ABANÃO DE TRUMP A UMA EUROPA DIVIDIDA ENTRE INTERESSES NÓRDICOS E LATINOS

Alemanha contra um Guarda-chuva nuclear europeu – Segurança da Europa com Pés de Barro

Trump, embora sem cargo, tornou-se num fantasma para a Europa e só o medo de ele vir a ganhar as eleições de 5 de novembro motivou os políticos europeus à mobilização de somas gigantescas para o armamento.

A NATO tinha decidido que cada membro deveria empregar anualmente 2% do seu PIB em despesas militares. Agora Trump vem exigir que todos os membros gastem os 2% do PIB na defesa e no caso de incumprimento esse membro deixaria de ter o apoio dos EUA na NATO, disse-o à maneira de Trump, com palavras claras, muito embora em termos de campanha eleitoral:” … então eu não os protegeria. Eu até encorajaria a Rússia a fazer o que quiserem”. Dos 31 países membros 18 deles já cumprem as exigências dos 2% (1). O objectivo dos 2% revela-se como um grande programa de desenvolvimento para os EUA através da sua grande indústria de armas avançadas.

Isto levanta também a questão do armamento nuclear da Europa. Neste momento, apenas a França e a Inglaterra são potências nucleares na Europa com os EUA na NATO. Segundo o instituto de pesquisa Sipri, existem 12.500 armas nucleares em todo o mundo. Os EUA têm 5.200, a Grã-Bretanha 225, a França 290 e a Rússia possui quase 5.900 (2). Em termos de poder só os países ou grupos que tiverem armamento nuclear conseguirão preservar a sua liberdade nacional.

Um Debate nuclear na Europa enfraqueceria a Alemanha e teria como resultado o Benefício dos Países europeus do Sul.  Obrigaria a uma discussão pública sobre o sistema de segurança europeia e ao mesmo tempo a solidariedade da proteção militar da aliança atlântica.

Numa política global de confronto mundial, o exemplo da Ucrânia mostra que quem não é uma potência nuclear tem uma carta má e perde. Quanto à energia nuclear dos EUA na Europa, utilizam os territórios da Europa (países da NATO) para bases militares dos EUA (além disso, os países com bases dos EUA também fornecem tropas auxiliares e não têm influência sobre o que acontece nas bases). Basicamente, os EUA não servem os interesses da Europa porque os interesses estratégicos dos EUA são completamente diferentes dos da Europa. No caso de uma guerra geoestratégica, a Europa seria reduzida a escombros e os Estados Unidos permaneceriam livres da radiação nuclear. A Europa deve cuidar de si mesma!

A Alemanha bloqueia um debate sobre defesa nuclear na Europa dado o armamento nuclear estacionado na Alemanha ser americano, e rivalidades entre os membros da EU levam-na a impedir um consenso comum entre os membros europeus em termos de defesa estratégica e a recusar a oferta de conversação de Mácron preferindo apostar em sub-alianças!

A Alemanha está mais interessada em comprar armamento americano do que em investir no armamento europeu já existente porque um tal apoio beneficiaria a posição da França na Europa; por isso a Alemanha esforça-se por angariar aliados de armamentos que a beneficiem a preço de uma Europa dividida em grupos de interesses bélicos diferentes. O ministro da Defesa Boris Pistorius (verdadeiro “soldado” germânico) é contra a oferta de Paris, ele defende os interesses da Alemanha no Leste e não no sul dos povos latinos (este muro invisível da Europa entre uma zona europeia “de mentalidade protestante” e uma outra zona  mais de “mentalidade católica” é observável também na Alemanha: a parte norte da Alemanha protestante e a parte sul Baviera de caracter mais latino! Passei grande parte da minha vida na Alemanha no sul e no centro-norte e verifiquei que mesmo no partido SPD de que era membro havia os mesmos preconceitos contra a Baviera e contra o catolicismo tal como se encontra na posição de alguns alemães contra estrangeiros!  Assim a Europa continuará também depois de séculos dividida numa parte alemã de génio anglo-saxónico (protestante com os Estados Unidos) e, como tal, vocacionada a unir-se mais com os irmãos dos EUA do que os companheiros da Europa do Sul (de mentalidade mais latino-católica). A Alemanha levou à divisão da Europa e com ela parece afirmar-se na divisão!   

Assim, logicamente, a Alemanha é contra um guarda-chuva nuclear europeu. Uma discussão sobre um guarda-chuva nuclear da Europa para a Europa mostraria ao público europeu a divisão cultural da cultura europeia em latina e nórdica com correspondentes grupos de interesses por vezes antagónicos. No meu entender, uma discussão pública e aberta sobre isto protegeria os interesses do Sul da Europa e, levaria a questionar os interesses económicos e militares da Alemanha na Ucrânia, pelos quais o Sul também tem estado a pagar, por uma parte não interessada em compromissos com a Rússia. Zelensky sabe disso e é por isso que se poderá perceber a sua autoridade sobranceira (atrevimento!) em relação aos governantes do Ocidente (embora o seu sistema seja tão corrupto como o russo)! A Alemanha prefere estar sob o domínio dos EUA do que ter de contribuir para o poder nuclear francês. Por outro lado, a França não está disposta a uma mutualização do controlo sobre as suas armas nucleares. É claro que isto parece ser do interesse da Alemanha, uma vez que apenas a França e a Inglaterra possuem armas nucleares próprias enquanto as estacionadas na Alemanha pertencem aos USA e estes têm poder soberano nas suas bases de estacionamento. É claro que, em caso de conflito, a Alemanha veria a expansão dos seus poderes. Nesse pensar, a Alemanha já trabalha no sentido de se tornar a representante da NATO na Europa. A Alemanha quer assumir o papel de liderança na NATO com a possível secretária geral Von der Leyen. (Na Alemanha, em Büchel, no Eifel, estariam armazenadas cerca de 20 bombas termonucleares de gravidade B61 das forças armadas dos EUA (Cf HNA, 15 de fevereiro de 2024).

Uma mistura de medo da Rússia, da Alemanha e uma guerra cultural tácita entre a Europa “germânica” e a Europa Latina existem como elementos inibidores num movimento que seria urgentemente necessário de um em direção ao outro.

Como se nota no nervosismo de Bruxelas e Berlim, a política interna dos EUA continuará a fazer parte das preocupações internas dos países Europeus.

O “ponto de viragem” proclamado pelo governo Scholz teve grande impacto por determinar a militarização (100.000 milhões de euros) de uma Alemanha ainda economicamente forte, mas sobretudo militarmente dependendo dos EUA. O seu ponto de viragem é uma viragem que parecendo em benefício da Alemanha se poderá tornar num motivo de maior distanciamento entre povos. Pelo que se observa da facilidade de movimentação de imensas massas populares (sem discussão de conteúdos)  apenas com base em slogans e emoções constata-se que o povo alemão ainda se encontra muito dependente do dirigismo político, o que não motiva grande confiança numa Alemanha demasiadamente determinadora dos destinos da Europa!  Na União Europeia nota-se, tal como a nível mundial, o domínio do Norte perante o Sul! Para se conseguir uma Europa mais equilibrada, humana e universalista teria de se conseguir um melhor caldeamento do espírito nórdico (e interesses) com o espírito do Sul (e correspondentes interesses económicos e culturais).

A reviravolta económica provocada pelo boicote económico à Rússia revelou-se, a curto prazo e mais a longo prazo numa grande perda para a Europa. Os locais de negócios europeus irão deslocar-se para a Ásia (em parte para os EUA) e a Europa não tem como fugir a esta realidade. Os EUA ainda se afirmam como o motor da economia mundial tendo ainda imensos recursos não utilizados a nível de impostos, coisa que a Europa já esgotou. Os preços da electricidade na Alemanha são três vezes mais elevados do que nos EUA…

A Alemanha encontra-se socialmente irritada porque dividida e desorientada porque segue os interesses americanos e tendo de reconhecer que a Itália, a França e a Espanha defendem também interesses genuínos latinos (do Sul) não apostando tudo na cartada do Leste (cf. Ucrânia) e que por seu lado também a Polónia se apresenta cada vez mais consciente do seu poder na Europa. A Alemanha, com o seu apoio quase incondicional à Ucrânia – depois de um tempo de indecisão oportuna – (e com a sua política de imigração imposta à Europa), negligenciou os interesses de uma Europa integral de espírito que não é só económico, mas sobretudo cultural.  A Alemanha está interessada em fortalecer os seus vizinhos de Leste, mas querendo que os países latinos a apoiem sem compensações sustentáveis.

Um erro crasso nos afazeres europeus tem sido confundir a Europa da cultura (fundada por S. Bento) com a União Europeia pós-guerra, baseada sobretudo na economia e na ideologia política (fundada por Robert Schumann). A afirmação da economia sobre a cultura (ou mesmo contra a cultura no desrespeito de tradições dos seus próprios povos e por outro lado afirmando irrefletidamente a tradição islâmica) tem destruído a Europa no seu ser (a).

A discussão pública na Alemanha desceu a um nível impensável, o que demonstra a irritação e insegurança em que a classe política vive! O chanceler Scholz apelidou Putin e os seus colegas de “predadores” (no Wall Street Journal) e o presidente Steinmeier apelidou de “ratazanas” os apoiantes do partido AfD. Vai-se tendo a impressão de nos encontrarmos a caminho de uma sociedade zoológica sem cercas, mas onde predadores e animais domesticados têm que coabitar em guerra. O ponto de viragem traz-nos de volta a guerra fria. A Alemanha disponibilizou mais de 30 mil milhões de dólares em ajuda armamentista à Ucrânia. Ao declarar a nova era (ponto de viragem”), o governo alemão pensou que seria tão fácil convencer o povo como foi com o vírus Corona. A Europa trouxe para casa os problemas do mundo e não consegue ver o que acontece nela mesma.  A EU é incapaz de resolver os problemas de incompatibilidade entre situações e interesses do Norte e do Sul por se encontrar demasiadamente ideologizada e a viver numa esfera de vidro.

Se Trump chegar ao poder, a Europa terá ensejo para acordar e ter a oportunidade de tomar o seu destino nas próprias mãos (3)!

Talvez deste modo a União Europeia acorde para uma Europa que seja voz do humanismo no mundo e assim desperte para o seu papel de medianeira na inter-relação de países e blocos sem se perder num bloco virado para um passado que ainda teima em apostar na hegemonia americano-europeia.

Como primeira reação às palavras de Trump, a discussão pública na Alemanha já aponta para a criação de um exército europeu e para uma obrigação de serviço militar. Esta será também uma oportunidade para se criar também uma imigração de soldados.

A Europa encontra-se num momento crítico da sua história porque tem andado sem conceito próprio ao sabor dos ventos! Ao desabamento que estava a acontecer a nível cultural por influência do marxismo e do turbo-capitalismo vem-se juntar a derrocada económica a longo prazo, pelo menos até que a União Europeia descubra de novo a sua outra parte europeia na Rússia. Não há males que não venham por bem!

O que a Europa precisa, em vez da idiotice do empenho total no armamento nuclear e armamento convencional, é aplicar esse esforço em iniciativas de paz. Em vez de exportar a guerra com as armas a Europa deveria exportar paz e tudo o que fomente uma cultura da paz! À frente da iniciativa do fomento da paz devia estar a Alemanha a dar o exemplo.

Seria digno de um discurso público e de se questionar: porque é que a sociedade e a política não se empenham por uma cultura de paz destinando a ela também 2% do PIB como faz para fomentar as guerras?

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Portugal gasta agora 2,85 mil milhos de euros, isto é, 1,3% do PIB. Também  a Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Noruega seriam afectados pela declaração de tropas pelo facto de não atingirem os 2% do PIB nas despesas de defesa.

(2) REUNIÃO IMPORTANTE NA BASE AMERICANA DE RAMSTEIN https://antonio-justo.eu/?p=8218

Crítica à Base Aérea dos EUA na Alemanha: https://antonio-justo.eu/?p=7663

O sonho da Eurásia morreu na Ucrânia: https://jornaldeoleiros.sapo.pt/2023/09/08/politica-nacional/politica-internacional/o-sonho-da-eurasia-morreu-na-ucrania.html

A Europa dividida favorece a sabotagem geopolítica: https://geopol.pt/a-europa-dividida-favorece-a-sabotagem-geopolitica/

O Sul global está a chegar: https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2022/07/o-sul-global-est%C3%A1-a-chegar-vai-ser-grande-o-pre%C3%A7o-a-pagar.html

Internacionalmente a Alemanha não é livre de decidir (decidem interesses recíprocos): https://antonio-justo.eu/?p=8223

Guerras da América e da Rússia: https://geopol.pt/guerras-da-america-e-da-russia/

Taiwan e Ucrânia são cavalos troianos: https://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2022/08/taiwan-e-ucr%C3%A2nia-na-situa%C3%A7%C3%A3o-de-cavalos-troianos-de-interesses-imperialistas-rivais.html

Coisas da Democracia: https://www.linkedin.com/pulse/idade-digital-inicia-era-p%C3%B3s-f%C3%A1tica-o-sentimento-%C3%A9-ant%C3%B3nio/?originalSubdomain=pt

(3) Com as afirmações de Trump torna-se claro que a UE negligenciou os seus próprios interesses em favor dos interesses geopolíticos dos EUA e agora sente-se ameaçada caso os EUA não a apoiem! As negligências europeias depois da queda da União Soviética e com a guerra na Ucrânia impediram a oportunidade de se construir uma Europa forte com a Rússia a bordo, o que não era dos interesses dos EUA e significaria grande concorrência para os EUA.

A Europa seguiu de ânimo leve os interesses geopolíticos dos EUA no conflito a desenrolar-se na Ucrânia. A Alemanha, de mãos atadas pelos EUA (Acordo 2+4) apressou-se a declarar a descontinuidade da política de aproximação cautelosa à parte da europa russa cortando com todo um passado de relações com a Rússia de que também se aproveitou.

(a) Talvez o génio da História venha a superar a divisão da Europa que se encontra realizada na Alemanha servindo-se também do factor da imigração para unir os diversos povos que se encontram do lado ocidental e do lado oriental da Europa e assim se venha a realizar uma Europa toda.

MANIFESTAÇÕES NA ALEMANHA AO SERVIÇO DE QUEM?

O Presidente Steinmaier apelidou de “Ratazanas„ Milhões de Cidadãos

É impressionante ver a afluência de centenas de milhares de alemães que marcam presença em demonstrações originariamente contra a extrema-direita embora as intenções de organizadores não fossem claras. Entretanto verifica-se que as manifestações são contra a direita embora baseadas em afirmações extremistas da AfD contra imigrantes.

Desde o início de 2024, os Verdes tiveram um acréscimo de 4.500 novos membros. A liderança do partido considera o crescimento excepcional como resultado das manifestações contra o extremismo de direita.

O que acontece na realidade é que as grandes manifestações acabam por se transformar em puras manifestações contra a direita.

Muitos cabeçalhos de jornais regionais alemães já não intitulam as manifestações populares em via contra a extrema direita como tais, mas como contra a direita. Deste modo consegue-se também através da manipulação da linguagem criar na cabeça das pessoas a ideia de que tudo o que não é esquerda não é bom!

Por outro lado, chega-se a ter a impressão que as manifestações são também pró política governamental por surgirem num momento em que dados estatísticos revelavam que cerca de 70% da população era contra o governo.

Como se vê o povo é facilmente manobrável seja no sentido que for, desde que tenha quem os oriente. A observação da estratégia e campanhas motivadoras das manifestações em grandes massas ajuda a compreender o porquê de o povo alemão ter apoiado em massa o regime de Hitler. A inteligência da nação parece ter entrado em delírio!

O presidente Frank-Walter Steinmeier num encontro com empresários (29.01.2024) em Berlim referiu-se ao partido da extrema direita (AfD) como sendo “caçadores de ratazanas” (1)!

Um presidente da república que assim fala e que é o representante de todos os alemães torna-se indigno de estar à frente dos destinos da Alemanha; ao comparar milhões de seguidores do partido AfD com “ratazanas” (apesar da confusão que a AfD causa e de declarações extremistas contra imigrantes) desqualifica-se como presidente de todo o povo alemão e situa-se na tradição linguística de Hitler que fazia propaganda contra os judeus alemães apelidando-os de “ratazanas”.

 Tudo isto revela que os partidos do arco do poder começam a sofrer de vertigens quando veem que o AfD nas estatísticas já se encontrava como o segundo partido das próximas eleições. Por isso as manifestações contra ao AfD são sentidas como libertação da Alemanha.

Entretanto a criação do Partido Sahra Wagenknecht que se prognostica de vir a ter 5 a 8% dos votos nas próximas eleições irá contribuir para a diminuição dos votantes na AfD. O poder obriga a muito e no meio de tanta confusão quem mais ganhará será o partido dos Verdes que passará a ser o determinante nas futuras coligações governamentais. Isto cria muitas dores de cabeça aos partidos conservadores ao terem de se coligarem com um partido de esquerda de caracter ideológico bastante acentuado.

 

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) “Quando a nossa democracia está a ser atacada, é ultrapassada uma linha em que os opostos passam para segundo plano. Então, o centro democrático, a grande maioria da nossa sociedade, tem de tomar uma posição e torná-la clara: Nós apoiamos a nossa democracia, defendemos esta Alemanha e não permitiremos que este país seja arruinado por “Apanhadores de ratos extremistas”.

Há um conto alemão em que um flautista para livrar a cidade da praga das ratazanas pegou na flaute e começou a tocar! Ao som da flauta as ratazanas seguiram o músico e deste modo a cidade viu-se livre da praga das ratazanas. Steinmeier não se podia referir alegoricamente ao flautista porque no caso inverteria o feitiço contra o feiticeiro pois se confundisse o AfD com o flautista, isso seria trágico dado o alegado motivo das manifestações ser contra a ideia de o AfD querer expulsar da Alemanha estrangeiros em massa. Isto num momento em que a Alemanha procura estabelecer em África e Ásia escritórios que consigam angariar trabalhadores para a Alemanha!

PARTIDO ISLÂMICO A ENTRAR NO PARLAMENTO EUROPEU PELA PORTA TRASEIRA

Partido turco-islâmico a ser preparado para as Eleições europeias de 9 de junho

Conscientes do que é poder, os turcos na Alemanha têm planos já avançados na fundação do partido turco “Dava”, uma ramificação do partido AKP de Erdogan (chefe de estado da Turquia). “Dava” quer participar nas próximas eleições da UE, em 9 de junho.

Com a participação nas eleições europeias dá-se um novo passo na islamização e promoção do curso islamista de Erdogan ampliando a sua influência na política europeia. Um passo que leva a Democracia na União Europeia a um beco sem saída que sem querer a Turquia na União Europeia a recebe pela porta traseira. O partido posiciona-se especificamente como um partido migrante sem apresentar qualquer medida concreta nesse sentido.

Erdogan tem muitos seguidores na Europa, como demonstraram as últimas eleições turcas de maio de 2023; dos 1,5 milhões de eleitores turcos na Alemanha 732.000 participaram nas eleições e 67,4% (500.000) votaram no autocrata Erdogan (1). Em França, Erdogan recebeu 66,57 por cento dos votos, na Áustria 73,88% e nos Países Baixos 70,45%. Os resultados mostram que muçulmanos embora vivendo em democracias favorecem governação autocrática.

Isto significa mais um fardo para a sociedade aberta. Segundo o senso de 2011 havia na Alemanha 530.596 turcos com nacionalidade dupla. A nova dupla cidadania permite a Erdogan ter mais influência na política alemã. O que é surpreendente é que os governos alemães ajudaram a criar guetos islâmicos (Ditib, etc) e agora vem o povo queixar-se e protestar contra Erdogan (Como de costume fora de lugar e a urinar no rio!…).

A propaganda de Erdogan a favor da organização terrorista Hamas terá um bom trampolim com base na Alemanha. A fundação do partido turco, Dava, virá justificar o demagogo ditador Erdogan que tornou socialmente aceitável a ação terrorista dos “assassinos do Hamas” dizendo que o Hamas é uma “organização de libertação”. O presidente turco, há alguns anos, durante a sua campanha eleitoral na Alemanha, disse aos “seus compatriotas” que “a assimilação é um crime”. Os alemães queriam trabalhadores que enriquecessem a sua economia e descuidaram o facto de com os trabalhadores vir o islão.

“Dava” é a abreviatura de Aliança Democrática para a Diversidade e o Despertar e lembra “Da’wa” (significa „convite” ao Islão) que promove o proselitismo islâmico. Assim entrará na instituição europeia o radicalismo pela porta traseira. Dava é uma associação extremista que destruirá a política partidária alemã e acentuará a crise da cultura europeia. A médio prazo, terá chances de crescer e se tornar um partido do governo.

Partidos que fomentam o Gehto na sociedade são naturais em democracia e um direito de cidadãos livres, mas são desestabilizadores da mesma, o que pode vir a questionar o estatuto de dupla nacionalidade.

Partidos, para obterem mais eleitores a longo prazo, fazem propaganda com a oferta da dupla cidadania a estrangeiros; esta forma de se conseguir membros e lealdade partidária torna-se problemática muito embora a nível individual signifique a aquisição de mais direitos e obrigações. O abuso do uso da dupla nacionalidade a nível político vem prejudicar a legítima exigência de outros estrangeiros que por razões pessoais estariam interessados nela.

O abuso político da dupla nacionalidade fortalece o espectro político de uma esquerda não interessada na defesa de interesses genuínos das populações Dado não haver a barreira de 5% para o parlamento da UE, o surgimento de partidos nacionalistas (p.E. Dava) terá como consequência que a UE um dia virá a introduzir a barreira dos 5%, o que corresponderá a desfavorecer a diversidade de partidos pequenos a nível nacional e um desvio da democracia para as grandes organizações.

O islão encontra-se em marcha na Europa impondo-se a nível social e de maneira mais eficiente pela via do poder através de corporações e instituições (Seria miopia criticar a inteligência islâmico-turca quando tudo o que acontece se dá por obra e graça dos nossos políticos, mas o povo está condicionado a continuar alienado a bater no Zequinha (imigrantes!).  Primeiro afirmaram-se através da filiação em partidos do país para onde imigraram e agora saindo deles para formarem os seus e deste modo se estabelecerem mais facilmente nas instituições dos Estados. Primeiro através da filiação em partidos e agora saindo deles para formarem os seus e deste modo se estabelecerem mais facilmente nas instituições dos Estados. Imitam a estratégia do movimento de 68 (afecto ao socialismo) que hoje, uma vez instalado na política e nas organizações de Estado, consegue inteligentemente impor com facilidade a sua ideologia política.  A esquerda tem feito bem os seus trabalhos de casa só com defeito: à custa dos contribuintes e da desvantagem das populações e de seus biótopos culturais e em benefício dos demais! Um meio termo não parece ser de interesse quer para os partidos da direita como dos da esquerda.

No que respeita ao islamismo a política do arco do poder encontra-se num beco sem saída, porque, por um lado, por interesses partidários e, por outro, para não proporcionar atitudes anti-islâmicas na população não permitem um discurso livre na sociedade e deste modo limitam o processo de pensamento necessário impedindo um discurso racional sobre os fundamentos e os objetivos da comunidade islâmica organizada.

Nesta perspetiva revela-se errado a simplificação do caminho da dupla cidadania promovido pelo governo alemão para uma ideologia que se afirma no gueto.

Fomentam o” casamento” com duas identidades opostas (sistemas de valores diferentes) e depois querem que as pessoas só se deitem na cama com uma. A liberdade na democracia tem prioridade, e tem de ser reconhecida também aos adversários da democracia de que também eles fazem parte. O que está em via é a luta pelo poder e quem sofre são as pessoas independentemente da pare em que se encontrem.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) https://www.tagesschau.de/faktenfinder/kontext/wahl-tuerkei-deutschland-100.html

Na Alemanha ocorrem entre 10.000 e 20.000 naturalizações por ano.

Outra estatística do Gabinete Federal de Estatística mostra que a naturalização de cidadãos turcos na Alemanha foi de 14.230 em 2022. Isto coloca a Turquia em segundo lugar em 2022. A Síria ficou no topo com 48.320 naturalizações e a Roménia ficou em terceiro lugar nestas estatísticas com 6.965 naturalizações. Em quarto lugar ficou o Iraque com 6.810 e em quinto lugar ficou a Ucrânia com 5.560 naturalizações. https://migrando.de/blog/einbuergerung/doppelte-staatsbuergerschaft-tuerkei/

 

https://www.bpb.de/themen/migration-integration/laenderprofile/deutschland/254191/doppelte-staatsangehoerigkeit-in-deutschland-zahlen-und-fakten/

 

A CAMINHO DA CONSCIÊNCIA PÓS-HUMANA

Do Contacto com a Inteligência Artificial

Hoje em dia o ser humano está a ser provocado. Essa provocação cria crise e também sofrimento, mas crise possibilita igualmente desenvolvimento. Várias agendas e iniciativas que hoje se encontram  na política e na economia  a interferir directamente na nossa vida individual e social pretendem alienar a consciência humana e expropriar os traços da nossa personalidade e os meios que as sustentam.

Quer-se apagar a memória do passado para no buraco engendrado se criar no cérebro um modus de aprendizagem ambientalmente modificado e assim, a partir de um cérebro tabula rasa, ser mais fácil, através de neuro-informações criar-se uma nova sociologia com um novo tipo de “pessoa”. Deste modo arruma-se com o pensamento crítico dando lugar a sistemas totalitários e a uma cidadania de cordeiros.

Por isso torna-se urgente proteger o nosso cérebro, defendendo a experiência da própria vida passada e orientar a nossa observação para a realidade e as condições/necessidades da vida,  não se deixando monopolizar o próprio cérebro por um discurso meramente mental.

Para não ficarmos totalmente dependentes, é importante não se contradizer a própria narrativa biográfica nem a história da humanidade (embora reconhecendo alguns fracos delas), e para tal pôr o travão às ideias e aos que tencionarem criar um novo ser humano reduzindo a sua visão (consciência) a processos meramente tecnológicos e mentais.

Além disso, os biótopos culturais baseados na tradição (a trilogia Deus-Pátria-Família, que tem sido difamada pelo marxismo, maoismo e globalismo mação), na família e na nação oferecem a melhor protecção possibilitando um desenvolvimento pessoal e social natural e não meramente artificial. É claro que isto não deve impedir uma visão de mundo sempre em tranformação, nem o desenvolvimento de uma moralidade sexual diferente para não se permanecer encerrados em polos contraditório reduzíveis a um maniqueismo dualista  tipo  cidade (polis) contra aldeia. Urge preservar e defender o que é bom, manter-se aberto ao novo e aclarar o progresso, segundo um princípio conservador.

Neste ambiente de coisas mais ou menos complicadas, há semanas, fiz a seguinte pergunta (1) à IA, ChatGPT:

Chegamos a um ponto de desenvolvimento da consciência humana que poderia ser considerado em estado limite, atendendo ao relativismo vigente, à manipulação da informação e da mente e a um desenvolvimento da consciência fora da moral. Que transformações futuras são de esperar na consciência e identidade humana?

E a ChatGPT (IA) deu-me a seguinte resposta: “A questão sobre o futuro da consciência e identidade humana é complexa e sujeita a diversas interpretações. Várias tendências e desenvolvimentos estão em curso, e é difícil prever com precisão como as coisas vão evoluir. No entanto, podemos destacar algumas áreas que têm potencial para influenciar a consciência e a identidade humanas no futuro:

Tecnologia e Integração com o Cérebro: Avanços em interfaces cérebro-máquina e neurotecnologia podem permitir uma integração mais direta entre a mente humana e a tecnologia. Isso poderia levar a mudanças significativas na forma como percebemos a realidade e interagimos com o mundo ao nosso redor.

Inteligência Artificial (IA): O desenvolvimento contínuo da IA pode ter implicações profundas na forma como os humanos se relacionam com a inteligência e a consciência. A criação de entidades conscientes artificiais levanta questões éticas e filosóficas sobre a identidade e a moral.

Realidade Virtual e Aumentada: Avanços em realidade virtual e aumentada podem levar a experiências imersivas que desafiam as fronteiras entre o real e o virtual. Isso pode influenciar a percepção da realidade e, por consequência, a construção da identidade.

    Ética na Tecnologia: À medida que as tecnologias avançam, questões éticas tornam-se mais prementes. A sociedade precisará abordar questões relativas à privacidade, manipulação da informação, e a linha ténue entre aprimoramento humano e perda de identidade.

Expansão da Consciência Coletiva: A conectividade global e a interconectividade constante podem levar a uma expansão da consciência coletiva, onde as identidades individuais se fundem em uma compreensão mais ampla e global da humanidade.

Desenvolvimento da Consciência Pós-Humana: Algumas visões futuristas sugerem a possibilidade de uma consciência pós-humana, transcendendo as limitações biológicas. Isso pode incluir upload de mente, cópias digitais da consciência ou formas de existência além do corpo físico.

    Transformações Culturais e Filosóficas: Mudanças na consciência e identidade também podem surgir através de evoluções culturais e filosóficas. Novas formas de pensamento e valores podem emergir, influenciando a maneira como as pessoas se percebem a si mesmas e o mundo ao seu redor.

É importante notar que as mudanças na consciência e identidade humana serão moldadas pela interação complexa de fatores sociais, éticos, tecnológicos e culturais. O futuro é incerto, e as respostas dependerão das escolhas que a sociedade faz ao lidar com esses desenvolvimentos.”

Fiz a pergunta porque, devido aos sinais dos tempos que carecem de interpretação e pelo que se pode já observar no que acontece e que está a determinar a nossa consciência, encontramo-nos numa mudança axial da história que é crucial pelo facto de nos poder desligar do desenvolvimento até aqui observado através da História. Já se observam iniciativas e tendências no sentido de transformar o humano numa função e a sociedade numa máquina sem que haja alertas suficientes para o que acontece já a nível de consciência humana. Por isso, quer a nível de factos quer a nível especulativo, é, cada vez mais válida a tarefa de acordar a sociedade, mas no respeito do estádio de consciência em que cada pessoa, grupo ou ideologia se encontra, embora com espírito crítico para não deixar o desenvolvimento da nossa espécie e da sua consciência só nas mãos de alguns!

A bússola do nosso pensamento e agir não deve ser apenas determinada por regras, tecnologias e interesses imediatos, mas sim ser complementada por categorias éticas e morais no seguimento do magnetismo divino que lhe confere perspectiva e sustentabilidade. Tentar fazer da humanidade um Olimpo de deuses é missão falhada como nos ensina o comportamento dos deuses do Olimpo no mito grego.

Não se deve fazer do ser humano objecto instrumentalizado, mas sim fomentar sujeitos existencialmente interessados. Diferentes visões do mundo existirão sempre porque o desejo natural de liberdade está ancorado na natureza. O mundo está chamado a desenvolver-se e melhorar-se, mas sempre com as pessoas a bordo. Para tal, a liberdade não deve ser acorrentada em sistemas ou ideologias; ela deve prosperar fora dos sistemas; só assim as oportunidades de desenvolvimento e compreensão permanecem abertas.

A grande missão será tornar as pessoas mais humanas num mundo natural de todos para todos e num mundo social de humanidade transversal. Portanto a tarefa não é adaptar ou destruir a identidade das pessoas, mas adaptar a tecnologia e o saber no sentido de servir as pessoas numa humanidade mais humana, ou humano-divina para a qual aponta o modelo Jesus Cristo. O legado do grande pensador medieval Tomás de Aquino: „Fé, razão e imaginação” continua a ser garante de desenvolvimento em humanidade individual e social.

 

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) As respostas da ChatGPT dependem das informações que há na “nuvem”. Por isso é de grande relevância pessoas tomarem posição na Internet sobre os diferentes posicionamentos porque da sumula do colocado na internet alimenta-se o “cérebro da IA.

Fazer perguntas faz parte da curiosidade genuína, que nos leva a ir ao encontro do outro e do mundo e deste modo à abertura para novas descobertas e aventuras. Ao fazer-se uma pergunta já se entra numa interação. O ser humano cada vez se expressa mais como ser em processo interactivo e interveniente na própria história e na natureza.  

Um outro instrumento que nos ajuda ao desenvolvimento é por um lado a confiança e por outro a dúvida.

As perguntas excitam as nossas mentes e a capacidade intelectual no uso da razão.

Os conhecimentos são adquiridos na observação e na análise das próprias vivências corporais e das realizadas por outros além das vivências espirituais.

A dimensão de massa e a dimensão de tempo no conhecimento levam à dimensão do comprimento. De esperar será o mergulhar no nível espiritual que consistiria a constante de sustentabilidade no desenvolvimento. Naturalmente também este factor não poderia ser equacionado em termos de uma consciência estática.

 

O MUNDO A FUGIR-NOS DAS MÃOS

(Agradecimento aos Idosos)

 

Num mundo de dias passados,

trilharam eles seu próprio destino.

Os Idosos, valentes e altivos

viveram a vida, sem apoio cativo.

 

Com histórias nos olhares,

caminharam por mundos, ainda não domados.

Atravessaram tempos difíceis, fardos pesados,

resistiram firmes, mantiveram-se despertados.

 

Mas hoje, eles estremecem,

diante de um mundo enviesado.

Uma elite, nas sombras oculta,

manipula os atilhos, permanece encoberta.

 

Os Media dançam ao som de sua sinfonia,

distorcem a verdade, criam ilusões, fantasia.

Um poder anónimo, distante e robusto

atrai tudo a si, ficando infindo augusto.

 

Os Idosos olham surpresos, aterrados,

não compreendem o que agora os cercaria.

Manipulação, veneno subtil,

que rouba a liberdade, quebra a alegria!

 

Mas em seus corações vive a memória,

de um tempo marcado por vontade e glória.

Os Sobreviventes de uma geração passada,

erguem-se silenciosos, ponderam soluções traçadas!

Em pensamento unidos, contra a escuridão,

querem lutar, por justiça, pela libertação.

As histórias dos idosos, um legado verdadeiro,

atravessam o tempo, despertam oposição prisioneira

António CD Justo

Pegadas do Tempo

Poesia António Justo: http://poesiajusto.blogspot.com/