Quem paga e quem recebe na União Europeia


O Busílis da União Europeia

António Justo

Feitas as contas das transacções dos dinheiros na União Europeia (EU) há 12 países a pagar para a Europa e 15 a receber. Todos os países pagam para a EU mas também todos os países recebem apoios estruturais dos fundos da EU. Feitas as contas das entradas e saídas resta um líquido negativo para 12 Estados e um líquido positivo para os restantes 15 Estados.


Países pagadores

Segundo os dados da Comissão Europeia relativos a 2008, a Alemanha, foi quem, pagou mais para a EU, tendo transferido 8.774 milhões de euros; a Itália transferiu 4.101 milhões de €, a França 3.843 milhões de €, os Países Baixos 2.678 de €, Suécia 1,453 de €, A Grã-Bretanha 844 milhões de €, a Bélgica 721milhoes de €, a Dinamarca 543 milhões de €, Áustria 356 milhões de €, Finlândia 319 milhões de €, Luxemburgo 22 milhões de € e o Chipre 18 milhões de €.

Países recebedores

Os países que tiveram um saldo líquido positivo com as transferências de euros da EU foram: Grécia 6.280 milhões de €, Polónia 4.442 milhões de €, Espanha 2.813 milhões de €, Portugal 2.695 milhões de €, Roménia 1.581 milhões de €, República Checa 1.178 milhões de €, Hungria 1.112 milhões de €, Lituânia 843 milhões de €, Eslováquia 726 milhões de €, Bulgária 670 milhões de €, Irlanda 566 milhões de €, Letónia 407 milhões de €, Estónia 227 milhões de €, Eslovénia 114 milhões de €, Malta 30 milhões de €.

Naturalmente que, nestes dados estatísticos, não se encontram cifradas as vantagens dos países tecnologicamente fortes nem as desvantagens que os países periféricos têm por não poderem concorrer a nível de produtos com as firmas internacionais que ao abrigo do direito da EU têm entrada livre nos mercados nacionais. Um outro problema actualmente insolúvel, é o facto de os países de economia fraca, que pertencem à Zona Euro, não poderem desvalorizar a moeda para se defenderam e poderem apresentar, no mercado, os seus produtos a preços concorrentes com os países fortes. Uma europa com diferentes economias ao possuir uma moeda comum favorece as economias fortes. Por outro lado uma prática financeira baseada na especulação atinge lucros exorbitantes à custa dos mais fracos. Tudo isto, aliado à incompetência governativa, levou Portugal quase à falência, pondo-o nas mãos dos tubarões mundiais do mercado financeiro.

A EU e o FMI, com o pretexto de ajuda destroem a nação pondo-a nas mãos de interesses globalistas (globalistas e não globais porque fruto duma ideologia e não duma organização basilar) que querem destruir os biótopos culturais e sociais naturais e assim destruir a identidade de povos. Esta úlcera já está a atingir a alma da nação portuguesa. Imperceptivelmente já se expressa em vozes que abordam o tema duma subjugação a Espanha ou outras ideias peregrinas, que a crise alimenta proficuamente. “Em casa sem pão, todos ralham e ninguém tem razão”. O medo e a fome são a grande oportunidade para os abutres.

Neste momento difícil para o povo português é trágico assistir-se a uma discussão pública em grande parte ingénua e à margem dos problemas e da responsabilidade. Grande parte da discussão tende a branquear a situação e a desculpar os governantes. A desinformação também é formação!

O globalismo que integra interesses ideológicos e económicos está empenhado em desenraizar o Homem da nação e da cultura nacional (em destruir a identidade). A crise conduz à desorientação e esta favorece os golpistas interessados em destruir as democracias locais para assim justificarem um dirigismo anónimo e centralista! Encontramo-nos todos a caminho duma ditadura doce!

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

www.antonio-justo.eu

25 de Abril uma Estação na Via popular

25 de Abril uma Estação na Via popular

O Povo a acordar é Inverno a passar

António Justo

Um ar de Abril assome às ruas da nação

Num misto de vozes, gestos e cores, o povo unido

Marcha em filas ao ritmo da canção

Do quartel militar prás casernas do partido

“O povo unido jamais será vencido”…, gritava a cidade ao ritmo da marcha. ” Grândola Vila Morena…” cantava o povo que, por momentos, descobria as cores da vida nos passos da liberdade ao ritmo ordenado da canção. A alegria da união dançava nos corações. Era o Portugal colorido a vibrar.

No campo da pátria cheirava a Abril e as cores do arco-íris deslizavam, despreocupadas, pelas ruas. Era festa, a festa do povo a florir em cravos, rosas e papoilas. Um fluir de cores e vozes a acenar na pátria em flor. Por um momento, se acaba a noite; a esperança acorda; no alfobre do povo, brilha o dia.

O vermelho escuro, do sangue derramado no ultramar, ressurge e corre agora nos cravos das ruas a acenar. A vida pula na praça a cantar. Um misto de vozes e ritmos de paradas e de marchas populares ressoa cavo nos altos das colinas da cidade. É o sentimento de cores e vozes das ruas baixas nos altos a ecoar.

Quem gritava, cantava e acenava, aspirava a tornar-se povo mas o ritmo dos altos altifalantes “revolucionários” só conhecia população a acomodar!

Depressa a sombra do entardecer bate à porta do povo. O dia sem noite findou. A diferença voltou! Ao longe, logo se ouvem os clarinetes do toque a recolher às casernas dos partidos. A liberdade fica agora apiada ao ritmo da marcha dos partidos. No arame farpado do pensamento, o povo dividido, canta já desafinado. O dia acabou. É hora de recolher.

Nos andores dos revolucionários de Abril continuam a passar figuras de sorriso redondo a insuflar-se do sorriso e da ária duma população a definhar num gesto sonolento e amarelo. A foicinha da revolução ceifou-lhe as cores. Portugal de farda parda. O povo veste agora a cor do momento.

Os zangados de ontem tornaram-se nos contentes de hoje! À custa de novas zangas, novas opressões.

Mudar de filas, é ordem do dia, é a ordem da revolução! No andor da televisão, só os contentes acenam a sua cor, que não o colorido da nação. Continuam a fita do corta fitas na finta à nação.

O sol de Abril perdeu-se no nevoeiro da estação. A colonização, lá fora, acabou, mas, cá dentro, há muito que começou.


Portugal sem norte, na valeta

Marca passo, esquerda-direita

É massa em linha, sem visão,

Já em vias de rebelião!


Vinte e cinco de Abril

Filho ignoto da nação

Ninguém te quer acolher

Abril dos cravos no chão

Festa da conformidade

Portugal inda por fazer

António da Cunha Duarte Justo

Abril de 2011

antoniocunhajusto@googlemail.com

www.antonio-justo.eu

Páscoa é Tempo de Transformação e de Passagem

Mensagem Cristã: Vida é Peregrinação

António Justo

A Páscoa é a festa mais importante do ano, para os cristãos. Ela simboliza, como nos judeus, a passagem da escravidão para a liberdade. Esta realiza-se em Jesus Cristo (JC) e presenciando e ‘presencializando’, num só momento, o fim e o princípio numa continuidade fora do tempo. Como à imagem de Cristo, a nossa vida é entrega contínua. Tal como o Sol se entrega à natureza e a puxa consigo, também nós na entrega realizamos a eternidade. JC fez na precedência o que estamos chamados a realizar. Mais que modelo e protótipo, ele é a matriz da realidade em processo, momento de nós a caminho. Na consciencialização do mundo a caminho de Deus, os cristãos reconhecem o seu ser divino.

Na Quinta-feira santa realiza-se a “última ceia”, onde os polos da realidade se invertem. O Senhor torna-se servo do seu povo, ao lavar os pés aos seus discípulos. Diz que a morte os não separará, pois ele está sempre presente na realização da realidade humano-divina: incarnação ressurreição.

Entre Quinta-feira Santa e Domingo, a Igreja Católica celebra uma só liturgia, três dias num só; é o dia grande.

Na Sexta-feira santa dá-se a condenação do Jesus. Sábado é o dia do silêncio e da tristeza. O sofrimento, a morte é superada ao ser aceite. No Domingo celebra-se a alegria, a ressurreição. A divindade germina durante 50 dias na terra para com ela se tornar Pentecostes.

A vida é peregrinação com Deus a caminho. Umas vezes brilhamos mais como Cristos ressuscitados, outras vezes menos como Cristos abandonados.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

www.antonio-justo

SEMANA SANTA – O TEMPO DO ENCONTRO COM A REALIDADE

O Encontro profundo com o Outro transforma-nos

António Justo

Nos textos de Terça-feira santa, Jo 13,21-38, assistimos à cena em que Jesus apresenta o seu amigo traidor. “Um de vós me há-de atraiçoar.” Precisamente aquela pessoa em que Ele tanto confiava, Judas Iscariotes, o tesoureiro do grupo. Ele era quem mais tinha as ideias de Jesus na cabeça mas que andava com a revolução no coração. Judas um homem inteligente e bom deixa entrar em si as trevas. Abandona a Luz e não volta mais.

Tal como em situações do nosso dia-a-dia, logo se levanta um outro amigo, Pedro, manifestando o seu escândalo pelo que se está a passar! Jesus que o ama e conhece a essência da realidade humana e da natureza responde-lhe com doçura: Pedro, hoje mesmo, “antes que o galo cante, tu me negarás.” De facto, Pedro, como cada um de nós, negou a Luz três vezes, mas depois reconhecendo-se luz também voltou a ela.

Dois encontros com o Mestre de Israel, dois encontros com a Vida. Duas maneiras de estarmos na vida! Judas e Pedro negam Jesus. Em Judas Iscariotes e em Pedro manifestam-se partes da nossa identidade individual. Trazemos em cada um de nós João o amoroso, Madalena a confiante, Pedro o testemunhador e Judas o traidor, como os textos da Semana Santa nos mostram. Tudo fazendo parte duma realidade que se quer boa.

Judas não quer aceitar que Jesus aposte apenas na transformação individual como fundamento e meio de chegar à paz social. Não quer perder tempo investindo em processos de mudança que só, a longo prazo, prometem a paz e a justiça. Quer a justiça já e, segundo ele, esta adquire-se mediante insurreições populares. Judas, ao contrário de Jesus, acreditava na revolução violenta, na revolução lá fora, no levantamento do povo contra os romanos. Desconhece que o impulso que o guia é o mesmo que tem levado os povos, de revolução em revolução, a adiar a Humanidade e a protelar o desenvolvimento da História.

Desiludido de Jesus, Judas abandona o grupo dos discípulos, durante a noite. Na noite da vida, este homem bom, que só quer o bem do povo, ao afastar-se da luz passa a ser dominado pela lei das trevas. Nela, o amor e a compreensão dão lugar à hora do ódio e da vingança. Com Judas procuramos a via da solução que leva ao beco sem saída, como podemos ver no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e na nossa maneira de governar e construir relações. Judas é a alternativa da vida que nos leva ao beco da guerra; encontram-se sempre muitas razões intelectuais para a fazer.

O encontro com o outro (Jesus), com o ser profundo das coisas, muda a vida a uma pessoa. O encontro verdadeiro muda-nos no sentido da luz ou da treva.

Uma vida no desencontro é uma vida em segunda mão. O desencontro acarreta más consequências, como nos mostra o texto de quarta-feira da paixão (Mt. 26,14-16).

Jesus pregou, consolou, curou mas o seu acto de salvação foi por ele sofrido, era um processo am mesmo tempo interior e exterior. Foi atraiçoado, vendido, crucificado. Não procurava fora o que não estava dentro dele. Neste processo realiza-se salvação. Não há soluções fora, a solução é a realização, e esta é processo vivencial e não uma solução que se vai buscar ao sótão das ideias!…

Na sua paixão, que é, em parte, a nossa paixão, torna-se visível a nossa parte escura, a nossa crueldade barbárica, de ontem e de hoje. A paixão de Jesus continua hoje no Afeganistão, na Líbia, no Japão, no meu país, na tua casa e na minha. Ontem como hoje sobressai em mim uma das personalidades: Pedro ou Judas.

Aquele que foi condenado e executado às portas de Jerusalém – é o nosso rei (rei dos Judeus). Ele morreu segundo a lei.  A lei possibilita a produção de armas com que outros são mortos, segundo a lei pessoas são perseguidas ou impedidas de viver.

Somos mais que espectadores da vida. Também Jesus não tinha ninguém que o defendesse. Todos o abandonam; na sua fuga seguem o medo das próprias sombras.

Maria unge Jesus com bálsamo em Betânia (Jo 12,1-11) e enxuga-lhe os pés com os seus cabelos. Com este gesto quer honrá-lo realizando o acto de unção como era costume na sagração dos reis e dos ungidos de Deus.

Maria, uma mulher, assume a função de coroar. Em representação da humanidade e da natureza, realiza este rito, como uma sacerdotisa, que reconhece, de antemão, a morte e ressurreição da vida em Jesus.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

www.antonio-justo.eu

Dinossáurios da Economia a Caminho

A EU privatiza as Fontes da Vida para as colocar ao Serviço de Multinacionais internacionais

António Justo

Os dinos da economia mundial que abusaram da exploração industrial e tecnológica, para manterem povos na dependência, querem-se servir agora da política (União Europeia) para assegurarem os direitos de propriedade sobre as sementes.

Na Internet encontra-se um pedido de assinaturas contra os gigantes  da biotecnologia e dos transgénicos que querem assegurar para si o monopólio da comercialização de sementes, através da lei. A manipulação biológica quer ver o caminho aberto para o negócio; dos lucros de alguns sempre se esperam alguns efeitos colaterais positivos para a sociedade. É um facto que, tal como acontece com a especulação com o petróleo, a política, na mira de mais impostos, antevê grandes ganhos ao submeter os alimentos e as fontes da vida à especulação.

Os dinossáurios (Monsanto, Syngenta e outros) procuram, através de leis feitas por uma política contra o povo e a favor das grandes multinacionais, alargar também à Europa os seus tentáculos polvo, para assegurarem os lucros do futuro nos produtos agrícolas. Um turbocapitalismo insaciável, sem ética nem moral, não olha a meios para se afirmar. Por todo o lado encontra governos em sentido batendo-lhes a pala.

Uma Directiva Europeia a ser aprovada a 18.04 por Bruxelas cede a monopolistas grande parte das sementes que o agricultor antes lançava à terra sem ter de pagar direitos de patente. A política legitimará, através de lei, o roubo de alguns à natureza. Confere-lhes direitos sobre grande parte das sementes pondo nas mãos de especuladores o direito à venda anual das mesmas. Queremos a vida ao serviço da vida e não reduzida a negócio de alguns. Tais direitos privados deveriam ser boicotados pelos interesses dos Estados dispostos a defender os interesses do bem-comum. A Directoria não pode ser ratificada pelos Estados membros que ainda tenham um pouco de respeito pelo povo e que queiram impedir uma política fomentadora dos latifundiários europeus altamente subvencionados contra os produtos agrícolas do terceiro mundo e contra os pequenos agricultores.

É inadmissível que a base da alimentação se torne propriedade de multinacionais sem escrúpulo. A biotecnologia, uma grande esperança, especialmente para países secos e pobres, ao entrar nos mecanismos da especulação, torna-se ao mesmo tempo na sua ameaça.

A política não tem legitimação para pôr nas mãos de privados o que pertenceria por direito natural ao povo. A patente da vida é divina (natural) e como tal propriedade comum, não alienável em favor de interesses privados. A lei do lucro e do mercado deveria ser tabu para bens essenciais à vida.

É óbvio que a defesa da biodiversidade seja declarada na Constituição de cada nação como património nacional e mundial. Os partidos continuam a andar atrás do acontecimento enquanto o povo não acordar!

É de lamentar mais este passo na realização da sociedade Orwell; mais um passo no controlo do povo e da mente!

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

www.antonio-justo.eu