Hatun Sürücü foi assassinada pelos irmãos em Berlim porque queria viver um estilo de vida ocidental. Os três irmãos prepararam o assassínio em conjunto ; o mais velho terá arranjado o revolver, o segundo convidando-a a acompanhá-lo e o mais novo, matando-a. Seu irmão mais novo, de 19 anos declarou, através do advogado(14.09.2005) « eu matei a minha irmã, ninguém da minha família me ajudou ».
Ele matou a sua irmã de 23 anos com três tiros na cabeça alegando que ela levava um estilo de vida que não lhe agradava e que a frase da irmã “eu durmo com quem quiser” o motivou ao assassínio. Ela tinha sido obrigado a casar-se com um primo de Istanbul com quem tinha um filho. O casamento fracassou e ela voltou para Berlim e começou a aprendizagem do curso de electricista. Não aceitou trazer o lenço de cabeça e pintava-se. Os conflitos na família acentuaram-se. A honra da família não suportava tal afronta.
Como justificação do acto, depois do crime um grupo de jovens turcos em Berlim afirmam à imprensa: “ A puta andava por aí como uma alemã e também vivia assim”.
Direito cultural superior ao direito humano – homem superior à mulher
Para um ocidental é incompreensível que, em nome da honra familiar, se possa matar alguém.
Para o Próximo Oriente a honra (que obedece a um comportamento moral de castidade da mulher) está acima do amor dos pais. Na Turquia e em sociedades de cultura nómada o indivíduo não conta, o que vale é a pertença a um grupo ou clan dos quais depende a vída do indivíduo. Relevante é a honra do grupo. Para estas sociedades não se trata de um assassínio mas de repôr a honra ferida. Os assassinos recebem o status de homens honrados, são apelidados de “Namuscu” = ”defensores da Honra”. O executante tem de ser um membro da família ou do grupo, que actua depois dum processo de admoestações por determinação dos representantes do grupo ou da família. Por fim o conselho familiar ou do clan decide da vida ou da morte. A honra tem de ser lavada dentro da família, isto é, a execussão tem de ser efectuada por alguém da família muito próximo ou por um primo.
Sociedade Ocidental Cúmplice
Infelizmente, anualmente dão-se muitos assassínios de mulheres vítimas e isto debaixo dos olhos tolerantes duma sociedade que em nome da defesa duma sociedade multicultural tem muito respeito pelas tradições das várias. A identidade cultural é colocada acima da identidade pessoal, dos direitos humanos. O que é grave é que isto será confirmadao por um tribunal ocidental que condenará o assassino a menos de meia dúzia de anos devido à desculpa cultural.
Muito frágil é a honra de homens que se vêem tão ameaçados por mulheres tão indefesas.
Deste modo consegue uma sociedade machista superar a sua fraqueza e obter uma paz social e familiar estável.
A justiça ocidental tem de julgar os assassinos como tais e os políticos e a sociedade ocidental tem de fazer pressão perante os representantes das respectivas culturas para que considerem tais actos como assassinios; o mesmo se diga em relação aos muçulmanos suícidas que consigo arrastam muitos inocentes à morte e depois ainda recebem o estatuto de mártires do islão.
A sociedade ocidental é cúmplice em muitas aberrações que acontecem e se desculpam em nome da tolerância. É cúmplice porque não se intromete na discussão dos hábitos de culturas que vivem no seu seio e porque não apoia aqueles que nos correspondentes ghettos procuram lutar por esclarecimento e pela defesa dos direitos humanos.
De registar que nesta Europa tão tolerante, tão desinteressada, vivem 30.000 mulheres sem clítoris e que a prática da circuncisão de mulheres, por razões culturais e machistas ainda atinge muitas vítimas, embora às escondidas. Sob os tectos de muitas famílias ordeiras, tantas vidas aniquiladas em nome da honra! Do outro lado tanto desinteresse que permite tanto sofrimento em nome da tolerância! Não haverá por aí uma camisa de Venus para estas coisas!…
António da Cunha Duarte Justo
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