DIA DO ABRAÇO E SEU SIGNIFICADO

Um abraço directo e até na fantasia produz milagres, especialmente quando é mais prolongado. O toque é a primeira forma de comunicação!

Um abraço frequente com ternura e carinho serena o corpo e fortalece a alma. Abraçar, acariciar e beijar estimula no corpo (glândulas) a produção de hormonas de felicidade. Tem um efeito saudável porque a hormona oxitocina aumenta no corpo a hormona da felicidade e decompõe as hormonas do estresse.

A ciência ensina que uma criança que é muito abraçada e acarinhada alcança um IC (quociente de inteligência) mais alto. A proximidade do corpo e o contacto fortalecem o sistema imunológico. Abraçar pode baixar a pressão arterial e estabilizar favoravelmente o sistema cardiovascular. O abraço harmoniza a alma, evita agressões e aumenta a autoconfiança!

Estatisticamente, as pessoas sem parceiro têm uma expectativa de vida menor.

Nós, humanos, precisamos de mais proximidade com as pessoas, mas também temos que dar-lhes a chance de criar proximidade.

O dia do abraço pode ser uma oportunidade para o tornarmos mais consciente e sermos mais pródigos com ele porque é um grande presente, aproxima, dá saúde e faz crescer a alma!

O meu abraço apertado

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

A ARTE DE QUESTIONAR

Uma sociedade-ideologia-opinião que não se questiona não avança

O filósofo Sócrates usava do método maiêutico (arte de realizar partos) para levar as pessoas ao conhecimento; para isso servia-se de perguntas, seguidas de respostas a que seguiam novas perguntas, como se ele fosse uma parteira a ajudar a parturiente a dar à luz a própria criança.

Numa sociedade clientela cada vez mais técnica, burocrática e manipulada de respostas empacotadas urge fazerem-se cada vez mais perguntas!

Perguntas podem tornar-se meios de esclarecimento e podem ajudar-nos a pensar e a investigar! Também podem ser refinadas e tornar-se perigosas!

É costume dizer-se que quem não questiona permanece estúpido; também não há perguntas estupidas, mas quanto a respostas sim.

Naturalmente, pode-se questionar tudo, desde a opinião geral à opinião individual! Uma notícia que apresentada na TV, ou noutro meio de comunicação social, é geralmente engolida sem ser mastigada nem saboreada; se o espectador se questionar sobre o porquê (motivo, posicionamento, frequência, objectivo)  da apresentação daquela notícia e não de outra, etc. conseguirá uma visão mais diferenciada do que acontece e o influi. Isso contribuiria para evitar o proselitismo divisionista de uma sociedade muito dependente dos media cada vez mais centralizados e controlados. As elites do poder já que não conseguem do cidadão uma fé comum procuram, o que é natural, criar nele uma opinião comum. O pensar diferenciado não ajuda o poder (nem agrada à massa anónima) mas serviria mais a evolução da pessoa humana e da população.

Há o perigo de projecções, mas também há questões que podem ser indigestas e que para serem “engolidas” e o seu conteúdo não provocar “tosse” precisariam mais tempo de ruminação. 

Perguntas perigosas podem tornar-se aquelas que questionam a opinião geral ou as pessoas que se consideram esclarecidas!

As perguntas estão no início de cada discernimento e são muito importantes porque mobilizam a nossa introspecção que leva à intuição! Por vezes, no momento da introspecção chega-se a questionar as próprias perguntas.  Uma pergunta decisiva vai direita ao cerne de um problema e a resposta a ela pode revelar o que se encontra por trás dos bastidores!

Também há perguntas cruciais que podem ter um lado negro porque as correspondentes respostas levariam a uma confissão ou colocam uma questão de consciência ou de algo que nos deixaria despidos!

Há também perguntas simples que querem saber por interesse no simples saber, mas também há perguntas interesseiras e como tal superficiais e manipuladoras!

As perguntas rectóricas, geralmente, não pretendem obter uma resposta mas também podem fazer parte de um jogo de truques retóricos que transformam opiniões em factos e factos em opiniões.

Uma pergunta muitas vezes oportuna seria: Quem beneficia com isto? O que é que está aqui em jogo? O que pretendes com isto? Porque perguntas isto?…

O perguntar tal como o pensar pode fazer doer, por isso muitas pessoas evitam questionar a própria opinião e a própria visão do mundo, o que aumenta o espectro das insinuações; também por isso temos mais ovelhas que pastores!

A pergunta é sempre legítima porque a questionação plural tenta libertar a pessoa do “lado certo” ou do “lado errado” e, deste modo, possibilitar um caminhar humano de todos em frente na procura da Verdade!

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

 

O BATALHÃO AZOV EM MARIUPOL RENDEU-SE

BIOLABORATÓRIOS PATOGÉNICOS NA UCRÂNIA

A partir de 16 de maio já se renderam às forças da Rússia e de Donetsk (república independente desde 2014) 2.361 membros do batalhão Azov (nazis e ultranacionalistas) entrincheirados no Azovstal, último bastião das tropas ucranianas em Mariupol, relata o general Ígor Konashénkov (Ministério de Defesa russo). Entre eles havia 80 feridos. Mais de 340 nacionalistas ucranianos morreram lá.

Desde o começo da guerra, foram destruídos, quase 950 drones ucranianos, 172 aviões de guerra e 125 helicópteros, bem como 3.158 tanques e outros veículos blindados, 395 lançadores de foguetes múltiplos, 1.562 canhões e obuses e 3.026 veículos militares (1).

De notar que a partir da invasão russa de 24. de fevereiro, tudo tem sido unilateralmente informado, mas dos bombardeamentos das “repúblicas do povo” durante oito anos não interessou nem interessa ninguém saber, tendo havido 17.000 mortos, entre eles 4.000 soldados!

Azovstal já se encontra sob o controlo da Rússia e de Donestk.

Uma questão que desde 2014 os beligerantes não se colocaram: O que aconteceria, após a hora zero, a uma população pró-russa em algumas áreas da Ucrânia? Formar uma República Federal da Ucrânia não interessava às potências em conflito!

BIOLABORATÓRIOS PATOGÉNICOS NA UCRÂNIA

Duas semanas e meia (22 de março) depois do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, TONLINE publicou a notícia: “OMS aconselha Ucrânia a destruir agentes patogénicos em laboratórios”.

A investigação altamente patogénica deveria ser altamente controlada para que não aconteçam catástrofes que colocam em perigo a humanidade.

A notícia pode ser lida no OBSERVADOR (2)

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo

(1) https://www.grupormultimedio.com/se-siguen-rindiendo-ucranianos-que-estaban-atrincherados-en-la-aceria-azovstal-id1022819/ 

(2) https://observador.pt/2022/03/11/oms-aconselha-ucrania-a-destruir-agentes-patogenicos-em-laboratorios-para-evitar-propagacao-de-doencas/?fbclid=IwAR344aDo1SmaSVmsbdZkBDf2lJnZ4PDVMBPuWnbsRAlv6kPHMGgfG4EnoGg

A ADESÃO DA FINLÂNCIA E SUÉCIA À NATO POSSIBILITA O CONTROLO DOS USA SOBRE A RÚSSIA

A Turquia ameaça vetar a entrada dos dois países na Nato

A entrada da Finlândia e da Suécia na NATO significaria para Putin um golo na própria baliza mas também acarretaria consigo uma grande complicação para a Europa que ficaria, como até ao presente, limitada aos interesses dos USA sem possibilidade de definir uma política própria. A Finlândia tem mais de 1.340 km de fronteira com a Rússia e mais de 1/3 da sua população adulta entre os reservistas das Forças Armadas. Isto significaria para a Nato a possibilidade de controlar directamente o adversário através da Europa sem que os USA se vissem ameaçados atomicamente no seu próprio território! Como reação Moscovo poderia transportar ogivas nucleares, para o enclave de Kaliningrado, o que possibilitaria alcançar capitais europeias! A chefe de governo finlandês já avisou que, em princípio, não quer armas nucleares ou bases permanentes instaladas no país!

O presidente turco Erdogan declarou que tenciona bloquear a entrada da Finlândia e da Suécia na Nato!

Erdogan defende os seus interesses movendo-se entre os sistemas de interesses e de valores da Nato e da Rússia.

No seu jogo estão incluídos conseguir unir a população em torno dele contra um inimigo de fora e os seus interesses na Síria.  Como no passado tentará pôr os interesses da Nato e da Rússia um contra o outro, para, assim, poder exigir concessões da EU e do Presidente dos EUA Joe Biden; a Turquia tem actualmente uma taxa de inflação de 70%.  Como membro da NATO, a Turquia está envolvida em guerras de agressão e ocupa os territórios de Estados estrangeiros, mas os países da NATO não querem saber disso porque se trata de defesa de interesses de um seu aliado à custa de povos fora da Europa. Em 1974, Ancara atacou a República de Chipre e ocupou 40% do seu território, tendo-se envolvido também frequentemente em escaramuças com a Grécia.

É de prever que o regime Erdogan conseguirá dos USA a venda à Turquia dos aviões caça F-16 (até agora recusados pelo facto de os USA apoiarem parcialmente os curdos ao contrário da Turquia que os combate); esses aviões serão para Ancara poder perseguir o povo curdo na Síria! A Finlândia e a Suécia, tal como a NATO, não consideram o movimento Gülen como “terrorista”, o que Erdogan exige desde há muito!…

Erdogan vê margens de negociação em detrimento dos mais fracos! A Finlândia e a Suécia, tal como a NATO, não consideram o movimento Gülen como “terrorista”, o que Erdogan exige desde há muito!

Apesar de tudo, uma expansão da Nato na actual conjuntura revelar-se-á como um erro para a Suécia, Escandinávia e Europa. A Suécia, parece, de ânimo leve, tornar-se voluntariamente susceptível à chantagem. Um tal intento só teria sentido para a Europa como crédito potencial para levar a cabo negociações diplomáticas. Tudo isto poderia ser transformado numa verdadeira oportunidade para a Europa criar uma nova ordem para si própria de maneira a um dia se tornar independente do poder militar dos USA.

Há um provérbio que diz:” O diabo está nos detalhes” – o que quer dizer, são as pequenas coisas que importam. A Europa (com políticos sem formato) anda alheada de ela própria, ao não prestar atenção ao que o seu irmão grande faz, e segue a agenda americana colocando-a em cima dos joelhos em vez de a analisar com cabeça!

Os USA e a EU pagarão caro pela assinatura de Erdogan para que este torne possível a adesão dos dois países à Nato; posteriormente passarão a tentar obrigar países como o Brasil e outros a alinharem-se à sua guerra hegemónica!  O autocrata turco no meio de tudo isto procura, à sua maneira, olhar pelos interesses da Turquia; o mesmo será difícil de dizer de outros governantes europeus!

Investigadores do Instituto de Kiel para a Economia Mundial revelaram que, na guerra contra a Rússia, os EUA (desde 24 de janeiro a 10 de maio) anunciaram promessas à Ucrânia de cerca de 43 mil milhões de euros em assistência militar, financeira e humanitária. Os países e instituições da UE prometeram, no mesmo espaço de tempo, apoio de 16 mil milhões de euros.

A diferença reflectida no apoio corresponderá aos interesses envolvidos no conflito. 

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

FINLÂNDIA E SUÉCIA SOLICITAM PRECIPITADAMENTE A ADMISSÃO À NATO

50° Aniversário da Política alemã de Mudança através de Aproximação

Com a solicitação da Finlândia e da Suécia de entrada na Nato, alarga esta, legitimamente, as suas fronteiras na direcção da Rússia! Este passo significa que ainda estamos a prosseguir com as rotineiras medidas que nos conduziram à situação atual.

Para a segurança na Europa, precisaríamos de uma comunidade de defesa europeia que representasse o espírito e os interesses europeus, naturalmente também com a Suécia e a Finlândia. Está-se só a reagir e não a agir, a ser impulsionados, sem concepção nem reflexão e, na consequência, a ser motivados apenas por factores de medo e de poder! Na ausência de um conceito e de uma estratégia europeia comum adaptamos os nossos interesses aos dos USA, cuja política é imperialista, tal como tem sido a da Rússia. A política da UE só reage em vez de olhar para o futuro no sentido da Europa! Precisamos de um lugar e de um espaço onde seja possível começar a empreender-se uma política de paz para a Europa e para o mundo!  É tempo de tentar novos passos em vez de continuar a marcar passo na História!

Há precisamente 50 anos, a Alemanha iniciou os tratados de Leste com a Rússia (tratado de Moscovo e Varsóvia ratificado pelo Parlamento em 17.05.1972). A Alemanha iniciou então uma política de “mudança através da aproximação”, que assegurou a paz na Europa durante os últimos 70 anos. A Alemanha aceitou as fronteiras do pós-guerra, declarando também a renúncia aos antigos “territórios orientais”(fez também os acordos com a RDA e a Checoslováquia). Na altura, tudo isto, na opinião pública era apreciada sobretudo como uma traição à pátria.

A política de aproximação de Willi Brandt e a disponibilidade de Helmut Schmidt para negociar, com as costas protegidas pelos americanos, foi uma política que seria hoje muito benéfica para a Europa se esta não estivesse condicionada sobretudo aos interesses do distante  irmão rival do outro lado do Atlântico, que tinha e tem por razões imperialistas de Estado o objectivo de construir barreiras e não pontes entre a Europa e a Rússia!

A política alemã, outrora seguida, de aproximação com a Rússia levaria a Europa a encontrar, de novo, o seu lugar específico e relevante na história (um lugar de sinal pacífico para o mundo, depois dos seus imperialismos nacionais)! Uma Europa, de alma dividida, sem projecto, sempre olhou com desconfiança para a Alemanha, preferindo, em vez de entrar numa convergência europeia, aliar-se aos EUA, ficando na ilusão que se revelando contra a Alemanha defendia interesses próprios e europeus! De facto, na EU impôs-se o espírito anglo-saxónico que depois se expressou de forma cínica no Brexit! Nesta atitude a Europa continuará a ser um gigante com pés de barro! (Pessoas de pensamento apressado não identifiquem logo esta apreciação como tendo algo a ver com identificação a Alemanha!)

É verdade que as potências mundiais jogam na sua perspectiva de potências mundiais, e a Europa está no meio delas sem que os políticos da Europa assumam mais responsabilidade para que, por um lado, a ligação ocidental não se perca, e, por outro, fazer com que a ligação oriental seja impulsionada. Só desta forma a Europa pode chegar à sua própria política e iniciar assim uma nova cultura que sirva a paz mundial. Os laços unilaterais com o imperialismo, sejam eles russos ou americanos, adiam o desenvolvimento da Europa, o que deveria conduzir a uma política de paz real.

De momento, ao identificarmo-nos com os imperialismos russos e americanos, e ao alinharmos apenas pelos interesses da Nato estamos a adiar a Europa a perder o comboio da história europeia e a negligenciar a oportunidade de se iniciar uma política de solidariedade comum com todos os povos numa atitude de paz!

Chegou a hora de uma Europa verdadeira e não ser mera EU anglo-saxónica; essa hora seria tentar novos passos e no atual conflito iniciar conversações e estabelecer laços!

As economias americana e alemã podem pagar a guerra e ganhar dinheiro com ela, mas de que serve esta força ao homem da rua e aos pequenos estados?

De momento a União Europeia encontra-se alienada apostando no adiamento da construcção de uma Europa digna, provocando a entropia social e a dependência desonrante! Europa teria de assumir um papel e missão próprios. Em vez disso, os Os Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE aprovaram em 16.05 mais 500 milhões de euros para a entrega de armas e equipamento às forças armadas ucranianas. Isto eleva o financiamento da UE de ajuda militar para 2 mil milhões de euros. Os fundos são provenientes do “Mecanismo Europeu de Apoio à Paz”(1)!

Para se iniciar uma cultura de paz terá de se ousar mudança através de aproximação e não de confrontação!

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) Talvez, neste caso, mais apropriado seria mudar-lhe o nome para “Mecanismo da EU contra a Europa” e para o prolongamento da guerra (na substituição de conversações que salvaguardassem os interesses e valores europeus)!!