Ditadura financeira internacional suborna os Estados

De altas Burguesias nacionais para altas Burguesias internacionais

Urge uma revolta dos Estados contra os Dinos do Capital

António Justo

O cinismo do poder financeiro

O turbocapitalismo serve-se também das estratégias soviéticas comunistas, no seu intento de destruir estados de economia social-democrata, sistemas legais, governos e oposição. Aposta na desestruturação de sistemas morais e sociais. A sua expressão e símbolo, na União Europeia, é a Troica (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) que controla os governos e os parlamentos no sentido de fazerem leis que sirvam os interesses da alta finança internacional. Troica significa, em russo, um carro conduzido por três cavalos. Na União soviética era constituída pelo grupo dos três chefes supremos: o chefe de estado, o chefe de governo e o líder do partido comunista. Estes estavam por cima da lei.

Se os velhos regimes nacionais (p.ex. Salazar) beneficiavam a  alta burguesia nacional, os novos regimes democráticos (p.ex. 25 de Abril) servem a alta burguesia internacional. A diferença está no desvio dos microssistemas para os macrossistemas.

 

Sem uma classe média nacional forte os Estados são violados

O capitalismo internacional encontra-se numa fase avançada de assalto aos Estados. Assiste-se a verdadeiros golpes de estado sem que sejam conhecidos os revolucionários. As nações são, paulatinamente, destruídas e desautorizadas sob o pretexto da criação de regiões económicas favorecedoras do mercado, as famílias são destruídas em nome da necessidade de disponibilidade e flexibilidade do trabalhador. A classe média, que era a garantia da grandeza das nações, é destruída para que uma pequena oligarquia internacional de capitalistas tenha mais facilidade no controlo do Estado, do povo e da produção. As altas burguesias das nações aliam-se internacionalmente e conectam-se em impérios financeiros atuantes através dos bancos. Internacionalizam o capital, escolhem os paraísos de impostos, ficam com os lucros e socializam as dívidas. Ignora-se que, sem uma classe média alargada e forte enraizada na nação (antigamente a alta e média burguesia), os governos mais facilmente se tornam marionetes da alta burguesia internacional que actua através dum capital irresponsável anónimo. O sistema económico de Salazar favorecedor da alta burguesia nacional é convertido pelo regime do 25 de Abril num sistema favorecedor da alta burguesia internacional. Hoje a democracia é ridicularizada a ponto de os deputados, esforçadas pela Toica, votarem leis contra os interesses do próprio povo. As empresas nacionais com boa rentabilidade são internacionalizadas ficando a encargo do Estado as que não dão proveito capitalista. Até os hospitais se querem apenas nas mãos do privado para este poder explorar o prometedor negócio do futuro com os medicamentos e com a doença. Na Zona Euro os dinossauros do capital internacional empenham-se, de momento, na regulação da economia em geral e na destruição dalguns Estados e na disciplinação de outros. Os países com os seus governos encontravam-se demasiado perto do povo e como tal demasiado dependentes deste. A nova ordem globalista, da oligarquia financeira internacional, quer usar-se das estruturas democráticas locais e regionais para de cima para baixo impor a sua política mercantil em que mercadoria e Homem são produtos a seu serviço. Os dinos conseguem deslegitimar estados inteiros pelo facto de os levarem a uma situação de não poderem controlar as grandes multinacionais e condicionarem os seus actos governativos a uma feitura de legislação ditada por eles mesmos na qualidade de credores.

Privatiza-se a riqueza dos estados e socializa-se a pobreza. O Estado já não tem poder de intervir na distribuição da riqueza, no mercado de trabalho, na segurança social, na saúde, etc. Não consegue intervir como regulador da economia e como advogado da justiça social dentro do país. Um Estado sem poder de interferir deslegitima-se. As medidas que toma destinam-se a saciar a ganância dos magnates do capital internacional. As dívidas estatais não permitem mais margem de manobra e o cidadão já se encontra sufocado pelos impostos até à garganta.

 

O Poder económico e militar continuará no Ocidente

A Alemanha encontra-se preparada para manter o avanço técnico e económico em relação aos países concorrentes. Com a sua política favorece, também ela, os interesses da alta finança ao fomentar, também entra a sua população, um grande contingente de carenciados que freiam as exigências da classe média perante uma oligarquia financeira cada vez mais poderosa.

Segundo a revista alemã “manager magazine” o actual BIP anual, por habitante, nos USA é 48.442 Dólares, na EU 34.848, na China 5.445 e na índia 1.489. Em 2025 os cidadãos dos USA atingirão um BIP de 60.000 Dólares, os da EU 42.000 Dólares, os da China 10.000 e os da Índia 3.000. Como se prevê, as forças económicas internacionais manter-se-ão equilibradas, ao contrário de medos conjunturais; o problema maior estará na distribuição do dinheiro entre as camadas sociais.

O futuro do mundo continuará a depender em grande parte da civilização ocidental. Ela tem o gene do domínio e do progresso pelo que continuará a oferecer as melhores garantias para investidores. Os donos do mundo fortalecem os seus monopólios à custa da falta de cooperação e solidariedade entre os estados. Enquanto o desenvolvimento económico se desenvolver à custa da dignidade humana e da opressão de grupos e povos não poderemos ter boa consciência.

 

As elites são responsáveis pelo retrocesso cultural em via

Tudo parece estar à disposição dum grupo cada vez mais pequeno e mais rico que se aproveita do povo e das nações. Os magnates das finanças e do poder são os responsáveis pelo retrocesso cultural e humano a que estamos a assistir na Europa.

Por toda a internet se levantam clamores de queixas e acusações contra tudo e contra todos. Isso é o que os dinossauros do dinheiro e do poder querem: uma crítica geral indiferenciada de tiros para o ar; pretendem desviar a raiva popular e disfarçar a sua responsabilidade nas sombras de funcionários e de empregados com lugar estável de trabalho como se isto fosse um privilégio. A terra é de todos e para todos tal como as estrelas do universo. O povo tem uma grande palavra a dizer em tudo isto. Para isso terá de repensar a atitude consumista a que foi levado e rever a motivação do seu agir que se orienta pelo interesse pessoal, pela inveja e pela ganância pessoal. Será preciso comprar menos e compartilhar mais. Na realidade não se trabalha para o que se precisa mas para as necessidades que o mercado dita.

Os dinos do poder mundial e seus acólitos baseiam-se na ideologia simplicista, segundo a qual, na sociedade basta haver dois grupos sociais: a camada baixa (grande maioria) e a camada alta (reduzida elite oligárquica); para a sociedade baixa chega o trabalho como ideário de vida; para a classe alta o papel de pensar e manter o proletário sob a sua batuta. A proletarização social e nacional encontra-se em aceleração total por uma estratégia destruidora do ideário cristão, da economia social e do redireccionamento das democracias e estados.

 

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@gmail.com

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União Europeia exporta Pobreza para a Periferia e furta-lhe a Mão-de-Obra

Emigrantes desesperados à Procura do Futuro

A União Europeia exporta a Pobreza para a Periferia e furta-lhe a Mão-de-Obra

 

António Justo

À Imigração precária segue-se a Procura da Imigração qualificada

A Alemanha que nos anos 60 precisava de trabalhadores desqualificados para dar resposta ao milagre económico alemão necessita hoje de mão-de-obra qualificada para as novas apostas no futuro. Outrora, com a imigração carente provocou a concorrência a nível de classe operária nacional e estrangeira, conseguindo iniciar assim um nivelamento do operariado pela base. Foi a fase da concorrência entre as camadas baixas da sociedade. Disciplinou a classe obreira para o combate económico iniciado com a globalização. Actualmente procura-se disciplinar e dominar a camada social média. A luta passou a dar-se entre a camada média alemã com os seus técnicos e a classe média estrangeira, imigrantes especialistas internacionais. Assim a Alemanha consegue manter-se como o lugar privilegiado da tecnologia e do desenvolvimento, assegurando assim para a Europa a vanguarda do progresso tecnológico e económico.

A crise do Sul da EU beneficia os povos mais ricos que, por sua vez, desestabiliza os estados da periferia. Exercita neles possíveis cenários de conflitos laborais e sociais de gerações vindouras dos actuais países fortes. Portugal é o país que exporta mão-de-obra mais qualificada deixando assim um buraco de menor produção no país. Estes emigrantes são altamente motivados e contribuem, pelo seu perfil biológico e currículo para o incremento do nível social alemão (países fortes) e consequentemente para o empobrecimento do nível social português/ da periferia. Geralmente emigram os melhores, com maior espírito criativo e de mobilidade.

 

A Alemanha absorve 400.000 imigrantes por ano

A Alemanha precisa dum contingente de 400.000 imigrantes por ano para equilibrar a o défice demográfico. O problema da diminuição da população alemã com os consequentes problemas para o pagamento de reformas futuras, segurança social equilibrada e pagamento das dívidas, anteriormente prognosticado por cientistas, já não mete medo devido à crescente imigração para a RFA.

A crise do Sul beneficia os povos mais ricos para onde emigram. Segundo relata a revista “manager magazine” 1/2013 alemã conta-se, pelo menos, com um aumento de 2,2 milhões de habitantes na Alemanha até 2017, e, perante a “tristeza de depressão do sul da Europa”, a afluência podia até aumentar. Este ano a imigração para a Alemanha já atingiu os 400.000; isto corresponde a duas cidades médias por ano.

 

Erro crasso dos Governos do Sul

Em 2011 emigraram 44 mil portugueses. Portugal e os países da periferia ficam com as dívidas, com a sangria da sua juventude qualificada, com as pessoas idosas a manter e com um operariado não confrontado com a concorrência operária (entre firmas) mas sim com o receio entre emprego e desemprego. No século passado estados nacionais compensavam a sangria, provocada pela emigração, com uma maior natalidade e com as remessas dos emigrados. Nessa altura as potências europeias viam no incremento da imigração uma espécie de apoio ao desenvolvimento económico dos países pobres considerando as remessas como crédito para estes países poderem pagar as suas encomendas. Hoje esta seria uma conta errada tanto para os estados credores como para os devedores. A situação dos países devedores é tal que para poderem alimentar o povo e evitar revoltas sociais terão de exigir uma nova ordem económica na Zona Euro. Dado os países fortes serem os beneficiados desta zona teria de ser criado um instrumente equilibrador das diferentes regiões económicas. Os países economicamente fortes teriam de efectuar uma transferência solidária de dinheiros para as regiões mais fracas. Além disso na Alemanha unida há o “imposto de solidariedade” que cada empregado paga para que a zona da antiga Alemanha socialista (DDR) consiga atingir o mesmo nível de vida da antiga parte ocidental da Alemanha (BRD). Esta contribuição de solidariedade corresponde a 5% dos impostos que se pagam.

Pelo que se observa os nossos políticos deixam-se enganar hoje com as remessas dos emigrantes como ontem com os apoios da EU. A mão-de-obra especializada é a melhor ‘matéria-prima’ dum país moderno.

Portugal, conjuntamente com os países da periferia, repete hoje o mesmo erro que cometeu com a política de fomento da União Europeia limitando-se a dar resposta às imposições do grande capital internacional. Os governos tornaram-se nos servidores do capital internacional aplicando apenas as suas directrizes estruturais. Há porém uma grande diferença entre as pequenas economias e as economias dos estados potências. Estes têm as políticas aferidas às suas elites financeiras enquanto os estados pequenos não têm elites financeiras capazes de estratégia política para concorrer a nível internacional. A EU implementou a construção das infraestruturas da periferia com avultados apoios financeiros, créditos e investimentos a fundos perdidos. As grandes multinacionais europeias em parcerias com os seus estados através da política da EU, conseguiram assim aproveitar-se dos fundos europeus fazendo investimentos nos respectivos países. Passados poucos anos as firmas abandonaram os países levando com elas os lucros para os investirem na competição das firmas a nível global (China, etc.). Provocaram a ruína das firmas autóctones rudimentares e deixaram as economias nacionais destruídas e consumidores exigentes. A colaboração dos Estados fortes com as suas empresas no investimento do desenvolvimento tecnológico faz destes estados os lugares privilegiados na renovação tecnológica, a única estratégia capaz de manter a supremacia sobre os países emergentes. A Alemanha é a nação da EU mais preparada e vocacionada para dar resposta ao desafio do futuro. A criação do euro não passa duma tentativa estratégica e capitalista para disciplinar a política, os estados e o operariado.

 

 

Remessas de 2.254,580 milhões de Euros para Portugal em 2012

O maior aumento de remessas em relação a 2011 foi o da Alemanha que passou de 92,1 milhões para 142,7 milhões €; na França diminuiu de 749,8 milhões € para 712,9 milhões €.

 

Segundo as estatísticas do Banco de Portugal as remessas dos emigrantes portugueses para Portugal atingiram, nos primeiros dez meses de 2012, os 2.254,580 milhões de Euros. Isto são os números oficiais porque há muito outro dinheiro que se leva directamente para Portugal. Os países de maior envio foram: França 718,934 milhões €, Suíça 540,870 milhões € (230mil portugueses), Angola 219,072 milhões € (100.000 port.), Alemanha 142,732 milhões € (92 mil port.), EUA 113,922 milhões €, Reino Unido 107,708 milhões (84 mil portugueses). Espanha 105,595 milhões € (146 mil port.), Luxemburgo 62,464 milhões €; Bélgica 42,057 milhões €, Canadá 39,370 milhões €.

 

Numa era em que os estados nacionais se dissolvem, a europeização se alarga e a instabilidade económica aumenta e os emigrados não se sentirão a aumentar remessas para zonas instáveis. Já hoje, muita dos emigrantes da velha geração, que se encontra reformada, não se sente motivada a regressar e chega mesmo a lamentar o não ter investido atempadamente na nação de residência em vez de o ter feito na nação mãe. Isto nota-se principalmente nas mulheres. A nova geração de emigrantes fará uma aplicação mais racional que emocional das suas poupanças. Prevendo-se isto urge uma nova política nacional e europeia.

A actual política da EU revelar-se-á catastrófica para o sul. Enquanto o sul sofre a Alemanha (e países centrais) esfrega as mãos de contente. Os imigrantes provenientes da periferia europeia são bem-vindos porque são trabalhadores qualificados e não causam os problemas de guetos que os imigrantes muçulmanos criam. Para agora chegam os imigrantes da periferia e têm a vantagem de serem mais qualificados; por isso se reserva para mais tarde o fomento da angariação os emigrantes da África do Norte, Ásia, etc. Assim não se precisa de prover a uma política de família responsável. Em 2012 a Alemanha deu trabalho a 25.000 especialistas imigrados provindos de Espanha, Portugal e Grécia. As firmas recrutam o pessoal de forma objectivada procurando engenheiros nos ramos de engenharia de construção e engenharia elétrica. Recrutam os melhores absolventes das faculdades estrangeiras, tal como sempre fizeram os americanos. Principalmente o sudoeste alemão aponta para o futuro apostando na imigração qualificada. Há agências especializadas no recrutamento de engenheiros e profissões qualificadas.

A união do mercado europeu favorece os seus epicentros da economia. Assim podem com os imigrados manter as indústrias no país não precisando de fundar sucursais nas periferias. Muitos médicos e engenheiros emigram também devido à atracção da estabilidade social alemã. Um aspecto interessante de algumas firmas pequenas alemãs é o facto de se preocuparem também com o bem-estar familiar do empregado, apoiando-o, por vezes, no sentido de encontrar lugar de trabalho também para a namorada. Para a nova geração de emigrantes é muito importante a estabilidade.

 

EU actualmente ao serviço do grande capital

A União Europeia (EU), desde o início, desenvolveu uma estratégia de fortalecimento das suas elites financeiras através do fomento da EU e da criação do Euro para elas poderem fazer frente às elites financeiras americanas e mundiais. As nações fortes da Europa elaboram as suas políticas com base em prognoses e programas económicos científicas a longo prazo. Assim asseguram o bem-estar dos seus cidadãos dando resposta adequada aos problemas do seu futuro económico. As nações mais débeis, porque não têm grandes elites económicas, limitam-se a reagir às macropolíticas sem pensar nos verdadeiros objectivos a elas subjacentes.

Nos anos oitenta e noventa a Alemanha seguiu uma política de fortalecer as grandes empresas nacionais para estarem preparadas para o combate económico da globalização; essa política revelou-se nacionalmente inteligente por dar resposta ao grande problema da concorrência com os países emergentes e a fortaleza da sua indústria atrair imigrantes técnicos que compensam a falta de mão-de-obra devida à baixa natalidade (o grande problema do futuro).

 

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@gmail.com

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O FIM DO MUNDO É HOJE

A Vingança dos Bons só chega no Fim dos Tempos

António Justo

2012 tem sido um tempo grávido de pessimistas e moralistas. A terra tem sido pródiga em catástrofes sísmicas, atómicas, económicas e políticas. O seu rosto macabro produz sismos de medos com reacções em cadeia em almas hipersensíveis. A crise social, a insegurança existencial, numa palavra, o medo do futuro é o melhor húmus para a fertilização de cenários apocalípticos. O medo revela-se como o odor dos cadáveres; logo que surge rondam em torno dele as gralhas do oportuno.

 

Alegadamente, o calendário Maia prevê para hoje 21 de Dezembro o fim duma era (isto é o seu calendário acaba ali).

 

Na constelação social actual, para admiradores do exótico, nada viria mais a preceito que a história dum povo devastado que prevê o próprio fim. Um clima insuportável fomenta crenças obscuras. Um efeito colateral do medo do apocalipse é branquear os problemas do clima, meio ambiente, matérias-primas, corrupção estatal, etc. Ao adiar-se a solução dos problemas aceita-se, implicitamente, ser vítima deles. A impotência e o desamparo humano tende a diferir as soluções dos problemas do dia-a-dia dando oportunidade às moscas do sofrimento alheio. O negócio com o esoterismo revela-se, hoje, como o milagre económico para as editoras e outras indústrias afins.

 

Geralmente, a vingança dos bons e dos sofredores/oprimidos chega atrasada; dá-se só no fim dos tempos.

 

Muitos livros, em vez de esclarecerem os necessitados, servem-se dos seus problemas para os embrulhar, por momentos, na lã fofa e quentinha do sentimento.

 

Até o estado joga nesta lotaria: o ministro russo da defesa civil chega mesmo a afirmar que tinha “informações inequívocas” (HNA, 21.12.2012) segundo as quais o fim do mundo não se daria no dia 21.

 

As mitologias das religiões falam dum “fim do mundo” que prevê, depois da catástrofe, a felicidade.

 

O cristianismo fala dum “Apocalipse” (revelação divina, tirar o véu), num tempo depois do tempo e do qual surgirá um novo céu e uma nova terra! Um modo simbólico de metanoia humana.

 

A mitologia nórdica prevê, o fim do mundo, no “destino dos deuses” que depois de três anos de luta entre eles e de três anos glaciares daria lugar à luta das forças destrutoras da natureza em que os monstros lutam contra os deuses; por fim o mundo arde e Ódin, o supremo deus germânico, cria, de novo, a terra.

 

Nostradamus publicou em verso as suas profecias que chegariam até ao ano 2242. Segundo ele, dar-se-á uma catástrofe cósmica e uma catástrofe climática depois das quais o mundo surgirá de novo.

 

Em 1910 também cientistas tinham previsto o fim do mundo devido à aproximação da terra pelo cometa Halley.

 

Já outros fins do mundo tinham sido profetizados para 1981, 1999, 2000 e os próximos previstos pelos especialistas do fim estão já agendados no calendário para acontecer em 2060 e 2076.

 

A “vingança” dos bons revelar-se-á produtiva quando não se refugiar nas ideias e se desculpar no que há-de acontecer. Somos o acontecimento onde o princípio e o fim se encontram.

 

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@gmail.com

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Natal – A Compreensão cósmica de Deus, Homem e Mundo

O Cosmos evolui no Sentido da Natureza de Cristo

 

António Justo

Aproxima-se mais um Natal no tempo. Um escândalo! Deus torna-se mundo e Homem depois duma grande gestação que se seguiu à Palavra de Deus inicial que produziu o “Big Bang” do universo e se foi tornando, cada vez mais, visível, atingindo o apogeu no Filho do Homem. Em Jesus Cristo une-se a divindade e a criação (poder e vulnerabilidade); os opostos tornam-se parte duma realidade maior que ultrapassa a visão dialética e bipolar habitual. O JC torna-se a interpretação de Deus e do mundo: é não só a sua metáfora mas também a sua realidade; ele reúne e resume a corporeidade, a matéria no Jesus homem e a divindade no Cristo. O divino apresenta-se aqui numa dimensão física visível e numa dimensão espiritual invisível: é mundo e transcendência ao mesmo tempo.

 

Com as dores da evolução, o espírito expressa-se no espaço e no tempo (cosmos) à semelhança do desenvolvimento do ser humano no ventre da mãe durante a gravidez. JC é o “início” e  “o primogénito de toda a criação” (cf. Paulo aos Colossenses); com Ele e nEle a divindade incarna já antes de toda a criação. A divindade torna-se pai/mãe no Filho, gera e cria por amor permanecendo na união do criar e dar à luz (revelar) parte de si mesmo (a sua dimensão cósmica). JC já resumia nele a divindade e a criação antes do pecado original. Daqui ser óbvio não se acentuar demasiado a espiritualidade do pecado original como fundamento da incarnação divina (como advertem teólogos). Para João Duns Escoto o pecado assume uma realidade secundária em relação ao amor. A religião do cristão é o amor e o amor expressa-se na bondade.

 

O universo é o alfabeto e a sintaxe da Palavra inicial (No princípio era o Logos, a Palavra, a Informação) donde tudo surgiu e se manifesta. JC é a revelação de Deus nas suas dimensões material e imaterial. “No princípio já existia o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava, no princípio, com Deus; tudo começou a existir por meio d’Ele, e sem Ele nada foi criado” (Jo 1, 1-3).

 

A criação traz, assim, em si o gene divino e o germe da evolução tendo chegado à maturidade física que comporta o seu florescer no espírito, na natureza do Cristo. Em JC temos a ideia e o acontecer duma Realidade ao mesmo tempo visível e invisível. É aquilo que a liturgia realiza na eucaristia, antecipando nela a realidade final, a transubstanciação da matéria no espírito, num processo de Alfa e Omega, como JC já antecipou.

 

Teilhard de Chardin compreende o cosmos inteiro como Cristocêntrico numa espécie de consagração transubstancial da realidade. Bento XVI fala do sinal da ” Eucaristia, comunhão com Cristo e entre nós” e Joao Paulo II acrescenta: “A liturgia cristã deve ter uma orientação cósmica. Tem que, por assim dizer, orquestrar o mistério de Cristo, de facto, com todas as vozes que estão à disposição da criação” (Ecclesia de Eucaristia). Com isto, chama a atenção não só duma espiritualidade transcendente mas também duma espiritualidade imanente (inerente ao cosmos). Esta será a dimensão a aprofundar numa fase mais mística do cristianismo e que virá dar resposta aos novos tempos.

 

Deus torna-se mundo e Homem em Jesus Cristo (processo evolutivo do Alfa para o Omega); JC ao resumir em si o mundo e a divindade espelha nEle a pessoa e o universo no seu processo de divinização. Deus dá hoje continuidade ao processo de incarnação que tinha iniciado e realizado em Jesus Cristo ao iniciar a criação. Os movimentos cíclicos e lineares convergem em cenários de uma mesma realidade que se expressa nas espiritualidades natalícia, pascal e pentecostal. O ciclo da natureza e o ciclo litúrgico tornam-se metáforas duma mesma realidade em via.

 

No processo evolutivo, à hominização segue-se a natureza de Cristo. O Natal (incarnação) provoca uma verdadeira revolução do pensar racionalista e sentimentalista, abrindo horizontes para panoramas e dimensões impensáveis. Não podemos acentuar demasiado o aspecto pedagógico-didático da liturgia natalícia em detrimento da realidade essencial teológica e mística que se resume no mistério da Trindade e no processo de incarnar e ressuscitar.

 

O Natal, embora incorporado no negócio do consumo, na concorrência e no sentimentalismo, é, no tempo, aquela parte do tempo que aponta para a justiça e para paz. O calendário litúrgico, tal como as estações do ano, expressa metaforicamente a realidade da vida, e consequentes diferentes nuances.

 

Urge uma actual compreensão e vivência do mundo, do homem e de Deus. A desmitologização do mundo expressa no cristianismo pressupõe a desmitologização do espiritual, para se poder compreender a realidade integral que é Jesus Cristo. Urge dar-se a desmitologização de Deus, do homem e do mundo para se sentir o fluir do divino no humano numa interligação de Pai no Filho, de Filho no universo na unidade do Paráclito.

 

A incarnação é um mistério que pode ter várias abordagens também no sentido de dar resposta aos problemas actuais apresentados pelas novas impostações teológicas e pelas ciências físico-naturais. Uma das impostações será a de que Deus não encarnou em JC porque Deus estava ofendido com os pecados do mundo mas também porque, por amor, na sua relação trinitária, ao tornar-se mundo e homem se submete à evolução, à cruz do mundo a caminho do Cristo. Deus ao revelar-se em Jesus Cristo revelou o ser do Homem e do mundo também.

Estamos chamados a realizar o JC.

 

Com este Deus que se declara por nós e em nós, há que renascer para realizar o Natal.

 

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

antoniocunhajusto@gmail.com

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POVO INSOLVENTE

POVO INSOLVENTE

Os pássaros já não voam
E a terra engole os sonhos

Os judas andam à solta
São Galantes da opinião
Sugam e malham as gentes
Os esponjas da evolução

Traficantes da injustiça
A viver da podridão
Eis a sociedade mórbida
Onde reina a servidão
Já só vingam os vilões
Nos jardins da nação
O Povo não vive nem morre
É erva de fado no chão
A paisagem é dos iníquos
Dos impunes a civilização
Por entre a rama opulenta
Homúnculos do dia-a-dia
Espreitam a luz já coada
Nas faixas da fantasia
Os pássaros já não voam
E a terra come os sonhos

António da Cunha Duarte Justo

www.antonio-justo.eu