António Justo
Com o Pentecostes, o „quinquagésimo” dia depois da Páscoa, termina o tempo pascal, o tempo de Jesus; Pentecostes é o tempo do Espírito (do Ruah, que significa sopro, aragem, hálito divino), é o tempo da santa convocação em que a comunidade se reúne, em que a Igreja começou; a presença de Cristo é agora mística passando Ele a estar nela.
A experiência da igreja primitiva testemunha que quem recebe o Paráclito fica com a capacidade de falar línguas estrangeiras, isto é de incluir e compreender toda a humanidade no mistério do amor.
Segundo a fé-testemunho da Igreja, o Espírito santo é a terceira pessoa da Trindade – Deus-pai-filho e Espírito divino – a fórmula mística que engloba toda a realidade num processo relacional interpessoal. O Paráclito une as pessoas e tudo o que separa. As barreiras e as fronteiras da língua, da origem, das culturas, desaparecem, tudo se reúne em Deus.
Pentecostes é o tempo dos dons do espírito santo (1). Os actos dos Apóstolos descrevem-no como “Um rio de água viva, resplandecente como o cristal, saindo do trono de Deus e do Cordeiro (Ap 22,1). Desse espírito surge toda a criatividade.
Os dons do Espírito santo reconhecem-se nos seus frutos, nas acções (2) com se verifica em Gálatas 5, 22-23: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio. Contra estas coisas não há lei.”
António da Cunha Duarte Justo
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(1) Os Dons do Espírito Santo são: Sabedoria (espírito do discernimento), Inteligência (entender o mundo na presença de Deus, uma espécie de intuição das verdades naturais e espirituais), Conselho (na entreajuda e no discernimento de atitudes e circunstâncias), Fortaleza (para encarar a vida de frente se se desviar das dificuldades), Ciência (ao nível intelectual, da vivência e da acção para ir interpretando e actuando num mundo em transformação), Piedade (o amor divino presente em nós através da misericórdia) e o Temor de Deus (o dom que nos leva a reconhecer no Outro o centro da nossa ipseidade, ele ensina-nos o respeito às pessoas e à natureza). Estes são os dons da comunidade chamada a realizar o corpo místico de cristo. Cf. I Coríntios 12, Romanos 12 e Efésios 4.
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Amor é o resumo da fé cristã: Deus é amor (1 Jo 4.8), amai-vos a vós e aos outros como eu vos amei; a Alegria vem da graça de viver bem na relação com o mundo em Deus); a Paz saboreia o aroma divino no mundo; a Longanimidade (Jo 8.10-11) conjuga a abertura e a ajuda, é tolerante e paciente, é própria da alma grande; a Benignidade é flexível (Jo 8.1-11) e honesta; a Bondade (Mc 11.15-18) aceita e empenha-se; a Fidelidade realiza-se no âmbito da fé e da esperança; a Mansidão é o calmante do corpo e do espírito na humildade do viver ; o Autodomínio dá-se nos pensamentos, palavras e paixões.