120.000 Docentes protestam contra o Cinismo do Ministério da Educação
Antonio Justo
Na primeira manifestação, saem 100.000 professores a protestar para a rua. São enxovalhados pelo Ministério da Educação (ME) e a Nação assiste a discussões degradantes para um Estado que se preze. No passado dia 15, protestam 120.000 docentes em Lisboa. Esta manifestação foi convocada por movimentos independentes de professores preocupados com a degradação do ensino em Portugal.
A apoiar os professores, manifestam-se os sindicatos e todas as facções políticas, menos a maioritária PS que governa. As direcções escolares, para não serem desobedientes perante o governo queixam-se do clima de tensão e mal-estar nas escolas, clima esse que impede a sua boa gestão.
O Governo de Sócrates quer avaliar, mas foge a qualquer critério de avaliação e não conhece a pedagogia nem a dinâmica de grupo. Em nome da remodelação de Portugal, refugia-se em estratégias autoritárias e demagógicas, próprias dos tempos dum Portugal antiquado e analfabeto.
Assiste-se a um excesso de exigências mas para as quais falta o sentido. O problema da avaliação dos professores que obriga, uma classe acomodada a protestar em peso, talvez seja um sinal duma certa consciência cívica nascente. Talvez Portugal comece a acordar.
Sem discussão nem preparação, o Ministério da Educação impõe medidas nascidas de reuniões burocráticas ao serviço duma realidade virtual. O Governo Português, no seguimento duma política da aparência, já que não tem muito para apresentar aos parceiros europeus, quer melhorar as estatísticas e mostrar zelo na aplicação de intenções da Uniao Europeia.
O ME, habituado a ter os sindicatos como acólitos encontra-se agora em maus lençóis. Os sindicatos são obrigados a deixar de andar debaixo das saias do poder, tendo agora de correr para acompanhar a pedalada dos professores.
Dum lado os professores de pele fina sensível, do outro a ministra com pele de lobo, e de premeio pais e alunos com pele de elefante.
A situação está tão má para o Governo que Vitorino, o jogador avançado do governo na TV, até já propôs na entrevista televisiva, que a avaliação fosse examinada por uma “Comissão de Sábios”. Camufladamente, o Governo apresenta, ao público distraído português, uma solução que vem salvaguardar os interesses do ME e dos seus cúmplices. Assim poderão salvar a imagem da Ministra da Educação e a superficialidade dum chefe do Governo, que se permite continuar, por tanto tempo, um espectáculo triste, só possível em Portugal.
Para melhor iludir o povo, e dar a impressão de espírito de diálogo, a ministra reúne-se com organizações e instituições para ganhar tempo e não ter de dar a mão à palmatória. Um abuso e um cinismo que só um povo português, com pele de elefante, poderá aguentar. No fim o ME em sintonia com os Sindicatos optarão pelo tal “Comissão dos Sábios” e assim o senhor primeiro-ministro poderá seguir a sua estratégia de reservar para si as melhores sardinhas, podendo então anunciar a expulsão do problema para a tal comissão. A política de ataque seguida pelo Governo em tempo u´til e pelo ME só seria compreensível em contexto de campanhas eleitorais. Confundem a mudança que o mundo moderno exige com dirigismo e facilitismo escolar.
Enquanto outros países tomam a sério o resultado do estudo comparativo do aproveitamento escolar (PISA), o nosso Governo anda na caça das bruxas!
Há mais marés que marinheiros!…
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
Eu não tenho o prazer de o conhecer nem tenho o seu currículo, mas passamos por alguns lugares comuns, naturalmente os mais modestos da sua carreira. Um deles a telescola de boa memória.
Efectivamente as questões da educação são preocupantes neste momento e a mim me parece que tocou na ferida mais sangrenta deste país: José Sócrates não é menos responsável qe a Ministra e toda a bancada que, na Assembleia da Républica, dá suporte a este governo e quer continuar a dar.
Se os deputados do Partido Socialista tivessem coragem de colocar José Sócrates e o governo numa posição de “sim ou sopas” isto já estava no sítio. Mas ser deputado é muito prático e os professores que votaram nelas…. já votaram, claro.
Obrigada pelo seu ocntributo, meu amigo. O país precisa de mais pessoas que entendam os professores e tenham a sua energia
Obrigado pelo seu comentario e por me ter lembrado a telescola que ajudei a fundar em Manique do Estoril. Quando fazia o meu est´agio no Colegio de Santo Antonio de Izeda tambem dei aulas na telescola de Izeda.
Sai´ de Manique do Estoril em 1971. Uma terra e um povo que me deixou grande saudade. Como tinha la´muito bom nome não voltei la´ porque não gostava de correr o perigo de fazer sombra a ningue´m. Mais tarde pensei que talvez não tivesse feito be´m em proceder assim.
Esses eram tempos de grande esperança.
Um abraço amigo
Antonio Justo
Fortaleza (CE) Brasil, Paulo M. A. Martins
Pois, é verdade, Caríssimo Professor António Justo!
Eu já vi este filme ou parecido no tempo do PREC, noutros segmentos da “dita” política portuguesa e à portuguesa.
E eu sempre disse que tanto haveriam de comer que a saciedade culminaria em congestão!
Depois, viu-se!
Agora, está a passar-se o mesmo com a pseudo Educação, depois de a Saúde ter abortado estrondosamente!
Mais logo, logo, logo, as panças, quer do Primeiro-Ministro que da Ministra da Educação, porque têm mais olhos do que barriga, vão estourar de vez! Vai ser um tombo nunca visto!
É uma questão de mais um pouco de paciência e de tempo!
Não há bem que sempre dure, nem mal que sempre se ature!
Só lamento pelas gerações actuais e pelas vindouras!
E o fosso aberto vai ser tão profundo que nem o “Magalhães” vai valer, tanto ao “caixeiro-viajante” José Sócrates, travestido de Primeiro-Ministro, quanto à “faxineira de serviço” Maria de Lurdes Rodrigues, também travestida de Ministra da Educação!…
Olhem que dois! Olhem só…
Ou não estivéssemos no tempo do faz-de-conta!…
2008-11-19 10:23:53 Lisboa Portugal Jorge Monteiro
É lamentável que neste país quando é para prestar contas do seu trabalho todos fujam com o rabo à seringa, principalmente a função publica, na sua grande maioria gente que pouco trabalha e que se limita a fazer o mínimo, como por exemplo nas escolas. Mas na função publica também há gente muito trabalhadora e dedicada, pena serem poucos.
Quanto aos professores bem sei que não têm uma vida muito fácil devido às constantes mudanças de escola.
No entanto sempre andei em várias escolas estatais e em todas elas contam-se pelos dedos de uma mão os professores bons que tive.
Em geral são professores que pouco se dedicam a ensinar e aos seus alunos. bem se podem justificar com o tamanho das turmas e da matéria, mas nunca os vi na rua a lutar por turmas mais pequenas ou melhor ensino para os seus alunos.
Só quando nos doi na pele é que nos mexemos, e até lá está tudo bem e a culpa é dos alunos que não estudam. Sempre dos alunos e dos governos, etc, etc, desculpa são infindáveis.
Sempre acreditei nessas fantasias e histórias que se contavam de boca a boca e sempre julguei que a culpa era nossa (enquanto aluno), mas estava redondamente enganado.
Quando cheguei à universidade, na minha turma havia alunos portugueses, franceses, ingleses e alemães, de várias escolas e constactei que a culpa não era dos alunos.
Na minha turma havia escolas de norte a sul de Portugal mas quando era colocada uma questão de qualquer matéria, principalmente de gramática os alunos franceses sabiam sempre a resposta, os ingleses e os alemães 50% das vezes e os alunos portugueses nunca sabiam as respostas.
Portanto a culpa não é dos alunos mas sim do ME, dos professores e só em ultimo dos alunos.
Ao contrário do que muitos professores querem fazer crer, muitos deles são autenticos frustrados que não conseguiram seguir a carreira que sonhavam e que em ultimo recurso tiveram que optar pela via de ensino.
Eu tive um professor que queria ser investigador ciêntifico mas como não conseguiu e foi para professor de ciências, só lamento que não tenha muito jeito para a profissão.
Na realidade o ensino em Portugal está cheio, não de pessoa que sonhavam ser professores de profissão, mas de pessoas que nunca sonharam ser professores e que para sobreviverem tiveram de passar a ser professores, fazendo-o sem qualquer dedicação e respeito pelo futuro dos alunos.
Ensinar implica acima de tudo ter consciência de que o futuro das crianças e jovens que ensinamos depende de nós e que se queremos um país melhor temos de dar o exemplo.
Mas na realidade o que acontece é que essa consciência não existe e o que interessa é o ordenado ao final do mês.
Já é tradição secular neste país a culpa morrer solteira.
Se querem ter frutos e regalias trabalhem para isso!
in Portugalnoticias
Prezados comentadores!
Acho muito oportunos os vossos comentários.
Realmente em Portugal anda muita gente a fugir com o rabo `a seringa. Há muita prepotencia e muita cobardia.
Há muita riqueza no povo português que se encontra inactivada por falta de orientação, vontade e disciplina.
Antonio Justo