O CONTO DAS FADAS DAS LABAREDAS DOS FOGOS

 

A Política é inocente – A Responsabilidade é do Mexilhão

António Justo

De Pedrógão Grande ressoa o eco da voz dos 64 mortos, dos 254 feridos e dos animais queimados sem conta – todos a bradar por compaixão que abrace a sua dor. São vozes que se elevam aos céus à procura daquela consolação que em vão se encontra num Estado antiquado, porque orientado para os interesses de corporações onde se não reconhecem as necessidades do cidadão nem da população rural e urbana.

Pelo que se observa nos Média, os grupos políticos, do governo e da oposição, procuram fazer o seu aproveitamento político à luz do clarão de Portugal em chamas.

Já não chega o cheiro e o fumo dos pinheiros e dos eucaliptos, a ele vem juntar-se o fumo da tocha de cada agremiação, para iluminar a própria capelinha e distrair do adro que se encontra a arder! Há gente bravia mais interessada no fogo social, e para atear mais o fogo, serve-se até do papel de jornais que antes eram da sua estimação. Em épocas de eleições quem põe o dedo nas chagas da nação não escapa sem ser chamuscado como porco na fogueira do vizinho.

 

 

Porque incriminar governos ou partidos se o culpado é quem vota?

 

O que interessa já não parece ser a realidade dos factos, mas sim a discussão postfactual destinada a alentar as lógicas de cada ideologia. Nesta, o devoto do partido padroeiro queixa-se da luz da capelinha vizinha onde o fogo que queima também ilumina.

Entrementes, nos montes e vales da Pólis, ventos de fervores e fervuras queimam também o possível verde que ainda resta nalguma terrinha ou em capela perdida.

Ao lado, embrulhados nos cobertores do seu narcisismo, parlamentos e governos vão dormindo o sono dos eleitos, na segura consciência habitual de que nem o fogo da corrupção nem a fuligem das queimadas da sociedade chegam ao parlamento. A firma encontra-se em concurso, basta distribuir os dividendos.

Controle-se o Parlamento que não controla os governos nem faz leis que defendam a floresta nem ataquem o fogo da corrupção. A responsabilidade está em quem vota e entra no jogo de culpar ou desculpar governo ou oposição em vez de se ocupar dos factos, da realidade, das pessoas e da nação. Enquanto cada um e cada grupo continuar no jogo de aplaudir o jogo do seu clube favorito aceita implicitamente que o país é relvado e o povo é quem perde porque não tem claque nem joga. Aceita-se um Estado faz de conta, reduzido a duas equipas de jogadores que apostam no barulho da assistência, de um lado a gritar pénalti e do outro a gritar fora de jogo.

O trágico da tragédia está na habitual conversa pegada, no discurso da culpa da desculpa culpada que, como força autónoma, distrai das vítimas, dos factos, da natureza e da irresponsabilidade de governos sucessivos sustentados pelas bocas do mundo e desculpados pela culpa das craques apenas interessadas em ver o jogo e em satisfazer os sentimentos de desdém e de apreço.  Os jogadores vão ganhando o seu; o avanço do país não importa, o que ele produz chega para os poucos e o povo mete-se no atrelado da União Europeia.

No meio de tudo isto, o povo tornou-se imune e independente dos jornais que não lê, pois, acredita apenas na percepção sensorial, guiada pelo instinto de que os jornais de referência discutem os interesses doutros polos que se servem deles como ilustração. Se Portugal continua a arder desta maneira deve-se à incúria de todos os governos, partidos e povo distraído. O Estado tem poupado à custa das regiões do interior e dos mais fracos e agora discutimos todos sobre o sexo dos anjos ou sobre a culpa dos jornalistas e do adversário. Tudo isto não interessa à floresta nem ao povo porque serve para atear outras labaredas na cuca da lenha que fica dos fogos.

Na Alemanha a política também fez erros ao não calcular os perigos em torno da G20, mas teve vergonha pelo que aconteceu nas ruas de Hamburgo e logo o Estado colocou 40 milhões de euros no fundo de ajuda para indemnização dos danificados, e isto independentemente das verbas que os seguros têm de pagar. A nossa sociedade, pelo que se vê nos Média, não pode ir à frente porque em vez de nos preocuparmos com os factos e com a realidade, preocupamo-nos em desculpar ou em acusar alguém: o centro do interesse e da preocupação não está na resolução objectiva do problema, mas na atribuição da culpa. Pelo que consta, o povo inocente conseguiu juntar já 13 milhões de euros enquanto o Estado esfrega os olhos na esperança de os factos servirem de bombo para atrair povo para a sua festa! Em política o povo é uma miragem, apenas presente na ideologia! O poder das corporações em volta do Estado é demasiado forte tornando-se nos eucaliptos do Estado não deixando crescer nada ao lado.

Em questão de Jornais, partidos e de opiniões observa-se o fenómeno generalizado de “cada macaco em seu galho” defender de olhos fechados o seu próprio interesse. Cada um tem o seu público e a sua clientela numa sociedade não acostumada à réplica. Cada um só lê um jornal por questões de segurança (Porque não ler os jornais dos deuses e dos diabos para abrir as perspectivas, andando mais desinformados!). Por isso em vez do discurso controverso sobre a coisa pública opta-se pelo discurso da má língua e do maldizer de uns e de outros; o ditado da opinião faz parte do argumento de um ter sempre razão numa lógica construída nos parâmetros de serviço a um clubismo em que tão regaladamente se vive.

Muitas vezes, no discurso público tenho a impressão de nos encontrarmos em becos sem saída num discurso de beco sem saída que apenas reage tornando-nos a todos reacionários com rosto de progressistas. Estaríamos todos tramados com tanta trama se não fossem uma nova mentalidade da juventude que começa a surgir

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

CORPORATIVISMO PORTUGUÊS DESVINCULADO E ALÉRGICO A CONSENSOS

Entre o Coletivismo do Inconsciente nórdico e o Individualismo de Inconsciente latino

 

Por António Justo

 

O apóstolo Paulo na Carta ao Coríntios 12, 12-31 oferece a visão mais antiga de corporativismo e concebe-o como uma forma orgânica de política e de sociedade como um corpo (metáfora do corpo místico de Cristo); no período da industrialização a Rerum Novarum (Papa Leão XIII1890) reconhece os direitos laborais corporativistas que servem de base às democracias cristãs e à organização de sindicatos.

Esta concepção de corporativismo contrasta com um corporativismo encerrado nos interesses de agremiações estanques marginalizadoras da pessoa humana.

O regime corporativista de Salazar era um modelo de “corporativismo económico” paternalista e anticapitalista (1), ligado à terra, que deu lugar a um modelo de “corporativismo ideologizado” mais sob a égide partidária em que a solidariedade social se opera já não tanto em termos naturais orgânicos de associações produtivas, mas de maneira abstrata em termos ideológicos, agora em conluio com o capital.

De facto, o Corporativismo do Estado Novo foi teoricamente extinto em 1974 (setembro) mas grande parte dos documentos mais relevantes necessários para o estudo do Corporativismo do Regime de Salazar e suas implicações e cumplicidades com o novo regime de Abril, foi escondida ou destruída devido a interesses ideológicos do novo sistema!  Isto torna numa perda irreparável para se poder compreender melhor o espírito e os vícios de um “corporativismo político-ideológico-administrativo” que hoje ainda vigora!

A revolução de 1974 aproveitou-se do pessoal estratégico e dos organismos de coordenação económica educativa, científica e política do regime de Salazar, para reestruturar os novos ministérios e criar laços efectivos e duradouros de poder. Seria comprometidor ter-se hoje acesso a documentos relevantes do corporativismo do regime autoritário de Salazar!

Deste modo torna-se hoje impossível analisar a cumplicidade da política do regime de Abril com o corporativismo e administracao de Salazar; a ideologia socialista aliada aos interesses económicos por si domesticados, estava interessada em aproveitar-se do antigo sistema corporativo e em transformá-lo de maneira ideologicamente  proveitosa no regime democrático. Assim, temos um regime com a mesma mentalidade e cumplicidade do regime que combate.

O povo, já não vinculado à terra e aos seus grémios corre o perigo de passar a viver em balões de ideologias que lhe reservam sobretudo o papel de consumidor, prosélito ou mero votante.  Se antes dominava o paternalismo de Estado agora domina o Estado partidário (2).

 

Entre solidariedade social económica e solidariedade social ideológica

 

O corporativismo português é centralista, de caracter autoritário e ideológico; nele os modelos de acção e decisão das corporações mais que orientados para o consenso de grupos, para o cidadão e para o Estado encerra-se em grupos de interesses. O resultado do rendimento nacional e o estilo de discurso politiqueiro revelam que o corporativismo do Estado Novo foi continuado na sua mentalidade porque enquanto este procurava impedir a acção cívica individual substituindo-a pelo interesse dos grémios, o 25 de Abril cria novas solidariedades, já não tanto assentes na economia e na cultura, mas na solidariedade ideológica, também ela não fomentadora da acção cívica individual, porque baseada nos interesses de corporações partidárias. O 25 de Abril de coloração comunista aliado ao socialismo radical ad hoc nunca estive interessado em aceitar colaboração entre classes: o marxismo vive da luta de classes apostando, por isso, no conflito, não estando interessado numa política de integração das classes na sociedade; o capitalismo liberal de mistura também não está interessado numa política concreta de integração das camadas sociais porque parte do princípio que o mercado regula tudo por si mesmo….  O novo regime, na tendência, aposta numa utopia socialista transportando para os partidos a ideia fascista, de que “as diferentes vontades políticas das classes estariam representadas nas associações”. Os interesses do corporativismo afirmam-se à margem do cidadão em geral.

À ideologia da luta socialista marxista de classes vem mais tarde juntar-se o Individualismo liberal anárquico. Em Portugal, a representação de interesses, embora plural revela-se impeditiva da competição e como garante de um certo jacobinismo ideológico herdado da revolução liberal e cultivado pela rede da maçonaria infiltrada em diferentes organismos da política e do Estado. Confunde-se mercado económico com mercado ideológico, como se nota em certos sectores da universidades e em grande parte no MEC em espaços políticos controladas pelo espírito de um corporativismo ideologizado.

A disputa entre associações empregado-empregador não é querida e por isso não parte da realidade no terreno nem do país real.  Em vez de termos uma democracia de caracter inclusiva concordante temos um sistema de divergências. Os extremos da ideologia capitalista e socialista juntam-se em Portugal impedindo-o

Uma luta de identidades baseadas nos solos e subsolos de capelinhas mantem-se coesa sem ter em conta a identidade e a coesão de um Estado que para ser coeso dependeria da solidariedade de povo e das instituições, mesmo daquelas que se afirmam pelo contra, mas que deveriam estar conscientes da identidade tecto que é geograficamente o Estado.

 

No Jogo Yin Yang entre Família e Estado e Estado e Família

 

Neste contexto acho digna de nota a sociedade alemã na maneira como consegue integrar os necessários conflitos entre organizações sociais e económicas, (patronatos e sindicatos) entre indivíduo e sociedade, numa dinâmica inclusiva em relação ao Estado, também ele reconhecido, por todos, como factor de identidade. Aqui o Estado integra o conceito de família, enquanto nas sociedades latinas a solidariedade familiar é mais de espírito privado e como tal mais individualista.

É interessante ver-se como os estados de cunho mais protestante projectam o espírito familiar no Estado enquanto os Estados latinos atomizam mais esse espírito e esvaem-se no individualismo; quem vê de fora, certamente, constata uma certa contradição na dinâmica polar entre os países de cariz católicos mais centrados na comunidade (no nós) e os países de cariz protestante mais concentrados no eu; a um colectivismo do inconsciente nórdico parece opor-se o individualismo do inconsciente latino (existencialmente mais comunitário). Cada sociedade parece reagir externamente de maneira oposta a uma filosofia de substrato, procurando a vivência a nível imanente não se interessando por uma análise comparativa para lá do inconsciente colectivo. É interessante observar a vivência polar ad intra e ad extra das forças comunitárias e individualistas, dentro das sociedades e na relação destas com as diferentes culturas, num jogo de relações tipo yin e yang.

Estado Novo como Corporação económica paternalista  e Regime de Abril como Corporação ideológica

Assim, tecnológica e economicamente, os países do Sul estão condicionados à dependência dos nórdicos. Uma política sem interesse numa economia nacional própria, consequentemente, não fomenta a formação de consensos entre as corporações e entre as políticas… As relações entre empresários e trabalhadores, mais que fundadas na realidade económica e nos interesses económicos nacionais, assenta nos interesses individualizantes de forças partidárias de ideologias extremamente concorrentes (falta-lhe a experiência de uma economia social) que deste modo beneficiam uma ideologia de mercado (1).

Grande parte do discurso nos jornais portugueses de referência não se preocupa em fazer uma análise tipo sinopse relativamente ao regime de Salazar e ao regime de Abril, contentando-se em seguir os ditados da política assumida ad hoc e só na demonização do Estado Novo. O regime corporativista de Salazar, como modelo corporativista do Estado, foi sub-reptícia assumido e modificado no sentido do 25 de Abril, com o particular de se ter tornado ainda mais ideologizado pelo facto de o papel do Estado ser em grande parte assumido pelos partidos com os seus tentáculos, fundações, PPPs, etc., no lugar das corporações e associações produtivas…  Das corporações económicas ideológicas do Estado Novo passa-se para corporações ideológicas do Regime de Abril. A solidariedade social é organizada pela política em conluio com o capital da macroeconomia.

As corporações sindicais mais que especialistas em economia e interessadas numa interacção corporativa e na construção de um Estado de economia social preferem continuar a ter o patrão como papão (esquecem que trabalhadores empenhados fortalecem o empresário e este enriquece os trabalhadores – exemplo da VW e da economia alemã baseada no fomento de pequenas e médias empresas – as grandes empresas são importantes na concorrência a nível internacional). Um modelo de Estado arbitrariamente intervencionista, atua, muitas vezes, à margem da economia real da sociedade e dos interesses do bem-comum e, devido à prevalência ideológica (neocapitalismo e socialismo) fica condenado a ter de correr sempre atrás das macroeconomias.…

Enfatiza o moralismo político com mediador de redes de interesses num mercado sem capacidade competitiva, com demasiada jerarquia funcional, e burocracia controladora dentro de um Estado com o monopólio de representação; o Estado não tem pejo em sobrecarregar as pequenas e médias empresas com os óbolos que têm de pagar para manter a burocracia formadora e fiscal. A nível de política de educação para melhor controlar a ideologia nacional considera as escolas particulares concorrentes e não elementos complementares enriquecedores do sistema, como se verifica em Estados ocidentais não socialistas.

Contraditoriamente segue-se o ditado da economia liberal e por outro um burocratismo parasita que além de reduzirem a produção impedem o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. A Alemanha pode ser o exemplo de um Estado, com um orçamento com superavit, precisamente porque tem organizações fortes a nível de empresariado e de sindicatos, em que os interesses de mediação mais que ideológicos assentam em dados reais (o mesmo se diga da Suiça com oito milhões de habitantes e que alimenta os nacionais e muitos imigrantes que a enriquecem atrai imigrantes). Deste modo têm rendimento para manter um certo grau de justiça social, sem que o creme fruto da produção nacional não se limite só a alimentar as elites.

Independente deste texto recomendo a leitura de “O Poder local em Tempo de Globalização” (Fernando Taveira da Fonseca) que é um documento independente de ideologias e pode contribuir para  uma melhor compreensão e moderação da actual discussão político-social em Portugal.

 

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo (Português e História)

Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=4422

  • (1) “A organização corporativa, com toda a sorte de organismos que dela fizeram parte, foi a mais saliente e inovadora criação institucional dos estados corporativos no sentido de domesticar o capitalismo, compartimentando os interesses e impondo a colaboração entre «capital» e «trabalho» num plano nacional”. O corporativismo do Estado Novo sofre da mesma doença que sofre o corporativismo ideológico que se lhe seguiu: é um corporativismo ad hoc. O corporativismo num Estado pequeno pode perpetuar a velha mentalidade vazada sucessivamente em vasos novos. Tem-se por um lado a afirmação de interesses monolíticos e uma sociedade em geral ao sabor do vento.
  • (2) Um aparte: A sociedade parece cada vez viver mais de uma dicotomia desequilibrada entre natura e cultua. Se no passado dominava a natureza atualmente domina a cultura (o desequilíbrio das duas forças vivenciais fomenta a crise e a pressa do declínio do Ocidente – numa luta da cidade contra o campo e na abstracção da vida social). Assim hoje vivemos numa sociedade chamada de mercado e da concorrência de mercados, mas na realidade não encontramos mercados reais localizados, mas lojas de mercadores anónimos presentes em todas as cidades. Concretamente, também a economia e o mercado se transformaram numa ideologia que se impõe e determina um modo de vida cada vez mais artificial.

 

 

O equívoco do imperialismo democrático

 TRUMP INTERROMPEU O APOIO AOS REBELDES NA SÍRIA

Por António Justo

Finalmente uma medida razoável a nível internacional.

 

Com a iniciativa de Trump, os USA declararam fracassado o seu apoio aos rebeldes na Síria iniciado por Obama.

 

Com esta decisão Trump acabou com “os enormes pagamentos perigosos e o desperdício com os rebeldes” sírios que lutam contra Assad.

 

A política do Ocidente, contra o regime Baschar al-Assad da Síria, enquadra-se na continuação da política irresponsável e falhada contra o antigo regime de Saddam Hussein no Iraque.

A política do Ocidente, contra o regime Baschar al-Assad da Síria, enquadra-se na continuação da política irresponsável e falhada contra o antigo regime de Saddam Hussein no Iraque

Serão ditaduras militares os melhores parceiros de diálogo no mundo árabe?

A Europa terá de apoiar Assad por razões egoístas (impedir refugiados) já que o não fez por razões humanas e interculturais.

De uma maneira geral, os políticos ocidentais não têm a mínima ideia de como funciona antropológica e sociologicamente a mentalidade árabe (religião) e em grande parte a mentalidade africana, para poderem tirar conclusões políticas produtivas. Por isso caem na ilusão de poderem transportar para África uma imagem de Homem e de sociedade que levou muitas centenas de anos a formar-se na Europa.

Impediram a colonização interna numa sociedade que em si é estranha à ideia de nação na concepção europeia. Como podemos esperar, de uma maneira geral, de muçulmanos tradicionais a ideia de da dignidade humana pessoal, quando na sua civilização não é ainda possível a contraposição da dignidade e autoridade individual à dignidade e autoridade institucional!

 

As sociedades muçulmanas, devido ao seu substrato fascistoide ainda terá de andar muito até poder dar à luz uma filosofia de autonomia do indivíduo. Esta foi possível no Ocidente devido ao cristianismo que considera a pessoa humana com caracter divino (a dignidade da pessoa é anterior à dignidade institucional) …

Os sistemas de cultua árabe, para já, só poderão ser estáveis com governos autoritários.  Temos a experiência que os regimes militares (por exemplo, Turquia e Egipto) com os seus intercâmbios a nível internacional e ao criarem uma própria camada social económica forte se tornam num factor de maior pluralidade e um pouco mais independentes do controlo da religião e deste modo possibilitam uma maior aproximação da civilização árabe à europeia.   Outras forças estão demasiadamente dependentes de facções religiosas que devido ao radicalismo entre si e ao fascismo islâmico, criam instabilidade social e política, não permitindo abertura compatível com a ocidental.

O fortalecimento económico e a estabilidade económica deveriam ser a prioridade de acção do ocidente. Assad que de início queria, pouco a pouco, estabelecer uma democracia na Síria e era contra o terrorismo islâmico viu-se obrigado a apoiar o IS do Iraque com medo de ele apoiar insurreições na própria sociedade. O Ocidente em nome da sua ideologia democrática não apoiou Assad e cometeu o mesmo erro que tinha feito ao apoiar os rebeldes da primavera árabe, concorrendo para a radicalização de todo o norte de África. Ingenuamente acreditava que a palavra liberdade significava o mesmo para um árabe como para um europeu.

O óptimo é inimigo do bom! Se queremos democracia nos regimes árabes e africanos devemos dar tempo ao tempo e não subsidiar guerras civis mas implementando a sua economia.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo

A VOZ DOS LUGARES ALTOS

Vem amigo, vem já ver

Pedrógão a sofrer

E nas sombras do apagão

Cinzas de vidas a divagar

 

O meu povo já não nota

Os montes a fumegar,

A política a arder

O parlamento a brincar!

Nem o braseiro da Geringonça

De pernas a gingar

 

Um horizonte se afigura

 Sem amanhãs floridos                                    

Numa pólis de escuro vestido

Entre o fumo e as labaredas      

Do paleio a crepitar!

 

No meu luso sem tempero

A voragem da política

Apaga a modéstia

“Quem manda pode”

o resto abicha.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo
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AFORISMOS DA LINGUAGEM

AFORISMOS DA LINGUAGEM

 

Que seria das línguas se não fossem os gagos! Eles dão lugar à poesia.

Lusofonia é a família onde se ouvem as gentes que ficam!

A língua portuguesa acabou com os limites de invasores e invadidos tornou-se vida à mistura em sotaques de filosofia!

Na linguagem dou corpo à minha alma e nele me espelho.

Não falo em português, o português fala em mim!

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo http://poesiajusto.blogspot.de/