelas. A hora em que nos encontramos é difícil para todos: cidadãos, organizações, estados e blocos de Estados porque o globalismo configura hoje os interesses em torno de blocos em concorrência brutal atendendo ao fanatismo do dinheiro. Isto exige de todos grande capacidade criativa que implica mudança.

As multinacionais pretendem ter mecanismos arbitrais próprios (tribunais do comércio com sede nas nações das multinacionais) de modo que, em caso de conflito, a mediação seja feita através das empresas sem se submeterem aos controles parlamentares nacionais. Assim multinacionais estrangeiras passam a adquirir um estatuto paraestatal.

Está-se perante a tentativa de uniformizar e fortalecer o capital e o poder militar centrado no ocidente a nível de potências EU e EUA. O poder económico configurado no APT / TTIP está interessado no uso dos instrumentos fiscais e no predomínio das multinacionais num conluio entre centrais de governos para que os Estados garantam a hegemonia das grandes empresas, sem leis sindicais ou laborais que as estorve. Este tratado está a ser negociado, quase em segredo, pelos poderes económicos, fora do âmbito público e do controlo democrático parlamentar em que os Estados menos fortes perdem voz activa política e influência económica pelo facto de não possuírem grandes multinacionais. Os estados e a política ficam de braços atados.

Se observarmos os acordos entre EUA-Canadá-México, os cereais americanos invadiram o México arruinando-lhe os agricultores. Temos também um precedente de um acordo semelhante entre o México e os EUA em que o México foi condenado a pagar às firmas de bebidas americanas a quantia de 90 milhões de euros por ter publicado uma lei reguladora das bebidas. Com esta lei, as firmas passaram a ter menos lucros que tiveram de ser compensados pelo estado mexicano. Na Guatemala deu-se coisas semelhantes com o preço da energia. Naturalmente a UE tem padrões de concorrência mais preparados para a competição.

Os países da EU terão de abdicar da qualidade em favor da internacionalização. A UE abdica de padrões elevados no direito ao trabalho em demandas trabalhistas, para facilitar a concorrência. Surgirá na UE uma base proletária mais igual a si mesma independentemente da riqueza do Estado em que se encontre. Dar-se-á uma emigração da classe média para uma classe baixa, mais alargada. Dado os standards sociais baixarem, haverá menos emigração de pobreza para os sistemas sociais dos Estados ricos.

O artigo continua em: APT / TTIP – Uma catástrofe para a cultura social da Europa

António da Cunha Duarte Justo

Jornalista

www.antonio-justo.eu

Os 2.325 Bilionários do Mundo

A Distribuição da Riqueza revela o Cinismo humano tácito

António Justo
A revista alemã, “manager magazine spezial” Oktober 2014, faz uma análise sobre os 500 alemães mais ricos em 2014 e apresenta estatísticas sobre a distribuição da riqueza mundial em 2014 (fonte: Wealth-X/UBS.), registando, sob o título “O Superiores”, os 2.325 bilionários do mundo. Por estes dados serem de grande importância para reflexão e orientação apresento-os detalhadamente.

Distribuição dos 2.325 bilionários pelo mundo:

Em primeiro lugar está a Europa com 775 bilionários com uma fortuna total de 2.375 bilhões de dólares (1), em 2° lugar os USA e Canada com 609 bilionários com um total de 2.371 bilhões de dólares, em 3° a Ásia com 560 bilionários com um total de 1410 bilhões de dólares, 4° Médio Oriente com 154 bilionários com um total de 413 bilhões de dólares, 5° América Latina com 153 bilionários com um total de 511 bilhões de dólares, 6° África com 40 bilionários com um total de 114 bilhões de dólares, 7° Oceania com 34 bilionários com um total de 97 bilhões de dólares.

Os 10 países do topo com mais bilionários:

1° USA têm 571 bilionários com um total de 2.266 bilhões de dólares; 2° China, 190 bilionários com um total de 440 bilhões de dólares; 3°Grã-Bretanha, 130 bilionários com 395 bilhões de dólares; 4°Alemana, 123 bilionários com 413 bilhões de dólares; 5° Rússia, 114 bilionários com 365 bilhões de dólares; 6° Índia, 100 bilionários com 175 bilhões de dólares; 7°Suíça, 86 bilionários com 200 bilhões de dólares; 8°Hong Kong, 82 bilionários com 343 bilhões de dólares; 9°Brasil, 61 bilionários com 182 bilhões de dólares; 10°Arábia Saudita, 57 bilionários com 166 bilhões de dólares.

Segundo a Revista americana Fobes, o Brasil tem 65 bilionários sendo o mais rico Jorge Paulo Lemann cuja fortuna atinge os 19,7 bilhões de Dólares.

Portugal tem três multimilionários: Américo Amorim, com cerca de 4.400 milhões de dólares, Alexandre Soares dos Santos com cerca de 2.500 milhões, e Belmiro de Azevedo com 1.000 milhões de dólares).

O homem mais rico do mundo é o mexicano Carlos Slim, com uma fortuna de cerca de 69.000

Distribuição da riqueza mundial por habitante:

0,7% da população mundial possui 41,0 % da riqueza mundial, o correspondente a mais de um milhão de dólares por pessoa; 7,7% da população mundial possui 42,3 % da riqueza mundial que vai de 100.000 até um milhão de dólares por habitante; segue-se 22,9 % da população mundial com 13,7 % da riqueza mundial correspondente a 10.000 até 100.000 dólares por habitante; segue-se, por fim, 68,7 % da população mundial com 3,0 % da riqueza mundial, o correspondente a menos de 10.000 dólares por habitante.

Na ordem da reprodução crescente da riqueza, desde 2008 até 2013, a China ocupa o 1° lugar, a América do Norte o 2°, a América Latina o 3°, a India o 4°, a Ásia/Pacífico o 5°, a África o 6° e a Europa o 7°lugar. O 7° lugar para a Europa não é bom, porque isso levará, muito do seu capital emigrar, para zonas onde este se reproduz mais rapidamente. Maus sinais para a assistência social e para os sindicatos.

António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu
(1) Um bilhão ou milhar de milhões de dólares corresponde a mil milhões

Islamistas europeus em Luta pelo “Estado Islâmico” afligem a Europa

Portugal tem 12 Jihadistas, do Brasil não se conhecem Estatísticas
Solução: Apoiar os Muçulmanos democráticos reformistas

António Justo
No Iraque e na Síria encontram-se cerca de 30.000 jihadistas (guerra santa) estrangeiros de 83 países, que se aproveitam da experiência aí feita para uma melhor organização de redes de grupos terroristas internacionais. Estes, quando regressam aos países de origem, fomentam o terrorismo, em nome da resistência islâmica.

Segundo estatísticas da revista alemã Cícero-11.2014, há na Síria e no Iraque 1.000 combatentes da França, 600 da Inglaterra, 550 da Alemanha, 300 da Bélgica, 250 da Austrália, 120 da Holanda, 100 da Dinamarca, 70 dos USA, 50 da Noruega, 60 da Áustria, 30 da Irlanda, 30 da Suécia, etc..

Na Síria já morreu um jihadista português em combate pela instauração do Estado Islâmico (EI). Portugal tem 12 guerrilheiros na guerra santa (jihad), dos quais dois são mulheres (muitas mulheres jihadistas oferecem o sexo para os guerreiros de Alá, talvez no sentido de anteciparem o paraíso dos homens!). Há também jihadistas brasileiros mas não são abrangidos por estatísticas; O Brasil tem redes de recrutamento e propaganda em meios salafistas (fluxo rigorista do Alcorão) e outros grupos islamistas ou talvez jihadistas como: (http://islam-maranhao.blogspot.com). Na Europa abundam as redes de organização, como: Sharia4Belgium ou “Profetens Ummah (Noruega) e na península ibérica especialmente o grupo Sharia45Spain que, além do mais, quer minar as Constituições dos 2 países ibéricos. O recrutamento preferido dos jihadistas processa-se através das suas estruturas logísticas da internet. Este atinge sobretudo a camada jovem atraída e radicalizada sobretudo por grupos em torno dos salafistas, da Sharia e outros.

A Europa está inquieta com os novos mujahedin internacionais. Já se conta, na Europa, com atentados de decapitação e outros. Afeganistão formou uma geração de bombistas nas décadas passadas e agora sucede-se-lhe o Estado Islâmico.

Muitos jihadistas ficam desiludidos, quando notam que na Síria os próprios sunitas se combatem uns aos outros. Por isso no regresso de terroristas islâmicos às nações deveria haver mais diferenciação no seu trato, porque os há que em contacto com a realidade se desiludiram, outros ficaram traumatizados e outros ainda mais radicalizados.

Muçulmanos e não muçulmanos têm medo de Islão

Assiste-se a uma radicalização religiosa e política principalmente da juventude que se encontra desempregada e num vácuo entre a família paterna e uma família a fundar; são pessoas perdidas que não sabem onde pertencem e encontram na ideologia islâmica um sinal a brilhar no seu caminho escuro; a mais fácil forma de sobressair é converter-se ao islão e colocar-se ao seu serviço. O salafismo apresenta um projeto contra a sociedade ocidental, que se serve da música Rapper para, no sentido jihadista lutar contra a corrente e contra o ocidente, como fazem Jihadi John e Deso Dogg, que figuram como estrelas pop. Por isso, os salafistas encontram-se na Alemanha sob observação do Estado! Em nome de uma revolução hegemónica, justificam-se os meios bárbaros e a intenção de chamar a atenção para a causa islâmica. Nas mesquitas prega-se normalmente em turco ou árabe sem preocupação por esclarecer e continua a defender-se a separação em relação aos não islâmicos, apelidados de incrédulos ou infiéis. Nas mesquitas entram à vontade moderados e extremistas.

O islão extremista vive de teorias de conspiração do ocidente, dos judeus e até dos xiitas, contra o Islão (Sunita), e fundamenta-se no Corão e nas Hadith; os imãs nas suas mesquitas, no dizer de gente inside, não se declaram criticamente em relação aos versos do Corão que apelam à violência, não falam do direito a determinar o próprio modo de vida (calam os casamentos forçados), calam a violência da sharia, silenciam o aspecto problemático do uso do lenço e do chador, ocultam a discriminação da mulher, etc. Chega-lhes a jihad, o esforço interior e contra o exterior.

O Flerte cínico cultivado entre Figurantes da Tolerância religiosa

Em muitos dos nossos colóquios universitários sobre o Islão e nas rondas públicas de tolerância ad hoc, os conferencistas falam de permuta de ideias acentuando o lado pacífico do Islão. Ao omitir-se os aspectos críticos, e ao não convidar-se muçulmanos críticos, como referentes, impede-se uma discussão séria, de olhos nos olhos. Peca-se assim por omissão e fomenta-se a intolerância do Islão institucional contra um islao que se quer modernizar e contra muçulmanos críticos que ao criticar versos agressivos do Corão e dos hadith (Hádices) de Maomé, são hostilizados pela generalidade, e chegam mesmo a colocar a própria vida em perigo dentro das suas fileiras islâmicas. A estes, que poderiam contribuir para a evolução do islão tira-se-lhes o tapete. Deste modo, intelectuais não islâmicos tornam-se cúmplices de um islão conservador e segregador porque reservam o mícron aos conformes ou oportunos.

Mulheres e homens islâmicos corajosos, porque críticos de irracionalidades islâmicas, precisam de um palco que permita a modernização do Islão. Quem dá a palavra a estes é verdadeiramente amigo do islão; quem dá guarida e projecção aos conservadores islâmicos e aos falantes suaves islâmicos serve, muitas vezes, a hipocrisia. O islão precisa de reforma e quem precisa de palco público, para motivarem outros irmãos, são os reformistas. O resto é show de mútuas vaidades brilhantes mas um mau serviço ao Islão, porque quer o status quo, não apoia a formação de um islão tolerante. Afirmo isto também devido à longa experiência de convivência e até apoio a grupos islâmicos da cidade.

Nenhuma Constituição de um país civilizado legitima o terrorismo, nenhum país civilizado aceita o facismo; o Corão e as Hádices fazem-no e tudo aceita isso como um dado religioso aceite e indiscutível pelo facto de trazer a etiqueta de religião. Não podemos legitimar o islão como arma aceitando também a premissa islâmica que uma mentira em favor do Islão é uma virtude! É preciso modernizar o Profeta Maomé, não o deixando preso num patriarcalismo avoengo do Antigo Testamento. A ignorância e o oportunismo engravatado perante o Islão contribui para que este não passe da sua idade média nem do referido patriarcalismo próprio de zonas pobres e nómadas.

A jornalista turca de Berlim, Güner Yasemin Balci afirma em Cícero: “Muçulmanos e não muçulmanos têm medo do Islão. O Islão é uma arma carregada, devemos finalmente descarregá-la”.

As causas da violência e do não desenvolvimento no islão vêm-lhe da falta da ausência de pensamento autocrítico e da presunção dos que não querem reformar o Islão para manterem uma atitude de desprezo perante as outras religiões.

Urge ajudar as forças reformistas dos muçulmanos e não manter o Islão institucional em banho-maria como se faz em muitas agremiações, conferências e confrarias.

A honradez é o tesouro mais profundo que cada pessoa tem a guardar, mas na consciência de que a honra que nos é devida se encontra no próximo a respeitar.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu