SÓCRATES PASSA UMA RASTEIRA A CAVACO SILVA

O Povo é Vítima duma Opinião eleitoralista transmitida pela TV
António Justo
Aproxima-se o ano das eleições. O primeiro-ministro Sócrates já tem algumas na manga para passar rasteiras ao Presidente da República. Uma delas é a atribuição de competências ao Presidente da República, no que toca ao envio de soldados para o exterior.

Com esta cajadada passa uma rasteira ao presidente e dá a impressão ao povo de querer valorizar a Presidência da República, quando com esta atribuição mais a desestabiliza. Neste caso as agressões do povo mais consciente iriam cair sobre o PR, tendo este de funcionar como guarda-chuva do senhor PM e do Governo. Uma maneira refinada de colocar o PR em cheque e de reforçar o autoritarismo do Estado.

De facto, as missões dos soldados nos Balcãs, no Afeganistão, etc. são iniciativas muito contestáveis e problemáticas; além do mais, dado que Portugal, país da periferia, só tem a perder com a intromissão em conflitos internacionais, do interesse das potências.

O envio de soldados não deveria ser legitimado autoritariamente por um chefe de Governo nem por um PR. O lugar de decisão é o Parlamento, tal como acontece em nações mais sensíveis à democracia. E mesmo neste caso qualquer partido deveria ter a possibilidade de levar a decisão ao Tribunal Constitucional, como última instância. O PM deixa o rabo de fora em muitas das suas acções. Depois os seus acólitos serão enviados para aplainar o caminho. Com…e bolos se enganam os tolos!

Sócrates, que é esperto, bonito e gosta dos cavalos troianos, conseguirá, também desta vez, desviar a discussão dos problemas da nação para o partidarismo. Lutará para que as eleições parlamentares sejam feitas o mais cedo possível, para que o povo não chegue a notar os verdadeiros problemas económicos e sociais que, posteriormente, se acentuarão, no decorrer do ano 2009 e de que ele também é responsável.

Sócrates já não precisa do trunfo Cavaco para disciplinar o PS antes dividido entre Alegre e Soares. Agora trata-se apenas da desmontagem do PR, sabendo embora que a oposição não se encontra à altura de concorrer com ele. Militante partidário, mais que governante, o PM defende a atitude correligionária na tradição republicana da arrogância exacerbada.

O que o PM precisa é de polémica barata porque esta é que mais resultado lhe trará num país em que a maioria do povo só conhece a TV como fonte de informação e de formação. A opinião pública portuguesa, em vez de se ocupar com a discussão dos problemas reais e dos factos relevantes, contenta-se em discutir os problemas e artifícios criados entre instituições e grupos políticos. Chafurda continuamente no emocional. Assim se atola um povo distraído no lamaçal da cultura meramente televisiva. Não há uma discussão séria entre as diversas forças económicas, sociais e científicas, como é natural nas grandes nações, para se reduzir a discussão dos problemas da nação aos políticos. E muitas vezes, quando há discussões entre pessoas da cultura, nota-se uma preocupação política, amesquinhante para quem não precisa de levar água ao seu moinho que provenha do rego (levada). A TV, com uma tesoura na cabeça, insinua-se na intimidade dos políticos em contínua atitude de graxa.

No reino da mediocridade televisiva quem se sai melhor são os políticos e os comediantes.

O povo português, tal como acontece em povos da periferia cultural, é obrigado a marcar passo na História. Está condicionado a ser conduzido por multiplicadores de opinião que vivem da exploração cultural, económica e social.

António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com

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Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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