Luís Figo quando chegou à Alemanha disse:”eu trago uma mala grande”. Chegará até ao dia 9 de Julho, o final do Mundial? Depois da Batalha de Nurenberga” de ontem, há muito a desejar. Quanto a Cristiano Ronaldo o Frankfurter Allgemeine apesar de reconhecer o seu grande talento não deixa de intitular a notícia: ” Cristiano Ronaldo, a estrela jovem de Portugal: seu talento é uma bênção. seu temperamento uma praga”. Scolari e Figo, duas personalidades sem as quais a equipa portuguesa não teria atingido o que atingiu quer no Europeu quer no Mundial. Duas personalidades fortes que não estando sempre de acordo se respeitam e sabem que precisam um do outro em benefício do trabalho e espírito de grupo da selecção. Eles sabem que união, disciplina e discreção conduzem ao sucesso. Scolari é do parecer que a selecção portuguesa pertence ao grupo das oito melhores.
Mas com toda a crítica que poderão fazer, o certo é que sem Felipe Scolari e sem Luís Figo a selecção portuguesa não chegaria onde chegou.
António Justo
Alemanha
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Combate à burocracia – A peste do Estado moderno
Uma das razões de tanta crítica ao Governo de Sócrates
A direcção iniciada pelo governo está certa. A administração e a burocracia tinham-se tornado no cavalo troiano de muitos políticos e de lobis com interesses paralelos aos da nação. O Estado não se pode dar ao luxo de continuar a fomentar um regime de democracia partidária sem desacreditar a própria democracia. Para isso foi preciso meter os travões a fundo. Uma missão nada fácil para o governo atendendo à mentalidade antiga académica de muitos que sobrevalorizam o próprio trabalha sem estabelecerem um termo de comparação com os salários dos trabalhadores, não tendo em conta a realidade da nação. Portugal, porém, para apanhar o comboio da História não se pode permitir continuar a manter políticos que apenas levantem poeira apoiados por uma administração que manda areia para os olhos.
A União Europeia implementa uma infra-estrutura moderna
A administração burocrática é cara e emperra o processo de desenvolvimento das nações europeias. O travão da burocracia na Europa é considerado pela generalidade como um obstáculo ao desenvolvimento e pelos liberais como a peste do estado moderno. Os seus custos e o seu processo moroso implicam uma grande carga e empecilho para o cidadão e para as pequenas e médias empresas.
O objectivo declarado das orientações da União Europeia (UE) é acabar com a burocracia supérflua e evitar a desnecessária. Para isso implementa uma política de reestruturação administrativa na UE e a criação duma Comissão ou Conselho de Controlo de Normas em todos os estados europeus de modo a criar plataformas comuns a toda a Europa. Este grémio que se pretende independente deveria também examinar o grau de eficiência das leis e as suas consequências, em especial para os pequenos e médios empresários. Nesse sentido pretende-se a supressão de leis supérfluas que apenas atrasam e entravam a iniciativa privada. A racionalização deve começar já por uma análise prévia das propostas de leis que terão de previamente analisar e prever os gastos e as consequências burocráticas das mesmas. As fracções parlamentares antes de apresentarem as leis teriam de fazer um estudo sobre os gastos no sentido de impedir a burocracia na origem e impedir que esta atinja o cidadão… Esta seria também uma das funções importantes do grémio controlador. Pretende-se o mínimo de burocracia para o máximo de eficiência. A redução burocrática deve ser alargada a toda a sociedade, começando pela administração pública.
Cães de Guarda do Programa assamados?
Surge o problema de quem deverá fazer parte desse grémio e em que instituição deveria ser encardinado. Uns gostariam de o ver no Governo, outros no Parlamento.
Da competência e da independência dos membros da Comissão dependerá a sua eficiência. A tradição portuguesa não tem oferecido garantias nesse sentido. O bairrismo e o amor à própria camisola criam um pensar perspectivista, partido, dialéctico e não integral. Das personalidades escolhidas e da vontade política dependerá o grau de sucesso das medidas. Só num estudo comparativo dos resultados entre as nações europeias se poderá analisar depois do realismo, da eficiência e da transparência portuguesas. Portugal precisaria de bons cães de guarda. Tudo dependerá da constituição da Comissão, das raças e do cadeado que as prende na sua missão de guarda.
Quanto a Portugal, se nos deixássemos orientar apenas pelo critério de análise da proveniência das direcções electrónicas dos elementos da comissão seríamos levados a duvidar da sua independência. Mas ainda há milagres. A “Comissão Técnica do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado”, foi empossada em Novembro de 2005. Seus membros: Presidente: Prof. Dr. João Faria Bilhim (Email: jabilhim@mf.gov.pt); Vogais: Prof. Dr. Carlos ALves Marques (Email: caamarques@mf.gov.pt), Prof. Dr. Miguel Pina e Cunha (Email: mpc@fe.unl.pt), Prof. Dr. Paulo Cortez Pereira (Email: ppereira@iseg.utl.pt), Mestre Eugénio Lima Antunes (Email: eugant@igf.min-financas.pt), Dr. Luís Barraquero (Email: lbarraquero@mf.gov.pt), Engº José Lopes Luís (Email: lopes.luis@mf.gov.pt), Drª Maria João Figueiredo (Email: majfigueiredo@mf.gov.pt). Este órgão poderá ser politicamente instrumentalizado para impedir leis incómodas para uns ou para outros, ou simplesmente para facilitar o caminho ao neo-liberalismo. A ver vamos.
O modelo da Holanda tornou-se exemplar para a Europa
O chamado Modell Actal dos Países Baixos que todas as fracções da Holanda apoiam está a ser um exemplo para muitos governos europeus. O governo holandês determinou até 2007 diminuir em 25% a carga burocrática. Até ao momento já conseguiu uma redução de 20 %. A OECD recomenda este modelo que já é seguido em vários países europeus….
O Governo cria o PRACE e o Simplex
No sentido de dar resposta ao programa europeu de reestruturar a Administração e de simplificar as leis, o governo português criou o “Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado” (PRACE) e o “Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa” (Simplex).
O governo pretende assim com o seu Programa reduzir de 518 para 331 os organismos da Administração Central do Estado. O senhor primeiro-ministro Sócrates quer com as medidas já em curso conseguir eficiência, capacidade, qualidade além de “transparência e até responsabilização” nos serviços prestados. Ele deseja acabar com a “desadequação entre a actual estrutura administrativa e aquilo que se pede hoje à Administração Pública e ao Estado”. Cf.http://www.ucma.gov.pt/simplex/ e http://www.icp.pt/template20.jsp?categoryId=177186&contentId=349988
Estas medidas irão afectar muitos funcionários exigindo deles mobilidade e maior produtividade. O Programa (PRACE) prevê por cada dois funcionários que saiam da administração, que se admita apenas um novo. A redução dos efectivos encontra-se em pleno curso. À primeira vista tem-se a impressão que se quer acabar com um Portugal foleiro.
Quem sofrerá com a redução da burocracia? Será possível a despartidarização e a descompadrização da mesma? Um empreendimento difícil!
Problemático seria se o governo se aproveitasse do projecto para impor conceitos e ideais próprios.
O que precisamos é de transparência e um mínimo de burocratas que examinem de maneira racional e científica os exageros cometidos até agora e evitar outros para o futuro.
Do sucesso e da rapidez na implementação do programa dependerá o sucesso do governo de Sócrates. Os resultados é que convencerão e darão ou não razão ao governo. Para já falta-lhe um pouco do espírito do Marquês e o apoio geral do partido, para se poder afirmar perante os interesses das lobies da sociedade e do seu próprio partido que tornam a sua reforma como um queijo suíço todo esburacado.
Seria fatal para a democracia se com este instrumento se criasse apenas uma armadilha ou simplesmente um espantalho.Este modelo a introduzir em toda a Europa não deveria ser só resultado da crise orçamental e do desprestigio perante muita da Administração Pública.
Na emigração o ME e o MNE começaram com o pé esquerdo porque em vez de começarem por diminuírem a burocracia, começaram por dar-lhe mais regalias, nivelando pela base o professorado no desrespeito do direito laboral.
António da Cunha Duarte Justo
O Ano do Resgate dum Povo – Mundial de Futebol de 2006 na Alemanha
O futebol trouxe os Alemães à normalidade de poderem ser povo. Finalmente sentem-se em casa, sendo-lhes permitido manifestar sentimentos, ser um povo como outro qualquer e de se manifestarem como tal!…
O Mundial Faz Milagres! Os alemães também festejam! Por todo o lado reina um entusiasmo comunicativo com grande ordem e civismo que surpreende os moralistas da nação que andavam continuamente com o machado da moral em punho e viam em qualquer acto normal patriótico um acto nacionalista ameaçador do futuro. O povo alemão tem sido deprimido e castigado, depois da guerra, por pessimistas que se apoderaram da opinião pública e querem manter o povo sob o manto do medo e da vergonha. O orgulho nacional era o contínuo cavalo de batalha dos pretensos bem pensantes, daqueles que se arvoram na consciência da nação. Queriam a nação sempre dependente do seu racionalismo, com um povo sempre sob controlo, sem sentimentos.
A Alemanha precisava dum patriotismo alegre a contrapor-se a uma cultura pessimista – moralista e acerbamente crítica que tem investido no bafio e na moenga da história. O povo nas suas manifestações mostra que é soberano e que os “velhos do Restelo” não tinham razão.
No futebol o povo é quem mais ordena!
O futebol está a fazer o milagre de tornar o patriotismo aceite numa sociedade com problemas de identidade. Tanto entusiasmo e tantas bandeiras ajudam a nação a voltar à normalidade. Afinal também os alemães sabem festejar! Vai sendo tempo de esta nação deixar de viver sob o manto da vergonha e da penitência pelos pecados passados, dos eternamente culpados!…. Um país que não se aceita a si mesmo não poderia tornar-se bom berço para os estrangeiros e para a juventude. Bom que veio o Mundial de Futebol e neste “o povo é quem mais ordena”.
Sucesso é o conglutinante duma comunidade e da sua identidade
No meio dum povo que resiste a sair da auto-crítica, vivem os emigrantes orgulhosos das suas nacionalidades o que contrastava com tanta penitência nacional alemã. Os alemães sempre se admiravam da espontaneidade dos estrangeiros e agora mais se admiram pelo facto de estrangeiros, especialmente turcos, durante o Mundial de Futebol colocarem bandeiras alemãs nos seus carros e habitações e se declararem adeptos da equipa alemã.
O Mundial de 2006 deixará muitas marcas positivas na sociedade alemã. Ele mostra que internacionalismo e patriotismo são as duas faces da mesma medalha. Só quem se ama é capaz de amar os outros verdadeiramente.
Como podiam os alemães ligar os estrangeiros ao país de acolhimento se eles se sentiam desalojados na própria nação e tinham vergonha de serem alemães?…O futebol consegue reconciliar os alemães consigo mesmos. Este é o melhor caminho para a integração cultural… também dos estrangeiros.
O sucesso é o ingrediente que mantém uma comunidade e a leva também à união. O sucesso fomenta a identificação. Os jovens são atraídos pelo sucesso e pela satisfação do mesmo.
Os alemães até 2006 manifestavam-se da posição de fracos perante os estrangeiros. Desde que começaram a exigir a sua integração e o respeito pelos valores alemães os estrangeiros respeitam-nos mais. Consciência fomenta respeito e identidade.
O futebol faz milagres!
António da Cunha Duarte Justo
Alemanha
Portugal, o Brasil e a Alemanha sofrem
A vida fora de jogo
O Mundial não deixa ninguém indiferente. Sob a pressão do sucesso, de desejos, de projecções, transferências e recalcamentos, tudo é jogado no relvado. Tudo quer ganhar: ganhar custe o que custar, mesmo à custa da arte porque quem não joga na defensiva arrisca-se.
Esta é a hora dos símbolos, dos sonhos, das ilusões. É a festa da vida em segunda mão. Atrás dos símbolos, à sombra da realidade agarrados, contra ou a favor, rimos, cantámos e chorámos. No hino à recordação, iludimos o presente, indo à festa sem lá estar. Nestas andanças e na corrente das emoções vive-se da ideia, das imagens e sensações colocadas nos símbolos. A ideia relega a percepção e torna-se realidade substituindo-a mesmo; isto tanto na vida pensada, substituída, tal como no futebol. Tanta palavra, tanta imagem, tanto pensar a impedir a observação,a turvar a inteligência. Com isto a nacionalidade, a portugalidade sobrevive na imaginação, nas reservas de Portugal emigradas…
Passamos a cidadãos jogadores, deixamos de observar para fazermos parte do jogo, prisioneiros do relvado e do ecrã, perdidos pela pátria no tempo a passar…
Neste recanto de refúgio da realidade, levantamos os copos do presente bebendo-o à saúde da sobrevivência na comunidade nacional. Também nesta distracção da vida queremos resgatar a realidade no gesto inocente duma vida não vivida, no retorno à ilusão. Depois o enjoo na cata duma nova ilusão, inconscientes de que a vida anda fora de jogo. Aqui, como nas festas das utopias sacrifica-se a vida à ideia da vida, submete-se a realidade à ideia da mesma: um estado permanente de esquizofrenia. Neste contexto, mais que encontros de povos dão-se torneios de ideias formadas sobre povos e sobre os actores do palco. O contacto físico é porém o aspecto real que parece salvar a situação. A proximidade corporal e emocional transpõe montanhas; ao fim e ao cabo a poesia é que possibilita o amor, a compreensão.
A expressão é tudo. Manifesta-se a compaixão, o sofrer com os que perdem e a admiração com os que ganham. De entremeio situa-se a vida. Esta é complexa não se podendo reduzir aos padrões para decalque que dela nos são possibilitados. Naturalmente que não somos seres puros, estamos condicionados pela própria cultura. O que nos resta é observarmo-nos a nós e a ela para nos compreendermos e compreendermos um mundo de que fazemos parte sem nos reduzirmos a objectos ou moléculas da grande massa.
No Mundial os povos das nações tiveram oportunidade de se tornarem conscientes da provisoriedade das suas fronteiras e das jerarquias inimigas do ser humano que aqui, por vezes, são quebradas. Também o preconceito das sombras nazis que pairavam nas cabeças de muitas nações e tornavam os jovens alemães cativos dum passado indigno é dissipado através da maneira humana e sensível como os alemães têm sido descobertos.
Uma lição importante do futebol: o intelecto divide e o coração une. Da relação surge vida e energia. O relacionamento desbloqueia libertando energias salutares integrais e integradoras.
Um aspecto impressionador é o facto de uma Europa que já se tinha libertado de Deus e em via de se libertar do Homem celebrar tão comovida e liturgicamente o deus futebol. É estranho que se tenha deitado Deus no caixote do lixo para criarmos outros deuses secundários que nos afastam da realidade reduzindo-nos à categoria laica de adeptos, de adaptados. Tudo isto em nome duma liberdade que ainda se não sabe soletrar e de ideais idolátricos.
Se a política, a economia e a religião alimentam o sentimento, a emoção e a ilusão, a ciência vive do intelecto, os hábitos vivem da rotina, tudo à custa da realidade e do Homem…
O futebol global não é português, brasileiro nem alemão! É um abstracto no relvado da imaginação. Tudo isso além do mais…
Sim, até porque na realidade não!…
António da Cunha Duarte Justo
Boas Férias!
Prezadas e prezados Visitantes:
No Sábado, dia 15.07.06 parto com a família para a Branca, Albergaria-a-Velha, Portugal, onde vivo e passarei as minhas férias até meados de Agosto.
Em tempo de férias também o trabalho deve descansar para tudo crescer na espontaneidade para lá do bem e do mal. Uma prioridade: a amizade! Apreciar o dia a dia sem o stress do calendário na mão. Na prioridade do hoje e não da intenção, saborear cada momento, o encontro.
Tempo de férias: uma oportunidade para manifestar o carinho que o dia a dia, o tempo muitas vezes impedem.
Desejo-vos tudo o que há de bom!
António Justo