Intelectuais contra o totalitarismo islâmico

Um dúzia de intelectuais, entre eles Salman Rushdie, Bernard- Henrich Levi e Ayaan Hirsi Ali apelam, num manifesto comum publicado em França, ao “combate contra o novo totalitarismo: o islamismo”.
Alegam que depois do mundo ter vencido o fascismo, o nazismo e o estalinismo, vê-se agora sob a ameaça do totalitarismo islamista. Defendem a necessidade do combate pelos valores universais, não com armas mas no campo da ideias.
Mais que uma luta entre culturas assiste-se duma luta entre democratas e teocratas.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

Dia Internacional da Mulher

Por todo o lado há ainda muito por fazer! A sociedade ocidental, embora à frente em muitos sectores da ciência e da técnica, ainda deixa muito a desejar em relação ao trato da mulher. Falta-lhe ousar o humano.
A mulher continua a ser vítima da prepotência doméstica, de tabus culturais e religiosos bem como da discriminação nos locais de trabalho e no acesso a quadros superiores.
Na Europa o seu ordenado é em média 15% inferior ao dos colegas masculinos. Nos Estados Unidos da América já ocupam 45% das mulheres uma posição de topo na economia enquanto que na Inglaterra apenas 33% e na Alemanha 27% o conseguem. Por outro lado na América têm assento no parlamento 15% de mulheres e na Alemanha 32%. Quanto às votações as mulheres votam mais à esquerda que os homens.
Um grande impedimento para a igualdade de oportunidades de homem e mulher está numa política anti-familiar que explora descaradamente a mulher neste sector. A política permanece indiferente a uma praxis de incompatibilidade do trabalho com a educação das crianças. A falta de flexibilidade das empresas, a falta de escolas a tempo inteiro, as despesas caras com o cuidado das crianças…tudo são entraves ao emprego regular da mulher. Aqui não é de negligenciar um certo chauvinismo masculino que muitas vezes deixa para a mulher quase todo o trabalho familiar. Quanto mais baixo o nível de cultura mais vítima é a mulher…
Não quadro de chefia política da China, que consta de 24 pessoas apenas há uma mulher. Aqui já se deu um grande progresso ao acabar-se com o concubinato para homens ricos. A lei proíbe a discriminação da mulher no mercado de trabalho mas ainda há muitos patrões que se recusam a empregar mulheres.
Também na Rússia domina o chauvinismo dos homens e muitas vezes as próprias mulheres atribuem-se a si mesmas um papel secundário.
Nas sociedades árabes a situação da mulher é totalmente precária, até a poligamia chega a ser permitida.
As empresas e as representações diplomáticas ocidentais, inseridas nas sociedades mais patriarcais, deveriam estrategicamente empregar mais mulheres para assim contribuírem de maneira exemplar para a igualdade de direitos no tratamento dos sexos. A própria ONU deveria estabelecer uma quota em defesa das mulheres nas suas representações e comissões. Numa fase inicial seria justificável uma discriminação positiva das mulheres.
A luta pelos direitos humanos no sentido da própria realização através de funções, actividades ou cargos deverá estar na ordem do dia de todos os parlamentos e instituições. Este é um passo importante a dar-se mas a integração da feminidade na humanidade é um assunto de não somenos interesse. Trata-se de um processo paralelo ao da retorta burguesa ou socialista na procura da dignidade roubada, na conquista de funções para depois se chegar a ser!
O ser porém atinge-se no encontro com a humanidade em mim, no/a outro/a. Depois de termos usado a escada das ideias, das imagens, e dos postos, seria importante reconhecermos neles o ilusório para nos podermos encontrar homem-mulher num eu-tu-agora. Trata-se de evitar o machismo e o feminismo, trata-se de, mulheres e homens, ousarmos, na complementaridade, empreender o humano.

António Justo

António da Cunha Duarte Justo

O Processo da naturalização na Alemanha

Um curso prévio de preparação, um teste e um juramento

O Estado do Hesse quer uniformidade de regras nos estados federados, para Estrangeiros que queiram tornar-se alemães. Estes, devem, de futuro responder a um catálogo de 100 perguntas sobre história, política e cultura alemãs, como defende Dr. Bouffier do ministro do interior do Hesse. Tal como noutros estados federados, estes planos pretendem tornar mais exigente a naturalização. Iniciativas semelhantes doutros estados federados queriam também elas, no dizer de seus iniciadores, dificultar a naturalização a terroristas islâmicos.
Tencionam-se as seguintes medidas obrigatórias para quem aspirar a naturalização: um curso prévio com o objectivo de fomentar a integração, um teste e um juramento vinculativo. Para isso torna-se necessária a mudança de algumas leis a nível federal. Há vontade política para se proceder a uma tal iniciativa legislativa. Os políticos pretendem com esta iniciativa provocar a compreensão da ordem de valores alemã.
O teste destina-se a todos estrangeiros que pretendam a nacionalidade alemã e não apenas aos de origem muçulmana que vivem mais em guetos.
Segundo a afirmação de Bouffier o teste cognitivo pretende impedir o surgir de sociedades paralelas. Os Verdes no parlamento constatam de positivo que o teste não contem perguntas sobre a mentalidade. Verdes e SPD criticam o facto de os Estados regidos pela CDU se adiantarem atendendo a que estava já prevista para Maio, a nível de conferência dos ministros do interior dos estados federados, uma avaliação da actual legislação em vigor..
O ministro do interior quer ser consequente com a política do Hesse de “promover e exigir”. Foi o primeiro Estado que introduziu cursos de alemão para a pré-escola, nos jardins-de-infância. Este conceito enquadra-se na praxis dos Estados Unidos da América privilegiando aspectos da geografia e da história. A intenção é substituir a actual praxis que consta da assinatura dum formulário em que se declara a lealdade a este estado, procedendo-se em sua vez a um juramento solene.
No passado os políticos não tomaram a sério a questão migrante limitando-se, a nível político, a ignorar a realidade alemã. Uns quadrantes da política negavam-se a reconhecer a Alemanha como um país de imigração, os outros defendiam a ilusão multicultural. Cada bloco procurava tirar trunfos e ganhar terreno ideológico à margem da realidade, contra os interesses do povo alemão e dos estrangeiros.
A Alemanha debate-se com grandes problemas, no que respeita à integração, com sociedades paralelas nas zonas pobres das grandes cidades. A terceira geração muçulmana tem-se mostrado ainda mais resistente à integração do que a segunda.
Os maus resultados escolares dos alunos estrangeiros tornam urgentes medidas de vária ordem.
Importante seria fomentar jardins infantis gratuitos bem como a integração dos estrangeiros no serviço público.
António Justo
Alemanha

António da Cunha Duarte Justo

Jejum e Abstinência Quaresmal

O sentido contra os sentidos e os sentidos contra o sentido – Qual a alternativa?

Jejuar está cada vez mais na moda. Além do significado psicológico, social e religioso tem uma grande importância estética. Na Alemanha, muitos, crentes e não crentes, aproveitam a época da Quaresma para se relacionarem melhor com o seu corpo e com o seu espírito. Este período corresponde também a uma necessidade de calma e silêncio, de reflexão sobre o sentido da vida. Nele procura-se o equilíbrio e uma consciência de mais respeito pelo corpo e pelo espírito.
A sociedade de consumo necessita duns tempos de desprendimento, atendendo a que a prosperidade não é suficiente e não dá resposta à necessidade de orientação. A renúncia proporciona também a identificação com os pobres do mundo que não têm outra opção que não seja a abstenção.
Nos 40 dias da Quaresma – período que vai de Quarta-feira de Cinzas à Páscoa – muitos cristãos e não cristãos procuram jejuar para se disciplinarem e verificarem se o espírito consegue afirmar-se em relação aos instintos. A religião procura contrabalançar a fome da vida com a fome interior, a fome de Deus, ou simplesmente o desejo de ser com o desejo do ter, a vontade contra a entropia.
A abstinência faz bem ao corpo e ao espírito e torna uma pessoa forte. Depois do jejum uma pessoa sente-se mais leve, atingindo um sentimento de entusiasmo e por vezes mesmo de exaltação. Muitos querem sair da rotina do consumo e aproveitam para meditar sobre o próprio comportamento e outras coisas da vida para que normalmente não têm disposição.
Pessoas religiosas praticam a sobriedade durante estas 7 semanas como preparação para a ressurreição de Cristo.
Aqui na Alemanha na escola há uma grande abertura para a renúncia durante este período. Fazem-se propósitos. É comum as crianças renunciarem a rebuçados e a lambarices.
O jejum e abstinência expressam-se de muitas formas: renúncia a alimentos durante algum tempo ou redução dos mesmos, abstenção de carne, de TV, do tabaco, do álcool… Para outros expressa-se no silêncio, treino da capacidade de ouvir os outros, escrever cartas e diário, fazer exercícios espirituais, treinar a solidariedade, etc.
O apelo da Igreja: “lembra-te que és pó e em pó te hás-de tornar” é uma constatação que vale para crentes e agnósticos. Se é verdade que a fé, por vezes, não dá sentido a muita gente crente, roubando-lhe até os sentidos, também o ateu corre o risco de se perder nos sentidos sem encontrar o sentido.
António Justo
Alemanha

António da Cunha Duarte Justo

A Cultura Portuguesa – Um Bem a Inserir na Constituição Portuguesa

Carta aberta a Sua Excelência o Presidente da República:

Senhor Presidente da República Prof. Dr. Cavaco Silva

Excelência!

Solicitação: A Cultura Portuguesa – Um Bem a Inserir na Constituição Portuguesa

Hoje como no século XVIII e XIX as elites parecem usar o discurso como subterfúgio do pensamento em que a ideia continua ao serviço da forma. Longe do “saber de experiência feito” e da reflexão, a nação continua no seu miasma geral do privilegiado saber teórico dogmático sempre submerso a tudo o que vem de fora.
O 25 de Abril falhou em muitos aspectos porque se limitou só a uma revolução política conquistando apenas a rua. A revolução de Abril, justa nos objectivos, foi conduzida por ideologias mal mastigadas nas mãos de mercenários. Portugal encontra-se agora emperrado numa máquina de estado monstruosa e encalhado no turbo-capitalismo. A nação sente-se insegura.
O povo tem sido, desde há séculos, reduzido a palco para os mesmos protagonistas, os traficantes de ideias e de “drogas”, os beneficiados das revoluções.
O que mais urge é uma revolução intelectual e moral, uma mudança de mentalidades. É óbvio que um tratamento adequado terá que começar por se ocupar com a identidade e a cultura portuguesas. Nesse sentido urge incrementar o respeito pela cultura nacional, como liturgia do dia a dia numa língua com valores, hábitos e mentalidade próprios. Consequentemente seria de inserir na Constituição Portuguesa um artigo em que se declare a cultura nacional como um valor a defender… A nossa época já não se pode contentar com os profetas marxistas nem com os ardinas do dia a dia. Pelo contrário terá de redescobrir a grande herança judaico-crista sempre a ser renovada e os valores que tornaram a nação grande. A vontade e a fé, a fé nas teses e em teorias aferidas conduzirão ao progresso. Os Portugueses foram no século XV os pioneiros na aplicação da grande descoberta – a terceira dimensão da realidade – a lei da perspectiva (Leonardo da Vinci) que levou o Homem à descoberta do espaço (aos descobrimentos). Portugal conseguiu então ser a expressão do espírito, a nova consciência. Hoje teremos que estar atentos ao novo salto qualitativo no desenvolvimento da consciência humana, à nova consciência do tempo como quarta dimensão da realidade (união tempo-espaço) – teorias da relatividade e dos quantas – que nos obrigará a uma nova maneira de estar no mundo e a arredar definitivamente do materialismo do século XIX e daqueles que teimam em conduzir Portugal com essas muletas. Tal como o Infante D. Henrique temos que nos dedicar ao estudo da física, da biologia e da mística.
Tal como é comum nos artistas em relação à arte, Portugal tem de reencontrar o seu específico, o inconfundível do nosso povo e da sua história.
Numa estratégia de futuro, para o fomento da identidade nacional, faz falta a elaboração duma fenomenologia, duma exegese e duma sinopse do ideário e da praxis nacional portuguesa, ao longo dos tempos, em comparação com as outras nações, especialmente com os Estados Unidos da América, a Franca, a Inglaterra e a Alemanha. Assim se tornariam mais evidentes virtudes e vícios do nosso ser, num esforço de diagnosticar e de elaboração de estratégias.
Todos juntos, podemos reconstruir o nosso barco renovado com as madeiras do pinhal de Leiria. Trata-se de nos baptizarmos no Douro e recomeçar uma vida nova para assim chegarmos a Belém, à foz do Tejo na descoberta do mundo. Não podemos continuar a adiar o futuro. Na história, na literatura e no nosso povo temos um fundus, uma mina sem limites, um médium de humanismo, portuguesismo e de universalismo.
Não queremos um país de Bela Adormecida nem de ardinas. Queremos um país dinâmico e crítico onde o espírito se expressa na voz do mar que é ao mesmo tempo eco e ânsia dum povo por justiça, fraternidade, solidariedade, bem-estar, eternidade e transcendência.
Senhor Presidente da República solicito a V. intervenção no sentido do referido. Auguro-lhe muita força e saúde no exercício de tão nobre cargo ao serviço do cidadão, no serviço do Homem!
Junto envio um texto que expressa espontaneamente o sentir da necessidade duma discussão sobre a cultura portuguesa e a inserção da sua defesa num artigo da Constituição.

Atenciosamente
António da Cunha Duarte Justo
Alemanha

António da Cunha Duarte Justo