Celebração do Dia da Sexualidade nas Escolas
António Justo
O Governo de Sócrates já não se contenta com uma abordagem científica do tema sexualidade na escola. Ele quer mais, pretende uma endoutrinação ideológica do povo, a pretexto do sexo. Para isso institucionaliza o “dia da educação sexual” a celebrar-se anualmente nas escolas. Parece tratar-se duma reminiscência das festas da glorificação sexual da antiguidade e dos ritos de iniciação da juventude próprias de países socialistas.
A lei pressupõe o controlo das escolas através das direcções regionais de educação que devem “garantir o acompanhamento, supervisão e coordenação da educação para a saúde e educação sexual”. Esta nomenclatura, possibilita naturalmente mais burocracia para a rede partidária e maiores postos de coordenação para os boys do partido, prevendo também uma rede de acções consertada entre ME e MS.
À semelhança dos gabinetes de propaganda dos definhados países socialistas, o ME ressalva a intenção daqueles decretando:”No Secundário, o gabinete de informação e apoio deve assegurar aos alunos a distribuição gratuita de métodos contraceptivos…”.
O outro problema é o estilo dirigista e ditador que se encontra por detrás duma lei que obriga todas as escolas, mesmo as privadas com contrato, aos mesmos rituais e controlos e a distribuir preservativos e anticonceptivos a miúdos. As várias instituições vivem da complementaridade entre umas e outras na resposta aos diferentes projectos educativos a surgir da sociedade e não do governo. Este abusa do povo que tem.
As iniciativas legislativas do nosso ME têm sistema pretendendo criar uma outra república. Quem consiga uma ideologia forte, uma administração obediente e controle a sexualidade tem o povo atrelado e disponível para puxar o trenó do Estado. De resto, para eventuais flatulências intestinais lá estará a TV que diminuirá a dor.
O projecto de lei N° 660/Y que estabelece o regime de aplicação da educação sexual no meio escolar, envergonha um povo que se digne de tal nome. Aqui na Alemanha, onde o povo ainda é povo e não apenas massa, um tal decreto não passaria dum acto ridículo, duma ideia peregrina dada à luz por cabeça ideológica. Ela só testemunha a superficialidade e arrogância de quem a aplica e a pobreza e inconsciência de quem a acata. Num país do faz de conta a arrogância, a ideologia e a ignorância aliada à ingenuidade tudo legitimam… O povo encontra-se à deriva devido à falta de intervenção responsável de governos mercenários. No consulado de Sócrates a fúria da ideologia tem andado à solta sem rei nem roque nem diabo que a toque. Vai sendo tempo de o povo e as pessoas de boa vontade passarem a factura aos empertigados de tal masturbação sexual e política. Aqueles revolucionários de meia tigela, que subiram, sem dores de consciência, em nome do socialismo e à custa do trabalhador vivem em adultério nacional e fornicam desavergonhadamente o povo e ainda se armam marcando todo o território com os seus odores e alardes sexuais.
Que o povo seja enganado não admira. O que admira é que a camada intelectual portuguesa tal permita. (Se falo amargamente é por ver a diferença gritante de trato da casta política do país onde vivo e a maneira como os políticos portugueses tratam o povo do meu país.)
Não haveria nada contra a educação afectivo-sexual nas escolas, se um tema tão complexo e rico da personalidade humana não fosse reduzido a uns apêndices de centímetros do corpo humano. A descoberta de si e do outro, num processo de desenvolvimento pessoal, social em respeito e dignidade humana, constituiria um grande projecto. Contra isto, porém, testemunha a letra e o espírito da lei, bem como os que a arquitectaram. Uma abordagem séria, mais que difícil a nível de planeamento como de aplicação, torna-se impossível.
Numa época em que políticos portugueses já não parecem ter mais nada para descobrir deitam-se à descoberta do sexo. Sabem que neste assunto por mais que se descubra mais ficará para descobrir e para mais numa matéria que não se deixa reduzir ao dizível…
Os ideólogos do cariz da revolução francesa e de espírito soviético nunca compreenderão que a sexualidade manterá sempre um algo de tabu, doutro modo tornar-se-ia banalidade. Esquecem que educar é o papel dos pais e da sociedade e que o papel da escola é instruir, não podendo a escola ser instrumentalizada como uma cunha de divisão entre família e sociedade. Vê-se que o socialismo não reconhece o direito de educar aos pais. É-lhe mais fácil partir da precariedade proletária do que implementar uma formação escolar séria que lhes dê consistência e consciência. Já vimos coisa semelhante na maneira como tratou os docentes. Estes se tivessem percebido a lição passariam a educar para a liberdade crítica e não para a adaptação a uma superstrutura que os usa. Portugal precisa duma educacão para a liberdadxe e para a criatividade e não para um socialismo mecanicista já ultrapassado também pela física quântica.
Precisa-se duma escola consciente e dum socialismo responsável e respeitador. Por onde anda o socialismo cristão? Embora o sistema democrático seja partidário, não é legítimo usar a escola para desresponsabilizar e desautorizar os pais. Um sistema que reduz o papel dos pais à função de procriação torna-se apto para dirigir massas proletárias mas indigno para dirigir um povo. Não podemos aceitar a destruição do sentido de pertença e de solidariedade em benefício duma sociedade repartida em partidos. Para mais quando estes ameaçam ocupar todos os lugares mais relevantes do Estado e das instituições. A continuar assim os partidos ainda sufocarão a democracia.
Quem dá o pão dá a educação! Os nossos governantes, bem alimentados, mas sem pão suficiente que reste para saciar a fome do povo, distraem-no e desobrigam-se deixando-o na impressão do consolo e da liberdade sexual. Consta que antigamente o povo fazia filhos por não ter televisão, hoje deixam de os fazer pela consolação de terem TV para verem políticos tão sexuados.
Endoutrinação através dos Ministérios
A nova lei tem uma expressão declaradamente socialista fazendo alarde da implementação sexual socialista em Portugal. Um atrevimento, uma pobreza de espírito!
Nação e família não cabem numa mundivisão política socialista. Para a concretização do seu conceito chega-lhes o estado. Neste sentido, proletarizam a cultura e fazem do povo massa. A sua estratégia de infiltração nos sectores públicos, para melhor realizarem a sua ideia de estado e de colectividade popular, manifesta-se mais eficiente nos ministérios da Educação e da Saúde, como é característico das nomenclaturas dos Estados socialistas. Quem forma e controla ideias tem mais facilidade em governar. Os nossos socialistas, que deram cobertura à infiltração cubana nos territórios coloniais, à custa de Portugal, parecem hoje inclinados a imitá-los a nível de estruturas e políticas ministeriais.
Começaram por tirar os crucifixos e os santos dos espaços públicos para agora os substituir pelos preservativos e anticonceptivos. No seu sistema programático está a substituição dos restos de cristianismo pelo socialismo. Vivem ressentidos porque sabem que o dragão do povo pode acordar dum momento para o outro. O jacobinismo enraizado nos países do sul tem má consciência por ser estrangeirado e encontra-se em contínua luta sub-reptícia cultural contra o povo e contra a nação. Pior ainda é que o possam legitimar em nome do progresso! Ontem usavam a isca da liberdade e da igualdade, hoje usam a da sexualidade. A pobreza parece continuar a dar razão à pobreza de espírito.
No tempo de Salazar, Portugal era um país pobre, hoje é um pobre país, apesar de continuar com um grande povo. Se no tempo dos descobrimentos éramos povo hoje somos massa. Às rajadas socialistas dos ME de tipo golpista e carreirista seria de esperar a contraposição dum vento mais ameno dum socialismo mais português e o acordar duma racionalidade nacional.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
«Políticos tão sexuados»… Jamais imaginei um político excitado. Há algo irresponsável na tentativa de evocar políticos «tão sexuados». Porque o sexo não reside no «poder». O que a política lhes traz é algo convencionado, de uma tradição arreigada e obsoleta. Para o homem mostrar o amor que o seu ânimo emana e provoca, não são necessárias vagas explanações e preconceitos latentes.
Sem o seu e o meu preconceito o mundo seria mais pobre e a sociedade mais fria!
António Justo,
queira desculpar a minha abordagem ao seu artigo; não foi de forma alguma uma tentativa de o advertir, até porque penso que é um homem ilustre e preclaro. No entanto, pareceu-me de alguma forma um pouco irresponsável, como havia mencionado, em abordar um tema tão sensível. Quanto ao preconceito, bem, acho que esse é um estado de superstição recorrente que atinge em especial a Igreja. Sempre achei o comum dos cristãos (e queira acreditar que sou cristão devoto) um pouco avaro… Sim, é de facto um pecado o homem tentar alcançar as graças de Deus devido a um capricho recorrente e fatal, que o leva irremediavelmente ao castigo; porém, essa tentativa, essa luta pela forma sempre foi alvo de críticas mordazes ao homem dito cristão (das quais eu próprio sou vítima – por acreditar em Deus) – que «Deus está morto», entre outras insidiosas manifestações; o que quer dizer que esse vício – esse preconceito – faz parte do género cristão, o que arrasta consigo a doença. Não creio alguma vez que o preconceito tenha sido uma vantagem para a humanidade – isto, se me obsequiar com a sua sapiente explanação. Felicitações.
Obrigado pela redarguição.
Será verdade que o sexo não reside no "poder" mas a acção do poder é altamente sexual. A polítcia também procura apresentar-se de forma sexy…, não vivessemos nós em tempos heróticos! Hoje o despudor sexual é contrabalançado pelo pudor religioso e o despudor político pelo pudor do cidadão.
Quanto aos preconceitos latentes é fácil contrariá-los em termos de moda ou de tradição. Um preconceito latente opoe-se facilmente a um outro preconceito latente. Mais difícil será reconhecer os preconceitos imanentes ao sistema e à pessoa. Talvez a física quântica nos ajude a perceber o espaço virtual entre objectidade e subjectividade…
À custa do pudor cívico sobre temas sensíveis, ao silêncio do povo e ao oportunismo dos comprometidos com o sistema, vivem bem os “meninos bem” do sistema naç ão. Entretanto esta e o povo abdicam… A ineficiência do sistema está relacionada com a precaridade humana. Cada sociedade tem as instituiçoes a que está à altura. Para sair da sepa torta precisa-se de personalidades questionadoras do sistema, factores de mudança. Em nome da moral democrática e da objectividade afirmam-se sempre os mesmos interesses dos mesmos grupos ao longo dos tempos. O pretexto é o mesmo e sempre para os mesmos que vivem da sonolência maioritária.O dinheiro e os políticos vencem sempre sobre o povo numa procura contínua de legitimação. Uma certa vantagem deles perante os representados seria legítima dentro de certas marcas.
Pobreza prejudica o cérebro e a democracia. O tabu do “poder” favorece sempre os mesmos. Estes apoderam-se das instituies transformando uma grande parte das massa em marionetes.
Ao cristianismo, como a qualquer instituição são comuns defeitos que provêm do sistema, das pessoas e da época envolvente. A Religião facilita o autocontrolo. Do Cristianismo surgiu a maior civilização. Apesar das suas contradicoes conseguiu fomentar o respeito pelos direitos humanos e os direitos cívicos, fazendo do Ocidente um oásis no mundo….
Quem está com Deus, nunca está sozinho, e a História, por mais voltas que dê confirma-o. A questão estará no nosso preconceito sobre Deus. Deus está demasiado próximo de nós para nos poder castigar. Nós castigamo-nos a nós mesmos…
O preconceito é o outro lado da verdade. Importante será estar consciente de que a verdade tem sempre um outro lado (face), diferente daquela que apresentamos. O preconceito, como etimologicamente se verifica já na própria palavra, é uma necessidade inerente ao conhecimento. O problema estará na abertura e no grau de consciência individual e social…
António Justo
A lei é propagandeada pela famigerada APF (Associação para o Planeamento Familiar) que recebe milhares do Governo e dos lobis farmacêuticos!
Considerar o aumento da população como a primeira causa do subdesenvolvimento é errado, inclusive do ponto de vista económico: basta pensar, por um lado, na considerável diminuição da mortalidade infantil e no alongamento médio da vida que se regista nos países economicamente desenvolvidos, e, por outro, nos sinais de crise que se observam nas sociedades onde se regista uma preocupante queda da natalidade. Obviamente é forçoso prestar a devida atenção a uma procriação responsável, que constitui, para além do mais, uma real contribuição para o desenvolvimento integral. A Igreja, que tem a peito o verdadeiro desenvolvimento do homem, recomenda-lhe o respeito dos valores humanos também no uso da sexualidade: o mesmo não pode ser reduzido a um mero facto hedonista e lúdico, do mesmo modo que a educação sexual não se pode limitar à instrução técnica, tendo como única preocupação defender os interessados de eventuais contágios ou do « risco » procriador. Isto equivaleria a empobrecer e negligenciar o significado profundo da sexualidade, que deve, pelo contrário, ser reconhecido e assumido responsavelmente tanto pela pessoa como pela comunidade. Com efeito, a responsabilidade impede que se considere a sexualidade como uma simples fonte de prazer ou que seja regulada com políticas de planificação forçada dos nascimentos. Em ambos os casos, estamos perante concepções e políticas materialistas, no âmbito das quais as pessoas acabam por sofrer várias formas de violência. A tudo isto há que contrapor a competência primária das famílias neste campo[111], relativamente ao Estado e às suas políticas restritivas, e também uma apropriada educação dos pais.
Encíclica Caritas in veritate